A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 33
Guiador - #


Notas iniciais do capítulo

Oii gente bonita! O
ntem foi o aniversário de dois meses da fic, e eu comemorei escrevendo um capítulo muito bonito para compensar meu sumiço.
Comentem o que acharam e tudo mais!
Beijooos enormes,
Ju!
Ps: Capítulo dedicado à Bruna Bazzanini, lindíssima que recomendou a fic! Obrigada, flor!!



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Depois de muitos minutos andando, passando por parques, casas, ruas e pessoas, me vi caminhando para dentro do parque Woodland. Os resíduos da chuva que caíra há algumas horas ainda se encontrava nas flores, moitas e etc. Elas deixavam o ambiente úmido demais para meu gosto. A terra fofa cedia sob meus pés a cada passo que eu ousava dar, e as árvores começavam a crescer cada ver mais ao meu redor. Tudo o que eu conseguia pensar era seguir em frente, e só parar quando estivesse cansado o suficiente para dormir por longas horas.

Quando me vi cercado de árvores, sentei no chão e senti a dor crescer novamente, desta vez de uma maneira que fez com que eu me curvasse. Eu sentia algo rasgar minhas entranhas e me partir ao meio. Era como se algo estivesse querendo sair do fundo de minha alma.

Os pensamentos que se repetiam em minha mente variavam entre pedidos de socorro e o desejo de morrer logo, para não ter que enfrentar a dor horrorosa que ainda se ocupava de meu corpo. Forcei meus pés a se firmarem no chão, e tentei me levantar.

Minhas calças começaram a rasgar na altura das coxas, e minha camiseta se fez em pedaços. Meus músculos pareciam ter triplicado de tamanho, e a dor não era tão mortal quanto antes. Parecia até agradável. Uma queimação boa que corria por minhas veias.

Senti meus ossos quebrando, e isso foi a gota final para eu desabar, e deitar ao chão.

A mordida ardia de uma maneira nunca sentida antes. Meu pescoço estalou quando virei rapidamente para dar uma checada nela, e tive que sufocar um grito na garganta.

Ela estava curando!

Pude ver a pele se regenerando e juntando, deixando no lugar da mordida uma marca clara e em alto relevo. Descendo por meu braço, uma forma irreconhecível fazia um desenho todo trabalhado, contrastando com a pele branca e doente que eu havia tomado depois de ficar com febre e vomitar por diversas vezes.

Passei os dedos levemente em cima, e pude ver que parecia ser permanente. Era a forma de um lobo tribal, pude perceber, e certamente chamava atenção.

Como me recusava a ver todos os outros caçadores, não sabia se eles tinham o mesmo desenho no braço, e muito menos como havia sido a primeira transformação deles. Nossas conversas variavam entre: “Sua mordida já curou?” e “Quando vamos para casa?” Sempre essas duas perguntas.

E, obviamente, eu não questionava nada que não fosse de meu interesse.

Recebi uma lufada de ar gelado, e meus músculos se contorceram mais uma vez, antes de explodir em uma onda de excitação e alegria que eu não podia explicar de onde vinha.

Fechei os olhos sentindo esse sentimento provocar sensações engraçadas por todo o meu corpo, e de repente me senti aquecido. Como se eu estivesse revestido por uma camada de pelos por todo corpo.

Abri os olhos e encarei a floresta à minha frente. Tudo parecia vibrar com cores brilhantes e eu conseguia ver tudo, mesmo no escuro. Não precisava mais de meus óculos.

Tentei rir, mas tudo o que saiu do centro de meu peito foi um grunhido rouco e estranho. Abaixei a cabeça e dei um pulo para trás me desesperando.

Eu havia finalmente virado um lobo.

E a maior surpresa não era essa.

Eu havia me tornado um lobo com a pelagem totalmente negra.

Depois de vários minutos pensando no que eu faria depois, decidi sentar e tentar me transformar novamente em um humano.

Minhas roupas estavam partidas no chão, e meu celular jazia em cima de uma pilha preta que eu julguei ser o que restara de minha calça jeans. Ele vibrou e pude ver que acusava uma mensagem recebida de Edward.

Pela notificação pude ler: “Sua princesinha está arrumando mais confusão do que pode suportar”.

Revirei os olhos e me concentrei em respirar profundamente, acalmando meu coração disparado, voltando à forma humana com um leve formigamento nos membros.

O frio me fez tremer de leve. A febre havia se exaurido completamente, e eu me xingava mentalmente por não ter saído do hotel mais agasalhado. Agora eu entendia o porquê dos olhares estranhos que as pessoas jogavam para mim.

Um casaco cobriu meus ombros rapidamente, e olhei para a pessoa atrás de mim, uma menina loura baixinha me entregou uma calça jeans e sapatos, e ficou me inspecionando por vários minutos.

Por fim, ela estendeu a mão, simpática e disse:

– Prazer, sou Cali Press.

E antes que eu pudesse responder ela completou:

– Precisamos conversar.

Engoli seco e coloquei a roupa rapidamente, sentindo-me muito mais aquecido do que eu realmente precisava. Coloquei o telefone no bolso da calça e encarei a menina loura que esperava pacientemente, observando cada movimento que eu fazia, com certa cautela.

Ela me indicou para segui-la, e saiu andando. Respirei fundo e pensei bastante antes de tomar a decisão de ir atrás dela. Algo em sua postura me fazia crer que ela era confiável, de certa forma, mas ainda assim, eu não podia ir atrás de uma pessoa que havia me perseguido pelas últimas três horas, pelo menos.

Caminhamos em silêncio até o começo de uma estrada praticamente vazia, e um restaurante amigável surgiu em nossa vista, alguns minutos depois. Ele era parecido como uma cabana, e tinha a palavra: “ABERTO” na frente, com luzes amarelas. As janelas grandes de vidro deixaram a mostra que as pessoas lá dentro riam e pareciam estar aconchegadas na pequena “cabana”.

Cali segurou a porta aberta para mim, e com uma hesitação evidente, mordisquei a boca de leve pensando em várias desculpas para não ter que entrar, mas meu corpo parecia congelar a cada rajada de vento. Ela levantou uma das sobrancelhas.

– Está muito mais quente lá dentro. – ela disse.

Suspirei e desisti de tornar tudo aquilo mais difícil, entrando na cabana.

O ar quente que foi contra meu corpo provocava uma sensação gostosa de formigamento e satisfação que eu não conseguia explicar.

A cabana era muito mais agradável e aconchegante por dentro. Quando entramos e a sensação de se estar finalmente aquecido nos tomou, pude entender o por quê daquelas pessoas estarem tão felizes. Nada podia derrubar o clima amigável ali dentro.

As pessoas nem ao menos se viraram quando o sino tocou anunciando que novos clientes havia chego. Eles pareciam perdidos em sua própria bolha de conversas e felicidade, muito ocupados para notar a nossa – ou qualquer uma – presença.

O lugar era todo de madeira e pedra, com luminárias criativas imitando chifres de alces que seguravam as pequenas lâmpadas que davam ao lugar um ar agradável. As mesas estavam abarrotadas de gente que conversava sem parar e ria. O piso era do mesmo tom que as paredes, e pude ver que os quadros pendurados à parede retratavam o que parecia ser a floresta, de várias maneiras diferentes. Ora sombrias, ora coloridas e floridas. Cali indicou uma mesa no canto, longe das janelas, e se acomodou na cadeira confortável.

Rapidamente uma das garçonetes se aproximou, carregando um cardápio grande e cheio de folhas plastificadas. Seu sorriso parecia fixo no rosto, mas não de uma maneira falsa, e sim relaxada. Como se sorrir fosse uma coisa que ela fizesse o tempo todo, e sem esforço nenhum.

– Já sabem o que vão pedir? – ela perguntou. Seus olhos ricocheteando para mim mais vezes do que o necessário, e suas bochechas rosadas.

Cali pegou o cardápio e deu uma olhada rápida.

– Só vou querer um refrigerante, por favor.

A moça anotou rapidamente, e se virou para mim, com o sorriso ainda maior do que antes, carregado de expectativa. Eu estava confuso e faminto.

– E você?

Lambi o lábio inferior enquanto folheava as folhas plastificadas do cardápio grande o suficiente para ser maior do que minha cabeça, e sorri quando avistei uma ilustração de um hambúrguer aparentemente grande e suculento.

– Vou ficar com um desses, mesmo. – indiquei a imagem.

A garçonete se inclinou um pouco para frente para poder olhar por cima de meu braço. Pude ouvir seu coração acelerado, e ver claramente os pelos de seu braço ligeiramente eriçados, assim como o suor que escorria de seu pescoço e ia parar no meio de seus peitos. Talvez eu estivesse prestando atenção demais, talvez fosse o fato de que eu não era mais humano como antes, mas ela parecia estranhamente detalhada a meu ver.

– Ah, sim. – ela disse por final, anotando novamente.

O barulho que a caneta fazia no papel me incomodava ligeiramente, assim como a luz que estava bem em cima de minha cabeça, fazendo meus olhos arderem de leve.

A garçonete disse alguma coisa que eu preferi ignorar e saiu.

– Então, Fitch, precisamos conversar. – Cali quebrou o silêncio.

Recostei as costas na cadeira e esperei.

– Você tem que nos guiar. – ela disse sem rodeios.

Levantei uma das sobrancelhas, ainda não acompanhando. Algo dentro de mim gritava que eu não gostaria nada, nada desta conversa e do rumo que ela levaria.

– Como assim? – minha voz pareceu muito mais baixa do que eu gostaria.

– Sou como você, - ela disse. – e cada um de nós precisa de um guiador. Você é o nosso.


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Notas finais do capítulo

continua?