Os Semideuses do Submundo escrita por João Victor Rocha
Notas iniciais do capítulo
AAHHH!! Esse é o meu capítulo favorito (=
—- Capítulo atualizado.
~[2]~
Capítulo dois
Recebo a visita do meu sátiro medroso.
A questão é que minha mãe nunca tentou esconder minhas origens, quem é meu pai e o quão esquisito eu sou.
Minha mãe era uma punk na época que conheceu Hades, ela evitou falar muito, mas contou que se conheceram em uma festa cheia de drogas e bebidas, e que eu fui feito pelos arredores de um beco. Quando ela descobriu quem ele era, se mudou para Holywood a fim de ficar mais perto do mundo inferior, com a intenção de ver Hades frequentemente. Mas isso não adiantou de nada.
Hades e minha mãe sempre mantiveram um relacionamento amigável, mesmo que Hades não tenha visto a minha mãe por mais de duas ou três vezes após meu nascimento. Talvez por respeito à Perséfone (Minha madrasta), mas tenho certeza que se os vivos fossem bem-vindos ao mundo inferior, minha mãe já teria ido.
E por mais que eu soubesse que coisa estranha eu sou, os monstros não pareciam me perseguir com frequência. Graças a Hades, costuma dizer minha mãe.
Teve aquela vez que apareceu um cão infernal diante de mim, minha mãe não estava por perto e eu tive que lutar, mas é claro que não deu nem um pouco certo. E quando o cão ia me atingir com seu ataque final, uma barreira invisível me protegeu. Depois disso ficou tudo bem.
Mas eu juro que preferiria ir sozinho para o acampamento meio-sangue a pé, correndo todo e qualquer perigo que ter a escolta do meu novo sátiro.
Não que ele seja mal, chato ou alguma coisa assim. Mas é que ele está sempre com um tremor esquisito e gaguejando com medo de mim.
Começou depois que meu pai “conversou” com Dionísio, e então alguns dias depois tinha um troço metade bode na minha porta.
— Bééé. O Senhor é Richard Rase? – Ele berrou assustado.
Se a primeira impressão é a que fica... Ele me chamou de Senhor?
— S-sim... – estranhei o fato.
E então nós ficamos parados na porta encarando um ao outro em silêncio.
Alguns minutos depois o bode disse:
— M-meu nome é Empório...
— Empório? – Caçoei.
— É... meu nome é George Empório. Prazer, sou sua escolta, seu ajudante e ami... – Ele ia falar, mas quando percebeu quem eu era se encolheu de medo novamente.
— Ó-ótimo! Vejamos... pode entrar!
Abri a porta e tentei deixa-lo a vontade. Claro, não ia dar certo... Mas Empório trotou seus cascos no tapete e entrou carregando algumas sacolas pretas de lixo, uma mochila nas costas e um treco de guardar espada.
Não foi nada confortável ter o Empório por perto. Ele parecia olhar para as cadeiras de alumínio com desejo... Mas isso não foi o que me incomodou. A verdade é que ficamos por volta de uma hora sentados sem falar nada, mas o Empório continuava encolhido o tempo todo.
Levantei para beber água, e quando voltei tentei quebrar o gelo.
— Com fome?
— Ah, sim... M-mas não se preocupe comigo, não vou incomodar ninguém. Eu trouxe minha própria comida.
Soou um pouco medroso da parte dele.
— É verdade que os sátiros comem alumínio? – Perguntei.
— Não necessariamente... mas eu sou plasticiano, senhor.
— Desculpe, mas acho que não entendi. – Disse a George.
Ele berrou, depois se desculpou por isso.
— Significa que eu só como plástico. O meu sonho é fazer do nosso planeta um mundo melhor. – Quando ele disse, seus olhos pareciam brilhar. — Mas, cara! Plásticos são um problemão! – Empório encolheu os ombros, como se tivesse percebido que deveria agir de outra forma diante da minha presença
Alguns minutos depois, Empório abriu uma de suas sacolas de plástico, e de lá tirou um enorme emaranhado de outras sacolas menores, depois George tirou um palito do mesmo local e enrolou suas sacolas em volta do palito.
Deu uma mordida lenta e barulhenta.
— Ah. Desculpe, como eu sou mal-educado. – Se desculpou. — O senhor aceita? É semelhante ao algodão doce.
— Oh, não... acho que meu paladar não funciona desta maneira.
Aquilo não era nojento, só era bastante estranho.
Tentei desviar minha atenção para a TV e fingir que aquilo era muito comum e normal. E quando Empório finalmente terminou, ainda meio constrangido me perguntou:
— Senhor Rase, nós não podemos ficar no mundo exterior por muito tempo... N-não que eu esteja apressando o senhor a fazer alguma coisa... mas o senhor deve saber que são muitos os perigos de se manter aqui... – E ele se encolheu novamente.
— É, eu...
— Por favor senhor Rase, não me mate! – Fui interrompido com o pedido de Empório. — Eu só estou fazendo o meu trabalho... E-eu lhe suplico.
— Mas eu não vou fazer nada. George, você está confundindo as coisas... – Falei me levantando, mas Empório se encolheu ainda mais. — Eu não sou meu pai! – Gritei. — Por mais que ele seja mal, enfurecido e perverso, que fique bem claro que eu NÃO SOU ELE.
— Desculpe senhor, mas seu...
— Não – Eu o interrompi enquanto Empório gaguejava de medo. — Você não sabe como é. A minha vida toda eu fui rejeitado e excluído, perseguido por monstros e tudo mais. – Eu estava gritando. — As pessoas tem medo de mim, George! Elas sentem arrepios só de estarem perto de mim. Mas eu não sou quem vocês pensam e tem medo.
— Desculpe, por favor! Mas senhor Rase, seu cabelo está em chamas.
Sim, meu cabelo estava em chamas, mas este era o menor dos problemas. Isto por que antes que eu pudesse levar minha mão à cabeça, uma criatura de fogo apareceu destroçando todo o telhado da casa deixando o sol exposto. Ela parecia bastante indefinida, e em menos de um segundo a criatura se dissolveu em chamas e adentrou a casa incendiando tudo e qualquer coisa que passasse por seu caminho.
George gritou:
— Fuja, Senhor Rase! É uma empreitada.
Mas quando voltei minha atenção para a criatura, ela já havia feito um círculo completo de fogo em minha volta me deixando isolado de George e de todo o resto.
Corri em direção de Empório com a intenção de sair dali, mas eu estava ferrado! A criatura me viu e correu por entre o fogo, e quando eu estava prestes a atravessar o círculo a criatura em chamas me alcançou, eu consegui pegar na mão de Empório que se estendia, mas a criatura já havia me pego. Ela me acertou em cheio bem no meio do meu peitoral, minha camisa virou cinzas naquele lugar, e uma marca de queimado forte ficara exibido em meu corpo.
Eu cai pra trás. Mas ainda consegui escutar Empório como se estivesse bem distante, quando na verdade estava bem próximo, e ele gritou desesperado, ecoando no fundo da minha cabeça.
Corra, Richard. É uma salamandra, um espirito do fogo, disse ele
No mesmo instante eu comecei a ficar com bastante raiva. Virei ficando de bruços, tentei levantar mas cai novamente, a dor em meu peito era muito grande. Quando olhei na direção da Salamandra, pude perceber que estava perto o bastante de Empório.
Inesperadamente uma fenda se abriu no chão da casa bem ao meu lado. Olhei para ver o que era e uma enorme obsidiana se estendeu perto de minha mão direita, apoiei-me e finalmente consegui levantar. Mas a Salamandra já havia desferido alguns golpes em Empório e o mesmo estava ferido no canto da sala.
Eu achei que seria besteira, afinal obsidianas são como vidro, mas mesmo assim o fiz: Já levantado reuni minhas forças e arranquei a obsidiana que se estendia até minha cintura, levantei-a para o alto com as duas mãos e uma coisa estranha aconteceu.
A obsidiana começou a moldar-se na minha mão e em meu antebraço esquerdo ela tomou a forma de uma “luva”, como em uma armadura, e na mão direita, a obsidiana tomou a forma de uma espada de porte médio, do tamanho da minha canela. Não pensei duas vezes e corri em direção à Salamandra que já se preparava para um forte ataque em Empório, e o coitado, Haha! Estava encolhido no canto formando um “X” com o braço como se fosse o proteger de alguma coisa.
Segurei firmemente a espada enquanto corria e quando cheguei perto o bastante desferi um golpe nas costas da salamandra que se dissolveu em fogo novamente, mas que de nada adiantou, a obsidiana não conta como arma divina, e então ela tratou de se reconstituir em uma chama próxima. Virei-me para trás e a soquei com o meu braço esquerdo, seu rosto se dissolveu por alguns instantes mas logo quando recolhi a mão o fogo tratou de regenerar tudo.
Quando eu ainda estava próximo a Salamandra, um jato d’agua despencou do telhado destruído caindo perto de onde estávamos e o mesmo fez com que as chamas apagassem naquele pequeno local. Depois o jato d’agua foi sendo sacudido de um lado para o outro. Pude ver a Salamandra agonizando enquanto era atingida, e logo ela desapareceu completamente.
Estávamos eu e George sozinhos na sala, o som da sirene dos bombeiros que só pude conseguir escutar após a “morte” da Salamandra, estava soando pelo fundo.
Empório me encarou como se tivesse acabado de voltar do mundo inferior e disse:
— Cara, temos que ir imediatamente ao Acampamento Meio-Sangue.
Passei a mão sob o queimado em meu peito e assenti em resposta.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Então, gente, milhões de desculpas okay? eu peguei a Salamandra da Wikipédia, pois eu comecei a ler "O Mar De Monstros" agora, então eu não sei se existe no mundo de Rick Riordan, ou se tem outro nome e etc... estejam a vontade pra me avisar ;)