Pov Off

Sete da manhã do dia seguinte. Violetta arrumava os últimos detalhes da sua mala. Eram tantas coisas que teria que levar! Ah, na verdade, muitas não eram, mas no Canadá fazia frio e casacos ocupavam muito espaço na mala.

Violetta teve que sentar em cima da mala para conseguir fechá-la. E pensa que acabou? Não, ela ainda tinha que arrumar a outra mala. Uma não era o suficiente.

Germán já tinha terminado de arrumar suas coisas, estava na sala, organizando alguns detalhes pra viagem. Vulgo dinheiro.

Angeles já ainda estava dormindo. Fora dormir tarde na noite anterior, pois ficou arrumando sua mala. Bom, ela não concluiu sua arrumação, caiu no sono. Mas logo seu relógio a desperta.

Angie termina de arrumar suas coisas e vai tomar um banho antes de ir para a casa dos Castillos.

León jogava suas roupas dentro da mala sem muito ânimo. Ele não queria fazer essa viagem, mas mal sabia ele o quanto de diversão o esperava.

Angie ficou pronta, pegou suas coisas e rumou para casa dos Castillos. Chegou lá por volta de oito da manhã. Sim, ela foi rápida.

Germán a ajudou a trazer suas malas pra dentro de casa. Ele ficou intrigado com tantas coisas que Angie tinha em mãos. Duas malas grandes, duas pequenas, uma mochila e uma bolsa.

- Pra que tudo isso, Angie?

- Bom, o que mais tem aí dentro são coisas para se agasalhar. - ela riu. - não gosto de passar frio.

- Percebi! - Germán exclamou, rindo com ela.

Esmeralda desce as escadas e se aproxima de Germán. Ela o abraça e os cumprimenta:

- Olá, meu amor. Olá, Angie.

- Oi, Esmeralda. - Angie respondeu com uma pontinha de raiva na voz, quase que imperceptível.

- Esmeralda, achei que estava dormindo. - Germán disse a ela.

- Sim, mas claro que eu viria me despedir de você, né! Ou acha que você ia embora sem falar comigo? - Esmeralda disse rindo e olhando nos olhos do moreno, deixando Angie mais enciumada do que já estava.

Violetta começou a descer as escadas, toda enrolada com suas malas. Eram pesadas, dava pra perceber só de olhar.

- Vilu, quer ajuda? - Angie ofereceu vendo sua sobrinha ter certa dificuldade para descer com a malas.

- Bom, agradeceria se você me ajudasse. - a garota riu e na mesma hora, Angie se aproximou para ajudá-la.

Fazia um calor extremo em Buenos Aires. Isso dificultava. Pois nem Angie, nem Violetta, nem Germán e nem León queriam vestir roupas de frio. Mas teriam que fazer isso, se não, congelariam ao desembarcar no Canadá.

- Ai, que calor! - Violetta disse querendo tirar seu casaco grosso.

- Vilu, tira isso! No avião você coloca. - Angie disse.

- Concordo com você, se não é capaz de eu morrer de tanto calor. - Violetta tirou o casaco e suspirou. - Ai não! Agora que me toquei! Vamos entrar em um avião! - a menina dizia com os olhos arregalados.

- Violetta, continua com medo de aviões? - Angie questionou. - Te juro que vai dar tudo certo, nada sairá errado. - a loira abraçou sua sobrinha.

Germán e Esmeralda apenas as observavam. Angie e Violetta desceram com as coisas de Violetta e se posicionaram na frente de Germán e Esmeralda.

- Bom... Vamos? Ainda temos que passar na casa do León. - Germán disse.

- Claro. Vamos por as coisas no carro. - Violetta respondeu e foi em direção à porta.

Colocaram as coisas de todos no porta-malas do carro. Angie e Violetta se despediram de Olga com um daqueles abraços apertados dela. Depois Germán se despediu dela também e todos entraram no carro.

Ramalho dirigindo, pois ele iria levá-los até o aeroporto, Germán no banco da frente e Angie, Violetta e Esmeralda no de trás. Esmeralda não ia na viagem, porém iria acompanhá-los até o aeroporto também.

Passaram na casa de León e o mesmo já os esperava na porta. Ele colocou sua bagagem no porta-malas do carro - que já não cabia mais nada - e entrou no mesmo. Como não havia mais lugar para León dentro do veículo, Angie, Violetta e Esmeralda tiveram que apertar um pouco para o garoto conseguir caber.

Seguiram até o aeroporto. Cada um conversava de uma coisa. Germán mantia assunto com Esmeralda e Ramalho, Violetta com León, e Angie mexia distraída em seu celular.

Enfim chegaram ao aeroporto. Desceram do carro e Germán foi direto fazer o que tinha que fazer para embarcar. Como por exemplo o check-in.

Ramalho o acompanhou, e deixou Angie, Esmeralda, Violetta e León esperando.

Pov Violetta

Tentava conversar com León. Mas eu não conseguia, tudo o que eu falava ele não respondia, e se respondia, falava apenas um "hm", "arrã", "sim" ou "não". Ele não dava continuidade ao assunto!

Ele realmente estava chateado comigo... Mas enfim, não vou ficar me lamentando por isso no momento. O importante agora é juntar Angie e papai.

Enquanto os esperávamos, Angie e Esmeralda estavam incomodadas com o clima. Elas se odiavam e isso era notável de longe. Até León percebeu e perguntou baixinho para mim:

- O que deu nelas?

Apenas me virei e respondi no mesmo tom que ele:

- Elas, tipo... se odeiam.

E ele não precisou de mais nenhuma palavra para entender. Era nove e meia da manhã. Tinha uma hora para o vôo sair.

[...]

Finalmente! Está na hora de embarcar! Não aguentava mais esperar. Se bem que estou começando a ficar com um frio na barriga. E se o avião cair??? Ai, Violetta, para de pensar bobagem! O avião não vai cair! Eu acho...

Antes de entrar, estávamos nos despedindo de Esmeralda e Ramalho.

- Tchau, Ramalho! - o abracei. - Tchau, Esmeralda.

- Tchau, Vilu! - ambos responderam em uníssono.

León estava quieto ali, apenas acenou como tchau, já que não tinha tanta intimidade com Ramalho e muito menos com Esmeralda.

- Tchau, Ramalho e Esmeralda! - Angie se despediu.

Ramalho a abraçou e Esmeralda apenas sorriu forçado para Angie. Papai se despediu de Ramalho com um aperto de mão e de Esmeralda com um beijo... Sim, um beijo. Não na bochecha, na boca mesmo. Pude notar a cara de nojo e raiva que Angie fizera ao meu lado.

Tentei disfarçar e perguntei pra Angie:

- Tia! E se o avião cair? - e ao dizer, ela me olhou com o semblante indecifrável. Não entendi.

- Violetta! Não fale uma coisa dessas! O avião NÃO vai cair.

A abracei com medo. Entramos no avião. Sentei-me com León e Angie sentou-se sozinha, até papai chegar e perguntar pra ela:

- Posso sentar aqui com você?

- Tanto faz. - ela disse friamente com ele.

Pov Angie

Estava morrendo de ciúmes. Germán beijou Esmeralda ali na minha frente, lindo, não? Ele devia criar vergonha na cara e parar de me torturar assim! Ódio.

Estava sendo fria e seca com ele. Germán tinha me irritado profundamente, de novo. Esmeralda é um lixo, ele devia perceber. Ele devia perceber o quão interesseira ela é. Ele devia perceber que quem o ama de verdade aqui, sou eu. Angeles Carrara.

O avião decolou, eu olhava pela janelinha e via o chão se distanciar aos poucos. Eu só viajei de avião uma vez na vida, e não tive medo.

Finalmente ele chegou na altura certa e passou a voar até o nosso destino. Estava com sede. Me levantei para pegar um copo de água.

Pov Germán

Angie se levantou de meu lado e andou até os fundos do avião. Acho que ela iria pegar água.

Notei um moleque abusado, que deveria ter a idade dela, a acompanhando com o olhar. Ele olhava demais para Angie e aquilo me irritou. Quando ele estava prestes a se levantar e ir atrás dela, eu fui até ele e disse:

- Não se meta com aquela mulher, se não a coisa vai ficar feia para o seu lado. - e o cara se sentou de volta. Ele era bobinho e se assustou fácil com a minha voz intimidadora.

Voltei ao meu lugar antes que Angie voltasse. Logo ela voltou e se sentou novamente ao meu lado.

Notei seu rosto com uma expressão de raiva. Perguntei alguma coisa a ela e a mesma me respondeu de modo frio e antipático. Esquisito.

- O que foi? - tomei coragem e perguntei.

- Nada. - continuava fria e seca.

- Te conheço, sei que tem alguma coisa. - insisti. Eu estava demais de curioso. Será que eu lhe fiz algo?

- Já disse que não é nada! - respondeu no mesmo tom de antes.

- Anda, Angie, me fala, vai.

- NÃO! O que lhe interessa? - por que ela estava brava? E descontando em mim? Não estou entendendo.

- Angie, por favor! - implorei.

- JÁ DISSE QUE NÃO É NADA, GERMÁN! ME DEIXA EM PAZ! - berrou. Me assustei.

Mas como assim? O que eu fiz? Ou melhor, eu fiz algo??? Ah! Espera um pouco... ela ficou assim desde que... desde que beijei Esmeralda antes de adentrar o avião! Seria isso? Seria ciúmes? Resolvi arriscar.

- Me conta! Eu quero saber... Já sei! Está com ciúmes porque eu beijei a Esmeralda.

E meu palpite foi confirmado assim que ela se virou e disse mais brava ainda:

- O QUÊ? CIÚMES? POR QUE EU TERIA CIÚMES, GERMÁN? TÁ LOUCO? CIÚMES? HÁ-HÁ. ME POUPE. - dito isso, se virou de costas e colocou os fones de ouvido. Começou a ouvir música no volume máximo.

E sim, Angie estava com ciúmes! Ri baixinho e sorte que ela não viu. Ficou escutando música e cantarolando alguns versos, baixinho. Eu adorava sua voz. Poderia ficar o resto da minha vida ali ao seu lado, a escutando cantar, e nunca me enjoaria de escutá-la. A voz dela era doce e suave. Perfeita como ela.

Angie fez de tudo. Comeu a horrorosa comida de avião, escreveu em um caderno no qual ela não me deixava ver, assistiu filmes, escutou mais música e quando estava entediada, ficava mexendo no controle do ar seu condicionado, esfriando e esquentando de maneira desregulada. Tudo isso sem dirigir uma palavra sequer a mim. Alto nível de ciúmes, hein.

Eu estava em completo tédio. Às vezes ficava escutando as conversas de Violetta e León que estavam nos acentos de trás, mas eles não falam muito. Achei isso estranho, porém melhor assim.

E logo, advinhe o que aconteceu? Angie dormiu. Dormiu com a cabeça apoiada em meu ombro. Estava com a expressão cansada. Provavelmente porque foi dormir tarde e acordou cedo. Sorri vendo-a dormir tranquilamente, como um pequeno anjo. Era a segunda vez que ela dormira em mim e eu já estava adorando isso.

Acariciei aquele seu cabelo macio e dourado por um bom tempo. Rapidamente adormeci também.

[...]

Acordo com a voz da aeromoça avisando que iríamos aterrissar. No mesmo instante, olhei para o lado e Angie continuava dormindo em mim. Sorri. Ficava tão fofa assim...

Olhei para a janela. Estava escuro. Me perguntei que horas da noite seriam. Olhei no meu relógio de pulso: uma da manhã! Bom, seria uma da manhã em Buenos Aires. Mas em Vancouver era outro horário. Perguntei a uma das aeromoças que horas eram aqui em Vancouver e ela respondeu que eram nove da noite.

Olhei para trás. Violetta estava acordando e León mexia no celular. Me virei para a Angie e a sacudi levemente.

- Acorda, ciumenta! - exclamei e ela abriu devagarzinho aqueles lindos olhinhos.

Fez uma cara irritada e se virou de costas, dizendo:

- Não sou ciumenta.

- Ah, não? - ri e a abracei pela cintura. - Vamos, Angie, o avião tá pousando.

- Ah! Finalmente! - ela se espreguiçou e me olhou por alguns segundos. Sorriu pra mim. Ela não estava mais brava? Espero que não esteja.

Finalmente pousamos em terra firme. Angie e eu estávamos nos agasalhando antes de sair do avião. Notei a neve caindo lá fora.

Ela colocou uma touca que a deixou extremamente fofa, um casacão, luvas, cachecol e trocou seus sapatos por um par botas.

Coloquei um casaco bem grosso, luvas e nada mais que isso. Eu não era de sentir muito frio. Violetta e León também estavam se agasalhando o máximo que podiam.

Quando ficamos prontos, descemos. Violetta começou a correr ali mesmo no aeroporto gritando: "NEVE, NEVE!" Nem parecia ter 18 anos.

Angie esfregava suas mãos cobertas com a luva umas nas outras, com frio. A abracei para ver se a esquentava.

- Melhor assim? - notei seu lábio roxo. Minha nossa, ela realmente sentia muito frio.

Ela apenas assentiu como resposta a minha pergunta.

Pov Off

Fizeram tudo o que tinham que fazer no aeroporto. Pegaram todas as malas. Por sorte, a companhia aérea não perdeu nenhuma delas.

Chamaram um táxi e rumaram ao hotel onde ficaríam. No caminho, Angie e Germán conversaram normalmente, como dois bons amigos.

Logo chegaram. Era um hotel de luxo. Angie se impressionou ao adentrá-lo. Ficou admirando cada detalhe do saguão. Foi até preciso que Violetta chamasse sua atenção para todos subirem para os quartos.

- ANGIE! Vem! Depois você fica olhando a decoração! - Violetta riu. Angie olhou para ela e notou que Germán, sua sobrinha e León já estavam dentro do elevador, a esperando. A loira rapidamente correu para o elevador e eles subiram.

O hotel dinha 17 andares. Eles estavam hospedados no 15º.

Dentro do hotel era mais quente, não era aquele congelador que era lá fora. Tinha aquecedor por toda a parte.

Saíram do elevador e se depararam com um corredor luxuoso com muitas portas de quartos.

- Toma, pai. Aqui está a chave do seu quarto com a Angie. - Violetta entregou a chave nas mãos de seu pai e o mesmo franziu o cenho.

- Junto com a Angie?

- Junto comigo?

Angie e Germán perguntaram juntos. Violetta sorriu e respondeu:

- Exato! Vão dormir você e a Angie num quarto e eu e León em outro. Ou acham que o León vai querer dormir com a professora ou com o sogro dele?