Informações Sobre A Vitima escrita por Torai


Capítulo 7
Capítulo 6 - Queda de Energia




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- Você pode ser exonerado Kurama, ou até preso! - A voz de Kazuma ecoa em minha mente enquanto acelero o carro embaixo da chuva.

- Eu não o posso deixar ela la sozinha!

- Você não o pode ir sozinho, pense um pouco! Vamos avisar a...

- Não! - Respondi indo em direção do carro - Não vamos envolver mais ninguém nisso.

- Kurama, você ta ficando maluco? Pelo menos me deixe avisar...

- Mais ninguém Kuwabara, por favor! - Eu quase nunca o chamava de Kuwabara, e ele notou isso, suspirou.

- Vai, eu vou dizer que você foi pra casa descansar um pouco - Eu agradeci e entrei no carro, ninguém na delegacia diria nada, considerando que eu tinha sido tirado da minha folga pra aquele caso nada mais justo que me deixarem descansar um pouco, ao menos era o que eu pensava.

Acelero o carro e a chuva bate em meu vidro, Botan parecia assustada, disse que recebeu uma ligação estranha, eu devia ter pedido mais informações antes de desligar, mas eu não iria ligar agora, tinha que ficar calmo, eu estava fazendo besteira, aquilo era uma investigação policial e eu estava tratando isso da pior forma possível, eu não faria isso se não tivesse visto a droga do vídeo, eu devo ser um completo idiota, levo a mão até minha cabeça e esfrego no rosto, como se isso fosse de alguma forma me ajudar a pensar direito, suspirei novamente, por que meu coração parecia apertar? Que droga era aquela preocupação? Sim, eu sempre me preocupo com as pessoas, por isso sou um bom policial, mas não daquela forma, não era simplesmente empatia, eu estava me importando, me importando demais com um garota que conheci no dia anterior e com quem passei uma noite, um tipo de instinto de proteção, talvez quase paternal? Seria isso?

- Droga - Falei para mim mesmo enquanto acelerava, as ruas estavam pouco movimentadas, a chuva estava forte, a garota sendo torturada, a imagem dela não saia de minha mente, eu tinha que pensar no caso, não em Botan, eu tinha que falar com Hiei, ele não é do tipo que se envolveria com filmes mortais, mas com certeza poderia me apontar a direção certa, me pergunto o quanto disso ele sabia, também me pergunto o quanto disso Botan sabia, nada, ela era uma garota doce e meiga, ela chorou em minha frente, eu a amparei, droga, DROGA! Eu tenho que parar de pensar nela um pouco, vamos lá Suichi, se concentra, o que nós temos do caso até agora? Deputado corrupto, máfia, pornografia, prostituas, Snuff Films, eu precisava descobrir se ele estava envolvido com os filmes, será que ele os produzia ou só vendia, talvez até participasse deles, começo a imaginar Koenma segurando uma enorme faca com um sorriso distorcido no rosto, aquele maldito, eu deveria dar uma medalha pra quem matou ele ao invés de investigar, quando Botan souber disso ficará arrasada, como assim Suichi? Quando Botan souber disso? Eu não posso contar isso pra ela, você é maluco? Ela é uma civil, para de ser idiota, ainda bem que não cometi nenhuma idiotice, certo nenhuma idiotice além de estar dirigindo relativamente acima do limite de velocidade na chuva pra ir na direção da casa dela, e por falar em dirigir acima do limite, um carro policial com uma sirene surge atrás de mim de lugar nenhum, para lugar algum e eu encosto o carro irritado, as vezes eu esqueço que não estou dirigindo uma viatura, abro a janela e o colega vem até mim.

- Qual a pressa amigo? - Ele pergunta curioso, eu puxo meu distintivo e a carteira de motorista.

- Respondendo uma chamada, acho que me exaltei um pouco.

- Ah você é um colega - Comentou com um leve sorriso no rosto - Foi mal cara, ta sozinho ai? Precisa de reforço?

- Não preciso não, só indo checar uma testemunha - Ele balançou a cabeça levemente.

- Vai mais devagar que está chovendo, você pode se machucar! - Ele voltou, eu fechei a janela e sai mais devagar, ele estava certo, eu estava muito rápido, muito exaltado, Botan parecia assustada, mas não é como se ela tivesse dito que tinha alguém na casa dela, ligações estranhas, de fato o que eu estava indo fazer lá sozinho? Que tipo de idiotice era essa? Que estupidez era essa?

- Que hora são? - Me perguntei olhando para o relógio do carro, só haviam passado dez minutos desde que sai da delegacia, pareciam duas horas, aquele policial me atrasou, mas não queria passar do limite de novo, respirei fundo e continuei dirigindo, estava a menos de sete minutos da casa dela, por que eu agia como se algo fosse acontecer nesse intervalo de tempo? Segui caminho tentando manter a calma, mas era inevitável, que droga era aquela que eu estava sentindo? cheguei até a casa de Botan, parei o carro e desci correndo, sem guarda-chuva, sem nada, a água caiu sobre meu corpo e eu alcancei a porta, bati com força e desespero, meu coração batia muito rápido, meu rosto estava um pouco vermelho e meu corpo todo estava molhado, a porta abriu e eu dei de cara com uma surpresa Botan que me encarou com certa estranheza.

- Tudo... Bem? - Ela conseguiu pronunciar.

- Eu que pergunto isso - Disse com o máximo de calma que consegui simular - Você disse que tinha recebido umas ligações estranhas?

- Você não quer entrar antes? - Perguntou-me com um tipo de preocupação, eu agradeci e entrei, ela fechou a porta.

- Eu vou pegar uma toalha... - Comentou, mas antes que ela se move-se a peguei pelo braço e a puxei.

- O que aconteceu? - Perguntei com certa irritação, ela me olhou um pouco assustada, mas não levou muito pra ela notar que meu estado era muito mais de preocupação do que de qualquer outra coisa.

- Ta... Machucando - Comentou erguendo um pouco o pulso, assustado a soltei e me inclinei em reverencia.

- Desculpe...

- Ta tudo bem Kurama - Disse ela com um lindo sorriso no rosto - Está na secretária eletrônica... - Eu vou pegar uma toalha pra você e já te mostro - Disse ela indo em direção do banheiro, permaneci parado, em silêncio a aguardando, olhei para os lados tentando me desligar e passar aqueles poucos e constrangedores segundos onde eu ficava pingando como um tipo de elemental da água aguardando a moradora me trazer uma toalha, ela finalmente chegou com o objeto e me ofereceu a tomei com calma e nossas mãos se esbarraram, algo tolo e simplório, mas senti como se significasse algo mais, a olhei com calma e tomei a toalha em minhas mãos, me enxuguei tanto quanto possível enquanto ouvia o som da chuva piorando do lado de fora, só não queria molhar a casa de Botan, começava a pensar se aquela casa realmente era de Botan, não seria de Koenma, por quanto tempo o pai dele a deixaria morar lá agora que o filhinho estava morto? Balancei a cabeça, não era hora pra pensar nisso, tinha um trabalho pra fazer, sequei-me o suficiente pra não inundar a casa e a segui até a sala, ela pressionou um botão da secretária eletrônica e a mensagem começou a tocar.

"Mensagem 1, as 3:45 da tarde:

- Qual é Junior? Você não apareceu hoje, ficou com medinho e desistiu do negócio? É o Shura, me retorne!"

"Mensagem 2, as 5:32 da tarde:

- Shura de novo, vamos lá não era você que disse que tínhamos que mudar a forma como os nossos velhos faziam as coisas? Vamos nos encontrar amanhã ao meio dia no mesmo lugar!"

"Nenhuma nova mensagem!"

- Será que o Koenma estava envolvido em alguma coisa ilegal? - Perguntou-me Botan um pouco receosa.

- Não sei, eu vou descobrir - Comentei com calma, peguei o telefone e disquei um ramal que me ligou diretamente a empresa de telecomunicação responsável pela área - Boa noite aqui é o detetive Minamino, poderia descobrir de onde vieram duas ligações feitas a esse telefone? Uma as Três e Quarenta e Cinco da tarde e outra as Cindo e Trinta e Dois! - Após alguns segundos a mulher me disse que haviam sido feitas de um celular descartável a cerca de dez quilômetros de lá, o tal Shura já devia ter saído a um bom tempo, nem poderia ter certeza que o lugar de onde ele ligou era o mesmo que eles haviam marcado, mas era uma pista, anotei o endereço e agradeci, era um parque um pouco longe de lá, me virei para Botan.

- E então? - Ela perguntou.

- Eu vou até o lugar de onde ele fez a ligação e tentar encontrá-lo, acho que você não precisa se preocupar com nada - Um relâmpago, a força da casa caiu, ela parecia assustada, andei até ela e toquei seu ombro - Calma, é só uma falha elétrica, daqui a pouco a energia volta - Ela balançou a cabeça positivamente, estava assustada, não era racional, era apenas medo, todos temos medo de vez em quando, é um instinto, é uma característica evolutiva, eu a puxei pra mim e a abracei pra confortá-la, ela deitou em meu peito e fechou os olhos, como se eu a fizesse se sentir protegida.

- Você pode... Passar a noite aqui de novo? - Não Suichi, você não pode, você precisa ir pra casa, acordar cedo e ir pra delegacia pra avisar seu parceiro e ir com ele encontrar o tal de Shura, você precisa avisar a delegada Genkai que tem uma pista, você ainda vai ter que falar com o Hiei, você não pode passar a noite com ela.

- Posso! - Seu idiota! Suichi seu idiota, como eu posso ser tão medíocre? Suspiro enquanto a mantenho próxima de mim, eu devia ser um grande e terrível idiota pra de alguma forma simplesmente considerar que isso se pareceria com uma boa ideia, eu ia me dar muito mal por causa disso, eu tinha certeza, toquei o rosto dela com minha mão a afastando, minha mão estava fria em contraste com seu rosto quente a pele de minhas mãos um pouco enrugada por causa da água, e a pele macia de Botan, ela me olhou nos olhos e ficamos em silêncio, dizem que você sabe que encontrou alguém especial quando você pode simplesmente calar a boca por um minuto e dividir o silêncio confortavelmente, sem que seja constrangedor, acho que ouvi a Uma Thurman dizer isso em algum filme, aproximei meu rosto do dela e toquei minha testa na dela, era errado, e eu queria mais, e vi que ela também queria, compartilhamos mais alguns segundos de um puro e doce silêncio, então me afastei, por um momento eu fui lógico novamente, ela ruborizou, difícil não notar, mesmo sem luzes.

- Você já jantou?

- Balancei a cabeça negativamente, e ela me levou até a cozinha, como se já tivesse estado lá dezenas de vezes comecei a pegar uma porção de frutar pra dividirmos uma salada de frutas, me sinto um pouco pueril descrevendo esse tipo de coisa, mas creio que seja necessário, coloquei as frutas em uma tigela que ela me cedeu como se tivesse adivinhado o que eu iria fazer, e peguei duas colheres, ela me pegou pelo braço que eu segurava as colheres e me puxou pra sala enquanto levava a tigela na outra mão, se sentou no sofá e me fez sentar ao seu lado tirou uma das colheres de minha mão e pegou uma porção de frutas com ela, achei um tanto engraçado, então ela levou em direção a boca e comeu, mesmo sem engolir tudo, ela tampou a boca com a manga do quimono e disse - Ta muito bom, dei uma leve risada.

- É só uma salada de frutas, não tem muito como errar!

- É sério, muito mesmo, aqui - Ela pegou outra porção e levou em direção da minha boca.

- O que é isso?

- Prova! - Disse ainda com algumas frutas na boca, senti meu coração acelerar, abri a boca e coloquei-a na boca, isso já estava passando um pouco do que deveria ser o limite, e eu não conseguia me importar.

- Você é um ótimo cozinheiro - Comentou ela com um leve sorriso no rosto, eu a puxei pra mim e a abracei, peguei um pouco de frutas e coloquei na boca dela, ela riu um pouco, como um tipo de casal juvenil que se divertia com a simplicidade das coisas terminamos a tigela em alguns minutos ela a puxou e a depositou ao lado do sofá com as colheres ao invés de levar pra cozinha e se deitou em meu colo - Obrigado!

- Pelo que?

- Por cuidar de mim, você realmente não precisava fazer isso.

- Eu... - Quis dizer que era meu trabalho, mas não consegui, não era por isso, a luz voltou quase em seguida - Acho melhor irmos nos deitar - Ela concordou com a cabeça e se levantou quase num salto, me ergui, e a segui até o mesmo quarto que havia dormido na noite anterior, ela separou as coisas, as mesmas que havia me entregue na noite anterior.

- Boa noite Kurama - Comentou ela indo até a porta, a segui para fechar a porta, antes dela sair se virou e me olhou com calma, eu fiz o mesmo, um silêncio curto se seguiu, ela me abraçou novamente - E muito, muito obrigado - Tentador, era muito tentador, o cheio do perfume dela, inundava meu sistema olfativo, meu coração estava muito acelerado, ela notou meu corpo rijo que não retribuía o abraço, provavelmente achando que incomodava, se afastou de mim, me encarou com um leve sorriso, e sem pensar duas vezes eu fiz a maior idiotice possível, a puxei pra mim e a beijei, não era racional, era apenas algo que eu sentia, todos temos isso de vez em quando, é um instinto, não era racional, era apenas um gostar muito forte, era talvez até amor? Tolice, como eu podia amar uma garota que conhecia a dois dias? Finalmente nos separamos, ofegantes e ambos ruborizados - Ela estava vermelha, mais do que meus cabelos, e acredito que eu estivesse em situação similar, tremi, ela parecia assustada.

- Eu... Eu - Ela se aproximou de mim e tocou meus lábios com os dela, sem abrir a boca, sem nada, apenas isso e se afastou - Até amanhã! - Disse saindo pela porta e me deixando sozinho no quarto, com frio e um pouco assustado comigo mesmo, Suichi você é um tremendo idiota, suspirei e fui até o banheiro... Seria outra longa noite.

Continua...


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