Stronger escrita por Ana Wayne, Vick Wayne e Mia Oliveira, Miranda Kaiba


Capítulo 6
Bônus: When I saw you for the first time




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/383112/chapter/6

O pôr-do-sol era um espetáculo. Um espetáculo que através dos séculos ele aprendera a apreciar sempre que pudesse. E naquele dia ele tinha essa chance. Do alto de uma arvore ele podia ver, o sol se pondo bem atrás de uma cidadezinha qualquer que se escondia em uma depressão. Era o espetáculo a ser observado naquele dia. Sentou-se no galho da arvore. Estava um pouco cansado. Fazia dias que não parava para relaxar. E precisava comer.

"É só pensar em comida para que ela venha até mim, não?" Perguntou-se em pensamentos no instante em que sentiu o cheiro de carne humana se aproximando. Sorriu de canto e preparou-se para atacar, quem quer que fosse.

Sua presa se aproximava e ele já era capaz de sentir outros cheiros emanando dele. Era um aroma doce e floral, lembrava a sakuras e flores do campo, uma fragrância única, que em seus séculos vividos jamais havia sentido igual. Era uma fragrância obviamente feminina. Mas havia ainda outros cheiros misturadas aquela fragrância.

Era medo? Sim, era o cheiro do medo. Mas medo de quê? Ele ainda nem havia feito qualquer barulho. E ainda havia algo diferente, salgado... O que era aquilo?  Ele viu a presa se aproximar e no mesmo instante sentiu-se paralisar. 

Céus! Aquela humana era apenas uma criança. E ele não sabia o que o preocupava mais: uma criança de prováveis 6 anos estar sozinha em uma mata como aquela, ou o fato de ter-se preocupado com ela. Ele! Um youkai de quase seiscentos anos, que já matara crianças bem menores que aquela sem se quer se preocupar com a família, que matara sem nunca ter quaisquer remoço. Que era tido como cruel e frio. Estava se preocupando com uma garotinha humana que jamais vira em toda a sua vida. 

Ele olhou novamente para a criança. Era uma fêmea humana muito peculiar. Possuía os cabelos rosados longos, que caiam de forma delicada pelas costas, formando uma linda cascata até sua cintura. Ela era pequena, talvez até mesmo para uma criança humana, usava uma yukata em um tom creme com varias flores de sakuras o enfeitando. Mas sem dúvida alguma, havia algo em si que conseguia roubar a atenção dos incomuns cabelos rosados. E esse algo era seus olhos. Pareciam duas pedras de jade incrustradas naquela pele que mesmo de longe lhe parecia macia e suave ao toque. Mas ainda sim era uma criança, e nem merecia tanta atenção de sua parte.

Novamente um estalo veio em sua mente. O cheiro salgado o lembrou de algo. "Lágrimas..." Sim, era assim que os humanos chamavam a água que vazava de seus olhos. Aquilo o deixou ainda mais preocupado e intrigado: Por que ela chorava? Fez um barulho, propositalmente.

– Quem está ai? – Perguntou ela. A voz era doce e suave, baixa. Estava amedrontada e assustada, mas tentava passar-se de corajosa.

"Patético" Pensou novamente. Desceu da arvore. Assustando a garotinha.

– Quem é você? – Perguntou ela com medo, se afastando. Ele sorriu de canto, ela estava com medo.

– O que faz aqui? – Perguntou, com a voz fria como o gelo. Enquanto mantinha o rosto com quase nenhuma expressão.

– Eu... Eu me perdi! – Disse de forma inaudível para qualquer ouvido humano, mas ele não era humano. Ela se entristeceu e ele compadeceu. Havia algo diferente ali. Ele nunca sentira essa vontade de proteger algo antes.

– Onde estão seus pais?

– No festival! – Ela respondeu. Ele a pegou no colo e ela se assustou e começou a falar.

– Fique quieta! – Ordenou, de forma fria. Ele não iria deixá-la só, não era cruel demais. – Vou levá-la até este festival!

A garotinha se aninhou no peito dele, enquanto ele andava em uma velocidade normal, humana. Quando chegou as bordas da cidade, já enxergou o tal festival. Ele a colocou no chão.

– Arigatô gozaimasu! – Disse a menina, em uma pequena reverência quando foi posta no chão.

– Qual o seu nome?

– Sakura! Haruno Sakura!

Sakura. O nome das flores de cerejeiras. As flores efêmeras. Que duram pouco, que morrem com facilidade. Frágeis, belas e efêmeras. Lembrava a ela. Sim, era o nome ideal para ela.

– Então vá, Sakura... Seus pais devem estar te esperando! – Disse ele, com a voz pacífica. Mas algo em si não queria ter dito isso.

Não. Era apenas uma criança. Ele a viu se afastar, se misturar a multidão e se perder no mar de pessoas. E algo dentro de si se agitou. Como o seu instinto. Aquela garota, aquela garota estaria presente em seu futuro, querendo o destino ou não. E pela primeira vez, em séculos, seus lábios esboçaram algo próximo a um sorriso doce.

Ele partiria agora. Mas voltaria para ela. Pois ele sabia que ela já pertencia a ele desde a primeira vez em que ele a viu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stronger" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.