Os Semideuses do Submundo escrita por João Victor Rocha


Capítulo 1
Capítulo 1 - Um cão gigante se curva diante de mim


Notas iniciais do capítulo

Espero que ame :)

—- Capítulo Atualizado.



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~[1]~

Capítulo um

Um cão gigante se curva diante de mim.

Se você acha que ser um meio-sangue é ruim, imagine então ser filho de Hades.

Mas posso lhe dizer que se, desconfia ser um meio-sangue, não fique parado, contate o garoto manco da sua escola, tire as calças dele e corra agora mesmo o mais depressa possível para a Colina Meio-Sangue, Long Island, Nova York. Mas se por acaso você conseguir chegar até um pinheiro no auto de uma colina, olhar para o horizonte e não conseguir enxergar nada além de plantações de morango, sinto muito, mas você é paranoico(a), e provavelmente sofre de algum distúrbio psicológico.

E se você fizer parte dessas pessoas que sofre de algum distúrbio psicológico, apenas interprete essas histórias como algo fantasioso.

Meu nome é Richard Rase, tenho dislexia e déficit de atenção, simplificando, sou um semideus, e não sei como explicar isso, mas estou neste exato momento a caminho do mundo inferior.

Ah, você quer saber por que? Pois bem, a verdade é que Hades, o rei do Mundo Inferior, Deus dos Mortos, é também meu pai.

E lá estava escrito em uma placa discreta, que por sorte minha dislexia permitiu a leitura:

ESTÚDIOS DE GRAVAÇÃO M.A.C. – MORTO AO CHEGAR

Nunca me imaginei em uma situação parecida. Suspirei por um segundo e abri a porta encarando qualquer coisa que viesse me barrar.

Mas tenho que admitir que senti uma certa decepção quando ninguém veio reclamar por eu ter entrado, mas acabei vendo outra coisa: Era um salão, mais parecido com um saguão de hotel, haviam cactos em vasos distintos espalhados pelos cantos, e os sofás, assim como os outros móveis, eram negros e pareciam ser feito de couro, havia um único elevador e o mesmo parecia ser o centro das atenções.

A sala estava praticamente lotada de pessoas, imaginei serem mortos, não consigo diferenciar bem, isso por que como filhos de Hades, consigo ver mortos melhor que qualquer um, soa estranho, mas não é tão desconfortante quanto parece.

A bancada do atendimento ficava em cima de um degrau, tive que olhar para cima, e isso era muito desconfortante.

Lá em cima havia um homem alto, com uma boa postura e vestido de uma forma elegante, ele me examinou com os olhos por um estante e disse:

— Bem vestido... você é um rapaz bonito! – Sussurrou pra si mesmo — Não vejo algum morto bem vestido desde que aquele tal rei do pop deu as caras por aqui.

E ele se pôs a pensar

Olhei para seu terno de seda italiano, havia um crachá pregado, estava escrito: “Quíron”

E então ele saiu de seus pensamentos e abriu um enorme sorriso simpático como se eu tivesse contado uma piada

— Você não está morto, não é? Olhe a sua volta, os mortos são cinzas, mal vestidos e tudo mais.

Estremeci, um calafrio subiu sob minhas costa até o pescoço.

— Não, não estou morto Senhor Quíron.

— Quíron? – Ele gritou irritado. — Como ousas dizer este nome? Aposto que você é um daqueles semideuses, a gentinha da sua raça sempre me confunde com aquele velho metade-cavalo, pois fique sabendo, que a entrada do mundo inferior está restrita para qualquer mortal... exceto se... – Ele disse fazendo um sinal com a mão como se reclamasse por dinheiro.

— Não tenho nenhum Dracma aqui comigo, Senhor... Hãn...

— Caronte, Ca-Ron-Te.

— Caronte. – Repeti.

— Não, é Senhor Caronte. – Ele disse.

— Desculpe. Senhor Caronte.

E então ele me olhou como se quisesse me matar, e através de seu óculos escuro pude ver seus olhos perversos, neste instante eu finalmente juntei coragem o suficiente para dizer tudo sem pudor.

— Sim! Eu sou um semideus e não estou morto. Mas se eu fosse você, teria cuidado com as palavras. – Fiz uma pausa encarando-o, depois soltei: — Você está diante do único filho de Hades feito após o juramento dos Três Grandes.

Seu sorriso malicioso amarelou, aos poucos ele ficou paralisado sem reação, e após alguns segundos saiu de trás da bancada, depois ele me cumprimentou com certo desespero.

— Desculpe, Senhor Quí, Hãn... Caronte – Disse a ele. — Não precisa me tratar desta maneira, só lhe peço para que leve-me até meu pai.

Ele se levantou e foi em direção ao elevador, vagamente pude escutar ele resmungar alguma coisa sobre um possível aumento de salário, em seguida o homem apertou um único botão no elevador, que era uma seta apontando para baixo.

Faz sentido, pensei, se você entrar não consegue sair.

Foi ai que me dei conta que eu não havia bolado nenhuma estratégia, simplesmente fui até lá na maior cara-de-pau com as mãos vazias. E nem se quer saberia como sair.

Porém antes que eu pudesse pensar em alguma coisa, Caronte me empurrou para dentro do elevador, estava um pouco apertado, e eu estava rodeado por mortos que zumbiam em tom melancolicamente.

O elevador pareceu seguir para trás, neste momento me veio um frio na barriga, Caronte pareceu saber o que eu estava sentindo, apoiou a mão no meu ombro e seguimos adiante.

●●●

JULGAMENTOS PARA O ELÍSIO E PARA DANAÇÃO ETERNA

Bem-vindos, recém-falecidos!

A paisagem - por assim dizer, do mundo inferior não era nada agradável. Era um amontoado incrível de mortos, mas eles não pareciam bravos, mas aparentavam estar muito tristes, como se lembrassem da família e dos amigos

Fendas enormes se abriam no chão naquele mundo, e haviam poucos lugares que não exibiam poços de magma fervente. Era possível ver de longe alguns campos cheios de mortos, que eu não pude distinguir para que serviam, e em outros cantos existiam campos de tortura para quem não tivesse sido uma boa pessoa em vida, então ficaria ali sendo torturado por toda a eternidade.

Mas por outro lado, uma coisa me chamou atenção, no meio daquele inferno, existia um lago azul, e neste lago se localizavam três ilhas maravilhosas, era uma área de mansões, e lá era o único lugar que parecia não ser afetado pelas trevas, belos jardins eram mostrados com exuberância, e as casas luxuosas faria qualquer bilionário se sentir humilhado, porém haviam poucas pessoas ali, e isso era deprimente, mas também me fez pensar que poucas pessoas mereciam aquele local.

Por que será? Pensei.


Caronte me puxou para fora da fila que se estendia até um enorme cão do tamanho de três adultos empilhados, era um rottweiler gigante de três cabeças.


Quando passávamos perto do cão gigante, Caronte de repende decidiu parar, o cão virou uma de suas cabeças bruscamente para me observar, ele bufou. Um hálito ardente e podre de milhões de anos fez minhas narinas arderem. Pensei seriamente em sair correndo, mas Caronte me segurava com força.

Quando o monstro já me encarava severamente com ambas as três cabeças, Caronte sussurrou:

— Vamos, menino, estenda a mão! Se você for mesmo que diz ser, Cérbero se curvará diante de ti.

A ideia não soava nada legal, e Caronte parecia mesmo estar desconfiado da minha identidade. Eu estava prestes a fazer um cão de mais de quatro metros de altura se curvar diante de mim, engoli seco e lentamente estendi a mão em forma de benção.

E não é que o cão me reverenciou?!

A sensação que me percorreu naquele instante foi completamente excitante, eu me sentia poderoso, me sentia infinito, era como se nada mais pudesse me segurar.

●●●

Caronte me deixou no portão do palácio de Hades, ele disse que não poderia prosseguir, e que além disso, havia deixado o saguão de entrada sem supervisão de alguém, a essa altura alguns mortos já teriam entrado sem permissão.

Era um palácio enorme, talvez a coisa que mais se destacava neste mundo.

O jardim de Perséfone estava a minha direita, um cheiro forte de romã invadiu o local, e quando pisei no primeiro degrau do castelo tive uma súbita vontade de ir lá e colher algumas frutas.

E foi o que fiz.

Quando adentrei o jardim, o cheiro parecia muito mais convidativo, foquei para o centro e lá havia uma enorme e esplêndida árvore. A árvore que ali estava, era iluminada por uma luz divina e tremeluzia como ouro, seus frutos eram grandes e suculentos, eles emitiam um aroma espetacular.

A medida que eu ia me aproximando, o jardim parecia sussurrar alguma coisa, e quando peguei um fruto, o jardim suspirou contentado.

Enquanto ia voltando ao castelo, devorei a fruta por completo, e por mais que fosse suspeito, nada aconteceu.

Então eu adentrei o castelo. Haviam esqueletos de guarda por toda parte, usavam trajes gregos e armas ameaçadoras, com certeza intimidaria até o filho do senhor dos mortos. Isso mesmo!

O piso da casa do meu pai parecia um bronze muito bem polido, olhei pra cima e percebi que não havia teto, mas mesmo assim era um lugar bastante escuro. Mesmo pelo fato de que haviam tochas espalhadas em determinados pontos. E quanto mais eu me aproximava do trono mais os esqueletos armados se preparavam para um ataque.

O trono era gigante e extremamente negro, e uma criatura estava sentada ali, e ela era, ou estava, gigante assim como seu trono, ele era de uma cor vermelho-escuro e fulminava em chamas. Além de tudo, ele estava sentado observando o fogo que queimava onde parecia ser algo como uma lareira.

— Pai?

Ele então se virou lentamente como se não tivesse pressa, e com uma risada macabra de fundo.

— Ora, ora... vejam só quem se rendeu à mim de uma vez por todas. – Caçoou Hades, e logo após me lançou um olhar quente e desafiador. — Seu trono é logo ali. – Sugeriu apontando.

— Não, pai, é que...

— É, eu já sabia que não era isso – Ele me interrompeu. — Você sempre espera pedir favores, não custaria nada se preocupar um pouco comigo, hein? – Se lamentou. — Aliás, eu estou bem, obrigado. Sua mãe está bem?

— Sim claro, ela está...

— Ótimo! – Ele me interrompeu novamente. — Diga à ela que mandei lembranças.

— O.k, mas eu...

— A qual motivo se leva a sua honrável presença em meu mundo?

— Minha mãe achou que...

— Ah! – Me interrompeu. — Sua mãe... tsc, tsc, pelo que me parece continua achando que pode mandar no universo.

E então ele se levantou do trono e logo reduziu seu tamanho, agora media por volta de dois metros de altura e tomou a aparência de um humano pálido.

— É o acampamento meio-sangue, minha mãe achou que você poderia resolver o problema. – Disse a Hades

Hades apagou o fogo da lareira de uma vez, e depois se pôs a me rodear

— Aqueles burocratas... – Resmungou. — Ainda é o problema da cabana?

Assenti.

— Vou ter que ameaçar Dionísio de novo. Mas Zeus já está ficando desconfiado das coisas que ando fazendo – Resmungou para si mesmo. — Certo, problema resolvido, irei conversar com aquela gente. – Disse dando ênfase no “conversar”. — Se é que me entende...

— Não, pai! – Gritei aumentando o tom. — Já estou cansado desse seu jeitão ameaçador, se não fazem o que o senhor quer, é morte na certa. É tão difícil conversar civilizadamente?

Os esqueletos ameaçaram disparar.

— Certo, seu tempo acabou. – Ele disse, acenou em despedida e depois estalou os dedos.


Eu comecei a correr em sua direção, mas quando eu menos esperava minha visão escureceu. Eu me senti flutuando, como se cada átomo do meu corpo se separasse, mas mesmo assim ainda tinha consciência de mim. Virei fumaça e fui em direção ao teto da caverna



Eu “acordei” parado na frente do estúdio de gravação em Hollywood onde dizia a placa:


ESTÚDIOS DE GRAVAÇÃO M.A.C. – MORTO AO CHEGAR

Eu só me lembro de estar voando e atravessar o teto do submundo com um risada tola de Hades no fundo e então um vácuo me afetou.

E a única coisa que eu poderia fazer agora era voltar pra casa e esperar para que o problema fosse resolvido.


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Notas finais do capítulo

Então... espero que tenha agradado, próximo capítulo tá pronto e vai sair rapidim :)

(!!Aceito personagens meio-sangues!!)

Comentem POR FAVOOOOR!! ashuashu