Anelli Vongola escrita por reneev


Capítulo 9
O mar feito de lagrimas




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A luz era forte, assim como o vento. Era difícil manter os olhos abertos naquelas condições, mas mesmo assim o moreno se esforçava, colocou ambos os braços em frente da face e tentou caminhar mesmo com dificuldade.

O vestido branco da mulher a sua frente voava, fazendo com que a longa calda ficasse rodeando seu belo corpo, os longos fios claros flutuavam, totalmente diferente dos seus, parecia que ela não era atingida por aquela rajada, na verdade, ela era a causa de tanta luz e vendavais. A voz dela foi baixa, mas nada pode ouvir, o moreno acompanhou o movimento dos lábios e arregalou seus olhos. Depois... Só a escuridão lhe fez companhia.

‘’ Há coisas piores do que a morte...’’

Os olhos verdes se arregalaram e o corpo automaticamente se prostrou para frente, a respiração estava descompassada, gotas de suor lhe escorriam pelo pescoço, grudando os fios negros na pele alva, só então pode perceber que se encontrava na segurança de seu quarto e sentado em sua cama com o coração disparado.

– um pesadelo heim...

Falou para si próprio enquanto dirigia seu olhar para a janela, por onde entrava tímidos raios de sol, olhou a palma de sua mão, notando que ainda tremia. Tratou de respirar fundo antes de se espreguiçar e sair da cama. Mais um dia iria começar.

X-X-X-X-X-X-X

Os pés descalços na areia, as gotas pesadas escorrendo por sua roupa e um sorriso radiante lhe adornando a face enquanto as mãos grossas carregavam uma grande sacola. Dois homens, mais já de idade, arrastavam o pequeno barco de madeira para a orla para só então retirar a rede que continha dezenas de peixes.

– Finalmente em casa... Vai finalmente cumprir sua promessa, Nereu?

A risada gostosa deixou os lábios do jovem rapaz e abriu a palma de sua mão, onde continha uma bela perola. Ficou encarando a joia e se virou para aqueles que compartilhava o trabalho.

– Sim! Vou pedir para fazerem um lindo anel... E em breve meus amigos, estarão junto a mim comemorando meu casamento!

Os mais velhos riram e incentivaram o menino a sair correndo ver logo a futura esposa, e assim o fez, os fios negros já batiam em seu ombro e estavam encharcados, mas seus pés velozmente o levava adiante, causando uma ventania na qual as madeixas iam se secando, aqueles olhos azuis da cor do céu, tão puros quanto as do mar, brilhavam em excitação por poder estar em terra firme outra vez. Seu peito se enchia de alegria a cada metro que se aproximava de seu destino.

Mal bateu na porta de madeira, logo foi entrando sem nunca perder o sorriso, e aqueles que estavam lá dentro petrificaram olhando o recém-chegado, a mais rápida de se recuperar do choque teve as orbes verdes banhadas por lágrimas, levou as mãos a boca deixando cair a cesta que antes carregava, mais do que rapidamente se jogou naqueles fortes braços e deixou seus fios castanhos serem acariciados.

– Vejo que os deuses lhe protegeram outra vez, Nereu...

Falou um homem mais velho, que observava a cena e foi recolhendo as frutas que foram arremessadas contra o chão, os olhos da mesma tonalidade da garota transmitiam uma sensação de paz, tão diferentes da outra garota, que possuía os olhos negros e raivosos, os braços cruzados e as costas apoiadas na parede, ela se retirou assim que os azuis do invasor pousaram em si.

– E eu vejo que Neia ainda não gosta de mim.

Ele riu com gosto enquanto coçava a cabeça, os três ficaram conversando sobre banalidades enquanto a pequena pedra branca repousava no bolso molhado.

Os duros olhos azuis se desviaram do objeto em sua mão e foram para o mar, o anel foi guardado em suas vestes e os longos cabelos eram acariciados pelos deuses dos ventos, enquanto o sol se punha e as lembranças voltavam a lhe preencher, mas tal nostalgia foi cortada pela voz forte que veio atrás de si.

– Capitão! Uma tempestade se aproxima!

É mesmo... Não podia perder tempo com bobagens como o passado.

X-X-X-X-X-X

Ethan suspirou pela milésima vez, já havia anoitecido e estava totalmente dolorido pelos treinos, e completamente entediado em casa, o moreno se levantou e foi caminhando com dificuldade para fora.

Cinco dias haviam se passado depois que Tabolt apareceu com o mais novo anel de coloração amarelada, desde então a temperatura foi caindo até que o outono pode enfim se instaurar, não houve mais mudanças de clima suspeitas e nem mesmo dois certos príncipes apareceram mais.

A noite estava agradável, com uma fresca brisa que lhe obrigava a andar sempre com um casaco por ai, estava muito irritado dês do dia que o terceiro anel foi apresentado, não conseguia mais dormir direito, e isso era sua atividade favorita, o que só contribuía para ficar cada vez mais azedo.

O jovem milionário respirou fundo e parou de andar, se perguntando o quanto havia andado, não reconhecia aquelas ruas, e mesmo que não fosse tão tarde, as ruas estavam escuras e a luz dos postes alaranjada, foi quando o som de um sino lhe chamou a atenção e viu sair de uma loja uma pessoa conhecida. Quando seus olhos se encontraram, ambos ficaram surpresos.

–Neko-chan!

As bochechas do pequeno loiro se tornaram rubras, e este inflou as mesmas caminhando irritado até o inglês, começando a bradar com o moreno, mas tudo o que este fez foi rir. Como adorava pessoas que se irritavam facilmente.

– Não me chame disso!

– Mas combina tanto com você

Piscou para o menor, e só então reparou que este carregava um grosso livro, ficou analisando aquele pequeno corpo, aqueles braços encobertos por uma grossa blusa de moletom negra enquanto nas pernas, apenas um curtíssimo short jeans e meias ¾ protegiam aquela região. Era um contraste bem interessante, pode constatar. Antes que pudesse implicar novamente com o mais novo, seu pensamento foi cortado pela melodiosa voz de seu companheiro.

– Jones-kun... Algo esta lhe preocupando?

Os olhos azuis do inglês se arregalaram e deu um passo para trás, era como se sua alma estivesse sido invadida, tentou forçar um sorriso, mas aquele olhar preocupado não combinava nem um pouco com o baixinho, então, só naquele momento, se permitiu fraquejar. Colocou uma mão na cabeça do russo e a forçou para baixo, fazendo o outro começar a reclamar e tentar se soltar.

– Por que diz isso, Neko-chan? Já sei! Esta pensando em me consolar não é mesmo? Podemos dormir juntinhos

Cantarolou a ultima fase e agarrou com força a cintura do menor e colou os corpos, apenas aquele grosso livro os separando, a mão que antes forçava a cabeça do outro para baixo, agora agarram seu queixo e o forçou a olhar para cima, os lábios entre abertos era uma perdição, assim como as bochechas coradas e os olhos arregalados.

Foi se aproximando devagar, mas seu corpo foi arremessado para trás com força e algo atingiu sua cabeça, enquanto tentava se recuperar da pancada, o outro respirava ofegante olhando seu assediador começando a se levantar.

– I-idiota! Não faça mais isso!

Ah... como era adorável irritar os outros.

– Era apenas um beijo... ou... você nunca beijou antes? – voltou a implicar com o outro conforme ia se aproximando e o outro dando passos para trás, ainda com os olhos grudados nos seus – eu te ensino...

Sussurrou no ouvido do loiro assim que as costas deste bateram em uma parede, não havendo mais escapatória, um dos braços do guardião da chuva se apoiaram na parede e voltou a tentar aproximar os lábios. A carne roçou uma na outra, conforme o mais jovem ia falando baixo, quase que com medo.

– Por que... não consegue mais dormir...?

O moreno afastou o rosto e ficou encarando sua vitima, ele não possuía mais as bochechas vermelhas, apenas um semblante sério e um livro entre os dois, novamente.

– como sabe disso?

– Olheiras... Alguém tão orgulhoso como você não se deixaria pegar por tão pouco... Fora que não te vejo mais roncando pelos cantos da escola... Vai ficar feio se não dormir.

Foi a vez de o loiro implicar com o inglês, mas este acabou sorrindo de canto e percebendo, que no jogo na implicância, era de certa forma divertido se jogar a dois.

– Isso quer dizer que me acha atraente?

Voltou a segurar a cintura alheia, mas novamente recebeu uma livrada na cabeça, fazendo com que se afastasse.

– Se esta com tanta energia assim deveria gasta-la em algo mais produtivo...

Revirou os olhos o loiro enquanto se afastava da parede e ia andando, mas foi impedido por uma mão que agarrou seu pulso.

– Espere... O que faz aqui essa hora da noite?

– ‘’Essa hora da noite’’? Credo! parece um velho senhor Jones, não esperava isso de você... Se continuar com esses sentimentos, em breve não terá mais problemas em dormir...

Um sorriso sarcástico foi tudo que o moreno ofereceu, fazendo o outro suspirar.

– Estou trabalhando naquele sebo... Eu estou alugando um quarto aqui perto...

– Acho que ouvi o Sato dizer algo como isso esses dias...

A menção daquele nome pareceu deixar o mais baixo tenso e vermelho, os olhos azuis se desviaram para o chão e os braços apertaram com mais força o antigo artefato em seus braços.

– E o que faz com esse livro...?

Novamente seus olhos se encontraram, e o pesado livro foi empurrado contra o peito do moreno. O russo foi se afastando quase correndo, e foi se explicando conforme ia indo embora.

– Esse livro com certeza fara você dormir!

Ethan encarou a capa de couro um pouco rasgada, e as letras apagadas, mal conseguia ler o titulo, parecia ser bem antigo, as paginas estavam amareladas, mas ter aquilo em suas mãos lhe fez sorrir suavemente, ainda mais tendo vindo daquele baixinho tal presente.

– ir dormir com uma estória... Sou uma criança agora?

Suspirou e foi retornando para sua nada humilde residência, seu peito parecia mais leve e começou a sentir o cheiro de chuva, mas quando encarou o céu, ele estava iluminado por estrelas, nem se quer uma única nuvem jazia no céu. O barulho de água caindo lhe fez virar para trás, mas nada viu. E novamente aquela sensação de estar sendo arrastado por fortes águas.

Apertou com mais força o livro e tudo aquilo parou, olhou ao redor ofegante, por ter prendido a respiração, achando mais conveniente começar a correr para debaixo de suas cobertas do que ficar ali.

X-X-X-X-X-X

Akira olhava o anel sorrindo de leve enquanto estava deitada em sua cama, a joia possuía uma temperatura agradável e reconfortante, possuía uma luz natural e quando posta contra a claridade podia ver uma pequena pétala de um girassol. O sol. Aquele que iluminada a tudo.

A morena sorriu de leve com aquele pensamento começando a ouvir um barulho em sua janela constatando que começou a chover. Ela se levantou e fechou as cortinas e voltou a se deitar e cobrir-se com o cobertor cor de rosa, afinal, ela ainda era uma menina delicada.

Batidas na porta fez com que escondesse o anel debaixo do seu travesseiro e andasse de forma cautelosa até a entrada, abriu uma pequena fresta e avistou a rosada que era sua vizinha toda encharcada, mas com um enorme sorriso no rosto.

– esqueci minha chave...

Ela riu sem graça, fazendo com que a guardiã do sol corasse de leve e pensasse no que fazer, ela se afastou um pouco e abriu a porta indo até seu banheiro buscar uma toalha para a rosada se secar.

– É-é melhor chamar o sindico...

Gaguejou a morena voltando para o quarto com uma toalha em mãos, vendo a outra retirando a camiseta revelando o sutiã cor de rosa também molhado, a rosada sorriu e aceitou a toalha retirando a saia de pregas e começou a se secar, Akira ficou ainda mais vermelha e se virou de costas começando a gaguejar ainda mais.

– O-o-o qu-e-e est-a-a-a fa-fa-fazendo-o?

– hum? Estou evitando uma gripe!

A mais alta riu e continuou a se secar, abrindo o armário sem permissão pegando uma camiseta larga e a vestiu, deixando uma parte de seu bumbum a mostra, e mesmo que a guardiã do Sol usasse roupas largas, a rosada era maior que si, logo as roupas não ficavam tão grandes quanto na morena.

Novamente a dona do cômodo se virou, ainda vermelha e se assustou ao ver a rosada com seu anel Vongola, o analisando. Sentiu seu coração dar uma batida forte e sem perceber tomou o objeto das mãos da outra com certa violência, fazendo com que a vizinha lhe olhasse assustada, caindo na cama. Só então a filha de mexicanos percebeu o que fez, abaixando o olhar enquanto sussurrava um baixo ‘’desculpe’’ e apertava contra o peito a pedra amarela.

–tu-tudo bem... –foi a vez de a rosada gaguejar, ainda assustada, mesmo assim ela se ajeitou na cama e voltou a sorrir- Ele deve ser bem importante... é a primeira vez que te vejo reagir assim – e voltou a rir animada abraçando as próprias pernas – foi seu namorado que te deu?!

– na-namorado?

E novamente a morena voltou a corar e foi a primeira vez que teve sua típica ‘’noite das garotas’’, mesmo que isso significasse só ela e mais uma, e que apenas a rosada falasse e ela apenas respondesse de forma tímida. Era bom fazer amigos.

X-X-X-X-X-X

Ethan entrou em seu quarto jogando o livro na escrivaninha e se sentou na cadeira começando a folhear o objeto sem muita curiosidade, só parou quando em uma das paginas estava a figura de uma mulher de longos cabelos azuis em uma cachoeira, percebendo que já havia visto aquela imagem antes, quando estava na casa dos Vongola (1).

Novamente começou a ouvir o barulho de gotas caindo. Engoliu em seco e começou a ler a estória tendo a sensação de que a cada palavra lida mais ele se afundava em algo, até perceber que estava totalmente submerso, segurou a respiração e via todos os objetos flutuando junto a si.

Suas costas já batiam no teto e o desespero começou a lhe atingir, foi nadando até a porta a fim de sair daquele lugar, mas parecia impossível ir para baixo a fim de alcançar a maçaneta. Sentiu algo o envolvendo, com tentáculos, o aperto foi tão forte que lhe obrigou a abrir a boca e assim perder todo seu folego, não conseguindo mais manter a consciência.

A ultima coisa que viu? Um brilho intenso vindo daquelas paginas amareladas pelo tempo.

X-X-X-X-X-X-X-X

Os cabelos brancos balançavam de um lado para o outro conforme o corpo se movia de maneira rápida, o suor escorria por seu corpo, mas sua dona parecia não ligar para aquilo, treinando com um bastão imaginário, mais para um tridente para ser sincera, era bem mais charmoso do que um simples bastão.

Não conseguia pegar no sono, toda vez que chovia se lembrava da voz infantil e das palavras dela, o cheiro metálico e forte que a deixava enjoada ainda estava impregnado nela.

– Sabe Misth-chan... vou deixar você viver hoje (2)

Aquela voz a fez cair no chão com a mão na boca, aquelas lembranças faziam com que tivesse ânsia de vomito e uma sensação de sufocamento lhe atingia. Olhou para o anel em seu dedo e ativou sua chama da névoa, mas tamanha foi sua força que acabou quebrando aquela joia. (3)

A garota suspirou cansada e se permitiu relaxar, deitou-se no chão e constatou ser o terceiro anel que quebrava aquela semana, estava pegando pesado nos treinos, mas nunca podia avançar visto que nenhum daqueles anéis não oficiais não aguentavam tanto poder.

Como avançar então?

Aprendeu alguns truques bem rápido, mas toda vez que queria desafiar alguém acabava apanhando, e aquilo a deixava furiosa.

Quando terei meu anel?

Perguntou a si mesma, mordendo o lábio inferior e se encolhendo no chão, ao seu redor a bagunça estava instaurada, ainda não estava ao nível que estava antes de seu irmão voltar, mas já estava tomando sua cara novamente.

X-X-X-X-X-X

A nascida em Tóquio estava até de noite na mansão Vongola em uma das centenas de salas de treinamento, apenas uma daquelas aguentava por tanto tempo as chamas destruidoras da tempestade. E bem, ela parecia bem determinada naquela noite. Mal percebeu que era observada por outra pessoa através dos vidros daquela sala.

Um dos idosos adentrou aquela sala e ficou olhando seu companheiro de armas observando a mais nova guardiã da tempestade e não pode deixar de sorrir e sentar-se ao seu lado comentando baixinho compartilhando daquela visão.

– O que acha dela?

Só então o moreno pareceu acordar e perceber seu amigo de longa data, este sorriu de leve e pegou sua espada de madeira antes de se levantar e se espreguiçar, então sorriu de leve e voltou a olhar o treino da menina.

– Ela tem energia...

– Sim... E ela tem uma mão bem leve também – o chefe dos Vongola riu de leve recordando-se de quando sua carteira sumiu e que estivera minutos antes com a morena – Acho que vão fazer um bom trabalho... serem capazes de mudar o futuro...

– É... o futuro é a única coisa que podemos mudar...

Disse com amargura o guardião da chuva, saindo daquela sala com os olhos sérios enquanto Tsuna ficava para trás olhando para baixo triste e sem saber como agir naquela situação. Não seria egoísta e falar para o outro superar logo, ele próprio não havia superado por completo a perda de seus companheiros, mesmo que anos tivessem se passado.

X-X-X-X-X-X-X

Os passos eram rápidos, os empregados praticamente grudavam nas paredes para dar passagem para a bela morena que carregava um semblante sério, foi muito difícil para si parar já que corria tão velozmente, e aquele tapete em frente da porta lhe fez escorregar, por sorte não foi ao chão, mas por muito esforço.

Seus nós da mão ficaram ainda mais brancos por causa da pressão exercida na área e se pôs a bater contra a superfície de madeira de maneira apressada, aproveitando o tempo para ser atendida para conseguir recuperar o folego, mas ninguém atendia, fazendo com que crispasse os lábios e voltasse a correr com o intuito de encontrar qualquer pessoa que lhe desse informações da onde poderia estar o chefe.

Mas não precisou de tal esforço, visto que acabou por encontrar um sério guardião da chuva dobrando o corredor, seus olhos se encontraram e os amadeirados carregaram o tom de preocupação, tentando deixar a melancolia em outro lugar.

– Algo aconteceu, Lambly?

– Mais portais se abriram! a família Shimon esta sendo atacada, Suzuki Adelheid foi quem informou e pediu reforços imediatamente.

– Chame todos!

– Sim senhor!

A morena se virou para voltar sua corrida, quando ouviu a voz forte do idoso, fazendo com que engolisse em seco com a ultima ordem, pensando se era realmente uma boa ideia, mas não podia ir contra as ordens de nenhum deles.

– Chame os novos guardiões também...

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– Ora ora ora... O que temos aqui?

Uma vez divertida fez com que os olhos do milionário se abrissem devagar, mas a claridade fez com que se ocultassem mais uma vez, ergueu um dos braços para auxiliá-lo na difícil missão que era enxergar alguém com tanta claridade. Tossiu um pouco e reparou sair um pouco de água, notando enfim, estar completamente encharcado.

Pensou ser mais um daqueles sonhos que andava tendo, mas o puxão em suas longas madeixas pareceu real demais, a dor era real demais, levou ambas as mãos até as mãos alheias tentando se soltar, mas seus olhos só captaram um sorriso sinistro e um olhar diabólico.

– Estou falando com você, pirralho.

O guardião da chuva se irritou com aquele apelido e tentou dar um soco no queixo daquele estranho, mas este agarrou seu pulso tão rápido e com tamanha força que acabou soltando um urro de dor e só assim foi solto e passou a ouvir risadas atrás de si.

Virou-se notando dezenas de homens, com roupas que lembravam muito a daqueles que homens do mar usavam antigamente, principalmente a do moreno de olhos azuis, que o encarava com um sorriso irônico nos lábios e os braços cruzados. Ele se vestia como um capitão, melhor... Como um pirata. O largo chapéu azul, as botas, o longo casaco, tudo nele, principalmente o olhar e a espada em sua bainha, aterrorizavam de certa forma o colegial.

– Onde estou?

– Esta no seu pior pesadelo...

Falou aquele de longos fios negros, fazendo com que os outros homens começassem a rir e a formarem uma roda ao redor do mais jovem que tentava se afastar, mas em poucos segundos já estava cercado.

X-X-X-X-X-X-X-X

Akio respirou fundo antes de abrir seus olhos e novamente erguer seu arco, mirou o seu alvo e atirou, o vento forte fez com que a flecha voasse longe e atingisse o chão. O moreno apenas juntou as sobrancelhas e pegou outra fecha rapidamente e a atirou, tendo o mesmo destino que a anterior e as dezenas antes dela.

Sua roupa molhada já estava muito pesada, e seu corpo estava gelado por ficar naquele tempo e àquela hora treinando. Sentia-se culpado. Sentia que não conseguia ser útil ali e que não estava melhorando com os treinos, via a diferença que estava causando no poder daqueles que possuíam seus próprios anéis e se irritava pelo seu não aparecer nunca, nem mesmo algo que lhe fizesse se sentir vivo outra vez.

Aquele pensamento fez com que milhares de coisas passassem por sua cabeça, entre elas seu passado e uma certa pessoa. Ele abaixou sua cabeça e deixou que seus joelhos se prostrassem na terra que se tornou barro pela água. Cortou os laços com sua pessoa especial tentando não mantê-la mais em perigo, estava na Vongola dês de seus 13 anos e agora possuía 16, mas só agora ficou sabendo de certas coisas. ‘’Vantagens’’ de ser um futuro guardião.

Não colocaria mais ninguém em perigo... Protegia seus amigos... Aqueles pensamentos fez seu coração bater mais rápido e a luz de um trovão lhe tirou de seus devaneios, perecendo a correria que estava se formando naquela casa.

Foi se aproximando do saguão, vendo diversos homens carregando armas e saindo pela porta, pensou em perguntar para alguém o que estava acontecendo, mas nenhum deles lhe dava atenção, foi quando viu sua superior, a portadora da chama do trovão descendo as escadas de forma determinada.

Seus olhos se encontraram por alguns segundos e ele permitiu que a mulher se aproximasse e colocasse uma mão em seu ombro, pode notar que ela tremia de leve, o que o assustou, uma vez que nunca havia visto aquela morena hesitar ou temer algo em todos aqueles anos que esteve naquela família, mesmo que fossem as poucas vezes em que se vissem.

– Se prepare Akio... Uma batalha ira acontecer...

Um aperto mais forte em seu ombro e ela se distanciou indo até o telefone que se encontrava na mesinha de centro da sala, ela discou algum número e permaneceu em silencio até ouvir a voz do outro lado da linha.

– Senhor Sato... Prepare seus guardiões, a tarefa de vocês já começou.

Aquilo... Não era justo, não é?

X-X-X-X-X-X-X-X

Aquele navio balançava muito, Ethan estava quase vomitando, mas se esforçava para não fazer isso, já que acabaria piorando a situação, já que sua boca estava tampada com um lenço e suas mãos amarradas atrás de seu corpo. Só foi amarrado e preso em uma das jaulas que se encontravam naquele navio e mais nada.

Arregalou seus olhos quando viu algo se movendo, foi se afastando ao notar ser um rato e quando o mesmo começou a subir por sua perna, mesmo com a boca tampada gritava de modo desesperado, se levantou e se movia o mais fortemente que conseguia para tirar aquele animal imundo de cima de si, recebendo uma mordida no processo, mas se viu livre daquele roedor.

Acabou ciando no chão e vendo o sangue escorrer e manchar sua calça, começando a entrar em desespero, pensando nas milhares de vacinas que deveria tomar, nas doenças que poderia contrair e a sensação de vomitar se misturava com a de chorar, mas não fez nada disso, pois começou a ouvir uma bela voz que fazia com que sua mente se esvaziasse.

O que era aquilo?

Suas pálpebras foram ficando pesadas e não conseguia ouvir mais nada.

Quando as coisas voltaram a ficar claras e voltou a escutar algo, assustou-se com o som de algo explodindo, várias vozes se misturavam, todas masculinas, o navio balançava mais fortemente do que antes, sendo jogado de um lado para o outro. Todo seu corpo estava dolorido, constatando que estava sendo arremessado há muito tempo.

Percebeu que a jaula estava aberta e as cordas já mais frouxas, e com algum esforço conseguiu se soltar. Foi andando com dificuldade, tendo que se segurar em qualquer coisa que parecia estável para não voltar a cair, notou água descendo pelas escadas, começando a temer que o navio estivesse afundando.

Foi subindo os degraus, os únicos que existiam, recebendo um banho a cada passo, se desequilibrou no terceiro e escorregou, a força da água ajudava para que fosse arrastado, mas se agarrou na madeira e foi tentando novamente sair dali ajoelhado.

Não morreria em um lugar imundo como aquele. Ele era um rei afinal.

Dava socos na tabua que separava aquele porão da superfície do navio, e aquela água só tornava a tarefa cada vez mais difícil, imaginava que pela quantidade de água que escorria pelas frestas, a parte superior deveria estar inundada. Com um ultimo soco, o mais forte de todos, conseguiu ouvir o barulho de um trinco se soltando e conseguiu se livrar daquele local.

Pôs a cabeça para fora e seus orbes nunca ficaram tão grandes como naquele momento. Seu coração parou por um instante e ficou estupefato diante da cena a sua frente. Aquele tal capitão estava com as mãos erguidas, e um redemoinho de água parecia lhe obedecer e na sua frente um polvo gigante com alguém montado nele.

As nuvens estavam ficando cada vez mais carregadas, até começarem a precipitar, as rajadas de vento eram tão fortes e carregavam o cheiro do mar. Seus fios negros balançando de um lado para outro, chegando a cobrir sua visão diversas vezes, mas nem com isso conseguia se mover. Sua garganta se tornava seca e todo seu corpo tremia.

Aquela força... Ele queria aquela força... Com ela era seria capaz de proteger a todos, seria capaz de se defender, de fechar os ditos portais e acabar logo com aquela loucura de família e poder voltar ao seu confortável sofá vendo quaisquer programas que quisesse. Poderia comer uma deliciosa lasanha, poderia montar a cavalo novamente... Deus! Ele poderia fazer tanta coisa!

Coisas que antes não necessitariam quaisquer poderes para serem realizadas, então porque estava com tanta inveja? Ser um garoto normal sempre foi o suficiente, se bem que, ele nunca foi normal. Era belo, admitia, muito rico, tinha todos os seus mimos realizados, mas em seu interior, dês do dia que conheceu a tal família, ser aquilo não era o suficiente.

Ver aquele capitão controlando a água, desviando dos golpes daquele imenso animal enquanto seus homens pareciam encantados por algo, a força de seus punhos, a rapidez que empunhava a sua espada e quando menos esperava, sacava uma arma. Ele não tinha piedade. Nem do animal, nem daqueles que a minutos atrás o serviam.

Era como... Se todos fossem inimigos naquele momento... Não havia hesitação, apenas... a sensação de um dever.

Teve que abaixar a cabeça quando um homem foi arremessado e caiu no andar de baixo, notou como este sangrava, mas só parecia inconsciente, visto que o sangue não era jorrado de nenhuma zona vital.

Estava errado. Ele não estava matando seus homens sem hesitar, ele estava se defendendo com garra, não... estava protegendo aqueles que o serviram, estava os deixando inconsciente ou incapacitados de continuar lutando. Ele não estava agindo sem piedade, ele estava lutando seriamente para não ferir ninguém.

A chuva que começou a cair era forte e lavava tudo, fazia o jovem milionário tremer pelo frio e lembrar-se do antigo guardião da chuva. Calma... Era isso que a chuva representava. A chuva, aquela que lava tudo para fora. (4) Ele sentia que todos os sentimentos negativos estavam sendo levados embora, sentia sua alma estar sendo lavada.

Quando deu por si, novamente sentia suas pálpebras pesando, e seu corpo caindo em cima daquele que já estava no chão, voltou a ouvir gotas caindo em alguma superfície liquida, e novamente ver aquela mulher misteriosa de cabelos azuis... Pareciam feitos de água. Ela parecia ser feita de água. Seu corpo desnudo parecia ser da mesma matéria da cachoeira, e ela sorriu e lhe estendeu uma das mãos.

Ele esticou a sua, tentando a alcançar, mas em sua direção, de forma rápida vinham dois pássaros voando, um de olhos verdes e outro de olhos vermelhos. Corvos... O que corvos faziam em um lugar como aquele?

Eles se aproximavam cada vez mais e antes que pudesse ser alcançado, sentiu um puxão e estava novamente naquele navio, com seu pulso sendo agarrado por alguém. Olhou na direção da força e se deparou com aquele capitão que lhe olhava sério, mas logo sorriu de maneira sarcástica e jogou para si uma espada, aquela que estava guardada em sua bainha.

– Se quer participar da festa, vai precisar disso.

E foi solto, vendo aquele moreno usando um dos tentáculos do polvo como corredor, desviando dos ataques vindo dos outros braços, ele saltou bem alto, estando já no rosto daquele animal marinho, a mulher que estava em cima dele pulou também, mas o homem disparou uma das balas contra o peito dela e tudo o que pude ver foi o corpo desta caindo e o grande monstro voltar para o mar, soltando um urro, como se estivesse chorando.

Aquele moreno caiu no chão de madeira ofegante. Este guardou a arma em sua cintura e foi andando sem um arranhão se quer, até a proa vendo o animal ainda ali e sorriu calmamente tocando na cabeça do gigante.

– Sinto muito amigo... sei que não quis me fazer mal... mas eu já cuidei dessa bruxa, pode voltar para sua mãe agora, ela deve estar preocupada.

Deu mais um sorriso e assim o aquático foi emborra, submergindo e a chuva foi cessando, as nuvens voltando a se clarear e o sol voltar a reinar. As ondas do mar foram se acalmando e só então o inglês percebeu que não estava mais enjoado. Aquele conjunto de fatores fez um arco-íris surgir e enfeitar aquele cenário de destruição, algo que acalmou seu coração.

– você... Estava falando com aquilo?!

aquilo? Meça suas palavras enquanto estiver no meu navio, pirralho.

E uma das coisas que mais odiava no mundo, era receber ordens, mas antes que pudesse retrucar o cano da arma daquele homem estava apontada em sua testa e paralisou ali mesmo, deixando aquela espada escorregar de seus dedos e caírem em cima de seus pés, ela era pesada, soltando um pequeno grito de dor, consequentemente se afastando do metal encrustado em sua cabeça.

Aquilo era pesado, só notou quando tentou pegar de volta, mesmo que antes tivesse parecido tão leve, tão... parte de si. Talvez a adrenalina tivesse lhe dado alguma força misteriosa, mas o olhar daquele homem era analítico, e teve que devolver o mesmo, para aquela situação ficar mais estranha do que já estava.

– Vejo que conseguiu se soltar...

– Oh, acho que estou na presença do capitão obvio!

Ah, como seria bom se o futuro guardião da chuva da família Vongola soubesse se manter calado. Mas ele adorava implicar com os outros, que arcasse com as consequências.

– Não tem nem sequer um pingo de amor à vida... o que diabos fazia no mar? Nem se quer conseguir se matar corretamente conseguiu?

Morrer? Ethan Jones cometer suicídio? Não nesse mundo! Era orgulhoso, amava seus cochilos da tarde, amava dormir, mas isso não significava que queria dormir pelo resto da vida, literalmente. Tinha muito o que viver, tinha que ficar mais forte, tinha... que ajudar aquela família estranha que se dizia mafiosa e que lhe fazia treinar a tarde inteira.

Seus olhos pareciam responder por si mesmo, visto que aquele homem apenas ajeitou o chapéu e foi andando para onde estava o timão, pulando os corpos de seus companheiros. O colegial pensou em perguntar sobre o porquê daquela ação e quem era aquela mulher, por que ele falava com animais, mas tudo isso não saia de sua garganta. Ele estava calmo outra vez, e o arco-íris ainda estava visível, sendo refletido pelas poças de água do chão.

– Já que vai ficar aqui... Seque esse lugar!

Antes de qualquer reação, um pano foi jogado em sua face, um bem fedido por sinal, fazendo com que o moreno logo o arremessasse no chão e começasse a cuspir o que quer que fosse que tivesse entrado em contado com sua boca.

X-X-X-X-X-X-X-X

Um trovão cortou o céu, um tigre rugiu com seu dono em cima de si e atacava a todos que se aproximavam. As chamas verdes envolviam seu punho, e com isso saltou do felino atingindo um dos homens encapuzados que foi jogado para longe e desmaiando, sentiu algo se aproximando atrás de si, mas tudo o que viu foi um corpo caindo e um longo cabelo negro flutuando no ar. A espada daquela mulher estava envolta de uma chama vermelha, e ao se verem cercados, grudaram suas costas.

– Acho que teremos que trabalhar juntos boneca...

– Só nos seus sonhos, baixinho...

Ela sorriu sarcástica e começou a atacar com sua espada, ela possuía ótimos olhos, conseguindo enxergar o ponto fraco de seus inimigos, e tendo suas costas protegidas se sentia mais livre para lutar.

Enquanto isso, na sua frente o loiro assoviou do ‘’apelido’’ e socava o ar, vendo bolas de energia atingindo seus inimigos, mas sua atenção foi desviada quando o barulho de algo caindo mais adiante despertou a atenção de todos, uma vez que foi acompanhado de um grito histórico.

– Tsuna!

Aquela fração de segundos foi o bastante para a espada de Giulia voar longe, ela bem que tentou pegar suas adagas que se encontravam de baixo de sua saia, mas recebeu um forte chute no estomago, fazendo com que cuspisse sangue e fosse jogada contra seu companheiro de batalha, fazendo com que ambos caíssem no chão.

Nenhum deles parecia ter mais forças, o loiro se esforçou para juntar mais chamas do trovão, mas acabou recebendo um chute na cabeça, desmaiando ali mesmo. Antes que fosse a vez da morena receber o golpe, ela rolou para o lado, ouvindo o golpe atingir as costas do guardião do trovão, fazendo com que a menina sussurrasse um baixo ‘’desculpe’’.

Ela se levantou, quase sem forças, sentindo todo seu interior queimar, sua visão estava tremula e todos os sons pareciam distantes de mais, sentiu alguém lhe agarrando a cintura e uma espada com o fio afiado cortar todos aqueles homens, não deixando nenhum de pé.

Seus olhos azuis escuros se encontraram com os roxos de seu salvador e se permitiu desmaiar naqueles braços, não sentindo quando ele usou um dos braços para protege-la contra alguém que empunhava uma espada, não viu que ele não sangrava, não percebeu que a pele de um dragão era resistente. Não pode fazer nada disso, pois já estava no mundo dos sonhos, acompanhando Ryuji, se bem que a cabeça deste sangrava.

X-X-X-X-X-X-X-X

O mar estava calmo, a brisa suave tinha um cheiro salgado e o navio estava quase seco. As horas passaram rápido por causa do trabalho árduo nada comum para o jovem inglês que reclamava de bolhas nas mãos enquanto soltava o esfregão. Estava tão concentrado em suas lamurias que mal notou o céu se tingindo de laranja, e timidamente o sol ia se pondo.

Quando os olhos azuis finalmente saíram do chão e se fixaram ao alto, tudo o que viu foi uma mistura de cores de tirar o folego. O por do sol no mar era ainda mais bonito. Ficou ali, os poucos minutos admirando aquele espetáculo, se esquecendo da dor em suas mãos e não ouvindo mais nada que não fosse o quebrar das ondas.

Até o presente momento nenhum homem acordou, então teve o caminho bloqueado dezenas de vezes, ao menos não havia ninguém para pisar nas partes limpas e as sujar. A partir daquele momento passaria a dar mais valor ao trabalho de suas empregadas, e como sentia falta delas... E falta de uma comida bem quentinha também. Só de imaginar uma bela massa, seu estomago roncou e recordou-se que não comia nada há horas.

Aquilo pareceu chamar atenção do capitão, que olhou por cima de seu ombro o invasor e sorriu de canto, soltando o timão e caminhando até ele de forma despreocupada, mesmo que tocando na bainha de sua espada.

– Me diga... Como conseguiu?

– hum? – o moreno franziu a sobrancelha confuso – consegui o quê? Secar esse lugar?

– Acho que o vento e o sol trabalharam mais do que você – zombou o maior, vendo o outro se irritar – Como conseguiu não ser encantado?

– Encantado?

Certamente Ethan diria que aquele homem a sua frente era mais um louco, mas tantas coisas estranhas ocorreram em um período de tempo tão curto, que estava acreditando até em papai Noel. Começou a olhar em sua volta e lembrar-se de como aqueles marujos estavam agindo horas antes, e percebeu enfim, que eles estiveram mesmo encantados.

– Não sei... Eu só escutei alguém cantando, então eu vi uma mulher de água, já tive sonhos com ela antes... dois corvos vinham na minha direção e então eu acordei com você me puxando...

– Uma mulher feita de água?

– Exato...

– Deve ser uma ninfa... elas costumam não gostar de humanos... Ou ela esta planejando algo para você e aqueles corvos te salvaram, ou ela irá te abençoar...

O milionário ficou petrificado, recordando-se das várias vezes em que viu aquela mulher, toda às vezes acabava desmaiando e ficando horas fora e si, mas sempre acordava em algum lugar tranquilo e seguro, com alguém lhe chamando. Não conseguia definir por si mesmo se aquilo era uma ameaça ou não. Ele conseguia voltar a si não é mesmo? Mas, e se ele permanecesse mais tempo naquele mundo de sonhos? Se ele se aproximasse dela? Será que ele iria conseguir acordar quando alguém voltasse a lhe chamar?

Com esses pensamentos, acabou fechando a expressão sem perceber, recebendo um tapa em sua bela face, soltando um berro de revolta e já erguendo seus punhos, mas a ponta da espada em sua garganta lhe fez engolir em seco e suar frio. O moreno mais jovem prendeu sua respiração e ficou olhando aquela lamina afiada e gelada em sua pele, começando a ter alguns tremores. Os olhos daquele homem... Eram diferentes de tudo o que já havia visto. Havia uma revolta ali que nunca pensou que poderia existir.

– Não parece ser daqui... aquela ninfa que te trouxe?

O capitão abaixou a espada, deixando o fio que não cortava apoiado no ombro do rapaz, ainda bem próxima da jugular deste, se divertindo com suas reações.

– Uma garota (5) meu deu um livro para eu ler e ver se eu conseguia dormir... quando eu abri... uma água surgiu em meu quarto e quando acordei estava na sua rede... Antes de desmaiar a ultima coisa que eu vi foi um clarão...

– um portal...

O mais velho crispou os lábios e deu meia volta pisando duro, indo para o mastro irritado, aquela reação e palavras deixaram o guardião da chuva surpreso, se perguntando como ele sabia dos portais.

– co-como sabe dos portais?

– Digamos que... eu não tenho a idade que aparento

O dono do navio sorriu maldosamente enquanto puxava uma das cordas, deixando as velas brancas como as nuvens surgirem.

Aqueles olhos... devem ter visto realmente muito coisa.

X-X-X-X-X-X-X

– Anne! Anne!

Gritava o jovem moreno, ele estava imundo, suas roupas rasgadas, de sua testa escorria um filete de sangue e todo seu corpo tremia de adrenalina. Caminhava com dificuldade sobre a água, esbarrando várias vezes em alguns corpos que o levavam ao chão, o fazendo arregalar os olhos de horror pelo que via.

Não importava o quanto gritasse, ou as vezes que vomitasse pelas cenas, ninguém parecia estar ali para lhe ajudar. Ele chorava, seu corpo tremia e nada parecia mais fazer sentido, as nuvens voltavam a mostrar os trovões e em pouco tempo voltava à tempestade.

Os escombros de madeira flutuavam na água, mas nada parecia ter vida, apenas ele... Um pescador que iria pedir sua namorada em casamento assim que desembarcassem daquela viajem. Como queria não ter ido... Tantos arrependimentos, mas nenhum se comparou ao que teve quando pisou na areia.

Seus pés afundaram e seus joelhos caíram. Os braços rendidos ao lado do corpo e a boca aberta sem acreditar no que via. Bem ali, sua queria Anne estava jogada com os olhos abertos e uma estaca de madeira encrustada no estomago. De seus doces lábios se encontrava um liquido seco rubro, que coloria a areia e suas vestes.

Aquilo não podia ser real...

Retirou aquele pedaço de madeira quebrada e balançou o corpo da morena enquanto suas lagrimas escorriam, nada saia de sua boca, não possuía voz e nada vinha em sua mente. Tudo era o mais completo branco.

Entretanto, apareceu alguém vivo, alguém que estava naquele navio também, alguém que o rapaz não via há horas e esse alguém parecia tão horrorizado quando ele próprio. Mas a situação parecia completamente estranha.

O fogo atrás deles, a madeira em sua mão e o corpo da jovem em seus braços era de se interpretar muito errado. Ainda mais quando era familiar aquela que observava a cena e a que desfaleceu ali.

As nuvens pareciam ficar mais pesadas, a chuva cada mais vez mais forte e os ventos assombrosos. Os olhos azuis se encontraram com os negros de sua futura cunhada e antes que pudesse dizer algo, sentiu algo lhe atingir e o petrificar.

Tudo o que via era a morena sendo envolvida por chamas e seus olhos ficarem roxos com um pentagrama dourado inseridos nos orbes. As mãos dela se ergueram no ar, e cada palavra profetizada era ecoada enquanto o jovem moreno sentia algo ser arrancado de si com força.

– Nereu! Aquele abençoado pelos deuses e que ama a vida... Eu lhe sentencio a vida eterna! Seus pecados nunca se apagaram dessa Terra, seu sangue amaldiçoado não será aceito e nem maculara um único grão de areia! Amastes tanto a vida que eu enganarei a morte por ti! E quando se cansares, e quando viveres mil vidas, tu estará de pé! Amaras sempre, e perdera todos... Ninguém lhe fará companhia Nereu! Viveras eternamente... Mesmo quando virar pó... Tu iras viver! Ser pisado, ser destroçado! Nunca terás seu ultimo suspiro!

Um raio atingiu o rapaz, e este gritou alto e forte. Sua carne se queimou e todos seus músculos atrofiaram, e ficou ali, jogado na praia que pegava fogo enquanto uma tempestade se aproximava.

X-X-X-X-X-X-X-X

Aquilo estava sendo difícil, o moreno caiu no chão e limpou o suor da testa e o sangue de seus lábios. Todo seu corpo estava dolorido e não se recordava de nenhum treino tão árduo quanto aquele, mas por alguma razão, sentia que algo errado estava ocorrendo.

Aqueles encapuzados a sua frente eram de fato fortes, mas não chegavam ao nível daqueles que atacaram a escola no dia em que conheceu os primeiros membros de sua família. Era como uma intuição.

Conseguia acertar vários inimigos, e só estava cansado pela quantidade deles, mesmo que achasse que havia melhorado com aqueles treinos, parecia que não era o suficiente para encarar de igual para igual aqueles que apareceram noites anteriores sem um anel Vongola.

Toda aquela mobilização era pelo medo que os portais voltassem a se abrir e de lá surgissem pessoas poderosas o suficiente para matar um antigo membro da Vongola. Era por isso que estava lá, era por isso que um novo chefe estava sendo reclamado. Então por quê? Por que parecia tão fácil para um idoso com seu anel antigo acabar com tantos?

Sentiu um choque e logo em seguida alguém gritou o nome de seu superior. ‘’Tsuna!’’ aquilo lhe tirou a concentração, deixando sua guarda aberta e que uma faca lhe perfurasse o ombro esquerdo. Grunhiu de dor, mas antes que qualquer outra coisa pudesse ocorrer, sentiu um vendaval.

O barulho de algo ser cortado, e então chamas. Sobraram pouquíssimos encapuzados de pé após a chegada do príncipe dos dragões, fazendo com que o moreno franzisse a sobrancelha.

Não gostava de batalhas, mas teve que confessar que se irritou com a facilidade que um estranho tinha em derrotar aqueles que ele e sua família estavam se esforçando para parar. Mas mesmo assim, sobraram alguns.

Palmas.

Seus olhos verdes se arregalaram ao ver os que estavam de pé se retirando e sumindo no ar, o único que sobrou foi um homem de terno, com um longo cabelo platinado. Sua face era serena e seus olhos completamente negros, como a de um pássaro. O corpo do futuro chefe da máfia tremeu e sentiu uma energia que não estava sentindo em nenhum daqueles com quem batalhou.

Até mesmo os que apareceram na escola não pareceriam do mesmo nível daquele belo rapaz vestido de branco. Ele retirou seu cachecol roxo e deixou o vento ficar o balançando antes de sorrir e fechar seus olhos.

Ele sumiu.

Como em um toque de magica ele sumiu, deixando um rastro roxo de fumaça para trás e o som de sua risada.

Não pode perder muito tempo concentrado naquilo, pois seu cérebro pareceu ter despertado outra vez e lhe mandado toda a sensação de dor outra vez. Mas nem se quer pode se concentrar em seu próprio tratamento ou lamentar por seu machucado, uma garota morena, a mesma que gritou pelo chefe, passou por si e se ajoelhou no chão.

Ela retirou a camiseta e pressionava contra o estomago do idoso e gritava palavras que não conseguia compreender. Não, não era isso... Ele mal conseguia ouvir o que ela dizia. O som de seu coração batendo parecia tão alto, que ficou imóvel, vendo a cena.

Bem ali, centenas de corpos caídos, entre eles aquele que deveria lhe guiar, seu guardião do trovão perdendo sangue e inconsciente, sua guardiã da tempestade desmaiada, e os demais feridos, alguns mais graves do que si, outros nem tanto. Mas o desespero... ah... aquilo era geral.

A única coisa que ouviu foi um bater de assas, e então um dragão voando levando consigo o corpo do chefe da maior família mafiosa, deixando todos os outros para trás.

Todos... estranho... Fez a contagem e faltava um.

Onde estaria a chuva para acalmar a todos?


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Notas finais do capítulo

Notas:
1-Essa referencia está no capitulo ‘’A determinação do Sol’’
2- Esta no capitulo 5 essa fala e as tais lembranças
3- No manga e até no anime, existiam outros anéis que não os da Vongola que eram mais fracos, e quando os anéis Vongolas foram destruídos no futuro, os próprios da família utilizavam os ‘’comuns’’, mas por eles serem muito fracos, não aguentavam todo o poder do pessoal da Vongola, se quebrando facilmente. Essa cena ocorria justamente com o Hibari lol
4-É a frase de efeito que deram pra chuva hohoho cada elemento tem o seu =Db
5-Neko-chan é andrógeno e até agora nosso caro Ethan não sabe que é um rapaz~ coitado :X
Wooo, quanto tempo passou dês da ultima vez que passei por aqui? =OO
Bem gente, muitaaaa coisa aconteceu, coisas que nem lembro, mas esse fim de ano especificamente aconteceu muitaaa coisa ruim, que não cabe aqui eu expor, poucas pessoas sabem o que rolou, foi uma barra bem pesada, mas estou de volta.
Entrei de recesso, pois é, não é férias, e eu estou atolada de trabalhos para fazer e provas para quando as aulas voltarem, ou seja, cerveja –q , eu não sei quando terei tempo de escrever de novo.
Mas eu estou bem animada, e com ideias fresquinhas na cabeça, então suponho que não demore muito para sair o próximo.
Se alguém ainda estiver lendo isso xD por favor comente, isso da um puta UP =Db e eu preciso disso, infelizmente ser carente é foda... mas aos que pararam de ler eu entendo, faz muito tempo e tals... Mas permitam que eu continue a usar seus lindos personagens para que esse trabalho tenha continuidade ;D
Outra coisa, eu tive que reler todos os caps para saber oq escrever e bem... os caps são ridiculamente longos, eu juro que tentei fazer um mais curto dessa vez, mas tinha muita coisa para por, e não deu, e como viram, nosso guardião da chuva nem seu anel tem ainda hohoho criar suspense lol
Espero que gostem, comentem.
E é isso
Bjs
sz



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