Dark Angel escrita por Kris Raina Biebs


Capítulo 2
Capitulo O2 – Drew.




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Capitulo O2 – Drew.

– Menina Blake, pode responder a minha pergunta? – ouvi a voz rachada do professor velhinho e pançudo de Matemática. Ele me olhava com um sorriso sínico, pois eu estava com uma cara de sono desenhada no rosto e bom, eu realmente não tinha ouvido a pergunta. A culpa é de minha irmã.

– Pode repetir a pergunta, por favor? – pedi coçando os meus olhos disfarçadamente enquanto que humedecia os meus lábios.

– A resposta do problema representado no quadro. – ele falou apontando para o mesmo. Sorri torto virando a página do meu caderno e dei de ombros com um sorriso debochado.

– A resposta é a raiz quadrada de 441, que dá 21. – ele assentiu.

– Preste atenção na aula, Colbie. – ele falou e eu assenti revirando os olhos fazendo com que ele bufa-se.

Desde pequena que eu tenho facilidade em absorver a matéria. Eu nem preciso estudar, eu só me sento na cadeira, com a cara de sono mais amassada que já se viu, quase que não oiço nada, e depois da hora da prova eu me lembro de tudo e tiro nota máxima. Não me pergunte que macumba eu fiz, na verdade eu nem me lembro. Mas deve ter sido uma macumba poderosa porque né. Minha mãe falou que quando eu estava vindo ao mundo ela pegou no abajur e o o tacou na cabeça dela, logo depois pedindo que eu fosse extraordinariamente inteligente. A inicio pensei que ela estava de curtição com minha cara, mas agora meio que faz sentido. Então nesse caso a macumbeira é ela, não eu.

– MENINA BLAKE! – o professora gritou fazendo com que eu desse um pula na cadeira. Vish, cara mais chato. – Tá afim de pegar detenção hoje? – engoli a seco. É isso, tô ferrada. Adeus mundo, adeus fãs. Dois beijinhos! – Na próxima vez que intervir, você apanha detenção. – falou irritado.

Assim que ele deu as costas me coloquei em cima da cadeira e comecei dançando o Harlem Shake porque sim. Me apeteceu, ué. As gargalhas foram visíveis e alguns retardados caíram das cadeiras. Problemas de gravidade, sacomé. Assim que vi que o professor ia virar caí de bunda na cadeira e sorri amarelo, com a cara mais inocente de Saturno. Sabe, eu acho que nasci em Saturno, mas só acho!

– CHEGA! DETENÇÃO! – ele gritou furioso olhando para mim. Só mais um pouquinho e teria fumaça saindo dos buracões de seu nariz.

– Isso parece mais uma prisão e eu vou para a solitária. – pensei alto me levantando, causando risos. Fiquei parada por segundos e depois dei o sorriso mais matreiro que alguma vez dei. – Me dei bem!

E sim, aquele carinha sem graça me chutou para fora da sala. Aff!

♠ ♠ ♠

– Ai que surpresa! – Cathy falou entrando na detenção de rompante, com os braços cruzados e cara de cínica. – Como eu sabia que você estaria aqui, hein Colbie Cassie Blake? – ela falou dando um soco não tão leve assim.

– Au! – reclamei esfregando meu ombro. – Cuidado queridinha, você tem mão pesada hein. – ela deu de ombros. – E para de brincadeira, vamos! – falei puxando o seu braço para fora da detenção como que se ela fosse uma boneca.

– Agora quem tá me machucando é você! – ela reclamou puxando o seu braço fazendo com que eu o larga-se. – Me diz, qual o motivo dessa raiva? – falou cruzando os braços.

– EU VOU ME MATAR! – berrei fazendo drama. Me dê desconto, meu drama é bem legal. – Aquela porra da professora é a coisa mais irritante que meus olhos já pousaram! – falei puxando os meus cabelos. Viu? Falei que meu drama era legal. – Me passa aí uma arma para meter bala na cara de cavalo. – falei fechando a cara, a olhando do mesmo jeito. Braços cruzados e cara de quem comeu e não gostou.

– Para de drama, Colbie. – falou suspirando.

– Ai porra, que chata Cathy. – falei jogando as mãos no alto. – Agora não posso fazer drama? O que há de errado com você?

– Colbie. – ela me repreendeu séria, fazendo com que eu para-se. – Você tem detenção quase todos os dias. – bufou.

– O que é? Sou foda mesmo. – dei de ombros rindo. Ela riu junto, mas voltou a fechar a cara.

– Tá, eu sei. Mas não é isso! É que… você pode ser expulsa e eu não quero ficar sozinha aqui sem a minha louquinha. – torceu o canto da boca.

– Eu sabia, você me ama. – pisquei e ela bufou. – Mas sério, não se preocupe. Eu sou uma aluna exemplar mesmo sendo uma rebelde que não bate bem da cabeça, mas que se dane. Eu não vou abandonar você, sacou? – ela assentiu, sorrindo de canto. O sorriso preferido dela, é.

– Ei, Blakie! – uma voz masculina entrou em meus ouvidos. Nos viramos dando de cara com um garoto de provavelmente dezassete anos, ele era meio fofo. Sabe, com o cabelo meio grandinho quase tapando os olhos, moreno. Ele veio correndo até mim e sorriu de canto. Todo mundo ama sorrir de canto na minha frente por alguma razão. – Você mandou bem na aula de Matemática. – ele riu.

– Valeu. – dei de ombros sorrindo.

– Meu nome é Jared. Nos vemos por aí. – falou piscando para mim e eu ri fraco, acenando para ele enquanto que ele saía de minha vista.

– Nossa, que gato. – Cathy falou babando que nem camelo. – Como você consegue? – perguntou fazendo um beicinho engraçado.

– Nem sei. – dei de ombros. – Mas pode ficar com ele. – ela arregalou os olhos.

– Como assim? Ele tá tão na sua e ele é tão gatinho! – bufei. – O que há de errado com você? – dei de ombros.

– Eu… Eu não quero nenhum desses garotos, sabe. – me virei de costas para ela, respirando fundo. – Eles não são o que eu quero, e o que eu quero eu nunca vou ter. – bufei me virando para ela novamente. – O garoto que eu quero, é ele, Cathy. – falei mordendo o lábio inferior.

Ela suspirou abrindo os braços e eu deitei minha cabeça em seu ombro enquanto que ela me embalava como que se eu fosse um bebé. Respirei fundo.

– Vamos almoçar? – ela perguntou doce. Assenti, ainda com aquele bico involuntário nos lábios, saindo dali com ela do meu lado.

♠ ♠ ♠

– Você está pronta? – falei tirando a caixinha de letras do meu armário tão emperrado como o meu de meu avô.

– Prontíssima! – falou animada. Revirei os olhos rindo e abracei aquela caixinha.

Fomos para o nosso lugar especial. Um lugarzinho no meio do pátio, cheio de árvores. A maioria das pessoas falam que aqui tem cobras. Isso é mentira, mas aranhas tem imensas, o que me mata de susto mas relevemos. Se passarmos pelo meio das árvores é como um prado, sabe? Relva lisinha, céu azul, porém tudo muito bem escondido no meio das árvores. Nos sentamos na erva entrelaçando nossas pernas. Cathy sentada do meu lado e a caixinha na nossa frente. Respirei fundo e abri a mesma. Tinha imensas letras lá, é. Por vezes brinquedos de criancinha dão jeito em sua vida. Espalhei as letras pelo imenso cartão dali. Engoli a seco, pegando na mão de Cathy e certifiquei-me se ninguém estava a ouvir. Voltei a minha atenção para o cartão ali e respirei fundo, abrindo os meus olhos.

– Oi, anjo. – falei trémula. Tentei me acalmar mas não deu certo. – Você está aqui?

Uns momentos em silêncio. Eu ir desistir quando uma corrente de ar fez nossos cabelos se dispersaram e eu sorri fraco, vendo as pecinhas se moverem tão rapidamente como um piscar de olhos, se afastando das outras deixando a resposta bem clara.

‘Sim’

Apertei a mão de Cathy mais forte e ela fez o mesmo com a minha. Sacudi meus ombros, me sentindo um pouco mais relaxada.

– Podemos falar com você? – perguntei meio insegura. Novamente, as peças se mexeram.

‘Não tenho muito tempo, mas faço tudo por você’

O meu coração se amoleceu com as palavras e Cathy suspirou, sorrindo encantada para mim. Eu sei, eu deveria parecer uma boba ou pelo menos um gato no cio, mas tudo o que esse anjo sabe fazer é me deixar sem jeito e eu já estou acostumada com isso.

– Sei que não gosta de falar sobre você, mas podia responder a algumas de minhas perguntas? – falei respirando fundo, sentindo o embrulho constante em meu estômago.

‘Depende’

Ele e a sua mania de me deixar nervosa.

– Você tem asas? – perguntei esperançosa.

‘Sim’

– Que cor elas têm? – Cathy perguntou curiosa demais. A olhei e ela se desculpou com um sorriso tímido.

‘Elas são negras’

– Porquê? – essa foi minha vez de perguntar.

‘Como eu fiquei no Inferno, o fogo meio que queimou minhas asas as escurecendo’

– Deve ter doído. – Cathy falou fazendo uma careta.

‘Um pouco’

Respirei fundo. Sabia que ele não gostava quando eu fazia essa pergunta, mas já são quatro anos. Eu não consigo me conter mais.

– Porque você não se mostra pra gente? – perguntei fazendo uma carinha de cachorro que caiu na mudança.

‘Sabe que não gosto quando faz essa pergunta’

– Você parece alérgico a essa pergunta, cara. – falei bufando, fazendo com que Cathy me olha-se, tentando me tranquilizar. – Para de me olhar assim Cathy, você sabe que é verdade! – falei com raiva. – Já são quatro anos e eu nunca entendi porque você fica aqui cuidando de mim, isso é frustrante, sabia? – falei largando a mão de Cathy e me levantando, jogando as mãos no ar. – Existe uma coisa chamada curiosidade e ela é perigosa, porra! – falei jogando o meu cabelo no lado errado. Sempre tive um temperamento difícil, são muito… impulsiva. – Cara, eu confiei em você meus segredos, deixa de frescura! – falei ouvindo as folhas das árvores se mexerem com força, fazendo barulhos altos. – ME RESPONDA CARALHO!

‘POR FAVOR NÃO FIQUE BRAVA’

Vi essas palavras escritas na árvore, grandes e maiúsculas, como que se fosse importante. Bufei alto, enquanto que Cathy tentava me acalmar de novo.

– Apenas me diga, porque você não se mostra. – falei tentando manter a calma, mas dava para ver a irritação em minha voz.

‘Tenho Medo’

Vi escrito no chão, e os meus punhos se desfizeram. Respirei fundo, passando a mão grosseiramente por meus cabelos e olhei em frente.

– Me desculpa, anjo. – de repente todo o ar foi direcionado para a minha cara, fazendo os meus cabelos flutuarem como que se a prova que a lei da física é uma farsa estivesse na minha frente. Arregalei os meus olhos assim que senti algo frio, e ao mesmo tempo quente tocar a minha testa. Sorri fraco assim que percebi que ele me tinha dado um beijo na testa. O ar se afastou novamente e ele escreveu no chão.

‘Quando eu estiver pronto, você vai ver. E por favor, não fique brava. Você me assusta!’

Ri, negando com a cabeça enquanto que aquele sorriso tão meloso e bobo se desenhava em meus lábios.

– Me diga apenas seu nome, por favor! – pedi quase num sussurro.

O ar veio novamente para minha cara, ou mais precisamente a minha face, afastando os cabelos de minha orelha e eu me arrepiei por inteira sentindo a sua respiração bater contra minha face.

– Drew. – ele falou num sussurro quase inaudível, mas eu pude ouvir. Sua voz era tão doce, tão perfeitamente doce e calma, que fazia a minha alma inteira se acalmar. Algo tão pacifico, tão… angélico. Sorri torto e aquilo desapareceu. Tudo desapareceu.

Ele não estava mais ali.


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