Oculto escrita por X Oliveira


Capítulo 2
Capítulo 2-"Deixe-me amanhecer na tua escuridão "




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/383447/chapter/2

Odeio os dias quais não têm nada o que fazer. Às vezes eu me perco em meio a meus devaneios da janela. Sabe, fico ali parada. O vendo em minha testa, o barulho dos passarinhos... Ah preguiçosa e calma LazyCity.

– MEU DEUS, EU TINHA DE ENCONTRAR O DANILO! – Grito e levo minhas mãos a cabeça. Saio desesperada atrás do meu tênis, que sempre se esconde de baixo da cama quando estou atrasada. Finjo-me de “mulher elástica” e me estico ate o outro lado da cama pra pegar meu bendito All Star fujão. Prendo meu cabelo com um rabo de cavalo simples e saio correndo.

Chegando ao parque GreenTree, vou caminhando lentamente e atenta a qualquer sinal de Danilo. Estou torcendo para que ele não tenha desistido. Só estou atrasada uma hora e meia... Qualé não é tanto tempo... Depois de vinte minutos de procura intensa, eu já estava desiludida quando eu me deparo com alguém chamando meu nome .

– ALLY, AQUI!- finalmente, achei Danilo. Que ótimo, ele não desistiu de me esperar. Confesso, achei fofo.

– Danilo! Mil perdões pela demora! Eu realmente me perdi em meio a vários copos de Uvitfresh com Pizza.

– tudo bem Ally, não se preocupe com isso –Diz sorrindo.

– Bem, vamos começar. Qual sua duvida?

–Bom... Eu não entendo o aquecimento global, o jeito que damos mais valor a beleza do que a inteligência. Não entendo o modo com que as pessoas se apaixonam por alguém com quem nunca conversaram. Não entendo meninas que se mostram por atenção ...

– Não seu bobo! Estou falando da matéria ! – digo rindo.

–Eu sei, estou brincando com você – ele também ri

–Se bem que... eu também não entendo essas coisas...

–Como assim?

–Tudo o que você disse, mais em especial... Como as pessoas se apaixonam por alguém que nunca conversaram.

– Ta apaixonada por alguém?

–Não – eu rio – só não acredito que isso possa acontecer.

–Então, pra você, quando alguém se apaixona? – ele segura minha mão.

–Hora, conversando. Conhecendo. Convivendo.

–Pode ser. O amor é relativamente como a morte. Ele chega quando você não o quer, vem de onde você nunca esperaria e te machuca igualmente.

–Só que quando morremos não sentimentos mais e com o amor, ficamos sofrendo por vários dias.

– Tem razão – ele sorri – Já se machucou com alguém? – agora ele segura o caderno.

–Já, foi a alguns anos.Estava no 1ºano. Ele era lindo, engraçado só que não gostava de mim. Eu o amei, e ele curtiu com a minha cara. E você, já se feriu?

–Claro. Ela era linda, extrovertida... Só que não queria nada serio, pois sabia que eu era o certo, porém ela queria curtir. Isso foi ano passado, estava no 2ºano.

–Os certos são os que mais sofrem não é?

–É, talvez seja uma forma de amadurecermos. Sabe, ficarmos preparados para tudo. Os certos aprendem a viver mais cedo e conseqüentemente são mais fortes dos que querem viver de mais.

– Você tem razão.

–Mas bem, vamos a matéria. Como eu sei quem é a hipotenusa? E porque diabos ela tem um caso com dois catetos? Que megera.

– Calma, eu explico. A hipotenusa é uma diva, e por isso tem dois catetos jogados ao pés dela. O confuso, é que eles sempre estão juntos. Como dois irmãos apaixonados por uma mesma mulher. Onde as vezes, ela prefere somar com um e deixa o outro morrendo de raiva.

– Essa Nuzinha, pode em?

– Com certeza! –rimos juntos por vários minutos. Este é o tipo de piada sem nexo, que rimos, rimos e rimos. Nem tanto pela graça do assunto, mais quando um olha a cara de infarto do outro. E esse outro olha pra sua cara vermelha de tanto rir e se acaba de rir também. Seus olhos esbugalhados, sua boca aberta, sua voz se abafa e ofega das risadas sem fim, que causam mais risadas.

Depois da crise de risos. Onde pessoas passavam e olhavam pra nós com cara de medo, saímos de, de baixo da arvore grande e com sombra que estávamos sentados e fomos andar. Passamos por varias e varias flores e sombras bem colocadas pelo parque. Cada cantinho parecia único e especial. Quase que feito a mão.

–Vamos nós sentar ali no sol? – ele diz e nós sentamos. – Sabe, as vezes eu queria se uma nuvem. Flutuar sem rumo por ai, deixando o vento me levar pra onde ele bem quisesse. – ele deita na grama fofa.

–E se ela te levasse pra um lugar ruim? Onde você não se sentisse confortável ou feliz? – logo deito também.

–Tudo bem pra mim. Eu não me sinto bem em nenhum lugar. Não me encaixo em qualquer sociedade que eu possa vir a morar.

–Como assim?

–Eu sou estranho. Diferente de uma maneira que eu não sei explicar. Talvez, eu não sirva pra viver em meio a pessoas. É como se... eu fosse um leão no mar ou um peixe na savana africana. O lugar vai me matando aos poucos e eu tenho que fugir de lá.

–Quer dizer que... um dia, você vai embora?

–Talvez sim. Ainda é cedo pra dizer.

–Se eu achar uma solução?

–Qual solução?

–Um tanque de oxigênio pro leão e um aquário pro peixe.

–Talvez possa adianta – ele ri – Até agora, você foi a única pessoa que me deixou respirar e nadar ao mesmo tempo. Como se você fosse diferente. Não me julgou e talvez não seja pelo fato de me conhecer só por dia. Sinto como se fosse especial.

–Talvez eu seja como você – eu sento e ele me acompanha

–O que quer dizer? – nessa hora o sol bate reflete em seus olhos e me vem um pensamento de como se eu o conhecesse a anos.

– Também não me encaixo a sociedade. Talvez ela seja a errada e não eu. Talvez eu esteja em uma orbita diferente. O sol não brilha pra mim a muito tempo... Desde de que – fico em silencio.

–Pode confiar em mim – ele segura minha mão.

–Desde de que perdi meu pai, quando tinha 5 anos. Eu o vi morrer e desde então é como se a morte me perseguisse.

–Quer me contar como aconteceu ?

– Eu estava saindo da pré-escola, ele tinha ido me buscar aquele dia. Era meu aniversario e eu implorei para que ele fosse. Quando viramos a esquina de casa, veio um cara armado e atirou em nós, a bala acertou o peito dele, morreu em meus pequenos braços, eu estava perdida, assustada e com sangue em cada centímetro do meu corpo. Peguei o celular dele e liguei pra minha mãe, que saio na rua correndo gritando meu nome. Já era tarde de mais quando a ambulância chegou. Ele tinha partido. Desde então, eu odeio cada ser desde planeta. Cada pedacinho do cosmos me irrita. A morte esta por ai, pronta pra me pegar.

–Mais eu estou aqui. Vou te proteger.

–E como fará isso?

–Darei um jeito. Você não esta sozinha. Deixe-me ser a luz que acendera a sua vida. Deixe-me amanhecer na sua escuridão.

–Não me cubra de mentiras! – me levanto e corro.

–Ally – ele grita meu nome, mais não vai atrás de mim. Mais eu queria que ele fosse, queria que me puxasse pelo braço e me olhasse com aqueles olhos brilhosos e me dissesse aquilo de novo “Deixe-me amanhecer na sua escuridão”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Oculto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.