Força Especial da Marinha escrita por Vlk Moura


Capítulo 10
Treinamento frio


Notas iniciais do capítulo

Yeva
Capitão



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Acordei com o despertador, as meninas haviam buscado as nossas roupas de treino para serem usadas naquele clima. Tomei banho e as vesti, coloquei o casaco que ainda tinha o cheiro de Charles, tentei bloquea-lo de minha mente. Fomos par ao café da manhã, haviam preparado algo brasileiro para comermos, tinha café, pão, bolos, muita coisa saborosa. Servi e me sentei ao lado de Francis que olhou para a montanha em meu prato e depois para mim.

- Onde cabe tudo isso? - ele rio.

O Capitão se juntou a nós, pude ver as olheiras, ele nos cumprimentou e se sentou, voltamos a comer e conversar. Charles entrou, estava com um olhar exausto. Assim que  terminamos de comer fomos par ao campo, foi nos dado atividade de reconhecimento para que não fizéssemos esforços que nos fizessem passar mal. 

Andamos pelos alojamentos, depois de uma hora voltamos ao campo, alguns jogadores já se encontravam por lá e nos observavam, já estavamos sentindo calor, apesar do frio um sol preguiçoso começara a se erguer e sabiamos que ficariamos com calor no decorrer da atividade. Tiramos os casacos e os colocamos na arquibancada, mangas compridas e calças nos cobriam. 

- Certo, senhores - o Capitão começou, usava roupa de exercícios, a mesma que eu o vira usando no navio - Quero que deem sete voltas pelo campo, irei acompanhá-los.

Começamos, nossa respiração saia em forma de vapor branco, o que no começo nos fazia brincar de ficar jogando ao alto para descontrair. 

- Senhor - Santo se aproximou - Qual a temperatura ambiente?

- Dez graus, marinheiro. - nos entreolhamos - Não vão perguntar a sensação térmica?

- E a sensação térmica? - Sara perguntou.

- Cinco. - diminuimos a velocidade - Lesmas, corram! - ele gritou e  voltamos.

Logo pude ver o treinador se aproximando do campo, o Capitão foi cumprimentá-lo e foi recebido com zoação por parte dos jogadores, eu sabia que ele lutava para manter a postura diante aquilo. Os jogadores levaram uma bronca e foram mandados para a arquibancada.

- Sete voltas completas, senhor - eu me aproximei, ele me olhou e depois o treinador. 

- Yeva Drovy? - o treinador perguntou.

- Sim, senhor - falei mantendo minha postura. - Desculpa, de onde o senhor me conhece?

Ele rio.

- Charles, por favor. - ele se aproximou, eu e o Capitão trocamos olhares confusos - Esse jovem me contou muito sobre você, disse que era uma ótima menina - ele falava em inglês. - O Capitão confirma essa informação?

Olhei para os dois Charles, o Capitão pareceu se desconcertar o que fez o jogador se sentir melhor.

- Não posso demonstrar favoritismo entre meus marinheiros, sinto muito, senhor. - ele falou, se safou muito bem, tenho que admitir.

- Entendo - o técnico me olhou - Capitão - ele olhou para os três garotos logo atrás de nós - Se importaria de permitir que meus meninos joguem com os seus? - ele me olhou, olhei para os meninos.

- Eu não permito. - falei, os três me olharam assustados - Sou Primeiro-Tenente, tenho o controle sobre os marinheiros - o Capitão me fitou, parecia bravo - Não estou certa?

- Está - ele falou - Mas eu ainda sou seu superior.

- E se eles não quiserem? - perguntei - Irá forçá-los a isso? Sabemos que ele só quer fazer isso par anos humilhar, é o que os jogadores estão fazendo desde que chegamos - estavamos discutindo em português, o único que nos acompanhada era Charles.

- Primeiro-Tenente - o Capitão começou - Como você consegue me irritar tão facilmente? - senti minhas bochechas corarem - Vá e junte-se aos outros, pergunte a eles o que querem.

- Sim, senhor.

Segui a ordem, deu uma corrida até o grupo ao centro do campo, eles me olharam assustados, lancei o desfio e eles negaram, disseram que não estavam ali para jogarem, olhei para o capitão que aguardava minha resposta, apenas neguei com a cabeça.

- Entendo - o técnico falou - Ela realmente tem um gênio forte, como você havia me dito - ele olhou Charles, o Capitão o encarou, irei permitir que terminem o seu treino para depois começarmos o nosso.

- Obrigado.

Voltou e nos deu mais ordens. Demos mais três voltas, depois fizemos algumas abdominais, flexões, pés-de-chinelo, outras voltas em torno do campo e então fomos dispensados, ele deu sinal positivo ao técnico que mandou que os jogadores entrassem.

- Yeva! - o Capitão me chamou quando eu colocava meu casaco.

- Sim, senhor - virei para ele.

- Você sabe que me desrespeitou na frente do técnico, não sabe?

- Sim, e sinto muito, apenas achei que seria melhor para os meninos e...

- E, nada. - ele me cortou - Vai ficar e auxiliar no treino deles, é o meu castigo para você.

- Certo, senhor - falei com a voz fraca e o olhar que ele me lançou me obrigou a repetir - Certo, senhor - eu quase gritei o que fez alguns meninos rirem.

- Vá.

Eu me aproximei do técnico e expliquei a situação, ele concordou e me pedia para levar a bola até um ponto, que fizesse massagem em algum jogador que começava a sentir dor. Pedia para que eu chutasse para o goleiro, eu sabia que em partes ele só estava se aproveitando para zoar comigo.

- Vá e ajude-o a carregar as toalhas. - ele falou apontando para Charles que havia saído para buscar os panos onde os jogadores limpariam o suor que lhes escorria pelo corpo.

- Não precisa - Charles falou quando peguei o outro lado da enorme bacia - Eu sou capaz de fazer isso sozinho.

- Cale a boca e apenas aceite minha ajuda. - falei séria, junto a ele comecei a esticar as toalhas par aos jogadores que pegavam e comentavam algo junto ao companheiro, mas era holandês e eu não conseguia entender.

Acabaram as toalhas, olhei os jogadores todos tinham uma, me joguei no banco onde alguns estavam, eu estava cansada e com frio, levei o braço até a frente da testa, não era bom ficar tanto tempo sem o casaco, me levantei para ir pegá-lo e não o encontrei onde havia deixado.

- Toma. - Charles me jogou uma toalha, eu o olhei - Você também sua até onde me lembro.

 - Obrigada - não a usei par alimpar meu suor, usei para me cobrir, estava congelando.

- Você está bem?

- Estou com frio. - falei e tornei a procurar pelo casaco.

- Onde está sua blusa? - ele perguntou em holandês para os companheiros, mas todos negaram ou deram de ombros, olhei de volta para a arquibancada, e não a vi. - Yeva, você está muito quente. - ele falou - Técnico, a enfermaria está aberta?

- Sim, por que algo de errado?

- Terei de levá-la até lá, avisem ao Capitão dela.

Os jogadores confirmaram, disseram algo que me pareceu ser como: se o encontrarmos falamos ou a qualquer outro oficial.

Charles me jogou em suas costas, segurou minhas pernas pelas panturrilhas e correi pelo campo, saiu dele, atravessou os alojamentos e em uma casa mais ao fundo entrou, uma médica se levantou assustada, pediu para que ele me deitasse em uma das camas, eu ainda tinha a toalha em meus ombros. Ela a retirou, colocou um termometro em minha axila e esperou durante alguns minutos, fez algumas perguntas a ele enquanto eu estava ali.

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Voltei para o campo para ver como ia o trabalho de Yeva com os jogadores, encontrei a todos conversando e se questionando sobre algo, eles me olharam e apontaram par ao técnico, que se aproximou de mim e com um olhar sério falou:

- A garota - eu o olhei - Charles acabou de levá-la a enfermaria, parece que estava em estado febril ou algo assim, pediu para que te avisássemos.

- Ela não ficou com o casaco?

- Parece que o dela sumiu.

Fui até a arquibancada e percebi que era vazada, olhei embaixo da estrutura e encontrei a blusa caída, mesmo que ela a tivesse pegado depois de um tempo ali embaixo teria sido quase que inútil utilizá-la. Fui até o dormitório saber se era mesmo verdade o que haviam dito, as vezes, se fosse, ela já poderia ter sido mandada para lá.

- Capitão? - Tainá foi quem abriu, Sara veio até a porta, perguntei a elas - Não, senhor. Aconteceu algo?

Saí dali correndo até a enfermaria, as duas agora me seguiam. Era distante do alojamento que estavamos, abri a porta, a enfermeira pareceu se assustar com a onda de oficias que entrou, apenas apontou para uma cama que estava certada por uma cortina, Sara a abriu, Charles estava deitado no lado da cama com sua mão segurando a dela.

- Capitão? - ela falou sonolenta, estava envolta em cobertores térmicos - Aconteceu alguma tragédia para vocês terem vindo até aqui?

- Você está bem? - Tainá perguntou.

- Vai ficar - Charles levantou o rosto amassado, pude perceber que ela apertou ainda mais forte sua mão - A médica disse que ela só precisaria de descanso, ficou muito tempo exposta ao frio e como não está acostumada deve ter atacado o sistema imunológico, mas nada grave - ele acariciou o alto da mão dela.

- Que alivio - Sara falou respirando mais aliviada. - Capitão, o senhor nos assustou saindo correndo daquela forma, pensamos que era algo grave.

- Desculpem-me - falei respirando mais aliviado, Yeva me olhava - Vamos deixá-la descansar um pouco.

Ela voltou a dormir, ao fim do dia Charles a estava ajudando a sair da enfermaria, fui até eles e passei o casaco dela pelos seus ombros, agora estava mais frio do que antes. A guiamos até o alojamento e dali deixamos com que as meninas cuidassem dela, seguimos para o refeitório, o jantar estava começando a ser servido.

- Vou levar algo para ela - Charles falou.

- Será bom... - respondi ainda na fila, me juntei aos oficiais - Leve algo para as meninas também - ele confirmou.

- Cadê as meninas? - Francis perguntou.

- Estão cuidando da Yeva. - respondi, eles me olharam - Não se preocupem, não foi nada grave. Ela se sentiu mal durante o dia devido ao frio.

- Ah...

- Vamos visitá-la depois do jantar? - Santo deu a ideia.

- Quando se está doente - James começou - é legal receber os amigos.

Marcaram, quando terminaram pegaram mais uma tigela de Stamppot para ela e para as meninas, caminhamos até o alojamento, batemos na porta, Tainá abriu e pediu para que fizessemos silêncio, olhamos na cama e Yeva estava lendo algo com Charles ao seu lado.

- Yeva... - Sara falou se sentando - Você tem visita.

Ela fechou o livro, percebi que sequer marcou a página, seria um sofrimento encontrá-la novamente, nos olhou e sorriu.

- Trouxemos mais uma tigela, vocês ainda devem estar com fome.

- E como - ela respondeu pegando o que era dela - Está quente...

- Deixa comigo - Charles pegou a tigela e colocou de lado recebendo um 'obrigado' - E o senhor, capitão, está bem?

- Estou sim, estou acostumado ao frio. - falei colocando as mãos no bolso.

- Bom, eu vou indo - Charles a beijou na testa - Te vejo amanhã. - ela confirmou - Boa-noite.

Todos se despediram, Santo, Francis e James se sentaram em uma cama e perguntaram para ela como era ficar com os meninos do time, ela começou a explicar, tinha o rosto corado, provavelmente estava com febre ou começando a ter uma, me aproximei dela e levei a mão até sua testa, ela me olhou parecendo desprotegida, não era quem eu estava acostumado a ver.

- Marinheiros, ela precisa descansar, vamos todos nos deitar, temos de ir para a cidade amanhã e precisamos que Yeva esteja recuperada.

- Certo, senhor.

Todos nos despedimos, fechei a porta do quarta que foi trancada em seguida. Deitei, mas não cai logo no sono.


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Notas finais do capítulo

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