Força Especial da Marinha escrita por Vlk Moura


Capítulo 9
Holanda


Notas iniciais do capítulo

Eu não conheço a Holanda e vou deixar claro que eu criei todos esses lugares, exceto um, eu não sei o nome, mas sei que no meio da cidade se você olhar para cima consegue ver o oceano... Se alguém souber, por favor, me avise.

Yeva
Charles
Capitão



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Acordei algumas vezes, em sua maioria para comer alguma coisa ou ir ao banheiro. O Capitão não era dos melhores companheiros de viagem, falava pouco, mas sempre estava lendo algo. 

Apertei o cinto e pousamos.

No aeroporto havia um grupo nos aguardando, conversavam em inglês, seguimos até vans que nos esperavam, entramos e nos foi permitido dormir mais um pouco. Chegamos até um alojamento, era bonito, grande, e dali era possível ver o oceano, peguei a minha mala, pendurei uma no ombro e a outra eu carregava na mão. O Capitão conversava com o Contra-Almirante, tinhamos de ficar ali e aguardar instruções de para onde ir ou o que fazer.

- Sigam-me - o Capitão falou, começamos a passar pelos corredores, chegamos ao fundo e percebi um enorme campo de futebol, meu estômago reclamou como se eu estivesse passando mal. - Aqui é onde ficaremos - ele indicou o prédio - meninas vocês sigam a Capitã-de-Corveta e os meninos me sigam.

- Sim, senhor - continencia, ele retribuiu e seguiu junto aos meninos.

A mulher andava em silêncio e nós três quase tropeçávamos umas nas outras. Ela abriu uma porta e conforme entravamos nos era entregue uma chave do alojamento.

- Devem entregá-la a recepção sempre que forem sair em uma missão ou para qualquer coisa na cidade. - ela nos orientou - Qualquer problema, podem vir falar comigo.

Continência e então ela fechou a porta, nos jogamos nas camas. Dava para ver em nossas expressões que estávamos esgotadas da viagem. Arrumamos nossas coisas no armário, mas ainda deixamos algumas peças de roupa nas malas precisariamos para quando fossemos para as missões. Peguei a foto que Charles havia me mandado. Avisei que sairia para dar uma volta, estavamos no segundo andar, dali já era possível ver o mar, mas não era o local exato em que a foto havia sido batida.

Olhei para cima, já imaginava que mais dois andares a cima já daria uma visão parecida, subi os degraus em silêncio, fazia frio, meu hálito saía gelado, mas não me importei muito, não ficaria muito tempo ali fora, apoiei no para-peito e estiquei a foto, e comparei com a imagem original que meus olhos viam, não pude evitar sorrir, era lindo ver aquilo. 

Um vento soprou, estremeci e voltei par ao meu andar.

- Olha - Tainá estava de bruços e com um cardápio em mãos - O jantar é servido sete horas, o almoço uma da tarde e o café da manhãs, das seis até sete  e meia.

- Será que eles têm Stamppot? - perguntei esfregando as mãos nos braços - Estou precisando de algo quente.

- Que horas são? - Sara perguntou se deitando, secava o cabelo.

- Seis e quinze - Tainá falou olhando o relógio do quarto - Vá tomar um banho, Yeva, e vamos as três juntas comer algo.

Obedeci, saí do banho, a Capitã havia passado e deixado três enormes casacos para nós, eram azul escuro e muito quente, soltei meu cabelo para que aquecesse minha orelha, saímos as três conversando pelo corredor e encontramos os meninos também indo para o jantar.

- Iamos chamá-las - Francis falou sorrindo. - Estou faminto e congelando.

- Imagina como deve ser dentro do navio? - Sara falou e estremeceu de imaginar. 

Entramos no refeitório, todos nos olharam, pelas roupas eram jogadores de futebol o que me fez sentir um pouco de medo. Fomos até o balcão que estavam nos servindo, olhei o que tinha;

- Stamppot - falei, o homem que servia sorriu.

- É a primeira a pedir. - ele falou em inglês.

- Obrigada. - peguei uma colher e segurei a tigela com as duas mãos para aquecer. Sentei junto aos outros oficiais. Logo os outros também se serviram. 

Eu havia contado, ainda no quarto, para Sara e Tainá o que eu tinha medo que acontece, elas me ouviram e dissera que eu estava com um medo a toa. Não deveria me preocupar com isso. 

Levantei para pegar mais Stamppot, aquilo era muito bom, entrei na fila e fui surpreendida por quem chegou e esbarrou em mim enquanto brincava com os amigos.

- Desculpa - ele falou em inglês vendo apenas o uniforme, eu me virei e ele parou de zoar, ficou me encarando.

- Não foi nada.

Voltei a olhar para frente e apertar a tigela entre meus dedos, o homem sorriu e brincou dizendo que eu comia mais do que aqueles homens ali, voltei par ao meu lugar cabisbaixa. 

- Quem foi que fez com que você abaixasse as crinas? - Santo perguntou, ele foi um dos meninos enviados conosco. 

- Ninguém. - falei forçando um sorriso - É o frio.

O Capitão me observou, me fitou profundamente e voltou a conversar com os outros, abaixei a cabeça em uma tentativa de me esconder entre meus companheiros, mas eu sabia que no fundo eu queria buscar por Charles.

- Agora estou quente. - Sara falou e nos fez rir - O que foi? Esse Stamput é muito bom.

- Stamppot - eu a corrigi.

- Stamput, Stamppot tudo a mesma coisa, é tudo gostoso - rimos dela. - Meninas, vamos?

- Capitão? - Tainá chamou, ele nos olhou - Estamos indo nos deitar, precisando de algo é só nos chamar.

- Certo. - batemos continência, os meninos fizeram o mesmo e nos seguiram.

Passei pela mesa de Charles e fingi não tê-lo visto, mas ouvi o som de sua cadeira se afastando.

- Yeva! Yeva! - ele veio correndo atrás de nós. Parei de andar e o grupo também.

- Quem é ele? - Santo perguntou para Sara que me olhou e depois para Charles.

- Um amigo dela. - ela olhou Tainá que nos observava com as mãos no bolso - Primeiro-Tenente - eu a olhei - Estamos indo, precisando de alguma coisa nos chame.

- Certo.

Eles seguiram, Charles ficou me olhando e percebi que ele havia deixado a blusa para trás, mas também não parecia se importar, naquele primeiro instante, com o frio que fazia. Ficou me olhando e então percebi que dali dava para ver o refeitório, o Capitão e alguns jogadores nos observavam, olhei para Charles mais uma vez, ele ofegava.

- O que você quer? - perguntei cruzando os braços tentando parecer indiferente.

- Você está bem? - ele perguntou, ouvimos um grito, foi algo em holandês, eu não sabia o que era, ele rio e voltou a me olhar - podemos ir para outro lugar? - eu o olhei - Eles não me deixarão em paz.

- Claro.

Falei e comecei a segui-lo, ele subiu um um dos alojamentos, era o mesmo prédio que o meu. Ficamos no terceiro andar, imaginei que aquele seria o local onde ele estava alojado, ele me olhou e apoiou-se ao parapeito, fiz o mesmo, olhamos as luzes da cidade que se seguiam pelo horizonte até chegar ao mar.

- Como está Camilla? - perguntei e pude perceber uma risada.

- Foi a pior aposta que eu já fiz - ele me olhou de lado, o rosto mais branco que o comum devido ao frio - Ela me largou logo nas primeiras dificuldades, ela era o completo oposto de você - ele olhou para o campo de treinamento - E você tinha razão sobre as línguas, tive muita dificuldade para me adaptar ao ambiente.

- Posso imaginar. - falei e dei as costas para a cidade, cruzei os braços e fiz meu halito sair se transformando em fumaça que sempre me divertia. 

- E você, foi muito difícil na Marinha?

- Força Especial - eu comecei a corrigir, mas não adiantaria - Foi, mas foi divertido - ouvi passos na escada que logo retrocederam - foi a melhor escolha que já fiz - ele me olhou parecendo surpreso.

- Aquele dia - ele começou, abaixei a cabeça e estremeci com frio - aquele dia em que te vi no ônibus - eu me assustei com a abordagem - eu realmente não esperava que seria tudo tão difícil, Camilla parecia a garota certa, sabe? - neguei - Era jovem - que divertido, ele acabou de me chamar de velha P.S: tenho 18 anos - Bonita - Nossa! Que gostoso estou sendo esculachada em terras gringas - e era tudo que me ajudaria ainda mais a crescer nesse mundo, mas tudo o que eu recebi foi um pé na bunda.

- Delicado! - falei e ele me olhou parecendo perceber o que tinha acabado de falar - Mas posso tentar te entender, você achou que eu não iria aceitar sua vinda também, não é? - ele me olhou e confirmou - Você é mais idiota do que eu pensei - ele estremeceu com frio - Eu nunca me opus aos seus sonhos, Charles, e eu não me iria fazer isso naquele instante. Você tinha seu sonho e eu o meu, conseguiriamos conciliar  isso tudo e... - eu me aproximei dele.

- Não precisa disso - ele falou empurrando o casaco de volta para mim, forcei para ele - Obrigado.

- Não há de quê. - falei e me apoiei no parapeito gelado. - Viu? Nós nos damos bem, foi tudo uma idiotice. - balancei a cabeça.

- Cheguei a torcer para que você tivesse ficado longe para sempre - ele falou, eu o olhei - Seri amenos doloroso - eu ri e ele me olhou sério - Você acha que eu não sofri sabendo que você ficaria longe? Você acha que foi fácil para mim?

- Pareceu ser. - falei e fitei o chão por alguns instantes.

- Yeva! - ele aumentou o tom de voz, pude ouvir mais passos na escada, mas estes pararam - Yeva... - ele deu um soco na madeira - Juro, foi muito doloroso, vê-la partir e sequer poder me despedir, depois passei tanto tempo sem ter informações suas e de repente, você está aqui - ele pegou minha mão, não tive forças para recuar.

- Charles, por favor - ele estava se aproximando - Por favor - eu falei e ele me beijou, eu me afastei e dei um tapa em seu rosto.

Afastei dele e corri as escadas, olhei para trás e pude vê-lo me olhando correr. Saí dos alojamentos e passei pelo campo de treinamento, me joguei na grama gelada, soluços pulavam em meu peito, eu queria gritar, mas eu não faria isso, olhei para o alto e ele estava ali de costas para mim.

- Primeiro-Tenente, a senhorita está bem? - eu me levantei, fiquei de costas para quem falava limpei as lágrimas e respirei fundo.

- Estou, Capitão. - falei me virando para ele e recobrando a postura.

- Não está sentindo frio? - ele perguntou me olhando, tirou o casaco e o jogou em mim, ficava enorme - Venha, vamos tomar algo quente. - ele apertou meus ombros de encontro ao seu e me guiou para o refeitório que servia sopas.

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Vê-la na fila me deixou assutado, não esperava encontrá-la por ali, e ainda mais dessa forma, ela pareceu não se importar muito. Quando a vi saindo foi inevitável não ir atrás, esqueci o frio que fazia naquele lugar durante a noite. O grupo dela era grande e pareciam bem unidos, talvez já se conhecessem há bastante tempo.

Fui com ela até o terceiro andar dos alojamentos, eu ficava por ali quando ia pensar um pouco sobre tudo que eu havia feito. Conversar com ela novamente me causava alguns medos, não sabia se ela já tinha superado o ocorrido ou não, era tudo um mistério, ela havia ficado mais alta, não se sabe disso, ficou com um corpo mais atlético, eu precisaria conhecer aquelas novas curvas que se encaixavam perfeitamente por ali.

A puxei para perto, eu queria sentir aquilo de encontro ao meu corpo, eu queria sentí-la depois de quatro meses longe, mas ela não queria, e ainda tive direito a um brinde de tapa na cara. Ela correu até o campo de treinamento, estava se segurando par anão gritar, eu a conhecia bem, em alguns instantes desabaria, se renderia as foras maiores, mas... foi interceptada, um homem entrou lá, ela se recompôs rapidamente, limpou as lágrimas, ele lhe entregou o casaco e sairam, eu podia vê-los parados no refeitório, aquele lugar era bom por isso, mas talvez não tão bom. Ele a acolhia bem e ela parecia se sentir bem, assim. 

Desci as escadas e no  mesmo instante uma das meninas que a acompanhavam anteriormente saia do quarto, ela me olhou, pedi para que entregasse a blusa para Yeva e então retornei ao meu quarto.

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Eu o vi parando-a junto ao grupo, os vi indo até o terceiro andar. Não estava me sentindo bem com aquele comportamento e visto que na fila eu os vi juntos e percebi que foi esse encontro que a desanimou. 

Por que eu estava sentindo essa necessidade absurda de tentar protegê-la? 

Fui até as escadas que davam para o terceiro andar, pude ouvi-los conversando, ouvi o tapa na cara que ela deu nele, mas ela não me viu, quando passou correndo quase me atropelando.

- O que você é dela?  -perguntei me aproximando do rapaz que me olhou parecendo assustado.

- Pensei que estivéssemos sozinhos - ele falou - Sou namorado e você, o que é?

- Desculpa meu atrevimento, mas o tapa que ela acabou de te dar não pareceu algo de namorados - ele me encarou - Em resposta a sua pergunta, sou superior dela. - ele me olhou de cima a baixo - Ela sempre foi cabeça dura?

- Sempre - ele falou - Mas determinada, acho que eu estraguei o lado inocente dela, duas vezes. - eu o olhei - Ah! - ele se surpreendeu.

- Vou ver como ela está. - falei me retirando.

- Ahm... Eu me chamo Charles - agora o olhar dela na chegada dos pais fazia sentido - Qual o seu nome?

- Me chame de Capitão. - falei e terminei de descer.

Fui até o campo de treinamento, passei por ali já planejando como treinar os novatos, ela estava sentada na grama gelada, tremia de frio e de soluços infantis. Pareci tê-la assustado, mas vê-la chorando foi um choque, nunca imaginei presenciar isso. 

A levei para comer algo, seria bom, por mais que tivesse acabado de jantar, seria bom tê-la ali conversando e se distraindo.

- Que vergonha. - ela falou limpando o choro nas costas da mão - O senhor me ver neste estado.

- Não se preocupe. - falei e lhe entreguei a tigela com sopa - Não havia mais nada.

- Isso está bom, obrigada - me sentei a sua frente, ela arrumou a blusa nas costas - Então, o que você fazia aqui fora? - parei de soprar a sopa e a olhei, devo ter parado fazendo bico porque isso a fez rir.

- Estava tentando planejar algo para vocês amanhã.

- Teve sorte?

- Um pouco, estou torcendo para que esteja mais quente para que possam fazer tudo direito, mas não sei...

Ficamos ali alguns minutos.

- Capitão, obrigada pela blusa - ela se levantou e dobrou o casaco e o pendurou no encosto da cadeira - Agora irei me deitar, boa-noite.

- Boa-noite, Primeiro-Tenente.

Um aceno de cabeça e pude vê-la se afastando pelo frio da noite, vesti o meu casaco e fui para o meu dormitório, estava tarde, e amanhã todos deveríamos estar de pé seis horas.


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Notas finais do capítulo

O que estão achando? Chato? Legal? Tedioso?



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