O Meu Guarda-chuva escrita por Ana Eduarda


Capítulo 10
Atalho


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!
Dedicado a: Giovana, Chris Oliveira e ao meu amado Tio Gênesis.
Todos são muito especiais para mim e para toda a estória. Muito obrigada pelos comentários =D Beijos e boa leitura.



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Capítulo 10 –  Atalho.

Seguindo as pegadas dos cavalos que estavam frescas na areia (Que não estava tão fina quanto a que eles estavam andando esses dias) puderam perceber que o caminho feito pelos cavalos não era em linha reta e pareciam que contornavam aquele local por algum motivo. Túlio e Felipe estavam calados e pensativos, receavam falar com Luiza depois da pequena briga em que tiveram. De alguma forma, Luiza sem desistir conseguiu achar as pegadas e reacender a esperança novamente. Luiza não olhou para trás, iria desanimar se observa se, por isso preferiu seguir sua intuição de que achariam logo os tais cavalos, e isso foi uma nova lição para os garotos: Olhe para frente. Não fique olhando para trás.

Túlio e Felipe trocaram olhares e assentiram indo em direção a Luiza. Muito constrangido Túlio falou para Luiza:

- Desculpe. Estava escurecendo e sabemos que é muito perigoso andar pelo deserto a noite.

- Não! Vocês tinham razão, eu queria que pela primeira vez na vida não desistisse de alguma coisa. Continuar até achar o que quer. Mas estava mesmo muito perigoso e eu perdi a noção do bom-senso na hora.

- Quer uma largatixa? – Felipe sorriu – Tá bem assadinha.

Eles riram entre si e perceberam que estava muito escuro quando olharam um para o outro, mal dava para ver os seus rostos. Tiveram que parar. Com os pedaços de trapos foram até uma grande pedra e se sentaram lá. Luiza remexeu em sua bolsa lembrando-se do cantil em que achara na noite do ataque dos fantasmas.

- É de vocês? – Luiza ergueu o cantil em direção aos garotos.

- Não! – Túlio pegou o objeto – Não é meu. É seu Felipe?

- Também não!

- Ora! – Diz Luiza pensativa – Se não é de vocês... só pode ser daquela múmia!

- Múmias bebem água? – Pergunta Felipe – Que eu saiba não.

- Mas o povoado ainda não tem certeza de que são fantasmas. – Luiza diz – Pode ser que... a tal excursão que ocorreu... a séculos atrás... bem, pode ser que eles possam ter formado um povoado e... sei lá tentarem achar vocês novamente. Já que aqui todo mundo se perde.

- Como você explica o ataque? – Pergunta Felipe.

- Eles não nos querem por perto! – Túlio (Sempre calmo) agora ficou parecendo com o garotinho Ivo que ficou são e salvo na aldeia.

- Olhe, no meu mundo houve várias guerras. Tantas que eu já perdi a conta! Mas os grandes problemas delas foram a falta de comunicação. E aqui neste mundo não pode ser tão diferente. Os grandes fantasmas estão nas mentes dos próprios homens, nós não vemos as coisas como elas são. Criamos uma perspectiva a partir de nossas ideologias.  

Felipe e Túlio ficaram calados. Luiza sem perceber estava sendo uma pessoa madura e ativa, completamente diferente do que era em seu mundo. Estava se tornando uma líder e nem percebia isso, estava falando palavras de conforto, esperança e pregava a paz.

A noite estava escura e fria e eles agradeceram por terem parado antes. Luiza e Túlio estavam encostados na pedra com as mantas e Felipe estava um pouco distante falando sozinho e olhando para a lua que pela primeira vez apareceu.

- O que ele está fazendo? – Luiza diz confusa.

- Ele está conversando.

- Com quem?

- Com o Superior.

- Superior? Seria Deus?

- É assim que o chamam em seu mundo?

- Sim. A maioria da nação acredita em deuses, porém, existem escrituras que falam de um Deus que é único e se for considerar com a quantidade da população apenas alguns não acreditam Nele. Inclusive isso foi motivo de alguns conflitos, no caso seriam religiões.

- Religiões aqui não têm! Apenas confiamos no Ser Superior.  Houve séculos e séculos de estudo e até hoje não temos explicações para muitos casos.

Felipe chega e se senta junto com eles.

- Além disso, existem coisas complexas, coisas tão complexas que nossas teorias não explicam com tamanha presição, ou seja, tem algo que nos faz acreditar que existe um Ser Superior e nos temos respeitos por isso. – Felipe diz pegando um espetinho de largatixa.

Eles dormiram rapidamente por conta do cansaço e a noite passou depressa. O dia chegou e com ele como sempre o calor. Depois de se ajeitarem, os três seguem o rastro novamente que permaneceu intacto. O solo naquele local era mais duro e eles perceberam isso desde que pisaram. Andaram, andaram até que pararam. Eles estavam sentindo muita sede e dos cantis a água estava pouca, se tomassem agora eles iriam morrer de sede. O sol estava duro, mas todos estavam protegidos pelas grossas mantas e diversos panos. Luiza já estava acostumada com tanto pano a cobrindo, depois de dias (Ou horas, ou anos, não sabendo ao certo) neste mundo já se acostumou com isso. Mesmo com os panos era possível visualizar sua marca registrada: As botas vermelhas.

- Pare! Se formos seguindo pelo rastro do cavalo iremos demorar mais tempo. Vamos fazer um atalho! – Opinou Felipe.

- A menor distancia entre dois pontos e uma reta! – Túlio exclama – Além disso, tempestades de areia são constantes no deserto e podem apagar o rastro (Falou isso, mais ainda não haviam aparecido às famosas tempestades de areia, para a sorte deles.)

- Eu aprendi uma coisa com minha mãe: Só devemos cortar caminho se realmente conhecermos aquele caminho.

- Mas Luiza! Não têm árvores, nem bichos só areias! Não há nada de mal. – Felipe disse.

‘’ Bem, eles têm experiência. Talvez eu deva segui-los. Desculpe mãe mais acho que seu conselho não cabe neste momento. ‘’

- É, pode ser. – Luiza diz duvidosa.

Eles vão caminhando, caminhando, caminhando e sentem o solo endurecer a cada vez que anda. O solo está ficando um pouco pastoso mais eles não param. Enquanto andam, Luiza observa um objeto no chão.

- Olhem! – Ela fala – Uma concha! Aquelas que são parecidas com caracol.

- Tá. – Eles continuam a andar e não dão muita atenção ao contrário de Luiza que parecia ter achado um baú de ouro.

Ela pega a concha e guarda na bolsa e corre para alcançar os meninos. O dia vai passando e a tarde vem chegando. Enquanto andavam, eles não conversavam muito, Túlio afirmava ‘’ Guarde suas energias. Não podemos perder energia falando. ‘’ então a viagem continuava silenciosa, apenas se escutando o sussurro do vento e o barulho das pegadas no solo que não estava mais tão arenoso.

- PAREM! – Túlio berrou.

- Ah! O garoto que diz ‘’ Não! Não podem falar. Vão gastar suas energias’’ Blá, blá e blá. – Luiza diz engrossando a voz e imitando o garoto.

Felipe da uma risadinha.

- Mas é sério! Minha bota está presa no chão! Ajudem! – Túlio estava falando muito rápido.

Felipe vai lá e puxa-o com tudo, mas túlio não saia do lugar.

- Isso parece uma cola! – Observa Luiza.

- Túlio terá que tirar o pé da bota. – Felipe diz.

Túlio tira o pé da bota que ainda está presa, e depois com um jeitinho (Os três quase caindo no chão puxando com força) conseguiram tirar, daí eles perceberam que uma fina camada de areia cobria aquele local, que lembrava um pântano sem árvores. Era muito fofo.

- Felipe você está encolhendo. – Luiza diz.

- Oh. Não. FELIPE! LUIZA! ESTAMOS... EM AREIA! – Túlio grita.

- MOVEDIÇA! – Felipe diz.

Luiza, Túlio e Felipe tentavam sair correndo daquela areia, mais não conseguiam. Quanto mais faziam movimento mais afundavam.

- SOCORRO! – Luiza gritava.

- SOCORRO? – Felipe ria histericamente – Quem irá nos salvar? Estamos nesse deserto! ELE É DESERTO!

- Devemos ficar parados. Isso retarda que afundemos mais rápido. – Túlio diz.

- Ótimo! Vamos retardar nossa morte. – Felipe diz emburrado.

- NÃO! Não fale isso Felipe! Nós vamos conseguir. Fiquemos quietos e talvez... um cavalo passe por aqui e... salve agente né! – Diz Luiza.

- EI! – Túlio berrou – Foi por isso que os cavalos desviaram!

‘’ Droga! O conselho da minha mãe era mesmo certo. Mãe sempre tá certa mesmo. ‘’

- Tudo bem! Não vamos morrer de sede nem de fome! Largatixa e águas estão a nossa disposição. – Túlio diz animado.

- É! E o sol já está baixando. Não vamos ficar torrados. – Diz Felipe.

Luiza tentou ver um lado positivo ai diz:

- Areia rejuvenesce a pele!

O dia escureceu e a areia alcançava abaixo do abdômen dos próprios. A sensação de que iriam morrer a algumas horas era terrível. E uma lágrima rola no rosto de Luiza, mas ela não amostra isso para os garotos, pois não queria entristece-los também já que ela era o único motivo deles acreditarem. Se ela desistisse, eles iriam desistir também.

E de repente uma grande forma oval negra e ligeira surgia nos céus e o medo se fez entre eles e naquele exato momento Luiza grita:

- UM DISCO VOADOR!

- Um disco o que? – Túlio pergunta se virando para a garota.

- Os alíens! Vão abrir nossos corpos e...

- Oh não! São os fantasmas, eles sempre aproveitam nosso momento de fraqueza para nos atacar. – Diz Felipe.

- Desta vez não temos mais chance. Se correr o bicho pega se ficar o bicho come. – Luiza choraminga.

Enquanto eles temiam o pior, a grande mancha negra e ligeira seguia em suas direções. Não havia luz, a não ser uma pequena luz parecida com a de uma lanterna em baixo do tal disco voador.  A sensação era de estar em um pesadelo, em que a pessoa desejava acordar mais não conseguia abrir os olhos.


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