Em um primeiro momento, uma serie de palavrões e xingamentos passaram pela cabeça de Anne. Ela sentiu como se todo o seu sangue tivesse ido para os pés. Ficou tão assustada que demorou uns dois segundos para identificar de quem era a voz.

– é estranho. – disse ela soltando o ar que havia prendido.

– o que? Que eu tenha te encontrado? – perguntou a voz.

– é.- respondeu Anne. – Pessoas normais raramente olham para cima.

– Eu sou um arqueiro.- disse Will – sou treinado para fazer o que as pessoas normais não. Eu acho.

– Acho que eu devia ter imaginado isso.- disse ela olhando para baixo e vendo o arqueiro sorrir.

– Mas isso não responde minha pergunta: o que você está fazendo aqui? Não vai a festa da princesa?

– Sim, mas ainda tenho algum tempo.

– Garotas normais não demoram mais que 15 minutos para se arrumar?

–desde quando sou uma menina normal? – riu Anne.

– touché.- ele riu.- mas ainda acho que você deveria voltar.

Dessa vez Anne não lhe respondeu. Apenas o encarou tristemente.

– o que aconteceu? – ele perguntou.

– Nada.- suspirou Anne olhando para o céu.

O tom dela deixava claro que não queria mais conversa, mas não ouviu o arqueiro ir embora. E, para a sua grande surpresa , quando olhou para baixo encontrou apenas o cavalo.

O arqueiro não estava mais lá.

– O que aconteceu?- perguntou uma voz de um galho ao lado.

Ela quase caiu da árvore ao ver o arqueiro. Como ele havia escalado tão depressa? E como ela não o havia visto?

– Um dia ainda vou descobrir como você faz isso.- disse

– Eu não tenho duvidas – disse ele- mas você ainda não respondeu a minha pergunta.

Anne deixou toda a sua emoção se esvair do rosto enquanto encarava o arqueiro. Mal ele sabia que ela travava uma batalha com a sua consciência...

“ conte logo!!!”

“ não!” respondeu ela “ não posso!!!”

“você não confia nele???”

“claro que sim, mas quanto menos gente envolvida melhor... “

“esse pensamento não tem logica levando em conta que você meteu os seus melhores amigos e o seu irmão nessa...”

“ vai me acusar agora??? Isso foi ideia sua!”

“eu nunca disse para você fazer isso!”

“ora, cale a boca!”

“Só quando você contar toda a verdade á ele!”

“ Eu não vou!”

“Ela vai tentar mata-lo! Ele tem o direito de saber!”

“ Eu não vou contar!!!!”

“ Ah, você vai. E vai ser agora! Pense bem, Martinez. Você é apenas uma criança. Seus amigos também. Você realmente acha que vão conseguir algo contra uma mulher que está conspirando contra o rei??”

Anne suspirou, se dando por vencida.

– Tudo bem. Eu conto. – ela disse em voz alta fazendo Will arquear uma sobrancelha.- o que aconteceu.- explicou.

Ele fez um sinal para que ela continuasse. Anne tentou por os pensamentos em ordem, mas quando tentou fazer isso, tudo ficou mais confuso.

– Não sei por onde começar.- confessou.

– Tente pelo começo- disse ele.

– Se lembra quando Lady Melaine ficou brava por termos chegados encharcados?? – perguntou ela – Então. Eu descobri algo naquela noite – continuou quando ele assentiu – eu derrubei uma taça de vinho e , depois , derramei uma com água por cima. Dessa mistura, uma espécie de liquido se separou: veneno.

Will se de brocou na direção dela.

– Na taça de quem? – perguntou ele.

– Ao que tudo indica? Na de Katherine. É por isso que ela desmaiou. Ela não está doente. Ela foi envenenada. Mas isso foi por engano. Na verdade, ela queria envenenar o rei. E ela conseguiu. Hoje de manhã. No café.

– Espere.- disse o arqueiro- ela quem?

Anne endireitou a postura.

– lady Melaine.

Will abriu a boca para dizer algo, mas ela levantou a mão em um sinal de silencio.

– Sei o que está pensando e não. Não falaria uma coisa dessas se não fosse verdade. E é. Eu ouvi. E pelo que escutei, ela quer se livrar da princesa Cassandra. Hoje na festa.- disse ela

– você diz Evanlyn?

– Quem?- perguntou Anne e depois completou sorrindo- é como um código? Pra princesa, eu digo.

– Não- riu Will- é uma longa história. Mas com quem ela conversava? E por que não disse isso antes?

– Não sei com quem, mas sei que era um homem, pela voz e porque ele me perseguiu. E não disse nada antes para que ninguém duvidasse de mim. Queria ter certeza.

– Você foi descoberta?

– Fui, mas não creio que isso seja um problema.

– Como isso não é um problema? – perguntou o arqueiro, surpreso.

– Porque eles já estavam planejando me matar de qualquer jeito- respondeu ela, dando de ombros – e disseram que, se você ou Halt se metessem, também envenenariam vocês.

– É por isso que está me contando, então.- disse Will – para eu ficar esperto?

– Sim. Sei que você ia acabar desconfiando e que, mais cedo ou mais tarde, ia descobrir.

– Agradeço por pensar que sou tão esperto, mas que tipo de coisa eles planejam fazer hoje?

– eu não sei.- admitiu Anne – não consegui pegar a conversa até o final.

Os dois ficaram em silêncio por algum tempo, apenas olhando para o castelo quando Anne se lembrou de algo.

– Os remédios da Lily! – exclamou dando um tapa na própria testa – como pude me esquecer?

– Lily precisa de remédios?- perguntou Will, franzindo as sobrancelhas.

– Não são para ela. São para a mãe dela.- mentiu Anne- na verdade, para algum paciente, eu acho. Ela me pediu isso, mas então eu vi Lady Melaine e acabei a seguindo... Caramba, ela vai me matar!!! – disse enquanto descia da árvore.

Assim que seus pés tocaram o chão, ela começou a correr em direção á cidade.

– Anne!- chamou Will.

– Vejo você no baile! – gritou ela por cima do ombro e saiu em disparada.

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Amélia andava de um lado para o outro do quarto enquanto enrolava um de seus cachos.

– Ela está demorando demais....- disse

– Se acalme Mia... – disse Gabe, mas aparentemente seu comentário serviu apenas para deixa-la mais nervosa.

– Nunca peça para uma garota ficar calem, Gabriel. – disse Beatriz jogada na cama de Lily.

Eles haviam chegado á algum tempo e Amélia fez questão de esperar a amiga voltar para contar o que tinha descoberto.

– Por que não nos conta de uma vez, Amélia?- pediu Harry.

– Déeg á em petrr – disse Lily com um pincel na boca enquanto pintava a parede do quarto e , vendo que foi uma má ideia , tirou-o - Deixe-a em paz. – repetiu.

– O que você está fazendo?- perguntou Samantha á ruiva.

– Lily é fanática por pintura- explicou Harry – então ela decidiu pintar a parede do quarto.

– Senti um leve tom de sarcasmo na sua frase.- respondeu ela voltando a pintar.- não sei porque se incomoda tanto. Eu que paguei as tintas. Eu que comprei os pinceis. Este é o meu quarto.

– Ainda acho isso , você sabe , artes, um tremenda bobagem. Não vai te levar á lugar algum. – respondeu-lhe o irmão.- tenho medo que isso lhe dê falsas esperanças.

– Eu acho que você pinta bem- disse Samantha, totalmente alheia aos comentários de Harry- o que está pintando.

– Não tenho uma ordem certa.- disse ela dando de ombros – pinto o que sinto vontade. Ali , por exemplo, desenhei um jardim morto cheio de corvos- disse apontando- mas deste outro lado desenhei um monte de flores. Desenhei o castelo também e aqui a floresta. Agora estou pintando um pássaro que vi hoje de manhã. E ali eu vou deixar um espaço em branco para colar as coisas que a invenção de Jerome faz.

– Que invenção? – perguntou Samantha

– Uma maquina que registra momentos.- disse a ruiva- é incrível!

– Mas quase te deixa cego- comentou Beatriz.

– Obrigado pela parte que me toca- respondeu-lhe Jerome.

Ela se limitou a rolar os belos olhos azuis. Nesse momentos, a porta do quarto foi escancarada, dando espaço para uma Anne totalmente descabelada, ofegante e pálida.

– Seus remédios – disse jogando o pacote para Lily, que o apanhou e caminhou em direção á Samantha.

– Meus Deus, Anne! O que aconteceu com você??

– Sente-se que essa história vai ser longa- disse a morena.

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Lady Melaine andava de um lado para o outro da sal, inquieta. Ian já estava demorando demais. Quem poderia estar escutando s dois por trás da porta? Ela havia sido extremamente cautelosa para que ninguém a seguisse.

Finalmente a porta se abre, dando passagem a Ian. Todo suado e sujo, mas Ian.

– O que aconteceu?- pergunta a lady, ao ver o estado do cavaleiro. – descobriu quem estava atrás da porta?

– Uma... uma garota. Baixinha...- disse ele

– Martinez!- disse Melaine –por que eu não adivinhei que era ela?

– A garota enxerida?

– sim , ela mesma. – disse a lady dando as costas para ele.

– você acha que ela ouviu algo?

– Tenho certeza.- disse Melaine. – falando nela, onde ela está?

O homem deu de ombros.

– ela fugiu.- disse.

Lady Melaine se virou e pegou Ian pelo colarinho.

– Está me dizendo que deixou uma criança fugir de você???? Uma garotinha de 6 anos conseguiu te enganar???? – vociferou ela.

– A menina é espera! – conseguiu dizer ele – ela fugiu para a floresta e me despistou lá.

– E como sabemos ela é muito bom em fugir em florestas , não Ian?

De repente, os olhos de Ian ficaram duros e seu rosto sem emoção. Ela pegou as mãos da Lady e as afastou de sua camisa.

– Eu já entendi. A culpa não é minha se não estou acostumado com alvos tão pequenos e rápidos. – disse.

– Pois trate de se acostumar.- respondeu-lhe Melaine, massageando os pulsos – Por que a partir de agora, sua caçada só termina com aquela menina morta.

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– VOCÊ FEZ O QUE??? – berrou Amélia se levantando da cama.

– Se acalme , Amélia. – disse Anne. – eu simplesmente segui Melaine e ouvi essa conversa dela...

– E então, você tropeçou no próprio pé...- disse Lily

– Uma tremenda estupidez, na minha opinião. – disse Beatriz

– E fugiu de um homem...- continuou Harry

– Que quase atirou na sua cabeça.- disse Jerome, seu tom de voz mais aflito que o normal.

– nossa! Por que será que ele errou?- ironizou Beatriz

– E fugiu pela floresta, despistando o cara.- disse Alex

– E então contou tudo para o Will.- completou Gabe.

– PENSEI QUE O COMBINADO ERA NÃO CONTAR Á NINGUÉM!!!! – disse ( lê-se berrou ) Amélia.

– Acalme-se Mia!- disse Gabe

– NÃO ME PEÇA PRA FICAR CALMA QUE É AI QUE EU ME ESTRESSO!

– Tudo bem , então...- disse ele

– Mas, se eu entendi direito, Katherine foi envenenada por engano e agora está sobre efeito de um sonífero, o rei foi envenenado hoje pela manhã, Melaine quer se livrar da princesa hoje á noite e os únicos adultos que podem nos ajudar são o arqueiro e o Jonathan?

– Sem contar o fato que agora ela sabe que Anne sabe que ela está por trás disso. – acrescentou Bia.

– Será que ela sabe que nós sabemos? – perguntou Harry

– Será que ela sabe que nós sabemos que ela sabe que nós sabemos?- perguntou Alex

– Nós nem sabemos se ela sabe que nós sabemos!- disse Amélia

– Ok, agora eu fiquei um pouco confusa...- disse Anne.

– Que bom, por que eu não estou entendendo nada.

Todas as cabeças se viraram em direção á Samantha, que permanecera tão quieta que todos os presentes haviam esquecido que ela estava lá.

– Isso – disse Beatriz no ouvido de Gabe – vai ser um problema.

O loiro assentiu.

– Her...- começou Alex

– eu já entendi que o rei foi envenenado e uma amiga de vocês. – disse ela – e que agora Annie...

– Anne.- corrigiu

– que Anne está correndo perigo com essa tal de milady... – continuou- e que quer se livrar da princesa nessa festa de hoje....

– Meus Deus !!! a festa!- disse Amélia – ainda temos que nos arrumar!

– Não. Eu estou bem assim.- disse Beatriz

– Nós temos que voltar para o castelo. Agora!- insistiu Amélia.

– Concordo- disse Anne- ela já sabe que eu sei, mas não quero que suspeite de vocês.

– Lily!!!! – chamou uma voz do andar de baixo. – filha, você está no quarto???

Lily murmurou um palavrão.

– Vocês tem que sair daqui! Agora! – disse ela.

– Lily! Harry!- chamou Louise novamente.- vocês estão em casa???

– Se escondam!!! – disse Harry.

O quarto se tornou um pandemônio silencioso enquanto os protegidos e Samantha procuravam um lugar apara se esconder. Samantha se escondeu embaixo da cama de Lily, Beatriz e Gabe em baixo da de Harry, Amélia foi atrás do guarda-roupa.

Alex se enfiou dentro de um armário de Lily, jogando para fora os cadernos que ela guardava lá dentro. Anne empurrou ele para o canto e entrou junto com ele. Como o armário não era lá tão grande, ela ficou com as botas na cara dele e ele meio curvado por causa da altura. Nesse momento desejou ser tão baixo quanto a amiga.

Jerome ficou tão nervoso que deu dois giros de 90 graus para cada lado antes de ficar colando na parede ao lado da porta, segundos antes de ela se abrir, fazendo com que ela fosse com tudo na sua cara.

Lily fingiu estar recolhendo a bagunça que Alex fez e Harry se deitou na cama, fingindo estar dormindo.

– Lilian! Que bagunça e essa? E eu já não te disse que não é para você deixar seu irmão dormir a tarde?- disse Louise caminhando na direção do filho.

– Eu tenho cara de babá? – disse a ruiva.

– Não me responda , mocinha! – disse apontando o dedo para ela e depois começando a chacoalhar Harry – Harry! Harry! HAROLD ACORDE!!!

O grito foi tão forte que fez o menino cair da cama com um forte estrondo, o que foi uma sorte danada , pois Alex começou a rir do nome do amigo. Bem, isso até Anne lhe dar uma botada na cara.

– Já disse que é para me chamar só de Harry, mãe! – disse ele se levantando e arrumando a blusa.

– Não vejo problema, afinal é o seu nome. Você não vê sua irmã reclamando por eu a chamar de Lilian.

– Na verdade , eu reclamo sim.- disse a ruiva

– Preciso de vocês lá embaixo para ajudar com algumas encomendas.- disse a mãe, totalmente alheia ao comentário de Lily. – Mas antes , limpem essa bagunça! – e dizendo isso, saiu .

Assim que ela fechou a porta Jerome caiu no chão, Alex chutou a porta do armário e os outros saíram de seus esconderijos.

– Sério cara, você devia limpar debaixo da sua cama.- disse Beatriz, tirando um resto de um lanche mofado dos cabelos.

– Grosso.- disse Lily para Alex.- você podia ter amassado!- reclamou enquanto guardava os cadernos de volta no armário.

Tanto Harry quanto Alex deram de ombros. Bom, isso até ele perceber que tinha manchas de lama na sua camiseta.

– Ah, não..- disse ele- Anne!!

– Desculpe.- disse ela

– Vocês tem que ir. Agora- disse Lily –Harry, leve eles lá embaixo. Samantha , você fica aqui por enquanto. Se alguém entrar aqui, se esconda.

– é, nós mostre o caminho Harold. – riu Alex

Harry respirou fundo se perguntando qual de seus pais teve a brilhante ideia de lhe dar aquele nome.

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– Não , Amélia.- disse Beatriz pela milésima vez.

– Mas Bia....- insistiu a loira.

– Não é não e ponto. E pare de me chamar de Bia!

– Mas...

– Amélia! Eu sou uma criança! Não vou usar um corpete!

– Mas devia! É uma ocasião especial....

– você quer que eu morra asfixiada?

– Ora, nem prende tanto o ar assim!- retrucou a loira.

– ah, prende!- disse Anne enquanto penteava os cabelos.

– Afinal de que lado você está?- perguntou Amélia.

– Do lado que diz que respirar é mais importante que ficar com o corpo definido. – retrucou Beatriz. – e você também não deveria usar!

– mas vou – disse ela.

– Deixe-a- disse Anne- ela é pior que uma mula empacada.

– Está querendo dizer que sou teimosa?- perguntou Amélia

– Exato.

Mia revirou os olhos e Beatriz riu. Depois de alguns minutos , as três estavam prontas. Encontraram os meninos no meio do caminho, e para surpresa delas, Gabe estava com eles.

– Pensei que fosse com seus amigos.- disse Amélia.

– Não podia deixar minha irmãzinha sozinha no baile!- disse ele abrindo os braços.

– Nem eu ! –disse Jerome.

– Deuses, meses mais velho e ele se acha um ancião!- disse Anne dando um tapa na própria cara.- agora entendo o desespero da Lily.

Ele se limitou a rolar os olhos.

– É engraçado.- riu Beatriz.

– O que?- perguntou Alex

– ver vocês limpos, arrumados e com a camisa dentro da calça- explicou ela.

Dessa vez, Anne e Amélia riram. Bem, até seus irmãos lhe lançarem olhares desaprovadores.

– Então- disse a loira- o que faremos hoje a noite?

Anne abriu a boca para dizer, mas a fechou. Seu olhar caiu sobre um grupo de empregadas se organizando no fim do corredor. Uma delas olhava diretamente para eles. Ela já havia visto ela antes.... sim. Aquela empregada que limpava os corredores. Sim, ela a via quase todas as manhãs...Mas ela já havia visto essa mulher limpando outros corredores, servindo a mesa.... como em um castelo tão grande elas podiam se cruzar mais de 6 vezes por dia?

Foi então que a cabeça de Anne começou a trabalhar.

– Anne?- perguntou Amélia – o que você....?

– Não olhe- disse ela sem mexer os lábios. – me sigam. Quero testar uma teoria.

E dizendo isso, se virou e começou a caminhar em direção a cozinha. Sem outra opção, os amigos a seguiram.

– Her...O que exatamente nós estamos fazendo?- perguntou Jerome.

– Explicações mais tarde- disse ela andando na frente do grupo.

Ela fez eles darem três voltas pelo andar antes de voltar no mesmo corredor, no mesmo lugar.

– Jura?- disse Beatriz- posso saber por que você nos fez ficar rodando em círculos?

– Por causa daquilo.- disse Anne indicando com a cabeça o começo do corredor, onde a empregada limpava uma janela.- nenhum de vocês reparou que ela estava nos seguindo o caminho inteiro?

Todos soltaram murmúrios de negação.

– Bem,- disse Alex- agora sabemos que Lady Melaine está nos espionando.

– Mas a questão agora é:- disse Beatriz – como vamos fazer ela desgrudar do nosso pé?

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Anne estava parada , encostada em uma parede do salão. Haviam varias pessoas lá, mas ela não conhecia ninguém. De onde estava conseguia ver Charlotte cumprimentando os convidados e também seus amigos. Havia pedido á eles que ficassem longe até ela se resolver com Will. Não queria que Melaine suspeitasse deles.

– pensei que estivesse com seus amigo.- disse uma voz ao seu lado.

– não vou contar á eles.- respondeu ela.

– sem querer colocar mais ninguém em risco. Muito nobre.

Anne revirou os olhos.

– descobriu o que eles planejam?- perguntou Will

– Não. Mas acho que mudaram os planos...

– O que quer dizer?

– Acho que eles sabem que eu sei sobre eles.

– provável. Você disse que o homem te perseguiu.

– acho que , se forem espertos, não vão tentar nada hoje.

– não tenha tanta certeza...

–não disse que tinha. Mas o que faremos?

– O que sabemos até agora?

– que Melaine envenenou o rei, Katherine, quer matar a princesa e eu. E para completar , ela colocou uma empregada para nos seguir.

– seguir vocês?

– acho que ela está desconfiada que sabemos de algo. Agora ela sabe que nós sabemos que ela sabe que nós sabemos

– o que?

– esqueça. Nem eu mesma entendi...

– quando acha que o rei vai começar a sentir os efeitos do veneno?

– Provavelmente, ele depois da festa. Demorou varias horas para isso acontecer em Katherine.

– alguma novidade sobre o veneno?

– nada. Mas acho que Amélia fez algum progresso...

– Amélia? Pensei que não quisesse envolver mais ninguém nisso.

– Oh, eles sabem- disse Anne só não quero que ela saiba disso.

Will ergueu uma sobrancelha.

– Você gosta muito do verbo saber, não?

– Acho que Alex está me contagiando com suas frases estranhas....

– Acho melhor nos separarmos antes que Melaine chegue. Acho que ela pode somar dois mais dois se nos ver conversando.

– Boa ideia.

– Fique atenta a qualquer coisa estranha. Se vir algo, me chame.

Anne assentiu e eles seguiram em direções opostas. Ela podia não ter notado, mas Ian estava encostado em outra parede, em um canto mal iluminado, observando-a.

Mas outra pessoa havia notado.