Informações Sobre A Vitima escrita por Torai


Capítulo 3
Capítulo 2 - Sorrisos




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- Então er... Kurama... O que você gosta de fazer? - Perguntou ela me encarando tentando puxar assunto, seus olhos estavam inchados, ela precisava se distrair um pouco.

- Eu gosto de ler – Comentei a olhando com calma.

- Ah eu também, tem lido algo de bom ultimamente?

- Eu terminei recentemente de reler 1984 do George Orwell e comecei a ler O Idiota de Fiódor Dostoiévski, e você?

- Sailor Moon e Sakura Card Captors... - Comentou com um enorme sorriso e um pouco corada, dei uma leve risada, aquele sorriso combinava mais com ela, parecia ser uma jovem animada – Você não parece o tipo de pessoa que lê muito mangas não é?

- Confesso que pouca coisa, a ultima coisa que vi acho que foi o Vampiro que ri!

- É bom?

- Eu não acho que seja o seu estilo, mas eu me lembro de ter visto Sailor Moon quando mais novo!

- Sério? Você me lembra um pouco com o Tuxedo Mask – Comentou com um leve sorriso.

- Claro – Disse quase gargalhando – Você consegue me imaginar vestido de smoking com uma cartola e usando uma rosa como arma pra afastar monstros?

- Pra ser sincero consigo – Riu a garota.

- Certo, e você seria a Sailor Mercurio então?

- Eu? Por quê?

- O óbvio ululante? - Perguntou apontando pro cabelo da garota.

- Ah! Isso? Na verdade eu sempre gostei mais da Sailor Moon.

- Bom, acho que ela combina mais com você pra ser sincero.

- Ha, você tá querendo dizer que eu sou boba?

- Na verdade que você é muito espontânea.

- Eu espero que isso seja um elogio senhor Kurama.

- De certa forma é – Disse sorrindo, voltamos ao silêncio, ela finalmente se levantou do sofá – Eu vou preparar algo pra comermos.

- Não precisa se incomodar eu posso...

- Não é incomodo, eu sempre preparei a comida pro... - Ela se calou por alguns segundos, eu pensei que ela ia desabar de novo, mas ela se virou sorrindo – Espero que goste de Yakisoba – Esperei alguns segundos ouvindo o som da chuva, aquela casa era extremamente agradável e tranquila, a chuva parecia ficar mais forte, me levantei e caminhei até a janela, pude ver a água caindo com força sobre as árvores, meu carro estava sendo atingido impiedosamente pela água, era uma cena um tanto quando bonita, uma sensação um pouco nostálgica, a chuva era assim pra mim, me desencostei da janela e caminhei devagar até a cozinha ela esquentava a água com um leve sorriso no rosto, me encostei na parede e fiquei a observá-la, enquanto ela pegava alguns temperos e se preparava para cortá-los, sua mão tremeu um pouco, ela não estava segurando a faca com firmeza, caminhei até ela devagar.

- Calma – Eu coloquei a mão sobre a mão dela apoiando a faca, ela corou – Deixa que eu corto aqui – Ela me encarou e manteve aquele enorme sorriso no rosto, sem me responder nada ela soltou a faca e se virou, comecei a fatiar os temperos sem prestar muita atenção no que ela fazia.

- Então você também sabe cozinhar?

- Um pouco, quero dizer, nada excepcional, mais eu sempre gostei de ver minha mãe cozinhar, ela achava que eu acabaria sendo um "chef".

- E você acabou virando policial, é um ramo bem diferente... - Fiquei quieto, não queria falar sobre aquilo, não devia falar sobre aquilo, mas aquela garota precisava saber que ela não estava sozinha no mundo, que ela não era a única pessoa que tinha perdido alguém.

- Ela é o motivo de eu ter virado policial, minha mãe foi assassinada quando eu tinha 14 anos, desde então, eu jurei que ia encontrar o assassino dela.

- E conseguiu?

- Ainda não – Comentei calmamente, parei de cortar os temperos por um momento e me virei pra encará-la.

- Sinto muito.

- Não se preocupe com isso – Disse dando um leve sorriso – Vamos lá que você deve estar faminta – Ela riu um pouco e não falamos mais até que a comida estava pronta, colocamos em nossos pratos.

- "Itadakimasu!"¹ - Disse ela com um enorme sorriso no rosto, ri um pouco, ela parecia uma criança de frente pra um prato que adorava, começou a comer rapidamente o Yakisoba, surpreendente, aquela garota não parecia em nada com o que eu imaginava como a esposa de um mafioso, como ela tinha ficado com Koenma? Essa pergunta não saia de minha cabeça, aquele deputado podia ter a garota que quisesse é claro, e sim, Botan era uma moça linda, mas toda essa espontaneidade, ela não parecia nem ser capaz de guardar um segredo, claro, eu ainda não tinha certeza disso, mas ela parecia uma garota meio atrapalhada que podia estragar tudo por acidente, ri de mim mesmo com essa ideia, provavelmente estava lembrando de Sailor Moon, as coisas não funcionam assim, eu podia estar sendo enganado desde o momento em que entrei naquela casa, mas por alguma razão não era isso o que meus instintos diziam, eu realmente queria confiar em Botan, mesmo sem entender o porquê.

- Isso está muito bom – Comentei sorrindo, curioso o quanto estou forçando sorrisos hoje, uma tentativa de influenciá-la talvez? Nem eu tinha certeza, eu só queria parecer amistoso e deixá-la confortável, os cabelos azuis dela vez ou outra entravam na frente de seu rosto e ela os puxava pra trás com as mãos um tanto quanto apressada, ela parecia ter se esquecido que estava triste, terminou de comer alguns minutos antes de mim, que passava mais tempo apreciando a visão daquela garota de kimono, mal arrumada, e um tanto elétrica, era muito divertido vê-la se movimentar, de alguma forma, eu não queria arriscar deixá-la triste de novo, era como se a felicidade dela fosse contagiante, o fato dela estar feliz me deixava feliz, ao terminar peguei a louça e levei até a pia decidido a lavá-la, sabão e água, o telefone dela tocou, eu abri a torneira e deixei a água caindo, a ouvi pegar o telefone, fazendo o mínimo de barulho possível caminhei até a entrada da cozinha e me encostei na parede.

- Sim, sim eu sei – Dizia ela no telefone, pausando em alguns momentos para ouvir quem quer que fosse que a havia ligado – Não, eu to bem! Não se preocupe – Dizia ela, parecia querer encerrar logo aquela conversa – Tenho certeza – Ela suspirou – Sim, já veio um policial aqui – Comentou, não me movi o som da chuva dificultava um pouco para que eu ouvisse, tal qual a torneira aberta próxima de mim – Não, ele ainda está aqui, tá tudo bem... Ta... Tchau – Ela desligou o telefone e suspirou, fechou os olhos por alguns segundos, eu volto a pia e começo a lavar a louça tão rápido quanto posso, ela aparece na cozinha.

- Quem era?

- Meu... - Ela pausou e me lançou um olhar um pouco triste – Antigo sogro – Pausei por alguns segundos, olhei pra ela e aguardei que falasse algo.

- Algo de errado?

- Não, desculpe – Me virei e voltei a lavar a louça, ela correu até mim.

- Me desculpe, deixa que eu lavo isso, você não precisava...

- Tudo bem, eu não ligo, estou acostumado a lavar minha própria louça.

- Não seria justo, você já me ajudou a fazer a comida, e fui eu quem te pediu pra ficar aqui...

- Não, de verdade não é nenhum incomodo – Ele tentou tomar um copo de minhas mãos, eu o soltei e segurei seu pulso, cruzamos nossos olhos mais uma vez – Deixa que eu faço isso – Disse um pouco mais firme, porém sem parecer irritado, ela se afastou e foi pegar um pano de prato – Pelo menos eu seco... - Confirmei com a cabeça e assim seguimos até que tudo estivesse guardado, ela serviu outra xícara de chá a mim e a si mesma, voltamos andando até a sala, sentamos e nos encaramos – Está ficando tarde – Comentei imaginando se ela me diria para dormir no sofá.

- Verdade... Eu vou te levar pro quarto de hóspedes – Comentou ela se levantando, ela andou até a escada e eu a segui calmamente, ela abriu a porta e pude ver o enorme recinto, era maior que o meu quarto, possuía uma cama de casal enorme, uma escrivaninha e um banheiro próprio, um pequeno guarda-roupa, a cama estava arrumada, ela abriu a estrutura de madeira e me indicou roupas limpas, que disse serem novas.

- Se quiser ir tomar banho, eu acho que vou me deitar... - Disse ela calmamente.

- Tudo bem... - Ela se aproximou de mim e beijou meu rosto.

- Obrigado... Por ficar aqui... - Ela disse e saiu da porta, meu rosto estava vermelho, respirei fundo, agora eu tinha um problema, peguei as roupas e fui para o banheiro tomar banho, seria uma longa noite, respirei fundo e sorri, minha investigação estava apenas pra começar.

Continua...


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Notas finais do capítulo

1. Itadakimasu: "Expressão japonesa que indica agradecimento pelo alimento".

Nota do Autor: Eu particularmente não gosto de usar termos e expressões em japonês no texto (basta notar a ausência de sufixos como: "chan" ou "san") mais nesse caso eu achei que substituir "Itadakimasu" por exemplo por "Obrigado pela Refeição" quebraria um pouco a idéia do clima enfim... Espero que gostem...



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