A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 59
Desacreditando - £


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, desculpem pelo capítulo pequeno, mas se for o caso posto outro amanhã logo pela manhã!!!
Beijooooos,
Ju!



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Olhei para ele como se ele tivesse acabado de me contar que tinha comido cérebros no café-da-manhã, com o rosto transfigurado num misto de nojo, medo e ânsia de vômito.

Prendi a respiração quase desmaiando.

O que foi que ele disse?

Pai? É isso mesmo? A palavra “pai” tinha saído de sua boca.

– Não é possível. – balbuciei apoiando-me na parede, tentando fazer com que eu ficasse de pé.

Ele colocou as mãos na frente do corpo, entrelaçando seus dedos, como se já esperasse essa reação de mim.

Meu coração parecia que ia sair pela boca, minha cabeça girava e minha visão completamente turva. Tudo o que eu via era o borrão de Drake à minha frente. Senti uma vontade incontrolável de vomitar tudo o que tinha comido, de chorar e dar risada de sua cara, tudo ao mesmo tempo. Ele só poderia estar brincando comigo, certo? Era uma piadinha de mau gosto.

– Você vai se acostumar com a ideia, não se preocupe. Lassai já viu seu futuro. – ele estalou a língua para mim. – E se escolher ficar com Polux, não será nada bom.

– Ela não manda em meu destino. – murmurei irritada, fechando os olhos para tentar me controlar e não socar-lhe com todas as minhas forças. Nem mesmo que para lhe causar alguns arranhões eu tivesse que quebrar todos os ossos das mãos.

– Lassai é um homem. – ele me ignorou.

Apertei a testa tentando fazer minha visão voltar ao normal e lhe encarei com os olhos injetados de raiva.

– Não precisa me olhar com essa cara, Helena. Não nos conhecemos direito, mas ainda sou seu pai, então trate de melhorar essa cara.

– Cale a boca, Drake. Você não é meu pai, e nunca será! – gritei apertando o estômago que insistia em dar reviravoltas dentro de meu corpo.

Algum traço de tristeza passou por seu rosto, mas se foi tão rápido que fiquei em dúvida se não fora minha mente me pregando peças.

– Não importa o que você diga, Helena, o sangue que corre em suas veias é parcialmente meu, e você não vai se casar com Polux.

Meu rosto esquentou e o pude sentir meu corpo em chamas.

– Saia da minha frente. Você não é nada meu. Nada! – exclamei dando-lhe as costas.

E ele riu.

– Sua mãe vai ficar feliz em saber que você está me tratando tão bem. Talvez ela goste de passar a noite com minhas refeições. – Drake disse ironicamente.

Fechei minhas mãos em punho.

– Não ouse a tocar nela, ou eu mesma vou arrancar sua cabeça. Sendo meu pai ou não.

Ele levantou uma das sobrancelhas, mas não se aproximou.

– É tocante a maneira que você pensa sobre mim. Eu nunca a machucaria.

Queria abrir a boca e perguntar se ela estava mentindo sobre dizer que ele havia nos levado para longe e que estava a mantendo como uma prisioneira. E mesmo que eu não quisesse admitir, parte de mim sabia que ele estava envolvido por trás da morte de Theodore. Ele era o culpado.

E agora sabendo que ele era meu pai biológico, tudo o que eu mais queria era lhe socar até que ele desmentisse tudo. Meu Deus, ele aparentava ser apenas alguns anos mais velho do que Kaus, não poderia ser meu pai.

Um arrepio de nojo se espalhou por meu corpo, fazendo uma ânsia terrível me dominar completamente.

– Eu espero que esse tratamento mude, Helena. Afinal de contas não sou o monstro que você imagina. Não sou eu o inimigo aqui.

Tranquei a mandíbula e sem esperar dei-lhe as costas indo em direção à loja de fantasias. Claire estava esperando debaixo do toldo colorido e me abraçou com lágrimas nos olhos quando eu me aproximei.

– Me desculpe por ter te deixado sozinha. – ela disse.

Abracei-a de volta.

– Ele é meu...

– Eu sei. Eu ouvi. – ela murmurou fungando.

Algumas pessoas que passavam se viravam para nos olhar com olhares similares à pena.

Está tudo bem? Polux perguntou em minha mente.

Sim, não se preocupe. Eu respondi o bloqueando. Não queria que tivesse acesso a meus pensamentos e sentimentos. Antes de me abrir à ele, queria entender o que diabos se passava comigo.

Jason iria surtar quando descobrisse que nosso pai, o homem que ele tanto queria conhecer, era o inimigo. O pior deles, na verdade.

E se não gostava de Polux quando só tínhamos um “caso”, agora que estávamos noivos eu duvidava que gostasse mais.

Por fim devolvi a fantasia e peguei o dinheiro de volta. Avisei Polux por mensagem que não iria mais e ele disse que ficaria comigo a noite quando todo mundo já tivesse ido para a festa. Não respondi.

Ao alcançarmos meu carro, percebi que tinha um papel preso em meu para-brisa com a seguinte mensagem: “Sou inimigo deles, e não seu.” Não tinha assinatura, mas não precisava ser um gênio para descobrir que fora Drake quem o deixara ali. Peguei o papel o amassando e rasgando em vários pedaços, lançando-os ao vento que os levou para longe rapidamente.

– Tem certeza de que está tudo bem? Você parece meio pálida. – ela comentou um tanto quanto preocupada.

Balancei a cabeça enquanto dirigia pelas ruas de Sleepy Hollow, tentando fazer as lágrimas não escorrerem por meu rosto.

– Vai ficar tudo bem. – murmurei mais para mim mesma do que para Claire, pisando no acelerador, como se a velocidade pudesse me fazer esquecer o que tinha acontecido.

Deixei Claire na casa do lago alguns minutos depois, e percebi que pelo carro na garagem ela tinha visita.

– Qualquer coisa me ligue. – ela havia dito antes de sair correndo desajeitadamente pela grama fofa carregando a fantasia dentro de uma sacola preta.

Ao chegar em casa o silêncio me cumprimentou solidário. Apesar de estar não fazer diferença alguma, tranquei a porta e acionei o alarme. Mesmo que Drake não tivesse nem me tocado direito, cada parte de meu corpo parecia suja somente por sua presença. Uma sensação de desconforto preenchia todo o meu ser. Eu sentia o cheiro dele. Cheiro de morte e desgraça.

E era assim que eu me sentia.

Entrei na banheira cheia de água fervendo e senti aos poucos meu corpo ser rodeado por calmaria e vapor. Eu precisava daquele tempo de paz só para mim. Precisava me sentir humana e me afastar um pouco de toda aquela loucura que era minha vida. Mas então tinha Polux, que conseguia fazer com que eu me sentisse Helena Jameson novamente e não Helena, a caçadora.

Ao sair do banho reconfortante e me jogar na cama já vestida com um moletom confortável, chorei até apagar com a inconsciência.


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Notas finais do capítulo

Continua??