A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 58
Como? - £


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiii pessoas!!!!! Espero que gostem desse capítulo e se surpreendam tanto quanto eu!
Beijoooos enormes e comentem!!
Ju!
Ps: Ele vai dedicado à Kat que recomendou a fic. Obrigaaada, lindona!!!



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Tamborilei os dedos no volante, esperando que Claire saísse da casa. Edward havia ido buscar meu carro na cena do crime mais cedo, já que eu não tinha condições de ir, e ficou possesso ao ver o anel em meu dedo. Imaginei que Claire teria a mesma reação, se não pior.

A vi vindo em direção ao carro, tentando colocar o salto direito no pé, carregando uma pequena bolsa para guardar dinheiro e celular, trajando um vestido e pérolas ao redor do pescoço. Com certeza uma vestimenta para um jantar chique e não uma volta numa lojinha de fantasias.

Claire tinha uma ótima condição de vida, com pais que a apoiavam em quaisquer decisões que ela tomasse, e que achavam que a filha estudava em uma faculdade boa para se tornar uma veterinária conceituada. Mal sabiam que ela usava boa parte do dinheiro que eles investiam para comprar roupas novas e de grife.

Abri a porta de meu carro para ela e Claire fez uma careta quando entrou.

– Meu Deus, você precisa comprar outro carro logo.

Mandei-a colocar o cinto e liguei o rádio que tocava de maneira estranha.

– E quem vai comprar um para mim? Você?

– Não. – sua resposta soou como se ela estivesse falando com uma criança. – Mas bem que você poderia juntar suas economias e comprar outro.

Rolei os olhos e rumamos até a loja. Ao estacionarmos Claire soltou um berro.

– O que? – me assustei, pegando a arma que estava presa em meu cinto.

– Seu dedo.

Meu corpo inteiro tensionou.

Droga.

– Ah, isso... Não é nada. Vamos logo? – disse querendo mudar o foco de sua atenção, guardando a arma novamente no cinto.

Ela saiu do carro e veio até meu lado, pegando minha mão com certa brutalidade.

– Isso não é nada, Helena? Você está noiva!

Algumas pessoas que passavam por nós pararam para nos olhar, balançando a cabeça em desaprovação.

– É só um anel que era de sua mãe. Não estou noiva. – tentei argumentar.

– Mentirosa! – ela gritou. – Quem foi que te deu?

A encarei com os olhos semicerrados.

– Que pergunta absurda é essa, Claire?

– Foi Polux?

Assenti puxando minha mão da sua. Ela sorriu animada.

– Meu Deus, eu sabia que vocês estavam na pegação, mas não fazia ideia de que era tão sério!

Ri alto, caminhando para longe dela.

– Que jeito feio de falar, Claire! Ele fez o pedido e eu aceitei. Não há nada de errado nisso. – dei de ombros.

Depois de segundos em silêncio ela soltou a frase que eu já vinha me preparando para encarar desde que o anel tinha sido posto em meu dedo:

– E Fitch? Ele vai querer arrancar a cabeça dele. – ela completou em voz baixa.

Balancei a cabeça e me segurei em seu braço.

– Ele não vai saber de nada.

– Como assim? – perguntou ela enquanto entrávamos na loja escura, sendo recebidas por uma mulher robusta e baixa, trajando uma fantasia de anjo.

– Vão querer experimentar alguma fantasia em particular, minhas queridas?

Claire se pronunciou, parecendo esquecer-se de nosso assunto anterior, se focando na parte mais importante: escolher uma fantasia. Pude ouvi-la murmurar para a mulher.

– Eu quero ver uma fantasia que diga: sou santinha, mas não tão santinha assim, entende? Como se ela exalasse desejo reprimido.

Arregalei os olhos surpresa por Claire ter pedido tal coisa a mulher, mas a senhora, por outro lado, riu e respondeu:

– Tem preferência por algum tipo? – dando uma piscadinha de leve para Claire que sorriu animada.

– Vocês têm da Mulher-Gato?

A moça riu novamente, tentando passar a imagem de simpática.

– A do filme com a Halle Berry?

Claire bateu palmas.

– Essa mesma!

Tive vontade de me esconder dentro de um provador quando ela pegou uma fantasia de uma das araras, parecendo que tinha sido arrastada no chão, cheia de aberturas na barriga e uma máscara por final.

– Vou experimentar e mostro o resultado se gostar. Helena, escolha uma para você, ou eu vou escolher!

Meu rosto estava vermelho de vergonha e piorava cada vez que Claire abria a boca para proferir palavras como aquelas.

– Então, querida, o que vai ser? Anjinho? Policial sexy? Enfermeira? – ela analisou meu corpo. – A fantasia de policial sexy daria para você perfeitamente já que é pequeninha, e daí é só colocar um saltão. – ela deu uma ênfase desnecessária para a palavra “saltão”, indicando até mesmo com os dedos.

Quis me esconder e a mulher olhou para minha mão. Aquele anel estava atraindo muito mais atenção do que eu pretendia.

– Pode esquecer a fantasia de policial, seu noivo não vai gostar muito. – e riu.

E enquanto ela ria tudo o que se passava por minha cabeça era: será que ela tem algum problema mental?

– Vocês tem alguma fantasia de bruxa? – perguntei com a voz baixa.

Ela abriu um sorriso enorme e se virou para pescar algo que estava pendurado na arara atrás dela.

– Vá experimentar essa e me diga como ficou. Se precisar de alguma ajuda é só me chamar, meu nome é Constantine.

Assenti e fui em direção ao provador lado a lado do qual Claire estava se trocando, já começando a desabotoar a blusa de algodão que vestia.

– Helena? – a ouvi me chamando, e espiando dentro de meu provador.

Cobri meu corpo com a blusa e ela riu, voltando para dentro de seu provador.

– Qual escolheu?

– Bruxa.

E então silêncio.

– É sério? Quantos anos você têm? 10?

Rolei os olhos nas órbitas enquanto terminava de me despir, enfiando a fantasia logo com medo de que ela tivesse mais um de seus surtos e resolvesse me espiar novamente.

Quando me olhei no espelho, meu queixo foi até o chão. A fantasia era completamente preta, mas como se fosse um vestido que vinha até o menos da metade da coxa, mais soltinho e de tecido leve, com mangas largas e um espartilho que apertava tanto meus peitos chegando a me deixar sem ar, adicionando curvas a lugares que eu nem ao menos sonhava a ter.

– Com essa fantasia definitivamente tenho mais de dezoito.

E antes que eu pudesse fazer alguma coisa, as divisões de tecido que separavam os provadores foi puxada para o lado quase me fazendo gritar. Claire estava enfurnada em uma roupa bem colada que mais parecia um trapo, marcando todas as suas curvas, e deixando sua barriga parcialmente a mostra e usava a máscara no rosto, fazendo um bico desnecessário para mim.

– Ulá-lá! – ela assobiou. – Se eu fosse Polux ficaria com ciúmes.

– Não é demais? Afinal vamos somente sair para pedir doces com suas primas, não é?

Claire coçou a nuca.

– Erm... Essa parte... Então...

– Claire... – a alertei, não gostando do rumo que a conversa levava.

– Na verdade temos uma festa para ir de um conhecido meu em Manhattan e já confirmei com todos que vamos. – ela falou rapidamente.

– Claire! Custava ter me avisado? – me exaltei.

– Eu esqueci, desculpa.

Expirei lentamente e me virei para arrumar uma parte das fitas de couro que cruzavam em sua barriga, que insistia em virar ao contrário.

– Sem problemas. Preciso sair mesmo. – dei de ombros depois de refletir por alguns segundos.

Uma mão carregando uma vassoura pequena e uma coisa toda amassada se enfiou no provador e eu gritei.

– Sou eu, querida. – Constantine. – Vim lhe entregar isso, faz parte da fantasia.

E ela se retirou.

Rimos durante alguns minutos e eu terminei de me arrumar, amarrando o espartilho com certa dificuldade. A “coisa amassada” na mão de Constantine era nada mais do que um chapéu pontudo típico de bruxas. Sorri ao coloca-lo na cabeça e dei uma volta para Claire ver. Ela assobiou e bateu palmas.

Eu sentiria falta dela. Muita falta dela.

– Se eu fosse homem não me aguentaria perto de você. – ela disse de brincadeira.

Arrumei o cabelo e coloquei a vassoura na mão.

– Esse chapéu estraga. – comentei baixo, tentando arrumar um jeito de ele ficar parado.

– Que nada! Ele só completa. Se você passasse por mim com uma vassoura na mão e essa fantasia, possivelmente a palavras “empregada” e “prostituta” passariam por minha cabeça.

Ambas rimos como se o ar estivesse mesmo cheio de gás do riso e apoiei as mãos no espelho a minha frente, sentindo um calor estranho em minhas costas.

Esse vestido é muito curto pra você. A voz de meu noivo ecoou em minha cabeça.

Então esse é um dos poderes que você não perdeu? Ignorei sua pergunta.

Quase pude ouvi-lo dar aquele sorriso de lado sedutor.

Estou sentado na livraria logo a frente, lendo um livro interessante chamado ‘O Comprimento Adequado de um Vestido Para uma Mulher Comprometida’.

Rolei os olhos nas órbitas e balancei a cabeça negativamente.

E pensar que eu gastei todo esse tempo procurando o vestido perfeito para te agradar. Menti.

Está me convidando para um encontro, senhorita Jameson? Pelo grande anel em seu dedo vejo que é comprometida, isso é errado. Polux zombava de minha cara como se fosse a coisa mais engraçada.

Estou te convidando para uma festa, mas terá de escolher uma fantasia bem bonita para combinar com a minha.

Minha mente ficou em silêncio por uns instantes e Polux sussurrou: Eu serei o anjo.

E ele se calou.

Um anjo sendo um anjo? Que irônico.

Claire arrumou os peitos na fantasia e fez uma pose típica de Mulher-Gato, dizendo por fim:

– Vou levar.

Tirei o chapéu e alisei os cabelos que insistiam em saltar para todas as direções.

– Também vou, mas pode dar uma olhada que eu vou passar na livraria.

Ela fechou a divisória dos provadores, mas pude imagina-la colocando as mãos na cintura e com a cara de completa confusão. Despi-me, colocando novamente a outra roupa como um raio.

– Não está querendo fugir de mim, está? – perguntou ela com a voz afetada. Talvez por chateação.

– Não, Claire, juro. Só quero ver um livro.

– Ah, é mesmo? E como chama?

Bati a mão na testa enquanto enfiava o jeans apertado.

– Hmm... Se chama ‘O Comprimento Adequado de um Vestido Para uma Mulher Comprometida’.

E depois quis me bater. Mas que droga de nome era aquele?

Para minha surpresa Claire fez um barulho como se estivesse engasgando com a própria saliva.

– O que? – e riu alto. Imaginei que enquanto ela engasgava/ria de minha pessoa, talvez eu tivesse mais tempo para pegar minhas coisas, pagar a fantasia e sair dali.

Finalmente abotoei a camisa e peguei a fantasia do chão, dobrando de uma maneira ridícula.

– Se quiser pode ir para casa depois daqui, ok? – disse na esperança que ela aceitasse minha proposta.

Não esperei para ouvir sua resposta e saí em disparada para o caixa, já com o dinheiro contado na mão, pagando rápido e saindo da loja como um tornado. A sacola estava cheia e o chapéu praticamente pulava dela, me fazendo querer chorar. Andei alguns metros e encontrei a tal livraria, encarando-a por milésimos de segundos antes de entrar.

Ela sempre estivera ali?

O lugar era grande e iluminado com a luz do sol que invadia o cômodo pelas janelas de vidro. Vi um homem com um boné e óculos escuros acenar para mim de um sofá largo e tive que reprimir uma risada.

Quando me aproximei dele, ele se levantou e beijou-me nos lábios como se não tivéssemos nos visto na noite anterior.

– Fico feliz que esteja usando-o. – Polux disse mexendo em meu dedo anelar, praticamente brincando com o anel de brilhantes.

Ele sorriu de lado e meus joelhos fraquejaram.

– Eu disse a verdade quando respondi que queria me casar com você. – sussurrei ficando na ponta dos pés e fazendo nossos lábios se encostarem mais uma vez. Ele beijou meu nariz fazendo com que sua barba rala roçasse em meu rosto, me fazendo rir de leve, e me afastar.

Acomodamo-nos no sofá e pude ver que ele realmente tinha um livro com aquele título idiota apoiado do seu lado.

– Eu disse que o estava lendo. – Polux murmurou fazendo graça.

Esmurrei seu braço de leve e aconcheguei-me em seus braços, vendo-o pegar o livro e abrir em uma página marcada.

– Essa é a minha passagem favorita: “Uma moça comprometida não deve usar saias maiores do que os tornozelos e nem menores do que suas áreas privativas.”.

Quase engasguei.

– A autora realmente escreveu “áreas privativas”? - perguntei com lágrimas escapando dos olhos por segurar uma gargalhada.

Ele riu alto sendo acompanhado por mim e balançando a cabeça fazendo um sinal de positivo. A cada risada atraíamos mais olhares de pessoas que liam calmamente.

– Você não pode marcar os livros assim! – exclamei. - Outras pessoas vão compra-lo.

– Eu comprei quando vi o tamanho de sua fantasia. Me pareceu apropriado.

O belisquei forte o suficiente para fazê-lo reclamar de dor.

– Ei! Só disse a verdade!

Revirei os olhos.

– Não me provoque senhor Finnik. – murmurei baixo, tentando fazer com que ninguém além de nós ouvisse.

Polux mordeu os lábios sedutoramente e aproximou meu rosto do seu.

– E o que a futura senhora Finnik irá fazer, posso saber?

Beijei seu pescoço fiz questão de mordiscar sua orelha de leve.

– Talvez Fitch queira ir comigo à festa.

Pude sentir o ar de brincadeira sumir e ele sussurrar quase ameaçadoramente.

– Não brinque com uma coisa dessas.

Baixei os olhos e me sentei ereta arrumando os cabelos mais uma vez.

– Desculpe.

Tirei seu boné e coloquei em minha cabeça, bagunçando seu cabelo louro com os dedos, e sussurrei puxando-o para perto novamente.

– Porque está todo escondido?

Pude imaginá-lo revirando os olhos.

– Ainda sou o inimigo...

– Você é humano agora, Polux. É diferente – o interrompi.

Foi quando a voz de Claire invadiu meus ouvidos, não deixando que Polux se pronunciasse.

– Helena?

Sussurrei um palavrão quase inaudível.

Balancei os braços para indicar onde estava e ela sorriu para mim, transformando-o em uma careta quase forçada ao ver que eu não estava sozinha. Ela se aproximou de mim e trocou olhares entre Polux e eu, e por fim, cruzando os braços como se estivesse irritada, disse:

– Seu noivo não vai gostar de te ver nos braços de outro cara.

Tentei reprimir uma risada e Polux tirou os óculos, estendendo a mão para Claire.

– Prazer em te conhecer, Claire, eu sou o noivo. – ele disse em tom de deboche.

Ela parecia ter congelado no lugar, balançando a mão como um boneco de pano, a boca ligeiramente aberta como se ela estivesse chocada.

– Ah... – foi a única coisa que saiu de sua boca.

Polux riu e se virou para mim, abraçando-me de lado, recolocando os óculos escuros. Percebi que a expressão de Claire se suavizou e ela chegou colocou uma das mãos no coração, quase como se estivesse comovida. Tirei o boné de minha cabeça e coloquei em Polux, desajeitadamente, sorrindo como uma idiota.

– Claire, soube que vai à festa. – ele começou.

Dei graças a Deus por ele estar pelo menos se fingindo de interessado por minha melhor amiga. Ela pareceu ter acordado de um sonho e piscou os olhos rapidamente.

– Sim! Helena vai dormir em casa, tem algum problema? – perguntou ela.

– De maneira alguma. – ele disse e beijou o topo de minha cabeça.

– Você sabe que todos os caçadores estarão lá, certo? – ela perguntou novamente, desta vez com um traço de angústia na voz. – E não só de Sleepy Hollow, mas de Manhattan também. E todos eles querem suas cabeças em um prato.

Vi pelo canto do olho a mandíbula de Polux se contrair e ele murmurou:

– Qualquer coisa por Helena vale a pena. Mesmo que me custe a cabeça. – ele imitou seu jeito de falar e me virou para beijar meus lábios, sussurrando em meu ouvido. – Conte a ela nossos planos, ok? Ela irá entender.

Assenti e Polux me soltou, dando um aceno de mão para Claire, saindo pela porta, recolocando os óculos de sol.

– Vocês são tão fofos que dá nojo.

Fingi não ouvir e peguei o livro de cima da mesinha, saindo pelo menos lugar que ele tinha antes, indo em direção ao carro, esperando por Claire que parecia ter sido sugada para o mundo da fantasia. E ao chegar perto dele, constatei que havia uma figura alta parada do lado da porta do motorista, encostado na lataria.

Meu coração foi parar na garganta quando reconheci a pessoa. E eu tinha certeza que ele conseguia ouvir meus batimentos descompassados por conta do medo, mas o importante era manter a postura de quem não estava nem um pouco afetada com sua presença assustadora.

– O que quer aqui? – perguntei ácida.

Drake sorriu fazendo seu cavanhaque subir levemente e seus dentes brancos e alinhados. Percebi que ele tinha o cabelo escuro penteado para trás e os olhos azuis penetrantes e vibrantes. Sem contar que estava vestido muito elegante para dar somente uma voltinha.

– Ora, Helena, vim de Manhattan para visita-la e é assim que me trata?

Arrepios de nojo percorreram meu corpo e eu resisti ao impulso de me afastar.

Ele se atreveu a se aproximar e eu dei dois passos para trás. E foi nesse momento que Claire resolveu aparecer. Pude ouvir seus passos apressados até meu lado e ela segurou em meu braço.

– Quer que eu peça ajuda?

– Não, ele não é louco de fazer alguma coisa. – respondi no mesmo tom, ainda sem deixar de olhá-lo.

Drake deitou a cabeça de lado e fez um bico claramente debochando de minha cara.

– Volte para a loja de fantasias. Vou lhe buscar depois. – ordenei. Quando ela se recusou, empurrei-a para longe a fazendo tropeçar e quase cair. Seus olhos pareciam marejados e tão assustados quanto os meus. – Vá! – supliquei.

Estávamos numa rua onde poucas pessoas passavam e quase nenhum carro circulava. Meu sangue pareceu congelar em minhas veias para logo esquentar como se pegasse fogo, por causa da dose de adrenalina.

– O que quer? – insisti em saber, pegando a arma do cinto, segurando-a a frente do corpo.

Ele colocou as mãos para trás.

– Só vim te ver, já que você não vai comparecer à minha festa em Manhattan... – ele disse com os olhos perfurando minha alma.

– Como você sabe que eu não vou? Nem eu mesma sei. – retruquei.

Drake juntou as mãos perto da boca como se fosse aquecer a mão com o bafo e as esfregou.

– Essa é uma das vantagens de ter bruxas sob seu domínio.

Tive que reprimir a vontade de apontar a arma para seu peito e puxar o gatilho.

– Você não vale o prato que come. – rosnei carregando a arma.

Drake soltou uma gargalhada quando a apontei para seu peito e se aproximou numa velocidade absurdamente rápida, tocando-a com a ponta dos dedos, sussurrando bem perto de meu rosto:

– Comece a me tratar melhor se quer saber onde sua querida mãe está.

Drake se afastou consideravelmente e levantou uma das mãos fazendo com que a arma escapasse de meus dedos, se descarregasse e espatifasse na parede mais próxima.

– Minha mãe? – perguntei com a voz trêmula.

Ele sorriu maroto ao ver que atingira meu âmago certeiramente.

Os sentimentos dentro de meu peito pareciam ferver e a única maneira que eu conseguiria botá-los para fora seria chorando. Eu não derramaria nem uma lágrima perto de Drake.

– Você é igualzinha a ela, sabia? Prepotente e mimada. – suas feições se endureceram e ele se aproximou mais uma vez, desta vez com o rosto deformado. Certamente pronto para se transformar no monstro que era. – Eu consigo sentir o cheiro deles em você. De todos eles. Até mesmo daquele cachorro.

Ele ergueu meu rosto com dois dedos, fazendo com que eu o encarasse. Seus olhos haviam escurecido tanto a ponto de parecerem duas pedras lapis lazuli brilhantes.

– É uma pena terem saído iguais à Emma, poderiam ser tão melhores se fossem iguais à...

Antes que ele pudesse terminar o interrompi.

– Cale a boca.

E me arrependi no mesmo segundo que a frase saiu. Definitivamente deveria ter ficado calada.

Mas para meu alívio – ou não – Drake se afastou e bateu palmas, gargalhando. Meu dia tinha sido repleto de risadas e todas elas – ou pelo menos a maioria delas – me deixavam confortável. Com Drake era diferente. Eu sentia como se ele me fizesse de seu showzinho particular, e pudesse colocar qualquer coisa que eu ousasse dizer se voltar contra mim.

– Afiada. Pelo menos puxou isso do pai. – e se virou, andando para longe de mim.

– Pare de falar como se os conhecesse! – gritei.

Ele parou de andar e se virou lentamente para olhar em meus olhos.

– E eu conheço. Muito bem, até.

– Você matou Anne. – murmurei acusadoramente, hiperventilando. – Foi você que enfiou aquelas cartas em sua boca. Você é um monstro. – apontei com o dedo indicador em sua direção.

Drake pareceu perder o fio da meada e veio até mim pegando minha mão em uma velocidade sobrenatural, tocando o anel. Perguntei-me se cada vez que o usasse seria assim, todas as atenções voltadas a ele, como se ele tivesse um próprio holofote que refletisse no rosto das pessoas.

– Eu conheço esse anel.

– Bom pra você.

– Polux é um homem de bom gosto. É uma pena que se apaixonou pela única pessoa que não pode ter.

E então eu surtei.

– Você não é ninguém para me dizer o que eu posso ou não fazer, Drake...

– Drake, Drake... – ele me interrompeu, dando alguns passos para trás com a mandíbula trancada. – Sempre pensei que quando finalmente nos encontrássemos novamente você me chamaria de pai, e não de Drake.

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Notas finais do capítulo

CoNtInUa???????????



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