Meet You In Heaven escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 4
Estranhos.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo ♥Espero que estejam gostando! Obrigada à todas que leem ♥



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A escola continuava sendo a mesma coisa monótona com a qual eu tinha um encontro regular todos os dias da semana. Com exceção dos domingos, visto que os sábados eram tomados pelas minhas aulas forçadas de tango com o professor Brown. Não que eu não gostasse de tango, era legal assistir, mas minha opinião mudava á partir do momento em que eu deixava de ser uma telespectadora e me tornava a dançarina.

Monotonias à parte, eu até que gostava. Era legal não passar as tardes de sábado sozinha, trancafiada dentro de casa.

Caminhei apresada pelos corredores sabendo que assim que a senhora Johnson me visse eu levaria uma bronca daquelas e ficaria depois da aula tendo que ouvir meu professor de física falar sobre sua vida familiar conturbada, e bem, eu poderia viver sem isso. Dessa forma, não pensei duas vezes em me esconder na biblioteca, estando completamente ciente de que a primeira aula já fora perdida.

A bibliotecária não me notaria, porque afinal ela nunca notava ninguém. Sempre com o óculos na ponta do nariz, digitando freneticamente em algum bate papo de sites de relacionamento, ela não enxergava nada além da tela do computador.

Com isso, pude passar tranquilamente pela entrada e me esconder em meio as estantes do fundo, aonde os livros mais velhos estavam, cobertos de pó, intocáveis há muito tempo.

Deixei que um suspiro de alivio escapasse pelos meus lábios, espiando nas brechas deixadas na estante, tendo certeza de que estava sozinha.

Bem, não tanta certeza assim.

Um riso leve ecoou logo atrás de mim, soprando um hálito quente em minha nuca. Lentamente levei minha mão ao peito, sentindo meu coração disparar tamanho o susto.

Mil e uma ideias passaram pela minha cabeça. Aquele tipo de coisa que acontece quando você está fazendo algo e sabe que é errado. E bem, aquilo era errado e eu sabia disso.

Virei meu rosto devagar, suspirando aliviada por não reconhecer o rosto que estava próximo do meu. Isso era bom, significava que eu não iria ser suspensa.

– As garotas costumam suspirar quando me veem mas, normalmente, elas são mais discretas.

Me afastei, percebendo que o motivo de seu comentário sarcástico era a nossa proximidade. Revirei os olhos, olhando pelo canto do olho para ter certeza que não havíamos chamado a atenção de ninguém.

– Não estou suspirando por sua causa. - Murmurei. - Estou...

– Burlando aula? - Perguntou sorrindo. Senti minhas bochechas arderem enquanto eu assentia com a cabeça, desviando meu olhar do seu. - É bastante comum, mas nunca a tinha visto por aqui antes.

– Venho muito a biblioteca. - Rebati, caminhando em direção a última fileira de livros, a mais distante possível.

Algo nele me chamava a atenção e eu faria de tudo para ignorar essa parte.

Ao contrário do que pensei, ele continuou me seguindo, caminhando levemente sobre o piso de assoalho, quase não fazendo barulho. Me odiei mentalmente por notar isso.

– Não nessa parte da biblioteca.

– Costuma memorizar o rosto de cada pessoa que vem aqui? - Perguntei rodando os olhos, afastando mentalmente as ideias que vinham em minha mente.

– Não. - Eu podia jurar que ele revirou os olhos, pelo menos eu não era a única a fazer isso com frequência. - Mas me lembraria do seu rosto.

Me virei para ele, controlando o arder sobre a pele do meu rosto, me sentindo estúpida por corar na frente de alguém. Principalmente aquele alguém, que eu não conhecia.

Ele poderia ser um psicopata!

Parabéns para mim, finalmente eu havia me importado por ele ser um estranho. Comecei a desejar que fosse alguém da diretoria, levar uma suspensão me parecia mais seguro.

– Está flertando comigo?

– Você queria que eu flertasse?

– Não sei, isso depende. - Sorri o mais desafiadora que pude, mas a minha vontade era sair correndo dali, o mais distante possível daqueles olhos anis.

– Depende do quê?

– De quem você é.

Dessa vez ele quem riu, agora um pouco mais alto, me possibilitando decorar o som de sua risada e me dando vontade de sorrir de volta. Engoli essa vontade, varrendo essas coisas para longe. Eu nunca me interessei por ninguém. E o primeiro amor da minha vida não seria aquele garoto desconhecido.

– Gosto de você.

– Você não me conhece. - Me afastei, apoiando meu tronco em uma das colunas que sustentavam o teto teatralmente. - E eu não o conheço.

Ele se aproximou, mais do que eu gostaria. Eu ainda não era capaz de sentir sua respiração no meu rosto, mas naquele momento, daria tudo para senti-la.

Balancei a cabeça discretamente para os lados, ouvindo sua resposta com atenção, me surpreendendo com a sua forma de falar, que mudara de um momento para o outro.

– Você não é assim, Amelia.

Ignorei a parte em que ele sabia meu nome, desconcentrada demais com a sua proximidade. Molhei meus lábios quase que automaticamente, baixando meus olhos até seus pés que o traziam para mais perto.

– Assim como?

– Como as outras.

Foi ridículo, ele provavelmente riria de mim pelo resto do dia ,comentando com seus amigos como eu amoleci ao sentir o toque de sua mão áspera no meu rosto e em como minhas pernas bambearam ou talvez em como meus olhos se fecharam involuntariamente.

Esperei pelo toque que veio em seguida, sentindo o impacto calmo dos seus lábios sobre os meus.

Talvez em outra ocasião eu me sentisse uma oferecida, mas nada disso passava pela minha cabeça no momento. Porque, por Deus, aquele era meu primeiro beijo não forçado!

Foi rápido e doce, muito doce. Mas a sensação que explodiu dentro de mim não parecia querer se esvair tão rapidamente.

Sua testa se encostou na minha e eu podia sentir seus olhos arderem sobre os meus, num pedido silencioso que eu os abrisse. Mas eu não o fiz, não queria perder aquele sentimento doce que me invadia, entrando meus meus poros, alcançando minhas barreiras e derrubando-as.

– Eu sabia que você não era como as outras.

Com um sussurrar leve, sua testa se descolou da minha e seus lábios se juntaram aos meus novamente, dessa vez ainda mais rápido, apenas um toque.

E quando eu finalmente decidi abrir meus olhos, ele já tinha partido.


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