Pedaço De Pano escrita por EscritorB


Capítulo 7
Um assunto pendente


Notas iniciais do capítulo

Hey, como vão queridos leitores, espero que gostem do novo capítulo, es espero que me desculpem a demora dele



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Hoje acordei pensando em Paula. O que terá feito ela faltar nesses três dias? Espero que consiga descobrir. Levantei da cama vi o relógio, é  11 horas da manhã. 11 HORAS! Só deu tempo de colocar minha sapatilha até chegar a porta do quarto e tropeçar no pequeno degrau, de diferença para o corredor.

             Corri direto para a cozinha no primeiro andar, não fui nem no quarto de Lucia, por que sabia que a uma hora dessas ela não estaria na cama. Desci a velha escada em poucos segundos e achei Lucia sentada em uma cadeira próximo a mesa da copa.

            - Está tudo bem?- perguntei ofegante.

         - Bom dia- retrucou- Estou sim e você?

         - Também está tudo bem comigo. – Para falar a verdade não estava não, com Paula sumida; Vovó acabando de se recuperar de uma virose e ainda tinha a boneca atormentando a minha cabeça- Notícias de Laura?

           - Nenhuma. – Apesar de querer saber novidades sobre minha mãe, acho que é bom ela não estar presente em um momento desses.

            Subi quieta, estava tão afobada com à hora, que esqueci de me arrumar. Entrei no banheiro do segundo andar, abri a torneira e no espelho reparei minhas olheiras profundas e escuras. Coloquei minha mão em forma de concha na água, enchi de água e a levei ao rosto, fiz isso mais uma vez. Puxei a toalha ainda curvada sobre a pia e comecei a enxugá-lo e voltando a postura, quando observo algo surpreendentemente ao mesmo tempo incrível e aterrorizador: a boneca bem atrás de mim, voando. Por um segundo fiquei paralisada e então tomei o rumo e virei em direção a boneca. Mas nada havia ali. O horror ainda percorria meu corpo e em tentativa de enxergá-la novamente voltando meu corpo para o espelho, mas também não tinha sinal dela.

            Corri para o corredor e tomei coragem de ir ao meu quarto, logo da porta vi a boneca como sempre sobre o guarda-roupa. Consegui relaxar. Olhei no relógio: meio-dia. Fiquei surpresa que por esse pouco tempo que acordei, conversei com Lucia, e fui ao banheiro se passou uma hora.

          Vesti o uniforme, e coloquei um laço na cabeça. Enfiei meu pé numa outra sapatilha azul. Paula me volta ao pensamento: vejo-a em sua casa e sua expressão triste a me ver correndo para fora de sua casa, eu nem mesmo se quer dei um motivo direito para ir embora de lá. Senti um remorso tão grande, que forcei a parar de pensar nela. Descendo as escadas sentindo o cheiro de almoço pronto vejo vovó dando um último retoque na mesa. Corro para trás da grande estante perto da janela da sala de estar para me esconder. Escuto os passinhos de Lucia vindos na direção da escada.

            -Marie!...

            -O que?!- salto de trás da estante rindo ,vendo o pulinho que ela dá ao receber o susto.

           -Menina, que susto!- vejo a expressão fechada, mas logo um novo sorriso crescendo em sua face- Ande, venha! Vamos almoçar!- fui andando até chegar bem perto dela, e então ela apóia seu braço direito sobre meu ombro. Andamos até a cozinha. Almoço em dez minutos, vovó e eu não falamos muito hoje, mas tudo bem. Sem mesmo nem olhar no relógio, peço licença para minha avó e subo as escadas até o meu quarto, pego a mochila e desço. Estou quase fora da casa, quando vovó me chama. Aproximo dela, que me da um beijo na testa.

          -Boa aula.- diz ela

          -Obrigada- falo

            Ando sozinha até a escola. Não demorei muito até chegar na praça, em frente ao colégio. Quando entro no pátio e sento em um dos bancos, o sinal toca. Dentro da sala de aula, tenho as primeiras três aulas, que para falar a verdade não prestei muita atenção, já que fiquei de cabeça baixa olhando para a mesa de Paula... A MESA DE PAULA! Levanto da minha carteira e ando lentamente até a sua carteira, olhei pra ver se tinha algo escrito, ou uma pista de seu paradeiro, mas não tive resultado.

           De volta a minha carteira, observei um garoto meio atordoado, para falar a verdade nunca tinha visto ele na sala de aula, por isso perguntei para Bella, uma garota que senta na minha frente quem ele era. Ele me disse que se chama Josh, e que ele estuda no colégio já tem dois anos o que é estranho, por eu não ter reparado nele, que senta ao lado de Paula. Fui na direção de sua mesa, o professor não estava nem olhando então eu não dei atenção ao ato de me acelerar, mas quando ia falar com ele o sinal tocou e ele saiu em uma agitação de outros alunos de outras turmas.

          Fui uma das últimas a sair da sala, caminhei pelo perturbador corredor com pinturas exóticas, algumas que deixavam dúvidas para entender do que o pintor quis retratar na imagem. Em minha opinião o diretor da escola não teve muito boa escolha para decoração. Cheguei até o banco em que Paula e eu sentávamos na hora do recreio, olhei para o espaço vazio... Paula,Paula,Paula...Josh,Josh. JOSH! Olhei para os lados em busca do menino aparentemente cansado, não o tive na minha visão e fui procurá-lo, mas isso também não me serviu de nada. Bem, pelo menos vou vê-lo na sala de aula. Como não tinha nada o que fazer já que não trouxe nada para comer e dinheiro, tive uma idéia de ir até a biblioteca atrás da cantina. Quando cheguei lá vi as velhas estantes de madeira cheia de livros recentes e velhos. Faltavam só alguns minutos para acabar o recreio quando notei um pequeno resmungo, andei mais algumas estantes até que vi um garoto mais ou menos baixo com cabelos castanhos lisos e com ondas nas pontas, me aproximei da pessoa que enxugava os olhos no uniforme e com um leve ato de relance toquei as costas dele.

                 No mesmo momento em que retirei as pontas dos dedos da roupa ele se virou, e como se tudo fizesse sentido na minha mente comentei em voz alta:

               -Eu te conheço!

             Os olhos negros quase imperceptíveis com as olheiras de choro arregalaram-se das órbitas e em algum lugar de sua cabeça ele também se lembrará de mim. Não só por que nós já nos conhecíamos de vista na nossa turma, mas sim por que aparentava sermos conhecidos de muitos e muitos anos antes. Vejo sua boca começar a dizer algo, mas indignação e admiração me tomaram o entendimento, depois que consigo ver melhor seus olhos com a luz da janela ao lado vejo novamente sussurrar alguma coisa, uma coisa que tenho certeza que foi “Eu também”. Viro em ação de correr de volta ao pátio e com medo de alguma forma assustá-lo, mas em vez disso retorno e vejo remexer um caderno e uma caneta, meus olhos percorrem as folhas e vejo alguma coisa parecido com “..... Paula.....garota...” , e isso me intriga tanto que mesmo estando bisbilhotando suas anotações pergunto:

             -O que você sabe sobre a Paula?- vejo em seus olhos um desespero.

            -Não muita coisa- ele diz- ela sumiu e a única notícia, que pode ser um boato é que sua mãe e ela sofreram um acidente na estrada a caminho do Estado.- termina o garoto.

           -Okay, muito obrigada mesmo.- digo, e vejo ele acenando com a cabeça, em concordância. Ando novamente alguns passos, e me pergunto qual seria a relação dele com minha amiga, volto-me para trás e o sinal toca com o som quase inaudível batendo nas paredes, direciono o corpo e começo a frase, mas ele já se foi. Saio para o pátio ainda cheio e começo a subir a rampa e logo mais outras pessoas também. Entro na sala de aula e sento-me na minha carteira. Todos entram, e o professor logo chega também, a aula é de Arte e todo mundo estava fazendo o desenho quando Bella se volta para mim e começa a pedir ajuda em seu desenho que ela nem sabia o que fazer, fiquei conversando com ela quando seus olhos castanhos se sobressaltaram para trás de mim. Era Greg um garoto que adorava brincar com as pessoas por motivos debochados, ele estava com a boneca de pano e exclamando “Marie brinca de boneca! Marie brinca de boneca!” não estava nem me importando dele estar me insultando e sim como e por que a boneca veio para na minha mochila, e em meios aos risos e gritos ficava falando repetidamente para mim mesma:

              -Como isso veio parar aqui?!- eles teriam ficado falando aquilo pelo resto do dia e talvez semanas, se não fosse pelo braço passando atrás de mim e terminado com Greg caído entre carteiras e a sala rindo dele, com Josh ameaçando ele com mais empurrões. O professor depois de alguns minutos levou Greg para direção, mas acho que ele não viu ele desabado no chão e sim debochando de mim, por que não chamaram Josh para lá também. Dei um agradecimento para o menino que me defendeu sussurrando e ela balançou a cabeça formando um sinal de concordância. E então passou mais uma aula entediante com pessoas falando de como Greg caiu feio, até que finalmente o sinal tocou e pudemos ir embora.

                  Quando estava para atravessar do final da praça para o outro quarteirão, escuto um som abafado e um galho se quebrando, voltei-me para o som logo atrás de mim e vi Paula com uma cicatriz do lado do olho esquerdo...


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