Acordei pronta para a cerimonia, coloquei a roupa que usaria, o sapato de salto, as meninas também estavam prontas, caminhamos lado a lado até chegarmos ao pátio onde deveriamos nos encontrar com todos. Todos já estavam lá quando chegamos, cumprimentamos uns aos outros e então nos arrumamos em fila.

- Certo, marinheiros - o Capitão começou - Espero que tenham dormido muito bem e se não, meus pêsames, iremos subir agora, os nomes serão anunciados e vocês devem aparecer conforme chamados.

Ele saiu acompanhado dos Tenentes, Não sabiamos as ordens das filas, só sabiamos que estavamos muito nervosos. Laila estava o lado de Yago, ambos de mãos dadas. Tainá e Julio, os dois um abraçado no outro, a partir de hoje não tinhamos mais que nos preocupar com o que os Love faziam, era liberado.

E os nomes começaram a  ser chamados, ordem alfabética, eu e Yago nos posicionamos, ele foi chamado, respirou fundo e subiu, depois eu fui, eu tremia, minhas pernas pareciam querer ceder, os aplausos atingiam como um tiro. Caminhei e me sentei ao lado do meu companheiro de Y, ele sorriu para mim, busquei pelos meus pais no meio da multidão e os encontrei um deitado ao ombro do outro, eu podia jurar que choravam.

- Familiares e amigos - o Capitão começou, senti um frio percorrer a espinha - estou aqui para agradecer-lhes por permitirem que seus filhos passassem por tudo isso - rimos todos, só quem passou podia saber do que ele falava - Iremos agora entregar a todos a medalhe que os permite serem chamados de Cabos.

Ele se aproximava com uma medalhazinha e colava em nosso peito, não era nossa roupa oficial, mas depois seria gravado no uniforme o que tornaria ainda mais oficial. Colocou em todos e voltou ao microfone.

- Agora - ele tossiu para limpar a voz - temos uma surpresa a todos vocês - ele nos olhou - Todos foram selecionados para uma missão, missão esta que apenas os bons poderiam ir, se você não for o melhor, você não presta para o serviço - ele falou e todos se entreolharam, prendi a respiração, Laila e Mandela estavam muito distantes para que eu pudesse buscar apoio -  Primeiro: missão para as costas africanas: Cabo 13459 Laila Stand - ela olhou para os sentados e então eu pude ver, seu pai, ele a olhou com surpresa, ela flutuou a nossa frente fez uma leve reverencia aos que assistiam e se aproximou co Capitão que pregou algo em seu ombro, ela agradeceu e voltou - Ainda para a mesma missão 13458 Mandela Costa - os pais dela se levantaram e bateram palmas com muita força, observei mais dois garotos fazendo o mesmo.

Foram chamados mais cinco para essa missão.

- Segunda missão: mares asiaticos - ele nos olhou - número: 12436 Yago Silva - três pessoas gritaram por ele - 14568 Elias Santiago; 13440 Thiago Santos - e mais outros foram chamados.

Comecei a ficar nervosa, eu não queria receber missão alguma.

- Agora - ele começou - essa última é uma missão difícil, recebemos nos últimos dias pedido de ajuda da Marinha Holandesa - eu o olhei - estão sofrendo com piratas que tentam derrubar seus polderes - ele olhou para todos que nos assistiam - Foram selecionados para essa missão aqueles que melhor se sairam com as máquinas, que melhor interagiram com o grupo - ele me olhou - Vocês foram selecionados por eles dentre todos que vieram para cá, tenho a honra de chamar 16789 Tainá Lima - ela foi com seu salto vermelho, recebeu a colagem no ombro - 16787 Sara Faria - ela foi - 1345... - eu olhei -...8 Francis Bellonota - eu suspirei - 13457 Yeva Drovy - palmas e mais palmas, assobios, olhei para quem fazia essa bagunça. Não era alguém, eram alguens se eu puder dizer assim, eram os com quem eu havia trabalhado nas máquinas, eram meus companheiros de curso, levei a mão até o rosto emocionada, me aproximei do Capitão, ele estava sorrindo - mais dois foram chamados.

- Agora - ainda tinha mais? - agora... - ele arqueou uma de suas sobrancelhas - Prêmios especiais aqueles que melhor se empenharam em nos ajudar. - ele pegou algo nas mãos, olhei, eram ombreiras - Thiago Santos - Thiago foi até ele - Tenho a honra de lhe posicionar como Segundo-Tenente - todos olharam assustados e o próprio também. - Yago Silva - ele andou - Guarda-Marinha. - estavamos assustados com aquilo - Laila Stand, Primeiro-Tenente, Mandela Costa Primeiro-Tenente, Yeva Drovy Primeiro-Tenente, Tainá Lima Primeiro-Tenente - ele sorriu para nós - Francis Bellonota Segundo-Tenente. - e parou por ali, eu fiquei passando a mão pela ombreira, não conseguia acreditar. 

Algumas palavras de agradecimento de cada um e então fomos dispensados, eu corri até meus pais e os abracei fortemente e foi retribuido, comentavam o quão orgulhosos estavam de mim. Andamos até onde haviam preparado algumas guloseimas para saborearmos. Algumas músicas tocaram e aqueles que tinha um par aproveitavam. Fiquei sentada olhando a ombreira e a medalha que agora seria dispensada.

- Com licença - olhei para o Capitão, ele havia passado e conversado com todas as famílias.

- Capitão - eu bati continência que o fez rir.

- Relaxe, Primeiro-Tenente.

- Vou ter de me acostumar, Marinheiro era tão mais prático, não era? - eu o olhei, ele estava sorrindo, o cabelo havia sido cortado no dia anterior, o rosto estava limpo, e sem olheiras que eram uma marca registrada dele.

- Oh se era. - ele falou brincando - Senhor e senhora Drovy, imagino que estejam orgulhosos de sua filha. - meus pais começaram a falar, eu aproveitei para andar pela festa, Mandela, agora, estava em igualdade com o Primeiro-Tenente, Laila brincava com Yago dizendo que agora ele deveria respeitá-la mais do que nunca.

Foram interrompidos pelo pai dela que se aproximou e a abraçou fortemente, ela segurava algumas lágrimas que tentavam escorrer pelo rosto. 

Fui até a Popa, comecei a observar as ondas que se formavam, tinhamos acabado de partir, iriamos desembarcar em Santa Catarina, e cada um seria mandado para sua missão, muitos ficariam pelo navio ajudando para os próximos que fossem chegar e recebendo treinamento.

- Você está bem? - Laila se aproximou junto de Yago.

- Estou - falei olhando-a - E vocês?

- Também, - se sentaram, cada um de um lado. - Você parece abatida.

- Leia - falei entregando a carta que eu carregara comigo durante toda a cerimonia.

- É dele? - Yago pegou a carta depois de Laila - É do seu ex?

- É sim. - eu falei me jogando para trás - Irei ficar na mesma cidade que ele, estou com medo de encontrá-lo.

- E se encontrar, o que você está pensando em fazer? - Yago perguntou e se deitou, depois Laila.

- Não sei, penso em ignorá-lo, mas isso me causa um desconforto, acho meio infantil tratá-lo dessa forma, o que vocês acham?

- Concordo - Yago falou - Por que você não tenta conversar? Já se passaram mais de quatro meses que tudo aconteceu, você amadureceu, ele também deve ter, talvez agora estejam em uma situação melhor para conversa.

- Espero.

Voltamos para a festa. Sentei ao lado dos meus pais.

Fui dormir cansada, tinha de ter arrumado toda a minha roupa até a hora de me deitar, ter recolhido tudo. E eu fiz, dormi.

Quando acordei já havia um uniforme com as ombreiras de Primeiro-Tenente, o vesti e coloquei a medalha de melhor interação com os maquinários. Tomei café com meus pais e então desembarcamos, choros rolaram. Laila e Yago se abraçavam fortemente, Mandela e o Primeiro-Tenente não se despediram, iriam para a mesma missão, abracei meus pais fortemente, mais uma vez eu ficaria muito tempo longe deles, mas agora com sorte eu teria internet.

Abracei meus companheiros e então cada grupo seguiu para um canto, alguns pegaram outro navio que já os aguardava, no caso dos que iriam para a África, o meu grupo e o da Ásia seguimos par ao aeroporto, onde passagens já com nossos nomes nos aguardavam.

Subi no avião e senti na janela, para minha surpresa meu vizinho era o Capitão que se sentou e logo pediu um travesseiro para a aeromoça, pedi fones e então decolamos...