Anjos Da Noite escrita por Murillo França


Capítulo 13
O Grito


Notas iniciais do capítulo

A bordo de um navio. Estatuas durante o dia, guerreiros durante a noite. O sol se põe no horizonte, e os gárgulas despertam para seu chamado de Anjos da Noite.



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POV Clara.

Golin me segurou e saltou por cima da plateia, indo parar no outro andar do navio. Ele estava claramente irritado, não gostou da exposição.

–Não foi nada demais! – exclamei – Ok, ele se aproveitou um pouco, mas você foi visto como um herói.

–Eu não gosto de ser exposto como uma fera de circo – argumentou ele.

–Golin, eu duvido que ele tenha feito isso por mau! – argumentei.

–E ele não fez! – exclamou uma voz calma que pertencia a uma figura que surgira a nossa frente. Sr. Trindade – Ola Clara, ola Golin, peço desculpas pelo Figueira, ele é um metido a excêntrico. Mas é um bom bruxo.

–Sr. Trindade tem muito tempo que não o vejo – comentei.

–Não era necessário, até agora. – respondeu ele – minhas visões disseram que tem algo diferente no cruzeiro desse ano, por isso estou aqui, não sei dizer se vai ser algo de bom ou de ruim, mas convenentemente eu tenho a garota que não se esquece, o rei dos gárgulas, e o melhor dos dois mundos nesse navio!

–Melhor dos dois mundos? – perguntou Golin.

–Essa criança, ele reúne o melhor tanto do dia, quanto da noite. – explicou ele.

–Ainda dá tempo de planar com meu bruxo minha filha e minha esposa de volta pro Rio de Janeiro? – perguntou Golin.

–NÃO – respondemos eu e o Sr. Trindade em coro.

–Golin, será que poderia, pelo menos na nossa lua de mel, deixar de ser um posso de nervos? – perguntei.

–Ok, vamos ficar, mas não voltaremos ano que vem, entendeu? – perguntou ele.

–Amenos que eu queira – respondi puxando-o pelo braço – Vamos, agora que anoiteceu eu tenho que trocar de roupa pra irmos numa boate, até mais Sr. Trindade – puxei-o dali de volta pra nossa suíte.

POV Valentin.

O que mais um servo da natureza, telecinético, e telepata como eu poderia querer, alem de passar uma semana em um navio onde não vai precisar ficar se controlando pra não explodir nada ou não entrar em mentes alheias?

–Mais limonada! – pedi a estatua servente.

Pronto,a gora, mais nada. Eu estava relaxando na piscina com vários outros bruxos da minha idade. Bem, dez eram bruxos, sete feiticeiros, e quatro, incluindo a mim, servos da natureza. A Wicca do meu lado tinha cabelos brancos e longos, pele escura, e olhos castanhos. Diana, ela era o foco do assunto no momento:

–...Então, quando notei que meu poder extra era relacionado a mudanças climáticas, fiz um feitiço pra clarear meus cabelos.

–Ficaram lindos – elogiou uma feiticeira loira – Vamos girar a flecha pra saber quem vai ser o próximo – ela falou uma palavra estranha e a flecha flutuante no meio da piscina começou a gorar, parou apontando pra mim.

–Bem, eu sou um Wiccano, já descobrir meu poder extra, sou telepata – Nunca revelo a toa que sou telepata e telecinético, só revelei de primeira pra Clara, e mesmo assim nós sempre usamos apenas o termo “telepata” então eu não preciso fazer mais nada – Não sou um Weasley, antes que perguntem – alguns riram com a pegadinha – E ainda não contei a meus pais que descobrir meu poder, porque eles ainda guardam uma esperança que eu me eleve e vá pra Animália.

–Consegue saber o que eu estou pensando nesse momento? – perguntou Diana, pensando “você veio com a gárgula petrificada?”

–Sim pra ambas das perguntas, e foi um trabalho convencer o pai dela a vim, ele é humano durante o dia graças a mim! – comentei.

–Você fez um feitiço de meia vida? – perguntou um outro servo da natureza com espanto em cada silaba. – Pera, mas eu soube que ele se tornou humano desde 2005!

–Pois é... Entendeu agora porque meus pais tem a doce ilusão de que eu vou me elevar? – perguntei encarando-o, confesso que adoro quando eles fazem essa cara de espanto. – Catorze anos, e eu andava sendo o bruxo ajudante dos gárgulas! – amo a cara de espanto deles.

–É, mas você tem, ou vai fazer dezoito, e não contou pra seus pais que é um telepata? – perguntou Diana – Qual pior que pode acontecer?

–Entro em mentes alheias se lembra? – perguntei – já contei a eles, e quando vi o desgosto no rosto, e li os pensamentos, apaguei as memórias deles! – disse como se fosse algo simples, como se estivesse tudo bem, mas não foi simples, nem fácil, e não está tudo bem, dói sempre que lembro disso.

–Bem, ficamos muito tempo em você, vamos rodar de novo.

“Também tenho uma coisa com meus pais” penso Diana, não li por acidente, ela me atraiu pra mente dela “Eu menti, meu poder não é pra o tempo, eu sou um coração, uma bruxa que ao invés de evoluir pra um, evolui pros quatro elementos, mas eu não quero me elevar, não queria sair dessa dimensão, e eles querem muito isso, brigamos, e não os vejo desde meus treze anos”

“Você sabe, que as chances de você se elevar são muito fortes, não sabe? ” Pensei dentro da mente dela.

“Perfeitamente, mas não quero ir pra uma dimensão estranha, onde não conheço ninguém!” , em parte, ela tinha razão, mas em outras não.

Antes de anoitecer, eu e Diana nos aproximamos mais, contei pra ela que minha namorada era a gárgula que viera em forma de estatua, e que eu conhecia o Sr. Trindade. Estava tudo bem, até o sol se por, e o Golin se transformar na frente de todo mundo.

–O Figueira não devia ter feito isso! – comentou Diana.

–O Golin vai ficar uma fera! – exclamei – tenho que achar Dirian – avisei antes de sair correndo.

POV Dirian

Despertei, estava numa suíte de luxo do cruzeiro, nem podia acreditar. Vestir meu biquíni, e tentei me localizar pra chegar até a piscina. Tinha um mapa no quarto, então foi fácil. Assim que eu sair, vi Valentin correndo até mim... Quem é a humana que estava com ele?

–Você não sabe! – exclamou ele, me mandando imagens telepáticas da exposição do meu pai.

–Estamos longe do continente? – perguntei.

–Sim! – respondeu ele.

–Então deixa o Golin dar o ataque dele, que não temos com que nos preocupar. – disse – Posso ir pra piscina, ou planejou alguma coisa? – perguntei segurando o braço dele.

–Pode sim, mas depois temos uma peça pra assistir, uma que você adora, mas vai ser uma surpresa! – disse ele.

Amo nadar a noite. Só nadei de dia uma vez na minha vida, e se duvida a noite é melhor. Mergulhei o mais fundo que pude naquela piscina e estiquei minhas asas. Um pensamento obvio veio a minha mente. A humana, Diana, se não me engano, ela é muito linda, e os dois pareciam estar próximos.

A peça era pequena Sereia, eu gosto muito desse conto, e era interpretado por uma sereia de verdade, uma tal de Mirella. Bem, eu olhei o conto com outros olhos. Todos sabem, que biologicamente é possível uma sereia e um humano ficarem juntos, alem de na vida real elas ganharem pernas sempre que saem da água, nada impedia o ato de acasalamento. Se elas ficam mais de um mês em terra, elas perdem a calda, e viram humanas pra sempre, será que era isso que ele queria pra mim? Que eu virasse humana durante o dia? Ou pior, pra sempre?

Gostei da peça, mas a duvida me atormentava, e quando a peça acabou, decidir que precisávamos conversar:

–Temos que conversar! – disse pra Valentin olhando em seus olhos. – E é serio!

Saímos do teatro enquanto os outros aplaudiam, e fomos pra outro lado do navio.

–O que foi aquilo? – perguntei – é isso que estava tentando me dizer? Usando uma humana, e uma peça?

–O que? – perguntou ele, senti ele tentando entrar na minha mente, mas usei o truque que ele me ensinou e barrei sua entrada.

–Você estava usando da minha peça favorita pra dizer que eu devia ser humana não é? – perguntei com as lagrimas caindo dos meus olhos.

–Para, você entendendo tudo errado, eu só te trouxe aqui porque sei que adora essa história! – disse ele – eu gosto de você desse jeito entendeu?

Ele estava mentindo, notei pela hesitação em falar a ultima frase:

–Porque hesitou? – perguntei, e li a expressão dele, surpresa, depois confusão, em seguida ele inventou uma resposta.

–Eu achei que tinha acabado e depois vi que cabeça dura do jeito que você é não iria acreditar! – respondeu, a voz dele mudou um pouco de tom.

–Sabe que não pode mentir pra mim! – respondi – Seria mais fácil não seria? Se eu não tivesse garras, pelos, presas, e asas!

–Nunca disse isso! – respondeu ele.

–Não precisava – respondi abrindo minhas asas e planando pra longe dali.

Me enfiei em alguma parte desconhecida do navio, pelo menos pra mim. Me perdi ainda mais tentando achar uma saída, e sem querer entrei num beco, e pude ouvir apesar de estar distante, três humanos.... não, humanos não, três vampiros, conversando calmamente:

–Os caçadores pretendem mesmo fazer isso ou vão amarelar? – perguntou um deles.

–Vão, e vamos ajuda-los – respondeu o possível líder.

–O navio tem feitiços anti aparatação e teletransporte, nós fugiremos voando antes que ele afunde né? – perguntou outro deles.

–Sim, mas teremos que agir quando o navio estiver perto o bastante pra nós sairmos, mas os outros seres alados não, e mesmo assim, temos que tomar precauções para que ninguém escape. – respondeu mais uma vez o líder.

Me movi e minha calda bateu na parede, talvez humanos normais não ouvissem de onde eles estavam, mas eles eram vampiros, então eu me virei e corri de quatro em alta velocidade, mas eles vieram atrás saindo da sala que estavam pra me perseguir pelo corredor, entrei em um corredor após o outro, golpeando qualquer um dos três que chegasse perto de mim. Mas fiquei cercada num beco sem saída.

–Uma gárgula! – exclamou o que pela voz, era o líder

Tentei lutar, mas eles me dominaram, só tinha uma saída, gritar:

–SOCORRO!


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Notas finais do capítulo

No Proximo capitulo:
Valentin sente que Dirian está em perigo.
Golin ouve o chamado da filha.
Clara desmaia com um sangramento na barriga.



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