A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 55
Errância - £


Notas iniciais do capítulo

Oiii!!! Espero que gostem desse capítulo!Só para avisar, a fic está chegando ao fim, mas ainda terá a segunda temporada... Então espero que vcs acompanhem tbm!kkkkkBeijoooos,Ju!



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Minhas lágrimas não paravam de escorrer. Eu podia sentir meus pulmões implorando por ar toda vez que eu voltava a soluçar. As mãos de Fitch envolveram minhas costas e ele puxou meu rosto para seu peito, não deixando que eu continuasse a encarar o cadáver de Anne.

Eu sentia que estava molhando toda sua camiseta de rímel e lágrimas, mas à essas alturas ele não estaria lá tão preocupado com ela, certo?

– Podem levar o corpo para Meredith. – ouvi Fitch dizer com a voz autoritária.

Mais lágrimas.

Ele tapou meus olhos quando tentei espiar o que estava acontecendo e sussurrou para mim:

– Está tudo bem, Helena. Estou aqui. Vai ficar tudo bem.

Seu aperto se afrouxou para que ele levantasse meu queixo e vi alguns médicos da região levarem o corpo dentro de uma sacola grande e azul. Um aperto em meu peito fez com que eu soltasse o ar.

Fitch limpou minhas lágrimas com os dedos e beijou minha testa. De tanto chorar minhas veias da cabeça estavam latejando, dando-me uma baita dor de cabeça.

– Nada vai acontecer com você, eu prometo. – ele disse.

Não era comigo que eu estava preocupada. Era com Charlotte. Anne estava morta por minha culpa, e se Charlotte também não estava, não demoraria muito para que encontrássemos outro corpo.

Fitch passou os braços atrás de meus joelhos e me sustentou. Afundei minha cabeça em seu peito e deixei que ele me carregasse para fora daquele inferno.

Meu rosto estava escondido em seu peito, e por onde passávamos as pessoas viraram a cabeça para olhar. Eu me sentia desconfortável naquela situação. Ainda mais quando tinha acabado de descobrir que Anne havia morrido, e que minhas palavras tinham sido da boca pra fora.

Ninguém veio falar conosco, muito menos meu irmão. Espiei rapidamente para vê-lo nos observando cautelosamente, mas quando Edward sussurrou-lhe algo vi suas feições relaxarem levemente. Agarrei-me à camisa de Fitch e senti seu coração batendo rápido sob minha palma suada. Ele beijou minha testa.

– Vamos para longe disso, ok? – aquilo não era uma pergunta, e mesmo que fosse eu não faria objeções.

Cruzamos toda a multidão e ele alcançou outro carro estacionado perto do meu, pegando a chave e destravando-o rapidamente. Ele me sustentou com uma mão só enquanto abria a porta e me baixava no banco do passageiro, afivelando meu cinto. Queria dizer que eu conseguia fazer aquilo sozinha, mas nada saía de minha boca. Nem um mísero som. Entrando pelo lado do motorista ele deu partida no carro, saindo pelas ruas cantando pneu. Apoiei a cabeça no vidro e vi Cali do outro lado da rua, fuzilando-me como se pudesse me matar somente com um olhar. Desviei os olhos e concentrei-me em brincar com meus próprios dedos.

Fitch segurava minha mão e só a soltava para mudar de marcha. Olhei-o e agradeci em silêncio, encarando a paisagem que passavam voando pelo vidro. Enquanto cortávamos os carros que insistiam em parar para ver o que havia acontecido, pude ver um rosto se destoar por entre todos os curiosos, fazendo meu coração se remoer dentro de mim. Kaus olhava para mim como se tivesse levado um tapa, ou pior, visto o amor de sua vida acabar de ir embora no carro com o inimigo. Em questão de minutos estávamos na frente da empresa. O prédio de tijolos vermelhos e tão conhecido nos saudando acolhedoramente, de uma maneira que eu não podia descrever. Ele parecia sagrado e imaculado, uma visão errada do que acontecia lá dentro, já que – querendo ou não – éramos uma empresa que criava assassinos. Mesmo que as pessoas acreditassem que as coisas que matávamos não existiam.

Estacionamos no estacionamento ao ar livre, e inspirei tentando me acalmar quando saímos do carro. Eu não iria chorar. Não novamente.

Limpei os resquícios de lágrimas, e entrei na empresa com Fitch segurando minha mão possessivamente. Pessoas nos olhavam quando passávamos e eu conseguia desvendar o que elas estavam pensando. Pensando que talvez, só talvez, tivéssemos nos acertado de vez, e que estávamos juntos. E meu coração clamava para que eles estivessem certos. Mas com Cali na jogada, parecia impossível conquistar o coração de Fitch Monet.

Entramos no elevador que demorou um bocado para chegar ao destino desejado e rumamos direto à sua sala. Ele abriu a porta e me fez entrar primeiro, trancando-a uma vez já lá dentro. Ele tinha a mania estranha de querer manter o mundo do lado de fora da sala quando estávamos juntos.

Sentei-me em cima mesa e abaixei a cabeça. As imagens do corpo ainda rondavam minha mente e atormentavam meus pensamentos. Como era possível eu ter sido tão desatenta? Como eu poderia viver com a culpa da morte dela?

Fitch me abraçou desajeitadamente enquanto eu chorava silenciosamente, e sussurrava que tudo iria ficar bem.

– Ele fez isso. – balbuciei. – Drake.

– Drake? O demônio que estava na mesma festa que vocês foram? A de máscaras?

Como ele ainda se lembrava daquilo?

Não consegui falar nada e somente assenti.

Ele expirou e me apertou mais forte. Eu podia ouvir minhas costas estalando, assim como meu pescoço.

– Eu vou mata-lo. – Fitch disse com uma convicção fora do normal, em meu ouvido.

E então comecei a me desesperar de verdade. Eu não poderia perder Fitch, ele era muito importante para mim, pouco me importava o quanto ele tivesse me feito chorar. Ele era a única pessoa que me conhecia direito. Meu único amigo. Meu.

– Não. – respondi. – Não posso me dar ao luxo de perder você novamente. – acabei soltando.

Uma onda de arrependimento cruzou meu corpo. Eu não deveria ter dito aquilo. Dizer aquilo era basicamente ir contra qualquer coisa que eu tivesse falado anteriormente sobre não me deixar levar pelos surtos repentinos de loucura e pela vontade inebriante de me jogar em seus braços.

Pude ouvir que ele suspirou e apoiou o queixo no topo de minha cabeça, desenhando círculos em minhas costas com a ponta dos dedos.

– Você nunca me perdeu, Helena.

Levantei os olhos para lhe encarar e me perdi em seus olhos de uma cor safira tão profunda que me deixava sem ar.

– Cali está com você, isso para mim já é um sinal de que lhe perdi.

Foi a vez de ele abaixar a cabeça, e descer as mãos para minhas pernas, as apertando.

– Isso é injusto, Helena... – Fitch disse baixo.

Eu não conseguia enxergar onde aquilo era injusto, ainda mais com ele, já que a pessoa sofrendo por ter que ver os dois juntos o tempo todo era eu!

Cruzei os braços, trancando a mandíbula para me impedir a debulhar-me em lágrimas mais uma vez.

Quando ele olhou para mim e percebeu que eu fazia um esforço imenso para ficar firme, pegou meu queixo e juntou nossas testas. Podia sentir seu hálito de hortelã batendo em meu rosto, deixando-me tonta.

– Eu prometi a mim mesmo que manteria distância para não te machucar. Eu me tornei uma pessoa, e uma coisa, que não gostaria. – sua voz parecia contida. - Por mais que me doa falar isso, Helena, Cali é uma das únicas pessoas que pode manter você segura de mim, mas ela não passa de uma amiga. – bufei.

Como ele poderia estar dizendo que ela só era uma amiga, quando disse – na minha frente e de mais várias pessoas –, com todas as letras, que ela era sua N-A-M-O-R-A-D-A.

Ele não percebia que aquilo me machucava todos os dias? E que era por sua culpa que eu me trancava todos os dias na ala de treinamento e fingia que o mundo lá fora não existia, muito menos ele, e trabalhava em meu condicionamento físico e mental?!

Meu coração ficou acelerado de uma maneira que eu não conseguia entender.

– Você mentiu para mim? – indaguei completamente incrédula.

Fitch mordeu os lábios parecendo não saber o que falar.

– Eu preferia que você me odiasse por algo que eu fiz e não por algo que eu sou.

Suas palavras foram tão duras que eu me contive. Ele não poderia estar falando sério!

– Fitch... – murmurei me aproximando ainda mais dele. Ele abriu os olhos em expectativa. – eu nunca seria capaz de te odiar. Nem mesmo por você ter mentido para mim.

E antes de eu conseguir pronunciar o “mim” direito, sua boca veio sobre a minha, fazendo com que eu me perdesse em um beijo quente e cheio de sofreguidão. Parecíamos dois amantes que não se viam há anos. E talvez a espera tivesse valido à pena, já que tudo o que eu reprimia dentro de mim estivessem vindo à tona naquele beijo. Entrelacei meus dedos em seu cabelo arrepiado tentando trazê-lo mais para perto possível. Como se fossemos fundir nossos corpos, tornando-nos um só.

Separamo-nos depois de vários minutos, ambos com falta de ar e ofegantes. Eu ainda podia sentir a pressão de seus lábios nos meus.

– Isso é errado. – sussurrei depois de mais uma sessão de amassos.

– Não vejo como. – Fitch retrucou, mordendo os lábios.

– Pare de fazer isso! – reclamei colocando as mãos nos olhos, e saindo da mesa, indo para a outra extremidade da sala completamente cega, batendo o joelho em alguns móveis.

Pude ouvir a risada de Fitch.

– Por que está parada aí com as mãos nos olhos? – ele perguntou.

Antes de gaguejar várias vezes e respirar fundo para não falar besteira, respondi:

– Por que você me desconcentra. É isso.

E então ele riu mais uma vez. Pude perceber, mesmo de olhos fechados, que ele estava mais perto. Suas mãos alcançaram meu braço e ele tirou minhas mãos dos olhos.

– Abra os olhos, Helena.

Fiz o que ele mandou, mas ao invés de olhá-lo diretamente, fiquei encarando sua barriga. O que não fazia com que eu me concentrasse mais, já que conseguia ver os músculos definidos desenhados na camiseta cinza.

– Eu vou fazer isso, Fitch. Vou matar Drake. E não importa o que você diga, sabe que eu tenho todo o direito de fazer isso.

Antes que ele pudesse responder, silenciei-o com os dedos, murmurando:

– Você foi a única pessoa que conseguiu me aguentar todos esses anos, e agradeço muito por isso. Mas Cali precisa de você, porque você pode até não ver, mas o jeito que ela te olha... É de partir meu coração.

Os pelos de meu corpo se arrepiaram e os olhos azuis e penetrantes de Fitch se tornaram escuros e frios.

– Eu não vou deixar que você faça essa burrada de ir atrás de Drake, estamos entendidos? Ou colocarei um segurança para te vigiar.

Afastei-me dele em direção à porta e peguei o telefone, discando o número de meu irmão.

– Edward não é o suficiente?

Ele ficou chocado, e após eu saí, pude ouvir o barulho da fechadura sendo trancada novamente. Os móveis pareciam estar sendo arremessados na parede e gritos irritados ecoavam lá de dentro. Não me importei em voltar apesar de meu coração estar implorando para que eu fizesse meia volta e lhe confortasse, dizendo que nunca mais sairia de seu lado. Ele tinha Cali agora, e mesmo que dissesse que ela não passava de uma amiga, por baixo de tudo eu podia dizer que ela realmente gostava dele. Ou era uma mentirosa exemplar.

Jason atendeu ao telefone depois de cinco toques, exatamente, e perguntei se Edward poderia vir me buscar.

“Estamos aqui na cena do crime, ainda. Não vão deixar ninguém sair.” Ele disse.

Bati a mão na cabeça, entrando no elevador e apertando o botão que levava à saída.

– Tudo bem... Eu arrumo uma carona com alguém.

A ligação caiu assim que as portas se fecharam e eu reprimi um palavrão.

E agora?

Várias pessoas passaram por minha cabeça, até que decidi para quem ligar.

Assim que saí do elevador e corri para a entrada, pude ver que o celular já tinha sinal o suficiente para efetuar uma ligação sem cortes ou a linha toda “picotada”, onde não se podia entender uma palavra do que a pessoa estava dizendo.

Disquei o número tão conhecido, torcendo para que a pessoa estivesse em casa, acordada e sem nenhuma companhia.

– Onde você está? – perguntei antes mesmo de dizer olá.

Ouvi o resmungo do outro lado da linha.

“Em casa.”

– Pode vir me buscar aqui na empresa?

A pessoa bufou.

“Estou saindo. Já fique aí fora me esperando.” E então desligou.

Tive uma vontade louca de fazer uma daquelas dancinhas de comemoração, mas apenas me concentrei em agradecer aos céus, ao invés disso.

Em menos de cinco minutos um carro cinza com um grande amassado do lado entrou em meu campo de visão, vindo em minha direção a uma velocidade monstra, e parou.

Sorri vendo a pessoa abrir a porta do motorista e sair. Seus cabelos castanhos balançando à medida que ela andava, caindo como ondas por suas costas.

– Claire! – gritei a abraçando. – Salvou meu dia.

Ela riu.

– Eu sei! Agora entre no carro porque você tem muita coisa para me contar.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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