Força Especial da Marinha escrita por Vlk Moura


Capítulo 7
E estamos chegando ao fim


Notas iniciais do capítulo

Sim, passou-se já os quatro meses de treino, agora serão selecionados os melhores para as missões que se seguirão.



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Eu estava cansada, os quatro meses foram pesados, mas muito bons, passaram tão rápido que eu já me sentia triste de ter de sair dali. Passei mal quatro vezes quando pegamos tempestades piores do que a primeira. Laila havia convivido com o pai, mas, este , aparentemente ainda não sabia quem era ela, e agora teremos algo como uma graduação e através de nossos perfis seremos mandados para missões pelo mundo, dentro do meu colar tem a foto dos meus pais e agora tenho, também, os telefones das meninas do Elias, do Thiago e do Yago, nos últimos meses tornamos a equipe exemplo. Tinhamos a capitã Laila que nos coordenava das missões, a mensageira Mandela que corria mais que todos, Thiago e Elias que eram os do raciocinio e leitores das coordenadas, Yago auxiliava a todos enquanto eu cuidava das máquinas, ganhei prêmios com isso.

Depois de algumas escolhas eu e Yago nos tornamos os cozinheiros oficiais devido a uma eleição que fizeram entre os marinheiros e nossos superiores, não reclamamos. 

No primeiro mês não houve nenhuma desistência ou expulsão, porém no segundo mês os Love foram pegos mantendo relações entre si, o que é proibido durante o treinamento. No terceiro mês, mais cinco foram desistindo e no último mês fechamos com apenas cinquenta dos 81 que haviam começado o treinamento. Foi dificil, não culpo os que desistiram, eu mesma, pensei muitas em largar tudo, mas não o fiz, sou teimosa.

A roupa nos foi entregue, para as meninas um vestido de forma militar, era bem bonito, um sapato de salto que me deixou assustada, ainda estariamos por água quando fossemos  usar aquilo, não seria nada muito confortável.

~Uma semana antes~

- As meninas terão de se comportar - era a Segunda-Tenente quem nos orientava - como damas, pernas cruzadas, postura e sempre com o palavriado afinado, mas lembrem-se, esquecer que aqui foram todas peões como os meninos, lá fora, seremos damas e cavalheiros, entenderam?

- Sim, senhora. - falamos, eramos poucas, mas tinhamos de receber um treinamento, eu mesma chegaria agindo como fiz no navio e não como uma dama.

- Ótimo, agora - ela olhou para os lados - vocês já têm par para essa confraternização?

Nos entreolhamos timidas, ela rio e percebemos que era uma pergunta séria e para descontrair nossa tensão.

- Eu... - Mandela levantou a mão tímida e todas nós a olhamos.

- Quem é? - a Segunda-Tenente perdera a postura, não parecia ser a mesma mulher que vimos fazer os meninos ficarem com sono.

- O Primeiro-Tenente - eu e Laila olhamos para ela surpresas - Desculpa não ter contado para vocês antes, mas ele me chamou já faz um tempinho e bom... 

- Você aceitou - Laila completou - Olha! Boa escolha - ela mandou um joia para Mandela que ficou vermelha.

- Eu saí com ele uma vez quando passamos pelo treinamento - a Segunda-Tenente fofocou - Vai na fé. - Mandela ficou ainda mais vermelha. - Mas e vocês outras?

- Júlio me chamou para ir - Tainá falou virando o rosto timida - E eu aceitei - ela era uma menina alta que com o treinamento ganhou porte, virou oficial na limpeza do navio, todos adoravam a forma com que ela dobrava os cobertores, era meigo.

- Contem-me mais. - ela me olhou - E você, marinheira Yeva? - ela sabia meu nome, que medo.

- Não tenho ninguém e nem pretendo. - falei dando de ombros.

- Por que não? - ela pareceu surpresa, para você não faltam opções, tem o senhor Thiago, o senhor Elias e o senhor Yago, ou eu vi demais.

- O Yago já é meu. - Laila falou levantando a mão, todas olhamos para ela.

- Ele te chamou? - Sara perguntou não muito distante de nós - Eu jurava que ele era gay.

- Não, eu o chamei - ela rio e nós ficamos ainda mais surpresa - Ele disse que queria fazer isso, mas estava com vergonha, assumi a frente, desculpa. - ela deu de ombros.

- Se eu soubesse tinha chamado-o - Sara falou e nós rimos.

Ficamos ali conversando e vendo quem mais tinha casal, Thiago e Elias já haviam chamado mais duas meninas dali para ir com eles e eu, bem, eu agradecia de ninguém ter me chamado.

- Já sei por que não te chamaram, Yeva... - olhei para Muty - Você nos causa arrepios - ela falou rindo - Quando fica nervosa então, meu Deus! - estavamos voltando para nossos postos. Eu ia para os maquinários, Laila subia para a cabine e as outras se dividiam nas mais multiplas atividades.

- Até mais. - me despedi.

Yago e eu voltamos a nos juntar para preparar o jantar, ele perguntou como era o treinamento das moças para a conclusão eu contei a ele, tudo, menos a parte da descontração.

- E você e a Laila? - ele parou de cortar as cebolas e me olhou - Por que você não me contou antes?

- Ah... Sei lá! - ele deu de ombros - Sou tímido e dizer que foi ela quem me chamou e não o contrário faz com que eu me sinta mal.

- Que isso, estamos falando da Laila, ela teria feito isso com qualquer um dos meninos. - terminei de preparar minha parte.

Servimos a todos.

~Véspera da graduação~

As meninas estão nervosas, não sabemos bem quando começar a nos arrumar, minhas pernas tremiam enquanto eu caminhava até meu posto e encontrá-lo fechado com uma placa "Sentimos muito, mas os graduandos terão folga hoje". Eu deveria ter ficado alegre, mas eu queria trabalhar, precisava relaxar, fui até os outros postos e o mesmo bilhete. Peguei a roupa de exercício, as meninas haviam sumido para fazerem unhas, limpeza de pele e não sei mais o que que haviam trago para o navio. Fui para a proa e comecei: 100 abdominais, 100 flexões, 5 voltas pelo navio e sentar e relaxar até fazer tudo de novo em uma hora de descanso.

- Você não devia estar se arrumando? - era o Capitão, eu me levantei rapidamente e criei postura. Ele estava com roupas de exercício, era a primeira vez que eu o via daquela forma, senti minhas bochechas corarem.

- Sim, senhor, mas eu estou tensa demais para amanhã, vim relaxar um pouco.

- Fazendo exercício? Que forma incomum de relaxar. - eu sorri para ele - Posso me juntar a você?

- Claro, senhor.

Voltamos, eu fiz as minhas humildes 100 abdominais e passei para as flexões, ele me observou durante um tempo, mas voltou aos seus exercícios.

- O senhor estará amanhã na cerimônia? - perguntei ofegante no meio das flexões.

- Claro, eu os acompanhei, irei ter o orgulho de entregar-lhes as medalhas. Por que a pergunta, marinheira?

- Curiosidade, apenas. - me levantei - Com licença, senhor, irei para a corrida.

- A vontade.

Dei a primeira volta, a segunda, a terceira e parei, ele havia parado e observava um helicoptero que se aproximava. Pousou, vi quem estava saindo de lá e vi meus pais, nunca me senti tão aliviada quanto eu havia me sentido agora. Corri até eles que pareciam se sentir desnorteados e pulei em seus pescoços. Eles me abraçaram, mas ao constatarem que eu estava muito suada se afastaram fazendo careta, o que me fez abraçá-los ainda mais.

O Capitão se aproximou e os cumprimentou, ele estava recebendo todos os visitantes que chegavam.

- Capitão Charles - e eu senti algo como uma facada nas lembranças, meu sorriso pareceu sal sendo jogado na água e se desfez, meus pais o cumprimentaram e me olharam. - Foi uma honra trabalhar com a filha de vocês. - ele me olhou, concertei a postura e sorri par ao Capitão, mas ele percebeu que eu não estava sendo verdadeira, apenas acenou indicando que eu estava dispensada.

- Venham, deixe-me mostrar o navio a vocês. - falei pulando os degraus que dariam na proa e de lá entrariamos no navio.

Se despediram, assim que entrei parei de correr, meus pais me olharam.

- O que houve? - minha mãe perguntou.

- O nome dele - comecei - Eu não sabia até agora, qual era o nome dele. - falei suspirando - Mas enfim...

- Como é ficar aqui? - meu pai perguntou olhando a estrutura de metal sem muito agrado.

- É demais. - falei - Venha, irei apresentar-lhes as minhas companheiras de cabine.

Eu os guiei contando sobre as coisas boas que haviam acontecido por ali, contando sobre o maquinário, sobre as missões que nos eram lançadas e tudo o mais. Cheguei até a parte que haviam separado para o embelezamento. Apresentei Mandela e depois Laila, os pais de Mandela já haviam chegado e estavam ali aproveitando para se cuidarem, minha mãe não perdeu a oportunidade e se juntou as mães dos outros marinheiros, eu e meu pai fomos dar mais uma volta.

Foi com ele até a Popa, sentamos ao fundo e ficamos observando as pequenas ondas formadas pelos motores.

- Ele já está na Holanda há quatro meses, não é? - meu pai me olhou, sabia de quem eu falava.

- Sim, chegou a nos ligar algumas vezes para saber se tinhamos notícias suas - eu o olhei - Mas, bem, não tinhamos nada, apenas ficamos sabendo que você estava bem porque chegaram com uma carta de graduação. - eu ri - Aparentemente você cresceu muito aqui dentro, não foi?

- Nem me fale, deu muito trabalho, mas eu consegui - falei me deitando e sorrindo para ele, meu pai deitou.

- E agradou muito a todos - ele sorriu - Tenho que admitir que cheguei a achar que você não conseguiria ficar aqui por muito tempo - eu o olhei, ele fitava o céu - Mas fico feliz em perceber que estava errado.

Ficamos conversando, e meu pai se sentou assustado, levou a mão até o bolso e retirou um envelope.

- Recebemos do Charles há alguns dias, na verdade era para você, mas nós acabamos abrindo.

Eu ri, sempre foram curiosos, era uma carta e junto dela tinha um cartão postal com a imagem da cidade bem abaixo e do mar acima do nível, eu a fitei por um tempo.

"Sei que talvez você não queira ler isso, mas essa foto fui eu mesmo quem a bateu, achei que você gostaria de se sentir mais próxima de seu sonho de vir para cá.

Tenho que dizer que quanto a língua você tinha razão, no começo sofri muito e Camilla sequer tentou aprender, ele voltou para o Brasil depois de duas semanas e quando me viu aparecendo nos comerciais e coisas do gênero, me ligou pedindo para voltarmos. Tenho que pedir desculpa por isso, eu perdi uma grande menina, não foi?

Agora, você não deve ser mais uma menina, como era, muito provavelmente, você já se tornou uma mulher, nesse treinamento. Vou admitir que sinto ciúme quando me lembro que você está ai cercada por homens, mas o que eu posso fazer se não temos mais nenhuma relação?

Espero que esteja tudo bem, 

Responda assim que possível,

Com carinho,    Charles."

Dobrei o papel e joguei a cabeça para trás, ouvi meu pai se afastando, ele me deixaria sozinha para refletir sobre o que eu acabara de ler, eu o conhecia muito bem. Mesmo depois de tanto tempo eu pude sentir uma fisgada no peito, muitas emoções que foram jogadas no abismo de minha mente, voltavam a escalar e queriam sair, eu estava com vontade de gritar e chorar, mas eu não podia, havia me prometido que nunca mais iria me render ao Charles, mas agora... Agora estava tudo mais difícil, eu sabia que ele estava lá sozinho e eu aqui, sozinha...

 Um alarme, isso fez com que meus pensamentos se dispersassem, levantei correndo e desci par ao pátio, era possível encontrar algumas meninas com metade do cabelo escovado, outras descalças com os separadores de dedo para que não borrassem o esmalte. 

- Marinheiros - era o Capitão, ele já vestia seu uniforme, a maioria usava a roupa de tempo livre, estavamos com o tempo livre - Eu os chamei aqui, porque algo muito grave acaba de ocorrer - todos começaram a se entreolhar buscando resposta - Muitos de vocês sobreviveram a esse treinamento e eu não esperava ver isso, os reuni aqui para dar meus parabéns a todos e deixar oficialmente esse dia aberto par ao lazer. Muito obrigado! - ele sorriu para nós, pela primeira vez  ele estava sorrindo.

Depois que voltamos para o que faziamos, eu resolvi que era hora de começar a me arrumar, me juntei as meninas.


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Notas finais do capítulo

Podem comentar, reviews são muito bem vindas, críticas, elogios, aceito de tudo.