Oculto escrita por X Oliveira


Capítulo 39
Capítulo 39 - Iridescet




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– A fala sério, mais enigmas ? - George disse se debruçando sobre a mesa. - Isso ta parecendo mais um filme de mistérios. Só falta um cachorro que fala e alguém com uma fantasia boba de monstro.

– Preste atenção George, ta na cara quem são as duas pessoas. Só podem ser Ally e Carla. - Danilo disse.

–Você é loiro de nascença, né ? - Mauricio brincou. George serrou os olhos e floresceu um pequeno bico. - Escutem, acho que temos que ir em fim atrás de Ally de uma vez. E isso significa que devemos atacar Frozen Empire.

– Atacar a fortaleza da bruxa ? Só nos três? É como chegar em um lutador de box e xingar a senhora mãe dele, é loucura! - Disse George num pulo.

–Não se preocupe rei das calças borradas - Disse Mauricio - Tenho alguns amigos que me devem favores.

–Quer dizer assassinos de aluguel ? mercenários ? - George disse com ar de graça.

– Parem com isso donzelas. Temos um assunto serio aqui. - Danilo interveio. - Os flamejantes tem um bom exercito, temos bons guerreiros, bons tigres, podemos lutar.

– Meu povo não recusa uma boa luta, adoramos pisar em cabeças e distribuir pontapés. Com toda certeza vamos lutar. - George apertou os punhos.

– Ótimo, com seus povos já temos um exercito forte e bem treinado. Mas, eu tenho uma arma secreta, um plano B.

–Plano B ?- perguntou Danilo depois de um gole de refrigerante.

– Quando se vive nas sombras, você perdoa muitas coisas, poupa muitas almas... ganha muitas vidas.

–Quer dizer ... - Danilo e George de entreolharam.

–Isso mesmo. Hells. - Os Hells são conhecidos pelo seu jeito frio de matar. Roubando as almas e as sugando como Dementadores. No mundo das trevas, são conhecidos como os guardiões da morte. - O líder deles, Shadows, me deve uns favores. Com toda certeza eu cobrarei nessa guera.

–Você é sinistro. - Disse George encarando Mauricio, enquanto Danilo ria silenciosamente.

– São traços da minha vida, que apesar de terem passado, eu não consigo apagar. As vezes penso em tudo que fiz, quantas almas levei ao inferno e quantos castigos já dei. Penso que quando o folego sair de mim, tudo que vai restar são gritos de medo e sangue em meu casaco velho. - Mauricio refletia olhando para dentro de si, e lembrando de cada vida tirada.

– De que adianta lembrar do que o tempo já queimou ? - Danilo pegou em seu ombro - Você esta do lado certo agora, esta se arrependendo de tudo que fez. Acredite, o tempo pode castigar e jogar sal em muitas feridas, mas o sal ajuda a cicatrizar mais rápido. Com tempo, nós acostumamos com a dor e quando você perceber, ela nem vai doer mais. Tudo que restará serão marcas, e marcas, te fazem crescer.

–Tem razão. Mas deixando os lenços e batons de lado. Sei aonde podemos passar a noite. Na floresta, tem um forte dos tempos de guerra. Será perfeito para ficarmos lá.

– Um forte ? porque não nos hospedamos em uma pousada ou hotel ? - disse George.

– Ah, esqueci de dizer. Nossas caras estão no Jornal. Estamos sendo procurados por todos os cantos.

– Carla não brinca em serviço. - Danilo disse quase que pra si. Na saída do bar, os bêbados estavam caídos ao lado das mesas, uma televisão velha e pequena instalada na parede, passava o clipe de Come as You Are do Nirvana. Danilo reconheceu logo no primeiro acorde da musica. Ficou hipnotizado pelo clipe, viajou ate tempos passados onde tocava aquela musica com Ally na garagem do casarão. Lembrou-se de como ela jogava o cabelo pra frente quando tocava os acordes do refrão. Lembrou de como ele espancava os pratos enquanto cantava, e aonde aquele show todo terminava, em sua cama, entrelaço com ela. Uma lagrima envenenou os olhos de Danilo, que logo tratou de engoli-la no orgulho de não chorar na frente dos amigos.

–Ei Danilo, vamos logo. - George chamou fora do bar.

– Vão indo... eu, preciso andar um pouco. - Disse ele na calçada.

– Não podemos ser vistos. - Disse George.

– Deixe ele George, sei que tomará cuidado. - Mauricio fez um gesto com a cabeça, intendendo que Danilo precisava de um tempo sozinho.

– Tomarei cuidado. Serei discreto. - Danilo colocou as mãos nos bolsos, e olhou para o céu. Observou as estrelas e sentiu uma saudade dolorosa do sol. Andou pelas ruas escuras de uma cidade onde ele nunca tinha entrado, com uma bagagem nos ombros, um peso que nem mil guerreiros aguentaria. Ele estava carregando tudo sozinho. Nada fazia sentido. O vento gelado na penumbra balançava a gola da jaqueta clara que ele usava. Em passos perdidos, quase mancos, ele percorria a estrada como se pisasse em vidro. Uma gota de chuva atingiu seu rosto. A sensação da água em sua pele o lembrou do toque de Ally, o delicado jeito da gota escorrer, pareciam os dedos dela acariciando sua pele. Ele fechou os olhos, e quando os abriu, a lagrima tinha voltado. Solitária, mas dolorosa como um choro de mares. Ele não intendia, porque justo a Ally que a ele pertencia. Ele abaixou a cabeça, e o choro saiu de vez. O céu então chorou com ele. Se sentou na calçada de uma rua deserta, e ali permaneceu. Quando a chuva e as lagrimas acabaram, não sabia se estava molhado de lagrimas dele, ou lagrimas do céu.

Ele se sentiu aliado pela chuva ter encoberto as evidencias de seu momento de fraqueza, e encontrou o forte sozinho. Uma arvore estava marcada com uma seta que ia e vinha, era um sinal deixado por Mauricio, ele escalou a arvore e chegou a casa que havia em sua copa. Não quis entrar, preferiu olhar as estrelas mais de perto.

– O que me mantem de pé, é saber que o céu que eu vejo, você também vê.


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Notas finais do capítulo

Musica sugestiva para a cena de Danilo : Iridescet - Linkin Park



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