POV Hermione

Depois que terminamos de gravar o cover com os garotos do “Three Minutes Until The Sun Burn”, que, se me permite dizer, são muito mais gostosos pessoalmente, viemos para casa e agora eu diria que estou descansando no sofá, mas acho que “estou morta no sofá” é uma sentença mais correta.

Algum programa que eu realmente não sabia o nome, já que não sei diferenciar esses programas de culinária que aos meus olhos são todos iguais, passava na TV enquanto eu mexia no instagram e ouvia um monólogo frustrado de Tris sobre o brigadeiro queimado no fundo da panela.

Para minha felicidade a campainha de casa tocou forçando Tris a se calar e subir as escadas em disparada, me obrigando a levantar do sofá e atender a porta.

– Quem se atreve a perturbar uma diva em seu horário de descanso no conforto do seu lar? – perguntava alto o suficiente para que quem quer que fosse do outro da porta ouvisse. – Weasley?

– Em carne, osso e fios ruivos. – ele disse encostado no batente da porta com um sorriso de lado bagunçando ainda mais os cabelos.

– Ai meus deuses, você sempre acha as respostas mais homossexuais.

– Não convida pra entrar e ainda ofende as visitas? Você é uma péssima anfitriã, Granger. – ele disse atravessando a porta.

– Até onde eu sei – o interrompi empurrando-o de volta para o jardim com apenas a ponta dos meus dedos. – visita é quando você convida a pessoa pra sua casa e não ela que se convida. Isso se chama invasão ou, no seu caso, falta de educação mesmo. – retruquei sorrindo.

– Pra falar a verdade, o que me traz ao seu barraco é desespero mesmo e compromisso com a gravadora.

– Está falando da música?

– Se for aquela que temos menos de duas semanas pra escrever... Sim, é essa mesma.

Parei pra pensar por alguns segundos e me afastei da porta, dando espaço pra ele entrar.

– Tudo bem, mas fique longe da cozinha e, principalmente, longe da minha geladeira.

O ruivo adentrou minha sala e ficou me olhando com cara de paisagem até eu passar por ele e esbarrar em seu ombro. Propositalmente, é claro.

Segui pelos corredores da casa com o Ronald ao meu encalço até chegarmos ao estúdio.

– Tudo bem. Espero que já tenha algo preparado, porque caso contrário...

– Na verdade – ele me interrompeu – eu já tenho toda a melodia pronta. – disse me entregando as partituras amassadas.

– Nesse caso, imagino que queira que eu...

– Escreva a letra. Isso.

– Por quê?

– Porque você também tem que fazer alguma coisa, sua folgada. – ele respondeu rindo e beliscou o meu quadril.

– Ai! Sabia que isso dói? – ele gargalhava enquanto eu tentava fazê-lo prestar atenção no quanto eu estava brava. – Vai ficar roxo!

– Então vou te dar mais alguns – ele apertou de novo – pra ficarem combinando.

O Weasley começou uma sessão de tortura comigo. Ele começou a me beliscar em todos os lugares possíveis e imagináveis do meu corp... Okay, nem todos os lugares!

Meu Deus, vocês tem uma mente muito suja!

Enfim, eu já estava hiperventilando e a força estava se esvaindo das minhas pernas quando eu tropecei na maldita tábua solta, que eu já havia mandado Tris chamar alguém para consertar umas cinco vezes só na última semana, e me segurei em Rony para me equilibrar. Porém, aquele demônio ruivo só serviu para me esmagar quando caímos ambos, por sorte, sobre o sofá.

– Ai, isso é tão clichê. – disse, revirando os olhos.

– O quê? – ele perguntou com aquele sorrisinho de lado tão... Foco, Hermione! Fo-co!

– Isso! Essa situação toda! – esbravejei me recompondo e sentando ereta no sofá ao lado de Ronald. – Uma situação fofinha, você cai por cima de mim, uma troca de olhares bonitinha, você tenta me seduzir com esse seu cabelo desarrumado, essa cara inchada de sono... E-e esses olhinhos enormes verdes me encarando... – Minha voz começa a falhar e suavizar quando percebo que ele está se inclinando na minha direção. – Esse sorrisinho torto e essa colônia masculina barata...

–E qual o problema com clichês, Granger? – Rony perguntou enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

– O problema é que toda garota gosta de clichês, Weasley.

Quando dei por mim, já estava nos braços de Rony e dando permissão para ele selar nossos lábios.

Não vou ser hipócrita e dizer que não queria aquilo, dizer que não gostava dele, dizer que não me senti atraída por ele no mesmo segundo em que o vi pela primeira vez, dizer que queria sair dos braços dele quando ele me salvou da queda da escada...

Eu tinha um baú escondido no meu coração onde eu colecionava milhões de sentimentos por Ronald Weasley e, se ele quisesse, eu o abriria.

– OH GOD!

– PORRA MELLARK! – Katniss esbravejou com o loiro na porta.

– Ei! Faz quanto tempo que estão aí? – Ronald perguntou enquanto eu ajeitava meu cabelo.

– Hm... – Tris apareceu na porta também.

– Alguns minutos apenas. – Jace também se revelou.

– Tá, e quantos de vocês estão aí? – perguntei chocada.

Varias cabecinhas foram aparecendo na porta do estúdio e então, após Peeta, Katniss, Jace e Tris se denunciarem, pude ver Clary, Percy, Tobias e Annabeth.

– Privacidade. – Me levantei revoltada e parei na porta. – Essa palavra tem algum significado pra vocês? – E saí em disparada para o meu quarto.

*

POV Narrador

– Hermione! – As amigas gritavam pela garota que subia as escadas e, ao alcança-lo, se trancava em seu quarto.

– Viram? – Annabeth ralhava com os demais. – Eu disse que não era uma boa ideia!

– É, mas também estava lá, não é, Chase? – Percy lembrou à loira.

– Não enche, Jackson!

– Ei, Annie, se acalme. – Clary se meteu na discussão. – Todos nós erramos. O que nos resta agora é...

– Deixa ela, Clary. Deixa ela. Eu nem a culpo, sabe.

– Não me culpa de quê, babaca? Eu não fiz nada.

– Eu acredito que você não ficou olhando por mal.

– Acredita? – Annabeth mal acreditava no que ouvia.

– Acredito. É que você não ta acostumada a viver momentos como aquele, não é? O jeito é ficar só na observação mesmo...

– Ei, Percy, não precisa ofendê-la também. – Jace saiu em defesa da amiga. – Ela não te fez nada, nunca te fez nenhum mal.

– Ah é, você acha então que eu não tenho nenhuma experiência? – Annabeth disse tentando impedir as lágrimas de caírem.

– Eu não acho. Eu tenho certeza. – ele permaneceu duro e frio com a garota, apesar de seus sentimentos por ela.

– Tudo bem, me diz o que acha disso então.

Annabeth respirou fundo, andou com passos largos e pesados até o amigo e beijou Jace Wayland na frente de todos, entre suas lágrimas salgadas.

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