Amélia segurava um copo com água decidindo se tomava um gole ou não. Ela também se dividia em observar Gabe e Anne. Ela viu a amiga conversando com Will e ficou tentada a se juntar a eles. Além disso, tinha que aturar Alex fazendo piadinhas que,provavelmente, eram para tentar anima-la mas que só estavam conseguindo deixa-la mais nervosa.Ah, também haviam suas mais novas descobertas no livro de Lily...

Resumindo: ela era uma pilha de nervos.

– Alex, será que você podia , por favor, fechar a boca por um minto? - perguntou.

O garoto fechou a boca e olho para a amiga com as sobrancelhas franzidas.

– Só estou tentando levantar o astral. - respondeu

– Está falhando miseravelmente- resmungou Jerome

Alex lhe deu um soco no ombro, fazendo ele perder momentaneamente o equilíbrio e tentasse se apoiar em Amélia, que simplesmente deu um paço para trás, fazendo-o cair de cara no chão.

– Isso até teria graça se eu não estivesse tão nervosa- comentou Amélia, finalmente tomando um gole d'água.

– Oi - disse Charlotte se aproximando - desculpe a demora, mas eu não consigo me livrar dos meus pa...

Ela parou de falar encarando Jerome, estendido no chão. Ele ficou vermelho e acenou timidamente para ela.

– Oi - conseguiu dizer

– O que ele está fazendo no chão? - perguntou apontando para Jerome.

– Ele o empurrou- respondeu Amélia apontando para Alex

– O que? Não. Jerome só achou que o chão precisava de um abraço. - riu ele

– E nó voltamos as piadas que falham miseravelmente... -resmungou Jerome se levantando.

Alex com certeza teria derrubado ele de novo se a princesa não estivesse na sua frente

– Enfim , - disse Charlotte voltando o olhar para Amélia - vocês sabem onde está Anne? Eu não a vi a festa toda...

– Oh, ela estava ali conversando com o Will...ai - se interrompeu Alex - Amélia , esse é meu pé!

– Conversando com Will- pegunto Charlotte

– Sim, Will salvou Anne quando ela era pequena. Ele a trouxe para cá. Você não sabia - se apressou em responder Amélia

– Oh, não - respondeu ela

Amélia abriu a boca para dizer algo, mas ela não falou pois nesse exato momento, Alex deu outro soco em Jerome, que desta vez acertou Amélia a fazendo derramar seu copo em Charlotte.

– Ai meu Deus ! Alex eu vou te matar! - exclamou a loira - Charlotte seu vestido...

– Sem problemas. - disse - é só um pouco de água. Eu vou dar um jeito nisso.

– Eu vou com você - disse Amélia entregando seu copo para Alex.

– Alex, você é um idiota - disse Jerome

– O que? Eu vi que você ia dizer alguma coisa...

– E por que você não me deixou falar?

– Amélia estava falando- ele deu de ombros

Jerome revirou os olhos

– Dá próxima vez tente algo mais sutil-disse se afastando.

– como eu poderia ser mais sutil? - perguntou em voz alta e, reparando que estava sozinho , tratou de se juntar a Gabe e Beatriz.

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Anne estava encostada num canto do salão tentando chamar o minimo de atenção possível. De lá ela conseguia observar Lady Melaine. Estivera a observando a noite toda ela não havia feito nada a não ser conversar. Isso estava começando a se tornar entediante.

"Talvez Will estivesse certo" Pensou " Talvez ela não faça nada hoje"

Ela reparou em Beatriz , Gabe e Alex rindo do outro lado do salão e desejou estar com eles. Também desejou nunca ter contado nada a eles. Odiava o sentimento de angustia que sentia por estar colocando eles em perigo.

Ela também reparou em Will que estava junto de alguns outros arqueiros, Anne não os reconheceu. Mas ela reparou que ele também observava Melaine. De um modo bem mais discreto que ela, mas ele observava.

Anne deu de ombros mentalmente. Melaine com certeza sabia que era ela ouvindo atrás da porta. Seu capacho já teria lhe contado que perseguiu uma garota baixinha, de cabelos castanhos. Isso seria o suficiente para a Lady ligar os pontos.

Anne só rezava para que ela não desconfiasse de seus amigos.

Mas algo a tirou de seus devaneios: a empregada. Aquela mesma empregada.Ela serviu a Lady Melaine e ao grupo de damas ao seu redor. Melaine pegou uma taça e sussurrou algo no ouvido da empregada, que assentiu e se retirou.

Então se virou e seu olhar encontrou o de Anne. Ela fez a ultima coisa esperada: ela sorriu. Sorriu e levantou o cálice na direção dela, fazendo com que as mulheres a sua volta olhassem para ela. A Lady disse algo que as fez rir e Anne sentiu seu rosto esquentar.

Ela olhou para os lados, procurando a empregada. Estava determinada a descobrir o que Lady Melaine pediu que ela fizesse.

E ela já tinha um bom palpite.

Ela a avistou a poucos metros da cozinha e tratou de segui-la, mas digamos que é um pouco difícil correr por um salão cheio de pessoas e tentando não chamar atenção.

A criada mudou de repente de direção, fazendo com que Anne quase trombasse com um homem. Ela a seguiu até um corredor vazio do primeiro andar. Ela estava quase a alcançando quando uma mão a puxou pela cintura e outra tapou sua boca.

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Amélia nunca vira um vestido que secasse mais devagar do que o da princesa. As duas estavam em um corredor vazio e ela estava tentando seca-lo com guardanapos.

Pensando melhor agora, não parecia uma ideia tão boa.

– Argh!- resmungou- eu devia ter pegado uma toalha.

– Está tudo bem- disse Charlotte - Acho que nem dá mais para ver ....

– Me desculpe mais uma vez- disse Amélia, voltando ao trabalho de secar o vestido - Alex é mesmo um idiota...

– Não precisa se desculpar. E eu não acho que ele seja um idiota....

– Charlotte? Ah, finalmente te achei... - disse uma voz no fim do corredor

– Ah, não...-murmurou a princesa e , se virando, disse - Mãe! Por que estava me procurando?

Cassandra parou ao lado da filha , cruzando os braços. Assim, com as duas lado a lado, era impossível que Amélia não reparasse no quanto as duas eram parecidas: os mesmos cabelos loiros e os mesmos olhos claros. Charlotte também era tão magra quanto a mãe.

– Ora, é o seu aniversário - respondeu ela - essa festa é para você.

– Ah, é verdade...- murmurou Charlotte. Ela estava tão acostumada a fugir de seus pais em festas como esta que se esquecera.

Cassandra riu e passou o braço pelos ombros da filha.

– Venha. Pelo menos faça um brinde comigo e com seu pai e então eu deixo você fazer o que quiser. - disse - também não estou muito em clima de festa...

– O que houve?- perguntou Charlotte olhando para mãe

– Seu avô não está se sentindo bem... quero terminar logo esta festa para ficar junto com ele...

Amélia sentiu um arrepio pela espinha e foi como se um milhão de alarmes tocassem avisando : perigo. Ela devia ter ficado algum tempo paralisada pois quando voltou a si , Cassandra e Charlotte já estavam voltando pelo corredor . Ela correu até elas.

– Ei, her... vossa majestade - começou ela - será que eu ... eu poderia ir com vocês? Eu não quero... her... ter de brigar com Alex. Digo agora, na festa.

– Você vai mesmo brigar com ele ? - perguntou Charlotte

Amélia colocou as mãos na cintura.

– Ele não pode ficar empurrando Jerome quando ele quiser. - respondeu.

Charlotte riu e a pegou pelo braço, a arrastando pelo corredor.

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Sem pensar, Anne tentou gritar. Ao perceber que a mão abafava seus gritos, ela mordeu-a, fazendo o seu dono soltar um grunhido de dor. Então ela pisou no seu pé e lhe deu uma cotovelada na barriga fazendo com que ele a largasse.

Anne se virou , encarando o homem a sua frente. Ela o reconheceu quase imediatamente, afinal era difícil esquecer o rosto da pessoa que te perseguiu e tentou atirar uma faca na sua cabeça.

Os dois passaram um tempo se analisando antes que ele atacasse. Ian partiu para cima de Anne mas ela simplesmente se desviou dele. Ela não conseguiu ser rápida o suficiente da segunda vez, fazendo com que ele agarrasse seu pulso e dobrasse seu braço nas costas, o torcendo. Anne soltou um grito de dor e chutou a virilha de Ian , fazendo com que ele lhe soltasse mais uma vez.

Assim que ele se afastou , Anne juntou toda força que tinha e bateu o cotovelo no nariz dele. Ela pode ouvir o som de algo sendo quebrado e o urro de dor de Ian , que simplesmente a empurrou contra a parede, fazendo ela bater a cabeça.

Enquanto Anne caia de joelhos tentando recuperar os sentidos, Ian apalpava o nariz, avaliando os danos. Mas não havia como negar: aquela pirralha havia quebrado o seu nariz e , provavelmente, ele nunca voltaria a ter a mesma boa aparência.

Ele se voltou para Anne com um olhar assassino e , ela tinha que dizer que, com o sangue escorrendo do nariz e aquele olhar, Ian parecia um demônio.

Ele retirou do cinto uma adaga negra. Anne arregalou os olhos para a faca e se levantou. Ela tentou correr, mas seus sentidos ainda estavam confusos. Ela tropeçou e Ian a agarrou pelos pés e a fez se virar para ele.

Mas antes que qualquer um dos dois pudesse fazer qualquer coisa, algo colidiu com a cabeça de Ian com um estrondo e milhões de cacos de porcelana voaram para todos os cantos. Isso obrigou Anne e fechar os olhos e tentar proteger o rosto com as mãos.

Ian tombou com um baque surdo para o lado. Anne abriu os olhos lentamente, se erguendo nos cotovelos para ver quem a havia salvado. Ela mal pode conter um suspiro de alivio ao ver a massa de cabelos ruivos parada a poucos metros dali, ainda com o braço esticado na posição do arremesso.

– Lily - disse Anne- que alivio. Pensei que estivesse encrencada.

– Você está bem?- perguntou ela se aproximando e ajudando a amiga a se levantar.

– Com alguns arranhões, suponho, mas acho que sim - disse limpando os cacos do vestido e do cabelos.- o que você jogou nele?

– Um vaso - respondeu ele

Anne pensou em perguntar aonde ela arranjara aquilo, mas acabou decidindo que não queria saber.

– Será que eu matei?- perguntou Lily preocupada

– Tomara que sim - bufou Anne

– Não diga uma coisas dessas!

A morena revirou os olhos e se abaixou, colocando a mão na frente da boca de Ian.

– Não- respondeu - está respirando.

Lily suspirou aliviada, mas logo seu rosto ficou tenso novamente.

– O que vamos fazer com ele?- perguntou apontando para o homem.

– Vamos deixa-lo ai - disse Anne pegando o braço da amiga - Ele estava tentando me matar. Tenho certeza que vai inventar uma boa história por nós. Agora vamos voltar para a festa. Ainda temos algumas coisas para fazer.

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Amélia nunca havia se sentido tão perdida como naquele momento. Enquanto Charlotte conversava com a família, ela ficava encostada na parede observando a festa. Na realidade estava procurando Anne. Ela não achava mais a amiga em canto nenhum e estava começando a ficar preocupada.

Ela sacudiu a cabeça de leve. Aquilo era uma festa enorme. Era fácil perder qualquer um de vista. Talvez Alex tivesse rasão, ela se preocupava demais.

Ela se virou quando Charlotte a chamou para pegar sua bebida e Amélia quase teve um ataque do coração.

Era aquela empregada, aquela que Anne havia mostrado no corredor. Mas, se ela era o capacho de Melaine e estava servindo as bebidas.....

"Não, não, não,não....." Pensou "Por que eu?"

Ela segurou Charlotte pelo braço e sussurrou :

– Não deixe sua mãe tomar aquilo.

A garota olhou para ela como se fosse louca e ela continuou:

– confie em mim.

A princesa analisou o rosto dela, como se para dizer se estava mentindo ou não. Mas ela não teve tempo de responder nada, sua mãe a chamou para fazer um brinde. Charlotte foi andando na direção dela, se obrigando a pensar em um modo de arrancar aquela taça da mão dela. Ela viu o desespero de Amélia. Ela não estava mentindo.

Ela se obrigava a pensar em algo, mas sua ideia só chegou quando eles fizeram o brinde e sua mãe estava prestes a beber da taça.

– Espere. - ele disse.

Seus pais pararam a encarando. Charlotte se dirigiu a mãe.

– E vinho que vocês estão tomando , não é? Eu quero experimentar. - disse

Cassandra riu, estendendo a taça para filha.

– Só um gole, está bem?

Charlotte assentiu e tomou um gole. A bebida era um pouco mais acida do que ela esperava mas se obrigou a não fazer uma careta.

– Nossa! - disse - isso é muito bom!

E depois virou a taça inteira na boca, sobre os protestos dos pais, é claro.

– Eu disse só um gole, Charlie.- disse sua mãe arrancando a taça de sua mão e recolocando-a na bandeja da criada.

– Desculpe, mas era muito bom!- disse ela se afastando para se juntar a Amélia, que parecia estar a beira de um ataque cardíaco.

– O que foi?- perguntou Charlotte ao ver a cara dela.

Como que por uma força do destino, Lily e Anne se reúnem as duas nesse exato momento. A morena, ao notar a cara de Amélia pergunta a mesma coisa que Charlotte.

– Digamos que as coisas fugiram do controle. - responde a loira.