Anjos Da Noite escrita por Murillo França


Capítulo 3
Será que é o fim?


Notas iniciais do capítulo

O sol começa a se por lentamente, e quando a escuridão toma conta, as estatuas de gárgulas começam a se quebrar, o que era pedra agora era escama, pelo, pele, pena, e variando. Os cem gárgulas rugem quase como trovão quando despertam de seu sono. Mas quem notaria isso no Rio de janeiro, mesmo o barulho sendo grande, a cidade maravilhosa consegue abafa-lo.



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POV Golin

-Espera ai grandão! – pediu Dra. Clara numa exclamação bem notada. – Você não pode entrar lá, digo... Você salvou minha vida, e algo me diz que eu posso confiar em você... Mas é que...

-Acha que eles vão se assustar se virem um gárgula andando pelo hospital não acha? – perguntei.

-Sinto muito! – respondeu ela.

-Eles nem vão me notar! – respondi – os humanos que não sabem da magia convivem com ela o tempo todo, mas não notam a presença dela!

-É serio isso? – perguntou sem acreditar, ninguém acreditaria tão fácil que convive com a magia, mas que não a enxerga.

-Você vai ver! – prometi.

Caminhamos pelos corredores do hospital sem sermos perturbados, e sem que ninguém me notasse, o espanto dela era tão grande que eu o via sem nem ao menos olhar para o rosto dela. Ela me mostrou os corpos, eu olhei as marcas, se ligarmos os pontos, realmente teríamos a forma de um pentagrama, uma estrela usada em rituais de misticismo, mas como ela enxergou isso, se eu ligasse os pontos eu faria uma figura geométrica de cinco lados, ou um circulo, mas ela acertou que era um pentagrama, mesmo sendo humana.

-Preciso chamar um amigo! – comentei retirando um aparelho de comunicação do meu bolso.

-Quem você vai chamar? – perguntou Clara.

-Um bruxo da natureza amigo meu!

Valentin, ele era jovem, porem talentoso, tinha cerca de catorze anos, magro, alto pra idade, com olhos castanhos, cabelos meios ruivos, pele clara. Depois que eu contei o caso ele não demorou nem cinco minutos pra chegar e achar o necrotério, eu diria que ele se teleportou de algum jeito, mas bruxos assim não tem esse poder.

-São quantos corpos ao todo? – perguntou ele depois de examinar os ferimentos.

-Quantos anos você tem? – perguntou a doutora, claramente cética quanto o fato daquele garoto poder ter a resposta para seus problemas.

-Ele pode parecer jovem, mas com catorze anos já faz coisas incríveis! – comentei pra tentar acalma-la.

-São seis corpos, três homens e três mulheres – respondeu ela.

-Muito bem, eles devem ter vindo numa sequencia, tipo, primeiro um homem, depois uma mulher, e assim por diante! – comentou pensando em voz alta – Isso são sacrifícios e como a forma em seus corpos são pentagramas, os assassinatos também serão, sabe onde eles foram achados?

-Não, Marta me disse que eles foram trazidos direto pra cá e deixados na porta do hospital. – respondeu ela.

-Golin – começou Valentin – quem fez isso é um bruxo da natureza como eu, e como toda a comunidade mágica que mora no rio de janeiro sabe sobre os gárgulas, deve ter sido feito durante o dia pra que você e seu clã não impedissem, os locais tem que formar um pentagrama, e eles devem ter trazido os corpos justamente pra não denuncia-los, sorte que eu tenho como localizar isso.

Valentin arrancou um fio de cabelo de cada um deles, e os guardou em um saquinho de plástico.

-Agora sobre seu problema de hipnose, o gás de amnésia sãs vezes param de funcionar quando uma pessoa é muito afetada por ele, e você parece ter cara de bisbilhoteira! – comentou Valentin – Então, sobre o vampiro... ingeriu alho ou verbena ultimamente?

-Odeio Alho e não faço ideia do que seja verbena! – respondeu ela.

-E esse colar? – Valentin tentou tocar no colar em forma de crucifixo que ela usava por cima da roupa branca, mas recuou com a mão.

-Um paciente me deu! – respondeu ela.

-Esse colar está enfeitiçado – contou Valentin – ele nem me deixou toca-lo como proteção pra que não seja tirado, quem lhe deu ele queria te proteger contra o gás de amnésia e contra hipnose. Quem te deu isso?

-Não lembro quem me deu, só sei que foi um paciente! – respondeu colocando a mão na cabeça.

-Recomendo que não o tire nunca! – disse o bruxo – Agora, voltando a poção de localização! Vou usar alguns de seus irmãos pra me ajudar com a poção ok? – perguntou mas ele saiu sem esperar minha resposta.

-Se é pra formar um pentagrama quer dizer que vão haver mais assassinatos? – perguntou Clara.

-Sim, e tenho que manter você segura até isso acabar! – respondi.

-Por que eu tenho que estar segura?

-Porque você não esquece! – respondi. – vou mandar alguns de meus irmãos te protegerem durante a noite, mas não sei se posso te ajudar durante o dia!

-Por quê? O que acontece durante o dia? – perguntou Clara.

-Viro pedra! Os gárgulas são estatuas durante o dia! – respondi saindo do necrotério e caminhando de volta pro telhado.

-Espera, como vou saber quem são os gárgulas que vão me proteger? – perguntou ela depois de me alcançar – e se algum deles tentar me matar?

-Gárgulas protegem! Todos eles! – respondi.

Ela me seguiu para o telhado insistindo em saber quem são os gárgulas que vão protegê-la, e  dizendo que ela podia muito bem se cuidar sozinha, e não queria que “monstros” entrassem na casa dela. Ela não usou esse termo, mas sei que foi isso que ela quis dizer, a frase ao pé da letra foi:

-Não sei se quero... pessoas que não conheço na minha casa!

Ela hesitou, é o que acontece quando se interage com humanos não mágicos. Quando chego no telhado, posso ver três de meus irmãos se aproximando, quando eles chegam mais perto, noto que um deles é muito pequeno e plana como se fosse um adulto. Eu reconheceria o modo de planar da minha filha mesmo que eu estivesse a quilômetros de distancia. Dirian tinha cabelos pretos, face quase humana, calda de lagarto, asas de morcego, e pele meio avermelhada, porem meio rosa.

-Meu anjo da noite! – exclamo abraçando-a.

-Oi pai! – ela me abraçou de volta, tinha apenas treze anos, minha menina! – Não me deixe mais com aquela bacante! – ela aponta pra minha esposa.

-Não fale assim dela! – peço, a mãe da Dirian morreu quando ela ainda era um ovo, mas me casei com Cecília, e as duas não se dão bem, Cecília tenta, mas Dirian é difícil.

-Deixa Golin, ela está na fase de... – Cecília tentou defendê-la, ela tinha pelos amarelados, sua aparência era como o de uma onça alada, mas mesmo tentando defende-la, Dirian a atacou com palavras.

-Escuta aqui, eu não preciso de você pra me entender com meu pai! – disse ela.

-Dirian! – gritei.

-Espera! Para um pouco – Clara ficou na minha frente levantando as mãos. – Dirian, oi, meu nome é Clara.

-Prazer Clara, você é uma bruxa ou feiticeira? – perguntou minha filha.

-Não, sou totalmente sem magia! – respondeu Clara – Escuta, eu também tive uma madrasta – ela cochichou algo no ouvido de minha filha, eu poderia ouvir, mas não quis me intrometer.

-Ok, eu vou tentar! – prometeu Dirian.

-Muito bem! – elogiou Clara.

-Como vocês vieram vocês iram proteger a doutra Clara durante o tempo em que eu e Valentin trabalhamos nessa missão! – decidi – Clara, Cecília Dirian e Artie serão seus guardiões, irei sair pra fazer a ronda, conte a eles o que está acontecendo!

-Tudo? – perguntou a medica.

-Sim! – respondi antes de pular do prédio e planar.

Planei por algumas horas, tive que agir algumas vezes, mas nada serio, as 04:00 da manhã eu me preparo pra voltar para o telhado, e esperar que o sol me transforme. Valentin e outros bruxos prepararam o maximo de telhados possíveis, só podíamos nos transformar em estatuas em alguns desses telhados, assim ficaríamos protegidos de ataques que poderiam acontecer durante o dia. Planei na direção do prédio preparado mais próximo, mas antes que pudesse chegar nele três caçadores que surgiram do nada me atacaram.

Acabei caindo em um dos telhados, e eles se posicionaram com os bastões de choque prontos pra lutar.  Só três, eu tinha que conseguir vencê-los em menos de meia hora, pra que desse tempo deu planar pra um terraço seguro. Perfurei-os com minha calda, mas mesmo assim eles não se deixavam abater, esmurrei, chutei, mas eles se recuperavam muito rápido, dai eu pensei, como que eles me atacaram se eu estava planando?

-Um grupo que diz odiar magia e tem a ajuda de hackers! – gritei ironicamente.

Eles me atacaram todos juntos, a ultima coisa que me lembro foi de ver a luz do sol nascer no horizonte.


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Notas finais do capítulo

O Golin irá sobreviver?



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