O Verdadeiro Lar - A Luz De Safira escrita por Yui


Capítulo 12
O Ponto de Equilíbrio


Notas iniciais do capítulo

Oi, era pra eu ter atualizado ontem, porém não.
Por favor, gostaria que os outros leitores também deixassem comentário pra eu saber o que vocês pensam sobre a fic.
Nada mais a dizer agora.

Boa leitura.



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Depois de se alojarem, Garça e Po se dirigiram ao salão do trono, guiados por um dos trabalhadores do palácio imperial. Em silêncio, a ave prestou atenção no caminho e depois focou em seu amigo, que parecia ter a mente longe. Já até sabia onde.

Chegando no salão, esperavam as irmãs e o panda estava distraído. A única coisa na qual pensava era no que aconteceu com Tigresa. Sabia que fora atingida, apenas. Era estranho para ele que ela fosse atingida tão facilmente. Ainda se perguntava o que Garça escondia porque ele pôde notar. A ave quase falou.

Longe dali, a felina estava encostada na cabeceira de uma cama coberta com uma grossa manta branca. Vestia uma camisola vermelha longa com mangas compridas. Fazia frio, embora ali não estivesse nevando.

No quarto onde estava alojada havia uma fonte de calor e luz. Era dia, mas o céu estava nublado e o fogo aquecia e deixava quase todo o quarto a vista. A cama era aconchegante e estava sendo bem cuidada e mimada por seus amigos e pais, inclusive pela médica Mi, mas não deixava de pensar em seu marido.

Imaginava como ele estava, onde, se havia comido, se estava cansado, se estava pensando nela... “como será que ele vai reagir quando souber... ?”, pensou ela, pousando as patas no ventre que começava a se sobressair. Bem, só um pouco.

Não pôde evitar de sorrir, mas... também ficou preocupada sobre como essa notícia cairia sobre Po e os demais mestres do conselho. Talvez tentassem atacá-la por isso, mas teria seus amigos pra acudi-la, mas eles não poderiam zelar apenas por ela e Po, ela não sabia quando voltaria. Acreditava que fosse logo, porque ele disse que já estava escolhendo o novo líder para poder voltar ao Vale da Paz.

Suspirou fechando os olhos e acariciou o ventre novamente. Era mais do que suficiente para ela poder ter aquele filhote. Faria tudo para protege-lo e cuidar dele. Não importava o que ou como a desafiassem.

E agora estava começando a chorar pelo nervosismo causado pelos pensamentos. Malditos hormônios!

Com o pensamento em Po, ela resolveu deitar-se de lado, em direção à janela e tirar um cochilo. Esse estresse faria mal ao bebê e ela também ainda estava bem cansada. No seu sono, Tigresa sonhou com lembranças dos dois.

Na sala da casa onde estavam hospedados, estavam o restante dos furiosos e os pais de Tigresa. Hui Nuan se levantou para ver como ela estava e foi até o quarto apenas para encontra-la dormindo, confortá-la mais com a coberta e a observar sentado numa cadeira próxima.

Shifu não podia deixar de pensar o mesmo que sua filha e aluna, mesmo sem saber que compartilhavam a preocupação. Ele a tinha com razão, já que estava presente na reunião do conselho e ouviu em alto e bom som que se o Dragão Guerreiro não tivesse um novo líder antes do nascimento de um – na época – improvável filho, seria privado de seu título ou afastado de sua esposa e cria, sem que a China soubesse dessa boa notícia, até ter um substituto. Isso pouparia riscos à criança e à mãe por serem ligados tão intimamente ao Dragão Guerreiro. Qualquer um poderia querer atingi-lo através de um ou de ambos.

O problema agora era que a improvável gravidez de Tigresa era fato. O impensável aconteceu e eles tinham que resolver isso o quanto antes, sem deixar cidadão algum saber. Havia conversado com Hui Nuan na noite passada e concordaram numa coisa: seria difícil, mas guardariam esse segredo até do próprio panda se fosse necessário para proteger Tigresa, seu neto e o próprio Po também.

Po ficou de pé olhando para um ponto qualquer no salão enquanto o imperador falava e seu amigo também.

Até que finalmente as irmãs chegaram, junto com uma convidada inusitada para ambos. Apenas Garça notou sua presença, inicialmente.

– Boa noite – disseram as três.

– Ju? – Perguntou Garça.

– Olá.

– O que há com ele? – Perguntou Ayra.

Xue imaginava. Fora alertada por seu pai sobre o ocorrido com Tigresa. Via seu pai e Ayra chamando o panda e Ju se escondendo atrás dela.

– Ah, oi... o quê?

– Está tudo bem?

– Sim, alteza – curvou-se para Ayra e Xue.

– Não é necessário – esclareceu Xue com um sorriso amável.

– Você... – o rosto de Po se tornou sombrio só por olhar para Ju e ela abaixou a cabeça – o que faz aqui? Onde está seu pai?

– Eu... eu, não sei o-onde ele está.

O olhar do temível Dragão Guerreiro nunca foi tão forte e mortal como agora. Sua voz poderia ser comparada a um grunhido feroz. “Passou tempo demais com Tigresa”, pensou Garça.

Mas o guerreiro não guardou ressentimentos nem mágoa, a única coisa que queria era proteger seu relacionamento com Tigresa, ainda mais agora que os dois tinham algo mais sério e que juraram zelar eternamente por esse laço, muito embora Po ainda não soubesse de algo que os uniu em sangue para sempre.

– Não fale assim com ela, já não é mais ruim – interveio Xue.

– Sério?

– Sim. Confie em mim.

O panda pensou e olhava de uma a outra tentando encontrar mentira ou algum sinal corporal que a demonstrasse. Nada. Isso só o deixou pior do que já estava. Não conseguia afastar os pensamentos de Tigresa e ainda reencontrar aquela que ajudou a afastá-los e quase o enganou, não melhorou em nada seu humor.

Suspirou e fechou bem os olhos contando até dez e alcançando a paz interior. Já fazia isso em questão de segundos por conta de tanto treinamento.

Assim que se acalmou ao ponto de que nada mais o perturbaria, abriu os olhos e não se permitiu expressar nem um sorriso se quer para ela. Seria falsidade de sua parte se o fizesse.

– Está bem.

– Ótimo. Vamos conhecer o palácio?

– Claro – sorriu – vamos ter parada pro lanche, né?

– Sim – disseram as irmãs rindo do jeito do panda.

Ju expressou um sorriso. Já não podia dizer que o amava, só queria limpar sua honra, mas acreditava que isso não seria possível enquanto seu pai não se entregasse. Isso se é que ele não estava tramando algo maior.

Ela sabia que ele não contaria nada mais a ela. Ju mudou de lado. Só queria viver em paz de agora em diante.

Na antiga fortaleza das irmãs Wu, Fa Huo estava dando ordens a seus asseclas. Cada qual deveria vigiar uma parte do castelo. Deveriam guardar o ser no espelho com suas vidas e seriam recompensados.

Ele planejava ir até a cidade imperial e ficar escondido até a coroação ou até a entrega da joia de Tigresa e já que ela não havia chego à cidade ainda, ele esperaria o quanto fosse.

Arranjaria um lugar para se hospedar e o oráculo já havia lhe dado o nome de alguém que queria, tanto quanto ele, acabar com a festa do imperador e dominar a China. Ela ainda não sabia, mas faria parte de um plano que iria muito além do que ela ou qualquer um acreditava. Apenas o sua prisioneira do espelho sabia.

Fa Huo saiu do castelo com um nome em sua boca.

– Rin. O Dragão Negro vai precisar da sua ajuda – sorriu de maneira torta e assustadora.

Quando seu chefe havia saído, o crocodilo correu ao calabouço para combinar a fuga com seu novo amigo. Apenas ele poderia levar a mensagem ao guerreiros do Palácio de Jade, que estariam presentes na cerimônia de coroação da imperatriz da China.

Chegou à cela. A luz do dia invadia o local pelas minúsculas janelas com barras. O crocodilo chegou a seu destino e disse ao boi que iria vigiar o prisioneiro agora. Foi deixado à sós com o prisioneiro.

No palácio imperial, os guerreiros passeavam junto às irmãs e à convidada. Passaram pelos jardins que tinham todas as espécies de flores e as últimas plantadas foram mudas das mesmas que Hai Li ofereceu à Ayra. Só de olhar o local onde daqui algum tempo elas nasceriam, já a deixou feliz.

As salas e quartos eram luxuosos. As cores predominantes eram o dourado e vermelho, mostrando, além das posses da família real, sua força. Ao menos era o que as cores representavam. O branco também se fazia presente. Essas cores estavam em paredes e rodapés com detalhes espiralados ou com desenhos de flor, nos padrões de algumas paredes em forma de espirais e dragões.

Até que chegaram a um grande corredor que levava a apenas uma sala. Ao abrirem a porta, se encontraram no arquivo da história do palácio.

– Uau! Que demais! – Exclamou Po com os olhos bem abertos observando com um sorriso.

Era como uma cúpula. A parte de cima, onde seria o teto, azul escuro com estrelas, mapas de constelações e o desenho da lua crescente e a de baixo, o chão, era azul claro com detalhes de nuvens e um sol amarelo do mesmo tamanho da lua. No centro do sol, uma mesa redonda cujo tampo servia de descanso para um livro grosso de capa marrom adornado com dourado.

Havia algumas estantes que guardavam livros importantes, como por exemplo, o livro das espécies. Enorme.

Po reparou que as paredes estavam desenhadas com quatro criaturas: a fênix, o dragão, a tartaruga verde e o tigre branco, como uma bússola apontando exatamente para as quatro direções. Aqueles desenhos o fizeram congelar e sentir um arrepio recorrer a espinha, além de uma sensação estranha no estômago. Vontade de vomitar não era, ele tinha essa certeza.

– Po, alguma coisa errada? – Perguntou Garça.

– Esses... animais... – sua voz não era mais que um sussurro.

– Ah, quer saber a história deles? – Perguntou Ayra.

– Sim, sim... eu quero – respondeu recuperando-se.

– Bem, eu vou contar – começou Xue. Ela se aproximou do livro e o abriu – este é o livro da História da China e nele também há histórias do palácio... deixe eu ver onde está... ah! Aqui, encontrei...

Os quatro pontos de equilíbrio

Quatro animais representam os quatro grandes clãs – os mais poderosos –, os quatro elementos, as quatro direções. Um não existe sem o outro. Juntos, somados de dois em dois, são o princípio da dualidade, do Yin e Yang.

Os dragões são a nobreza e lealdade.

Os raros e puros tigres brancos são a força e coragem.

As tartarugas são a sapiência e paciência.

As fênix são a bondade e o renascimento.

Todos tem as mesmas qualidades, porém estas se destacam em cada um.

As fênix e os dragões viviam na mesma região, centro da China, se ajudando mutuamente, repassando ensinamentos entre si e depois compartilhando com as outras duas grande espécies, que viviam na costa.

São os poderes personificados enviados à terra pelo Deus Su, o Absoluto – formado pela morte e o destino ou vida –, para que pudessem equilibrar o mundo, equilibrar a luz e a escuridão.

A cada geração, havia um escolhido para portar esse dom e pesar, para equilibrar os pontos do mundo material e espiritual que eram controlados por sua presença e com o tempo, os demais tiveram inveja e temiam que os escolhidos fossem egoístas.

Houve perseguição. Alguns por temor, outros por ganância e o clã fênix sucumbiu jurando algum dia voltar, renascendo de uma nova forma. O clã tartaruga resolveu se guardar e esperar o tempo de voltar e passar seu poder assim como suas amigas aladas de fogo.

Com o desaparecimento do clã fênix, o seu chi ficou concentrado junto ao dos dragões vermelhos e com o declínio das tarefas pelo clã das tartarugas verdes, seu chi foi entregue aos tigres brancos.

Ambos os clãs restantes perderam sua força. O dos dragões foi dizimado de sua forma original, sendo reduzidos à uma espécie de serpentes raras e seu escolhido por conta do chi da fênix, morreu para ressurgir novamente nesse ciclo constante. O dos tigres brancos adquiriram outras características, inclusive por hibridismo, resultando em outra criatura para esconder seu poder e, como conta com o chi da tartaruga verde, esperaria a hora certa para voltar.

De transformações e renascimentos, algum dia na terra haverá um híbrido com plenos poderes para equilibrar o mundo. Enquanto isso, o mal reivindicará seu lugar para governar supremo, tentando impedir o equilíbrio para sempre.

– É isso.

– Espera, mas... os tigres brancos não são parentes dos tigres-do-sul? – Perguntou Po.

– Sim, mas essa espécie se tornou única enquanto os outros tigres de pelagem amarela e mesmo alguns de pelagem branca, foram para o sul da china e pra Sibéria, então formaram outras espécies com outros ambientes. Essa espécie era formada apenas por tigres brancos. É o que dizem os registros no livro das espécies.

– Entendi.

– E com que criaturas eles se tornaram com o hibrid-... ?

Garça não pôde terminar de falar. O estômago do panda grunhiu alto como se estivesse brigando com seu dono.

Po ficou vermelho e coçou a nuca, vendo os outros rirem pelo ocorrido.

– Bem, depois conversamos sobre isso. Vamos jantar – disse Ayra.

Eles se retiraram.

Po saiu de lá com mais curiosidade do que quando entrou. Precisava ver esse livro das espécies e este no qual Xue leu sobre o equilíbrio. Algo em seu interior pedia por isso.

A única do grupo que pareceu notar seu incômodo foi Xue.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Sei que nesse capítulo algumas coisas ficaram claras e logo logo, nos próximos dois ou três, mais coisas serão resolvidas.
Espero que tenham gostado e deixem reviews para que eu saiba ha ha. ^^

Até mais. o/



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