Anelli Vongola escrita por reneev


Capítulo 8
A determinação do sol


Notas iniciais do capítulo

obrigada Stefany por betar o



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Já havia se passado uma semana desde o incidente na escola, logo as aulas voltariam às atividades normais no dia seguinte, e um grupo estava tarde da noite no pátio do colégio com seus respectivos instrutores. Akira estava muito tímida, vestindo um largo casaco que lhe escondia as formas do corpo, principalmente dos músculos que em sua opinião, não combinavam nada consigo.

– Bem... O que estamos fazendo aqui mesmo? – perguntou o moreno milionário, portador de um anel azul do momento encarando a escola e fechando o casaco.

– Vocês treinaram essa semana e bem... o único anel que parece abrir os portais é esse branco então vamos utilizar o fato que o anel do céu abre todas as boxes para descobrir o que tem aqui dentro. – disse a mulher morena de olhos verdes e dona de uma avantajada comissão de frente erguendo uma box branca.

– E por que exatamente aqui? Não seria mais seguro abri-la no local de treinamento? – falou o guardião do trovão, e os olhos da mulher que falava antes se estreitaram, fazendo com que o loiro se calasse.

– Caso não tenham percebido, esse local magicamente ficou congelado, ainda está frio... Se aqui isso aconteceu, é aqui que abriremos a box.

Naquela semana não aprenderam apenas a lutar, ou tentar dominar melhor as chamas dos anéis, aprenderam sobre a máfia, sobre a família. Sobre os tais anéis e suas respectivas boxes e o que fazer com elas, tudo parecia um sonho maluco, mas a cada ferida que recebiam em um treino tornava tudo aquilo mais real. E lá estavam todos, esperando o moreno de longas madeixas abrir a caixa branca com seu anel do céu.

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Pablo caminhava pelas ruas japonesas distraído, olhando o céu noturno — e de certa forma era bom viver em um lugar remoto como era Namimori, dali dava para se ver as estrelas, centenas delas, todas as noites e aquilo de certa forma acalmava seu coração. Gostava de caminhar de noite, talvez ele se parecesse mais com um gato do que pensava, e foi andando perdido em pensamentos que acabou parando em uma rua completamente desconhecida, onde um idoso carregava vários livros com muita dificuldade.

Se aproximou deste e antes que pudesse perguntar se o outro desejava alguma ajuda, o mais velho percebeu a presença de alguém e já colocou todos os pesados livros nos braços alheios rindo enquanto esticava a coluna.

– Are are... pensei que ninguém iria aparecer para ajudar um pobre senhor .

Andava o ancião deixando um loiro para trás confuso, foi quando este olhou para trás e mandou que o mais jovem se apressasse e foi assim que o colegial acabou seguindo o homem por ruas que pareciam infinitas carregando mais peso que achou que conseguiria carregar, fora que estavam todos empoeirados, alguns fediam a bolor, fazendo o pequeno loiro espirrar diversas vezes durante o trajeto.

– Aaah, deve cuidar de sua saúde meu jovem

– De quem acha que é a culpa? –murmurou baixinho, mas outro pareceu ouvir, já que soltou uma gargalhada e continuou andando.

– Obrigado pela ajuda, eu realmente estou precisando de um ajudante... o meu antigo se mudou semana passada, estou em má situação desde então. – gargalhou o idoso em frente de uma loja de livros, que mais parecia um brechó de tão acabada que parecia por fora. – Está procurando um emprego? Eu pago bem, deve ser por isso que esse lugar está tão acabado – riu novamente o mais velho abrindo o local.

Pablo adentrou e viu que por dentro o local parecia bem maior do que parecia; as estantes eram até o teto e estavam abarrotadas de livros, cheios de poeira também, havia uma ilha no meio da loja cheia de livros jogados de qualquer forma, enquanto mais ao fundo era o balcão, com um caixa tão antigo que pode jurar que até mesmo aquele idoso nem era nascido quando aquela máquina foi inventada. Ao entrar mais um pouco, pode ver que dentro da loja de madeira acidentada pelo tempo, do lado esquerdo havia uma passagem para uma sala com três poltronas, um tapete redondo quase do tamanho do cômodo, mais algumas prateleiras encostadas na parede abarrotadas de livros, e que uma escada dava acesso ao andar superior.

– Bem... gostou?

– Mataria uma pessoa com sinusite. – Colocou os livros no balcão ainda olhando para a loja que parecia amaldiçoada e novamente a risada do velho.

– Tem razão... bem... enquanto pensa sobre ser contratado, leve esse livro como agradecimento.

E foi estendido na frente do menor um livro imenso, muito grosso, de capa gasta, mas contornada com o que parecia ser prata de verdade, estava muito gasto e empoeirado, como tudo lá dentro, mas seus olhos foram atraídos pela cor purpura do livro e tentou abri-lo, mas foi impedido pelo dono da loja.

– Melhor fazer isso em sua casa...

– ...

– Não tem casa? –perguntou curioso o senhor.

– Estou vivendo na casa de um colega de escola esse mês... até eu ter dinheiro para poder me mudar...

– Se quiser pode morar aqui, de aluguel é claro... e se for meu funcionário posso te dar um desconto. – sorriu o homem começando a guardar os livros que foram carregados pelo jovem loiro.

– Posso mesmo?

– Claro, só terá que fazer alguns reparos – sorriu de forma misteriosa e foi expulsando o colegial do local. – Até segunda. – e empurrou com força o loiro que quase caiu no chão, trancado a porta e puxando as cortinas para ninguém mais ver nada dentro do ambiente.

– Se ele usasse essa força para pegar os livros não precisaria de ajuda... – reclamou o russo massageando as costas, por onde foi empurrado, e foi caminhando carregando seu livro.

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O futuro líder da família Vongola respirou fundo e se concentrou vendo uma chama alaranjada envolver seu anel e inseriu na entrada da caixa branca esperando ela se abrir, todos olhavam com expectativa e foi assim que uma força gelada e poderosa saiu da box albina, era uma fumaça branca com energia lhe circulando e parecia nervosa, uma vez que se movia de maneira rápida e por onde passava congelava tudo ao seu redor, muitos dos futuros guardiões tiveram que se fugir para não serem congelados.

– O que esta havendo? – Sato perguntou assustado tentando desviar do que acabou de sair da box.

– Hum... suponho que o anel do céu não era compatível a abrir a box branca... que azar –disse Talbot parecendo despreocupado enquanto tomava seu chá.

– O que vamos fazer? Essa coisa esta congelando a escola! – Um aflito Akio perguntou vendo a tal sombra se deslocando para longe.

– Pior... ela parece que vai sair da escola... –Takashima fez sua observação e as chamas de seu anel brilhavam.

– O que estamos esperando então? – Misth falou sorrindo de canto enquanto corria atrás da ameaça em questão, parecia que finalmente alguma diversão estava prestes a ocorrer.

Mais distante dali alguém observava todos os acontecimentos sorrindo levemente enquanto se equilibrava em um poste. Seu cabelo dourado como o sol, assim como seus olhos, até mesmo a pele morena queimada do sol, contrastavam com o fundo cinza que aos poucos se tornava branco por causa da recente sombra branca que surgiu. Viu mais adiante alguém andando na rua, a paralela de frente do portão da escola e que aquilo que congelava a tudo ia na mesma direção. Seus olhos se arregalaram e deu um salto, como se fosse tentar evitar que aquilo ocorresse.

Ryuji abriu sua box pela primeira vez, e torceu para ser algo legal, acho que seria algo rápido como Midori, o que seria bem útil já que a massa branca se movia muito rápido, e diante de seus olhos apareceu um tigre rodeado de chamas verdes, diante de tal visão acabou parando de correr e ficou maravilhado olhando o felino, que acabou rugindo para seu dono.

– Ual...

– Não fique ai parado inútil! – Misth lhe empurrou com certa força enquanto continuava a correr com os demais.

– Certo garoto... me ajude a pegar aquela coisa. – O loiro montou no tigre, que saiu correndo ultrapassando o líder do grupo que estava na frente.

Mas nenhum deles foi rápido o suficiente para evitar que a sombra branca saísse do colégio e atingisse um civil, nem rápidos o bastante para pegar aquilo antes que sumisse no ar e tudo o que sobrasse fosse um corpo no chão tremendo de frio e aos poucos se tornando roxo.

– Não... – Disse o futuro líder da família, reconhecendo quem estava jogado no chão. Ajoelhou-se ao lado do corpo e o abraçou, sentindo quão gelado estava. Retirou o próprio casaco para aquecer o loiro e lagrimas já vinham em seus olhos verdes.

Ethan foi diminuindo a corrida, vendo uma fumacinha branca sair de sua boca e reconhecendo o corpo. Apertou com força os punhos e sentiu raiva de si mesmo. Se tivesse sido mais rápido, quem sabe mais forte... Aquilo seria evitado. Tentou lembrar-se da calmaria que o antigo guardião da chuva transmitia, mas naquele momento seu coração batia rápido, e não havia nada que pudesse fazer com que o seu sangue parasse de ferver daquela maneira.

– Sol... – disse baixo Akio, como se lembrasse dos ensinamentos que teve naquela semana. – Akira! Use as chamas do sol.

A morena se arrepiou e assustou-se, mas logo correu até o corpo e segurou a mão do loiro sentindo como se ela pudesse congelar só com o toque, nem queria imaginar em que temperatura o loiro estava suportando. Concentrou toda sua determinação para fazer com que as chamas de seu anel saíssem, mas ela estava aflita demais, suas mãos tremiam e ela nunca se sentiu tão inútil em toda sua vida.

– Vamos lá... –falava para si mesma, já sentindo as lágrimas escorrendo por sua bochecha toda vez que tentava fazer com que as chamas do sol aparecessem. Todos em volta estavam ficando aflitos, até mesmo os mais velhos. Toda aquela pressão não estava ajudando em nada à lutadora.

E como uma tempestade, uma onda de calor percorreu o local, e quando os olhos verdes se abriram pensando que foi ela que proporcionou aquilo, viu um homem alto e forte segurando o corpo que outrora seu chefe jazia. Tudo brilhava dourado ao redor dele e era tão quente, os braços musculosos apoiavam as costas do loiro enquanto uma das mãos levantou o queixo do menor e ficou olhando em sua face, como se fosse beija-lo, assim, na frente de todos.

Provavelmente Ethan já estava caminhando para ir tirar satisfações, mas foi impedido por Talbot, que nesse momento estava muito sério. Aquele homem sussurrou palavras que pareciam ser de outro idioma, um que ninguém ali soube dizer qual era, mas todos sentiram o local ficar mais quente e a neve e o gelo se derretendo, tornando-se água. Do casaco que o loiro trazia retirou de lá um vidro com um liquido dourado, e assim quebrou a tampa despejando o conteúdo na boca do desfalecido.

Algumas gotas escapavam e lhe escorriam pela pele pálida, que logo foram limpas pelos dedos morenos do maior, que não desviam os olhos do pequeno, até que este enfim parasse de tremer e os olhos azuis enfim se fecharam, já sem dor.

E foi assim que aquela onda de calor sumiu para dar lugar a um vendaval que quase arrastou todos dali e de lá surgir um conhecido de pouca data. Lá estava o príncipe dos dragões, olhando os dois loiros de forma séria enquanto caminhava com passos pesados e o senhor dourado se levantou com um sorriso de deboche, caminhando ao encontro do moreno, até estarem a poucos centímetros de distancia um em frente do outro.

– O que esta fazendo aqui? – disse o moreno quase rugindo.

– Salvando uma vida... Porque se fosse para você fazer isso tudo que encontraria seria um cubo de gelo

E todos se espantaram com aquela informação, e cogitaram ser verdade, já que o corpo estava muito frio e as mãos deste já apresentavam alguns cristais de gelo ao redor. O idoso se aproximou daqueles dois homens que se encaravam com fúria e comentou animado.

– Não é sempre que temos a presença de dois príncipes, temos que comemorar!

Então o olhar finalmente dos príncipes passou aos demais, percebendo não estarem sozinhos naquela pequena discussão. Pareciam mais aliviados com aquele comentário, ou talvez pelo fato de não estarem olhando um para o outro já fosse motivo para alivio alheio.

– Outro príncipe? – comentou Misth, se perguntando quando apareceria uma princesa gostosa, mas em sua cabeça se passava mil cenas daqueles dois se pegando e aquela raiva toda era só fachada para esconder o quente amor que um sentia pelo outro.

– Como veio parar aqui? – Halaka perguntou cruzando os braços, ainda sério.

– Ia lhe fazer a mesma pergunta... –disse debochando da situação e voltando a se aproximar do loiro que acabou de salvar.

– Por um portal... Pretendo fechá-lo.

– Então estão atacando a terra dos dragões também? – O loiro se voltou para o moreno, ignorando todos os outros.

– Também?

– Muitos morreram de calor... mas recentemente alguns que sabem magia e são tolerantes ao fogo invadiram... foi difícil lidar com eles, perdemos milhares de girassóis nessa brincadeira

Os olhos roxos se arregalaram, e enquanto todos pensavam “por que diabos ele tocou no assunto dos girassóis” ouvir aquilo pareceu ter preocupado o príncipe dos dragões, até mesmo o velho ancião apertou sua bengala ao ouvir tal frase.

– Desde quando girassóis são tão importantes assim? É só plantar mais, aquilo cresce igual capim.

E os olhos dourados não estavam mais tão quentes, pareciam frios e sanguinários ao ouvir tais palavras, provavelmente diria alguma palavra mal criada ou um senhor sermão na garota platinada, até mesmo os passos dele em direção aos colegiais demonstravam sua irritação, mas o braço estendido do mais velho fez que parasse e ficasse a encarar eles.

– Desde que esses girassóis são uma das únicas fontes de calor, até mesmo do sol... Sem eles todos que vivem do calor podem morrer... fora que podem curar qualquer doença...

E os olhos verdes do futuro líder da família se voltaram ao que dormia em seus braços, e concluiu que foi aquilo que salvou a vida do loirinho. O moreno de outro mundo parecia sério, fechou a expressão e caminhava de um lado para o outro.

– Faz quanto tempo que esses mais poderosos invadiram o reino do sol?

– Uma semana... temo que está chegando alguém mais poderoso.

E foi assim que o moreno se transformou em um dragão e saiu voando parecendo irritado, arrastando algumas pessoas para longe por causa da violência do vento ao bater suas asas. Fazia uma semana que ele estava no planeta Terra, e depois de ouvir aquilo todos souberam o que se passou na mente do príncipe, e ficaram em silencio. Até mesmo o dourado que parecia ser seu inimigo.

– Atravessou um portal também? – Akio perguntou, olhando o herdeiro restante.

– Digamos que eu fui atraído a atravessar...

– Atraído? –perguntou a guardiã da tempestade, curiosa. Mas foi o brilho de seu anel que chamou a atenção do dourado, que acabou sorrindo de canto e ficando curioso também.

– Algo parecia me chamar e... que anel interessante... como conseguiu o sangue daquele cabeça dura? O sangue de um dragão é a coisa mais importante que eles carregam... até mais que seus corações e suas vidas

– ... Ele deu...

– Deu? Assim do nada?

– Foi mais como um acordo. – A filha do antigo guardião do trovão tomou a palavra, cruzando os braços frente o corpo.

– Poderia fazer um também, Rony... – Disse o velho joalheiro, sorrindo de forma assustadora, totalmente sem dentes.

E assim os olhos dourados recaíram sobre a menina morena, que ainda estava ajoelhada no chão parecendo em outro mundo, como se ainda estivesse paralisada sem conseguir nem se quer ouvir o que se passava em sua volta e isso fez o recém-chegado suspirar e passar as grandes mãos nos fios claros.

– Quando aquele que for carregar minha vontade for forte o bastante para tal... eu darei de bom grado o que quer que queiram... até lá... Não envergonhem aquilo que chamam de sol. – E foi assim que o herói do dia se transformou em uma bola de fogo e sumiu diante o olhar de todos.

Akira nunca se sentiu tão humilhada em toda sua vida. Apertou os joelhos com força e feriu o lábio inferior com seus dentes. Os fios negros serviram como um véu ao lhe tampar a face, deixando todos em um mórbido silencio.

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As aulas tiveram início e grande parte dos alunos retornou à sua rotina, inclusive certa família da família que acabou de ser formada. Todos estavam em roda no terraço da escola olhando um para o outro, todos tensos e em silencio. As cenas da noite anterior ainda estavam vivas na mente de cada um deles e alguns nem conseguiram dormir, principalmente certa morena que era a mais nova gerente do time de luta livre da escola.

– Estamos no fim do verão, deveria estar esfriando, mas depois daquele cara de ontem voltou ao calor infernal. – reclamou Misth, se abanando com o leque deixando o vento bater em seu peito, até levantou a camiseta para ajudar nessa tarefa.

– Não podemos ter certeza que foi ele que fez isso. – Akio comentou, também morrendo de calor, odiava dias ensolarados e principalmente se estivessem excessivamente quentes.

Dito isso, o sinal tocou avisando para todos os alunos se dirigirem as suas respectivas salas de aulas para assim dar-se inicio a mais um dia acadêmico, e assim o chefe da família sorriu de maneira gentil e falou para irem todos assistirem às aulas, mas que na hora do intervalo todos deveriam retornar naquele mesmo local para continuarem a pequena discussão sobre o assunto que dizia respeito a todos naquele momento: máfia.

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– Humanos não aguentam muito calor...

E foi assim que o diálogo entre os dois herdeiros dos tronos começou. Cada um em cima da sua torre de energia encarando um ao outro, enquanto o loiro estava agachado, o príncipe dos dragões se encontrava em pé com as mãos no bolso sentindo o vento balançar seus fios negros. A cada minuto sua pupila se estreitava mais, ficando apenas um risco no meio das íris roxas enquanto o loiro a sua frente começava a ser envolvido por uma névoa dourada e o ferro começar a ceder e ir derretendo levando para baixo o seu causador.

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Os olhos azuis piscaram centenas de vezes antes de seu cérebro associar onde estava, que era uma cama quentinha e muito macia por sinal. O corpo pesava, assim como as pálpebras obrigando o pequeno ser voltar a se aconchegar naquele macio edredom que lhe embalava e o cobertor que o envolvia, mas o menor dos movimentos fez que o pequeno corpo fosse de encontro ao chão levando praticamente todo o jogo de cama junto.

Passos rápidos e ocos puderam ser escutados antes da porta ser aberta de forma brusca e um homem nipônico aparecer assustado e ofegante olhando a situação dentro do quarto, que nada mais era do que um colegial jogado no chão quase sendo esmagado pelos tecidos pesados. Parecia um pequeno filhote de gato brincando e bagunçando tudo por onde passava.

– Está bem Pablo? – o homem de meia idade perguntou, ajudando o menor a sair daquele mar quentinho.

– Estou sim... eu só cai da cama... nada de mais, o tapete amorteceu minha queda.

– Não falo disso... está melhor do que ocorreu?

– O que ocorreu? – perguntou confuso o loiro.

– Não se lembra?

– Hum... eu estava ajudando um idoso a carregar uns livros para a loja dele e depois disso estava voltando para casa... não foi assim que parei nessa cama?

E assim o japonês suspirou e massageou a testa começando a andar pelo quarto, abriu a janela e o sol alaranjado adentrava no local colorindo as paredes brancas que refletiam a luz fazendo com que tudo se embalasse naquela cor gostosa.

– Waaa eu nunca acordei tão cedo! Poder ver o nascer do sol. – comentou animado o estrangeiro, recebendo um olhar preocupado em resposta.

– Esse é o pôr do sol... Você dormiu por dois dias...

– O... o quê?

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Sato suspirou terminando de organizar os livros na prateleira da biblioteca, fazia parte do clube de leitura do colégio, e por sua personalidade bondosa, muitos se aproveitavam daquilo, como no momento, pedindo para que terminasse de arrumar as coisas, todos ajudaram no começo, mas foram sair de pouco em pouco até sobrar apenas o moreno naquele momento. Alongou-se e pegou a bolsa se retirando do local, mas parou assim que viu uma pequena garota morena olhando pela janela.

Se aproximou lentamente e passou a olhar o mesmo que ela, era o campo que o time de basebol treinava, e que estava vazio já que por causa das altas temperaturas fizeram com que vários esportes ao ar livre fossem cancelados, ou que só se jogasse em horários específicos, nada muito pesado, o que era ruim já que o time da escola de Namimori não vencia há 5 anos o campeonato, isso treinando todos os dias, imagina fazer corpo mole log no começo?

– É meio triste não é...? –perguntou de maneira suave o futuro líder da família, com um pequeno sorriso nos lábios.

– É...

– Como está o clube?

– Falaram para acabarem os treinos mais cedo, era arriscado perder tanto líquido em dias tão quentes como o que está fazendo.

– Isso é ruim... se continuar assim vamos perder os amistosos

– É... Nakamura-san – a garota falou tímida, passando a olhar para seus próprios pés, não conseguia falar com as pessoas as encarando.

– Ah! Pode me chamar de Sato, Akira-san – sorriu para ela, mas os olhos verdes se desviaram dos seus, quando tentou contato visual.

– C-certo... Sa-S-S-Saaa – gaguejava milhares de vezes a menina.

A mão do maior pousou nos fios negros da garota, fazendo com que ela se calasse e assim voltasse a respirar normalmente, se acalmou com aquele simples gesto e tomou folegou outra vez, olhando para o detentor das chamas do céu pelo reflexo da janela, já era um avanço significante para alguém tão tímida quanto a representante do sol.

– Ele está bem...? –perguntou baixo, voltando a olhar seus pés.

Sato fechou os olhos e retirou a mão da cabeça alheia, admirando o chão também, vendo mais graça nele do que em responder a pergunta, até que uma luz lhe percorreu à mente e um sorriso voltou a brotar em seus finos lábios.

– Por que não vem comigo ver como ele está?

– O-o-o quê? N-na-na-não posso! Eu-eu estou muito ocupada e--

E enquanto ela falava, caminhava de costas, trombando com uma lata de lixo fazendo com que fosse ao chão, e enquanto recolhia o lixo de forma atrapalhada e tentava levantar o recipiente gaguejava, e quando a tarefa foi completada, trombava no extintor de incêndio fazendo com que caísse no chão e o barulho do baque fizesse com que gritasse assustada, e foi assim a travessia até o fim do corredor.

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Amanheceu na cidade de Namimori, e assim o jovem de longas madeixas negras bateu na porta do quarto de hóspedes, entrando nele carregando um copo de leite e vendo o estrangeiro dormindo profundamente em sua cama. O futuro líder da família se aproximou e tocou na testa do loiro vendo que este parecia estar com a temperatura normal e suspirou aliviado sorrindo de leve.

Com aquele contato, os olhos azuis foram se abrindo e se encontraram com os verdes de seu observador, bocejou e abraçou o pescoço do maior fazendo com que este tivesse que apoiar as mãos no colchão, uma de cada lado do corpo magro, para que não fosse puxado para a cama e acabasse esmagando o loirinho.

– Pablo! Está puxando com muita força! – falava e tentava se apoiar apenas com uma mão, para que a outra tentasse soltar os braços do outro que lhe envolvia, mas aquilo fez com que perdesse o equilíbrio caindo em cima do corpo alheio.

Ficaram colados por longos segundos, e o moreno estava muito envergonhado com aquela situação, mas logo ficou preocupado por não estar ouvindo os batimentos do coração do outro, mas seu raciocínio foi interrompido assim que o pai entrou no quarto apressado e falando alto, mas se calou ao ver a posição daqueles dois.

– N-não é o que esta pensando – o moreno disse rápido, se desvencilhando dos braços do mais novo.

– ... Eu... eu vou chegar tarde hoje... então não me espere acordado.

– Certo...

Os dois morados ficaram se encarando, esquecendo até um certo loiro que estava voltando a dormir novamente, até que o mais velho dos três passasse a olhar o adormecido suspirando e massageando os olhos, perguntando preocupado:

– Ele esta bem...?

– A temperatura dele esta normal... acho que ele consegue ir para a escola hoje.

– Certo... se algo acontecer me ligue, ok?

– Certo – sorriu de maneira gentil o mais novo e se despediu do pai voltando ao martírio que era tirar o outro da cama.

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Akio estava em uma árvore na hora do intervalo ouvindo música em seu celular, odiava multidões e por ser o vice-capitão da equipe de arco e flechas, as pessoas pareciam que não o deixavam em paz nunca, se amontoavam à sua volta e precisava se refugiar toda vez. Suspirou enquanto massageava a nuca e começava a ver um movimento no pátio e passou a observar os detalhes da cena.

Lá estava Takashima caminhando parecendo irritada, ela e Akio eram completos opostos e acabaram por brigar centenas de vezes, ela com suas brincadeiras conseguia deixar o tranquilo guardião da nuvem irritado a ponto de perder a cabeça e mostrar sua outra face, além é claro dela odiar pessoas misteriosas e silenciosas que era o caso do moreno, e dele odiar lugares barulhentos e aglomerados e essa ser a definição de paraíso para a morena.

Quando os olhos azuis da morena se encontraram com os amarelos do rapaz silencioso, ambos os olhares se tornaram duros e ambos desviaram, sendo a colegial a sair do local xingando seu companheiro de armas.

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Ryuji estava passeando pelos corredores do colégio cantarolando e piscando para as garotas bonitas que passavam, que riam baixo o ignorando. As pernas do loiro se moviam de forma preguiçosa e iria passar direto pela sala dos professores se um som não tivesse chamado sua atenção, fazendo com que o corpo se reclinasse para trás e a cabeça olhando para dentro daquela janelinha de vidro, a que dava total visão da sala.

E lá estava ninguém mais ninguém menos que a albina que quase lhe matou no primeiro dia de aula: Misth. Ela parecia estar levando uma bronca, quem sabe ela não fosse expulsa não é? Então estaria livre dela! Mas então lembrou-se que agora todas as tardes acabava a encontrando nos treinos na mansão dos Vongolas e sempre acabava tendo que fugir dela se quisesse continuar vivendo.

A garota dentro do gabinete dos professores sentiu que alguém a observava e os olhos vermelhos pararam nos verdes do rapaz mais velho, vendo este fugir como o diabo foge da cruz.

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O sinal tocou e como sempre os alunos recolheram suas coisas apressadamente e logo começaram a se comunicar enquanto saíam de suas respectivas salas. Entre eles estava o futuro líder da família mais poderosa da máfia, se deslocando apressadamente, querendo chegar ao outro lado do corredor antes que o alguém que aguardava saísse antes que pudesse alcançá-lo.

Não foi difícil encontrá-lo, uma cabelereira loira se destacava entre o mar negro das madeixas japonesas, mas mesmo assim o dono dos olhos verdes era exprimido e se tornava cada vez mais distante seu alvo, parecia mais que estava indo para trás tamanha era a força dos alunos. Aquilo parecia o metrô em horário de pico.

As coisas começaram a se normalizar na saída, onde vários saíram da bifurcação se dispersando entre o pátio e grande parte saindo pelos portões. Apressou o passo e assim sua mão com dedos longos tocaram o ombro do mais novo que olhou para trás assustado.

– Sato... o que foi?

– Vou te acompanhar até em casa – sorriu de forma gentil.

– Pensei que tinha atividades hoje no clube – cruzou os braços, olhando desconfiado o moreno.

– Bem... eu tenho... mas dá tempo de eu te acompanhar, eu volto correndo.

– E por que você faria isso? Se é porque eu desmaiei, saiba que eu estou ótimo, até consegui um emprego e um novo lugar para morar

– Mo-morar? Do que esta falando Pablo? – disse preocupado colocando a mão na testa do estrangeiro que a retirou rápido de forma irritada.

– Vou trabalhar em um sebo, o salario não é grande coisa, mas ao menos eu não vou ficar abusando dos outros... – suspirou parecendo cansado, desviando os olhos azuis dos verdes para mirar o piso branco desgastado pelo tempo.

– Pablo... você não está abusando de ninguém... e é um prazer te ter em casa. – respondeu de maneira sincera o detentor da chama do céu, sorrindo de leve enquanto suas mãos seguravam de forma firme os ombros pequenos do outro, querendo buscar seus olhos.

– Mas Sato... eu disse que só seria por esse mês, até eu conseguir meus documentos e meu pai mandar o dinheiro... mas eu andei pensando e... eu não quero depender de ninguém. É essa a minha decisão

E assim os olhos azuis voltaram a encarar os verdes que tremeram tamanha a intensidade daquele olhar. A surpresa fez com que o moreno ficasse boquiaberto por um instante, fazendo com que ficasse sem reação, mas quando digeriu tudo aquilo não evitou o sorriso. Sentia um orgulho imenso daquele estrangeiro que morava em sua casa, parecia que tinha amadurecido da noite para o dia.

– Quando está pensando em partir?

– Hoje à noite...

– Hoje? Pablo... melhor esperar um pouco mais, até termos certeza que está bem de saúde.

– Eu estou ótimo! Já é o segundo dia que estou bem, não sei o que deu em mim para desmaiar aquele dia e ficar tanto tempo desacordado, mas eu juro Sato, eu estou bem... é sério... confie em mim.

O maior suspirou e massageou as têmporas olhando ao redor, e pode ver o grupo de guardiões começando a se reunir para todos irem para a mansão Vongola. Deveria dar sua decisão o mais possível e cumprir sua palavra de não envolver mais o loiro naquele assunto da máfia, já que ele se feriu tanto com aquilo.

– Eu confio Pablo... juro que confio, só estou preocupado.

– se preocupe com coisas importantes Sato – e deu um peteleco na testa do mestiço e saiu andando, mas logo seu pulso foi apanhado e teve sue corpo virado de volta para frente e dessa vez, bem mais perto do moreno, parando de respirar naquele momento.

– Você é importe Pablo...

Aquela tensão se manteria no ar se um certo milionário não limpasse a garganta próximo a eles, fazendo o loiro se soltar novamente e sair andando, e o céu se preocupou quando viu uma vermelhidão no rosto do mais baixo dentre os três, pensou em ir atrás pensando ser uma possível febre ou mal estar, mas parecia que ele já estava sendo perseguido de maneira apaixonada por vários outros estudantes.

Pablo Fluer, se antes já tinha um fã clube sem antes ter entrado direito no colégio, agora que muitos o viram corado, conseguiu muito mais seguidores com certeza.

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Já era a décima vez que a morena baixinha era arremessada no chão, parecia que a cada dia ela estava pior, e era estranho, uma vez que ela enfrentou Hibari e segundo ele, ela possuía alguns reflexos, e nos primeiros dias lutava como uma profissional. Entretanto I-pin estava tendo que desacelerar ao ver constantemente os olhos da menor tremendo e parecendo em outro planeta.

– Não parece muito concentrada hoje Akira-san – a idosa sorriu gentilmente, estendendo a mão para a garota.

– Sinto muito – respondeu baixo e timidamente, abaixando o olhar.

– Há algo lhe incomodando? – perguntou preocupada a mulher de tranças.

– N-não... nada de mais... desculpe por preocupa-la. – curvou-se em forma de respeito, mas tudo o que recebeu foi um carinho na cabeça.

– Descanse, vamos encerrar por hoje.

– Mas... ainda são três horas...

– Não acho que vá conseguir progredir se continuar caindo no chão.

– De-desculpe... – a garota ficou totalmente vermelha, colocando a testa no chão ao se curvar de maneira exagerada, ajoelhada no chão.

– Não precisa pedir desculpas, só... tente se concentrar... tenho medo de te machucar gravemente ao te pegar desprevenida...

– Desculpe...não voltara a acontecer

E novamente a morena sentiu um afago em seus negros cabelos, fazendo com que se surpreendesse. Ergueu o tronco e olhou para a senhora que sorria de forma gentil.

– Tudo bem às vezes não estar bem Akira... o que é importa, é a forma como você se ergue diante das dificuldades.

Bem que tentou a filha dos mexicanos tentar argumentar algo, mas a chinesa piscou um de seus olhinhos puxados e se levantou caminhando para a saída falando consigo mesma sobre o que deveria preparar para o jantar. Assim que seu viu sozinha, a guardiã do sol olhou para seu anel amarelo e suspirou. Jogou-se no carpete de madeira ocultando as íris verdes pensando sobre o ocorrido de algumas noites atrás, principalmente do que o tal novo príncipe falou.

E assim os olhos dourados recaíram sobre a menina morena, que ainda estava ajoelhada no chão parecendo em outro mundo, como se ainda estivesse paralisada sem conseguir nem sequer ouvir o que se passava em sua volta e isso fez o recém-chegado suspirar e passar as grandes mãos nos fios claros.

– Quando aquele que for carregar minha vontade for forte o bastante para tal... eu darei de bom grado o que quer que queiram... até lá... Não envergonhem aquilo que chamam de sol.

– Droga... se ele não tivesse chegado naquela hora... – lamentou-se a menina musculosa, começando a brotar lagrimas em seus olhos enquanto se martirizava.

– Não seja tão dura consigo mesma, Akira querida...

Akira nem se deu ao trabalho de abrir os olhos, sabia que aquela voz vinha de sua cabeça, às vezes Apolo conversava consigo, e aquilo era muito irritante. Queria ser uma garota normal, mas possuía um louco dentro de si que aparecia toda vez que colocava a bendita máscara, certamente ele a salvou de muitas situações e em combates, mas de nada adiantou ter ele quando falaram para si salvar uma vida. Se sentiu tão fraca e inútil ao ver que nenhuma chama saía de seu anel enquanto todos estavam desesperados vendo aquele ser congelar bem diante de seus olhos.

– Me deixe em paz Apollo... alguém quase morreu... e eu não pude fazer nada.

– Sinto lhe informar, mas a culpa não é sua!

– Como não? Todos falavam para que eu o curasse com as chamas do sol, que as chamas só saiam com determinação... –acabou suspirando, ainda tentando encontrar as palavras certas. – Eu nem isso consegui fazer... – encolheu-se no chão, com os olhos fechados.

Apolo suspirou também, caminhando na imensidão negra e encontrou o corpo pequeno de Akira brilhando, abraçou-a por trás e ficou pensando em como poria ajudá-la. Era um amante das mulheres, amava Akira mais do que tudo, tudo não... ele se amava muito, amava menos do que a si mesmo, mas mais do que aos outros, é... é uma boa forma de expressar como ele se sentia em relação a dona do corpo.

Hey, não abaixe a cabeça, se fizer isso, quer dizer que eu falhei. E o sol nunca falha! – disse com as mãos na cintura olhando para o horizonte enquanto sorria convencido.

– O sol é uma estrela Apolo... ele nunca falha porque nem se esforça para fazer algo... é a Terra que tem que dar as voltas se quiser se aquecer.

Isso mesmo... se alguém quiser alcançar a nós, o sol... eles que venham! Não precisamos nos esforçar.

– Ele... nunca se esforça. – e os olhos verdes se revelaram olhando para o teto como se tivesse tido uma brande ideia. – Estava tão preocupada que não tinha nada me minha mente... só o nervosismo, o sol é quente naturalmente... naturalmente.

E assim olhou para seu anel e de lá saiu as chamas do sol, fazendo com que a tímida morena sorriso e começasse a se esforçar de verdade. Às vezes Apolo era de alguma utilidade, mesmo não tendo sido essa a intenção.

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

Pablo aproveitou que não havia ninguém em casa para pegar suas malas, possuía coisas de mais para arrumar, já que combinaram que só ficaria um mês, que no final foi um pouco mais de uma semana, mas foi bom não ter desfeito as malas, poupando-lhe muito trabalho. Olhou as paredes da casa ao estilo japonês e suspirou triste. Trancou a porta e jogou a chave no quintal tomando seu rumo.

Odiava despedidas, e pensando pelo lado positivo, ele moraria ainda por perto, estudaria na mesma escola que Sato, não era uma verdadeira despedida, era mais como estar se mudando pro outro lado da rua. Respirou fundo e foi carregando suas infindáveis malas, quando ouviu um barulho estridente, como de um pássaro gritando de dor e risada de algumas crianças.

Quando viu do que se tratava, largou suas coisas no chão e caminhou de forma dura até aqueles pestinhas começando as ameaças, fazendo com que voassem para bem longe dali, viu então que era um corvo tentando alçar voo, mas a asa estava em um formato estranho, fazendo com que não ficasse nem mais de vinte centímetros longe do chão, mas toda vez que se aproximava o animal se assustava. Tomou folego e agarrou a ave negra, e mesmo ela se debatendo, a segurou firme para que não acabasse de machucando mais.

– Veterinário...

Foi andando a esmo e preocupado, e só parou quando finalmente encontrou um local de medicina animal. Acabou tendo que dar todo o dinheiro que tinha nos bolsos, para que aqueles ladrões só paralisassem a asa do corvo, mas mesmo assim foi saindo carregando-a e confuso sobre o que fazer.

– Deus... como se cria um corvo?

Sua atenção foi roubada quando um gato branco, que no momento estava encardido, miou perto de seus pés começando a se esfregar nas belas pernas do loiro, totalmente sem voz e muito magro. Aquilo partiu o coração do estrangeiro, que se abaixou fazendo carinho no animal, vendo aqueles olhos azuis tão parecidos com os seus.

– O que esta havendo hoje? Jogue seu animal na rua e faça um estrangeiro de trouxa? –suspirou, mas pegou o animal branco também em seus braços caminhando em direção a seu novo lar. Só então se tocando que deixou suas malas para trás.

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

Ethan era muito preguiçoso, então sempre conseguia burlar os treinos, mas esse dia foi uma exceção, quem apareceu para lhe treinar foi o próprio hitman do sol, o que lhe custou muitos hematomas pelo corpo e treino extra para compensar as horas que foram desperdiçadas quando saía mais cedo ou simplesmente saía sem mais nem menos quando o tutor vigente virava as costas, o perdendo de vista.

Eram duas da manhã e o treino acabou há pouco, e mesmo assim já foi avisado que só faltaria na escola se estivesse com uma febre de 40º, e estranhamente não havia ficado doente desde que tudo aquilo começou a acontecer. Segundo Reborn, para não perder tempo deveria dormir na mansão e assim ficar debaixo dos seus olhos caso fosse cabular aula no dia seguinte. E lá se encontrava o moreno, abrindo o chuveiro do quarto de hóspedes.

Via enfim as regiões que lhe doíam e constatou que boa parte delas já estavam arroxeadas, todo seu corpo se arrepiava ao sentir a água fria lhe tocando a pele quente, mas permitiu-se relaxar quando finalmente encontrou a temperatura adequada para si, mas quando os olhos azuis se fecharam, era como se não sentisse mais a água, por mais que ouvisse o bater dela contra os azulejos.

Quando teve acesso a visão novamente, percebeu que a água caia, mas não o tocava, era como se um guarda-chuva estivesse lhe protegendo, tentou afastar os braços do corpo, tentando alcançar as gotas cristalinas, mas elas se afastaram como se algo as empurrasse. Tentou novamente, aproveitando que elas já estavam contra o box de vidro e começou sentir uma pressão muito grande, não conseguindo mais aproximar a mão do seu objeto de desejo, mas permaneceu forte e continuou tentando.

O vidro que protegia o restante do banheiro de se molhar começou a ceder, se formando várias rachaduras até finalmente romper e os olhos assustado do guardião da chuva se arregalaram e a água da torneira começou a sair de forma muito rápida, mesmo estando fechada e a do chuveiro formando pequenos redemoinhos ensopando tudo ao redor, menos o portador do anel de cor azul. Quanto mais o moreno tentava controlar a situação, mais a água parecia se fortalecer e em pouco tempo o chão estava inundado.

Tentava fechar o registro, mas ela continuava a escorrer e já atingia o teto os redemoinhos, seu desespero foi tão grande que quando ouviu batidas na porta seu coração falhou uma batida. Moveu seu corpo para se retirar dali e tropeçou no chão. Ao recuperar-se do impacto os olhos azuis miraram o banheiro seco como o deixou, e o chuveiro aberto molhando sua perna, parte a qual ainda se encontrava dentro do box, enquanto ouvia as batidas na porta se tornando mais constantes.

Enrolou-se confuso na toalha e abriu a pesada porta de madeira vendo o antigo guardião da chuva o olhando preocupado.

– Está tudo bem Ethan-kun? Reborn me falou que foi tomar banho, mas... você não saía nunca...

– Mas... eu acabei de entrar...

– Jura? Eu estou ouvindo a água ligada há quase uma hora.

– O...o quê?

Então o milionário se viu confuso diante tal fato, e constou ser verdade ao reparar no horário em seu celular. O que estava acontecendo consigo?

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

Akira estava em frente ao espelho de sua casa, com a máscara de luta livre em mãos a encarando séria. Pensava que seus dias de luta terminariam enfim, mas com os recentes acontecimentos era mais seguro manter Apolo perto de si, mesmo que aquilo fosse contra tudo aquilo que desejava no presente momento. Respirou fundo e colocou o adereço em sua mochila caminhando para a escola com a cabeça cheia ainda.

Acabou encontrando a rosada na metade do caminho e ao vê-la correndo em sua direção corou e saiu correndo tentando se desvencilhar dela e estar sozinha novamente. Seu coração batia rápido e sua mente parecia vazia.

Parou de andar para recuperar ao folego quando já estava na rua do colégio e ficou apoiada em uma árvore, podendo ver o loiro entrando no prédio, aquela pessoa que ela não conseguiu salvar e que a temperatura baixa atormentava lhe as noites de sono. Olhou o anel amarelo em sua mão e um sentimento de culpa lhe preencheu.

É uma gracinha, me dê dois minutos com ela e farei ela se sentir bem quente.

Aquela voz em sua mente soou divertida e de forma maliciosa, era muito desconfortável ter como segunda personalidade um homem viril que amava mulheres, ainda mais quando ela própria gostava de garotos. Aquilo era uma verdadeira confusão, talvez opostos realmente se atraíssem, mas ninguém disse que polos contrários podiam ficar no mesmo corpo. Ignorou o comentário do senhor sol e continuou seu caminho para sala de aula.

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

Misth estava enrolando uma de suas mechas albinas, completamente entediada enquanto o professor de matemática explicava algo que para ela era tão obvio, mas que o restante da classe estava concentrado para não perder o fio da meada. A garota suspirou pesadamente e seus olhos vermelhos percorreram por toda a sala, encontrando aquele loiro que quase foi congelado noites atrás, ele estava no outro extremo da sala totalmente encolhido e com o rosto enterrado na carteira.

Não seria surpresa ver alguém dormindo ali, ainda mais com o professor quase cego e praticamente surdo. Nada ali lhe chamava a atenção, até que se tocou que o alvo de seus olhos de segundos atrás estava com uma blusa grossa em um dos dias mais quentes do ano, o que era estranho já que entraram no outono, e que aquele ser vivia mostrando o corpo. Ergueu a sobrancelha fina e branca reparando mais um pouco no que dormia e reparou que este tremia muito.

Levantou-se fazendo barulho, chamando a atenção de toda a sala que viraram-se para ver o que a garota encrenqueira iria fazer naquele momento, e prenderam suas respirações ao vê-la tão perto do estrangeiro que aparentemente dormia. As mãos pálidas agarram o braço do loiro e foi o arrastando para fora, ninguém ali entendia o que estava ocorrendo e pensavam que se tratando da albina, coisa boa não era. E foi com a explicação de matemática que sua saída foi contemplada. Vantagens de terem um professor quase cego e surdo.

– Hey... você está bem?

A mão feminina tocou na testa do loiro vendo como este estava gelado, e se assustou quando foi abraçada com força pelo pequeno loiro. Ficou reclamando e tentando tira-lo de perto de si, já que ela própria foi sentindo seu calor ser roubado. Olhou ao redor meio desesperada observando o número nas placas, bem em cima da porta e forçou sua memoria para recordar-se qual foi o numero dito pela guardiã do sol. Ela teve que aprender alguma coisa sendo obrigada a ir todas as tardes para aquela mansão.

– Ela é mais velha... vamos, vamos... qual é a maldita sala?!

Se controlou para não gritar, mas aquilo não mudava o fato de estar muito zangada, mas nem foi preciso sair abrindo portas para encontrar o que queria. De dentro de uma sala de número 2-17 saiu uma garota baixa, de cabelos negros e olhos verdes carregando uma garrafinha de água, quando a pequena encarou a garota de olhos vermelhos esta corou e deu um passo para trás.

– Akira! Ainda bem, venha aqui!

Tímida como era, a filha de mexicanos se aproximou cautelosa, vendo um ser pendurado na albina, com um grosso casaco e sentia calor só de olha-lo, mas ela própria estava acostumada a usar finas blusas no verão para tentar ocultar os músculos que sentia tanta vergonha.

– O que houve?

– Ele está virando um picolé! Veja! – a maior agarrou a mão da mais velha, fazendo esta tocar no loiro.

– Ma-mas aquele cara deu aquela coisa que curava tudo... por que ele está assim?

– Aparentemente tem prazo de validade aquilo – disse colocando o loiro em seu ombro, ele era leve, mas não era uma pluma, por isso o carregava com certa dificuldade. – Vamos leva-lo a enfermaria

– Não acho que uma enfermeira possa fazer algo... não é melhor ligar para Reborn-san?

E os olhos vermelhos e verdes voltaram a se encarar, fazendo a menor abaixar a cabeça corada e sem jeito.

– Vamos encontrar o Sato, aquele maldito deve ter o telefone do Reborn.

– Ce-certo!

– Sabe onde é a sala do Kuso-bossu? (1)

– Quem...? – perguntou incerta a morena, tentando assimilar aquele nome mal educado com alguém.

– O chefe maldito!

– Sa-sa-sala 20! É do terceiro ano

– Vamos lá

E assim foram as duas jovens carregando um quase defunto pelos corredores do colégio de Namimori, tiveram de subir um lance de escada e ambas já começavam a soltar fumaças brancas e a tremer de frio conforme andavam.

– Vamos morrer congeladas... melhor largar ele por aí. – falou a albina já pronta para derrubar o corpo andrógeno no chão

– Nã-não podemos Misth-san! Ele pode ficar mais gelado ainda, fora que falta bem pouco, veja, é no final desse corredor.

– Segura ele aí, vou chamá-lo.

E com passos rápidos a maior dos três foi caminhando pelo longo corredor vendo uma fina camada de cristais de gelo em sua roupa, a fazendo arregalar as íris rubras, apressou o passo e abriu com força a porta da sala indicada. Todos se calaram e ficaram olhando a invasora que procurava com os olhos seu alvo, e foi adentrando assim que o encontrou.

– O que significa isso senhorita Espectro?

– Não é com você que tenho meus assuntos Kuso-sensei (2).

E com as reclamações e risinhos dos alunos a albina se aproximou de um moreno de longas mechas, o agarrando pelo braço e foi o puxando dali sob assovios e mais ameaças de chamar o diretor do docente presente. Os olhos verdes do futuro líder da família indicavam sua confusão, mas seu suspiro era mais como se já esperasse que aquilo acontecesse a qualquer momento.

– O que houve Misth? E por que sua mão está tão fria assim? Deveria colocar uma luva, vai manter suas mãos aquecidas – disse de forma gentil o rapaz, ainda sendo arrastado de forma bruta.

– Diga isso para ele, Kuso – E arremessou o moreno em cima daqueles dois que lhe aguardavam no corredor.

– Mas o que...? – mal teve tempo de perguntar, o professor responsável saiu da sala e foi atrás deles, decidido a levá-los à diretoria.

– Mas que inferno... – falou a albina, pegando pelo braço cada um dos morenos saindo correndo dali.

– O que esta fazendo Misth? – falou a lutadora de luta livre assustada, correndo com dificuldade, já que agora carregava sozinha o loiro, mas de algo lhe servia a força nesse exato momento

– Temos que fazer esse velhote parar de nos perseguir! – falou a nervosa do grupo.

– E como pretende fazer isso? Ele já está nos alcançando! – o portador do anel do céu falou assustado.

– É isso – parou der repente a encrenqueira fazendo com que nuvens roxas aparecessem e envolvessem tudo ao redor deles, assim como quatro copias fieis apareceram.

Tudo ainda estava envolto de uma fumaça roxa, mas o professor parecia não ver aquilo, parou diante das cópias e ficou a dar bronca neles, se irritando mais ao não receber nenhuma resposta. Foi os puxando para a sala do diretor, todos ainda em silencio. Os verdadeiros ficaram a olhar a cena, a dona de tal façanha com um sorriso de lado e dois morenos confusos e surpresos.

– Como... quando aprendeu isso? – o chefe perguntou ainda atônito.

– De algo esta funcionando essas visitas vespertinas... mas bem, ainda estou treinando, talvez eles sumam a qualquer momento – deu de ombros e continuou a andar.

– Mas agora vão me dizer por que me tiraram de lá e principalmente, o que esta havendo? – suspirou o moreno, passando a mão por seus longos fios.

– É isso Sato-san... – a tímida garota se aproximou carregando o loiro, ela própria estava tremendo e com uma fina camada de gelo em sua blusa.

– Mas... o que diabos – se aproximou e tocou no loiro, sentindo a temperatura baixa deste.

– É isso que íamos te perguntar, chame o Reborn logo, só essa subida de escada quase nós que morremos congeladas.

Os olhos verdes do rapaz mais velho capturavam as ações do loiro, a ponta de seus dedos começavam a ficar roxas como na noite que quase foi congelado, e aquilo fez com que seu coração desse um aperto e tirasse dos braços de sua guardiã do sol o garoto. O abraçou, começando ele próprio a tremer de frio.

– Não podemos perder tempo, Akira... por favor... use as chamas do sol.

– Ma-mas Sato-san... eu... eu não consigo – disse envergonhada, já sentindo lágrimas se formando em seus olhos.

– Do que esta falando Akira? Você é a garota mais forte que eu conheço, é doce e gentil, de todos foi a única que nunca reclamou nos treinos, por mais que tenha caído, foi a única a encarar o Hibari – parou de falar nesse momento, analisando que ela parecia fora de si quando fez aquilo. – Akira... tudo começa com intenções... se disser a si mesma que não pode, não conseguirá... mas no momento em que deixar seu coração lhe guiar, sinto que pode fazer o que quiser... lutar com suas próprias mãos.

Diante da última frase do seu chefe, seus olhos se arregalaram e lembrou-se de Apolo, ele lutava suas lutas, sempre aparecia quando algo dava errado e ela entrava em desespero. Pensava sempre em afastar aquela outra personalidade e ser uma garota normal, mesmo com os músculos, eles iriam sumir uma hora ou outra, mas sempre se pegava pensando em o que faria sem ele se estivesse com problemas, ela sempre foi fraca, mesmo sem agressões físicas, até mesmo conhecer alguém, era sempre Apolo o sociável, o lutador... aquele que chamava a atenção. Se sentir inferior perante alguém que morava no mesmo corpo parecia um absurdo, mas era a verdade. Seu coração se aqueceu com o pensamento de poder lutar sozinha, conseguir sua independência... ser uma garota normal.

Sem se dar conta, a fina camada de gelo que estava grudada em sua roupa se derreteu virando água, e ao olhar para aquele que estava desmaiado nos braços do céu... sentiu medo. Medo de falhar novamente, medo de vê-lo congelar diante seus olhos e nenhum príncipe aparecer com uma poção encantada. Seu coração já não batia mais tão rápido, as lágrimas tomaram conta de seu rosto e um passo para trás demonstrou que estava pronta para fugir dali.

Estava. O tapa na face morena foi tão forte que estalou, ecoando por todo o corredor fazendo os olhos verdes dos dois morenos se arregalarem, um por surpresa, outro por incredulidade. A albina estava parada em frente a mais velha com os olhos duros e a mão estendida no ar, os lábios se tornando uma linha fina mostrando os dentes brancos e apertados um nos outros.

– O que pensa que esta fazendo? – gritou agarrando com forças os ombros da menor – Se quiser fazer isso por um motivo egoísta, faça! Ninguém irá lhe julgar! Se vai fazer isso pelos outros, faça! Te chamaremos de heroína ou te deixamos em paz, você que decide, mas fugir? Que merda tem na cabeça?! – balançava a garota entre seus dedos com violência enquanto falava alto deixando que algumas gotículas salivares atingissem a face morena – Você é uma covarde por acaso? Você veio pra merda desse país sozinha, encarou pessoas mais fortes que você e agora esta com medo do quê? Da merda de um gelinho? Da porcaria de uma temperatura baixa? Se enxerga! Você é o sol! E o sol não se deixaria congelar por tão pouco

Todo o roxo em volta de todos estava um turbilhão, como se combinassem com o discurso e personalidade fortes da albina, mais lágrimas do rosto da mexicana escorreram e atingiram o chão formado de ilusão. Um calor lhe preenchia o peito e lembrou-se das palavras de Apolo, eram as mesmas, eles eram o sol, não só o intitulado deus do sol. Seu interior também queimava, e não iria mais fazer aquilo para ser uma garota normal, porque isso nunca poderia ser. Uma estrela que brilhava tanto sozinha a ponto de iluminar tantos planetas não podia ser considerada ordinária.

Sua força, suas vontades, seus gostos, até mesmo sua outra personalidade é o que fazia ela ser o que era e aquela era a sua determinação. A determinação do sol.

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

O sorriso do príncipe do sol se fez presente. Em cima de um poste observava todo o desenrolar de camarote, ele prometeu a si mesmo só agir se as coisas saíssem do controle e bem... Não saiu como ele imaginava, mas serviu para observar como era aquela nova família que se formava, a qual prometeu fechar os portais e que o príncipe dos dragões por alguma razão confiou.

Teve de admitir que achou aquela escolha muito estranha, ainda mais para alguém desconfiado como o moreno, mas decidiu fazer um pequeno teste e ver no que ia dar, a verdade é que seu plano era apenas observar aquela família estranha e nada mais, nunca imaginou que sua planta sagrada tivesse falhado.

O sorriso sumiu de sua face e olhou o liquido brilhante dentro do frasco. Aquilo nunca tinha ocorrido. Nesses milhares de anos nunca se ouviu que o liquido dourado tivesse falhado e assim duvidas e tremores começaram a brotar em seu coração e mente.

– Será... O sinal dos fins dos tempos...?

Olhou para o céu sem nuvens, completamente azul e com o sol brilhando. As árvores ainda com as folhas verdes lhe fizeram se render e abaixar os muros que colocou, já que não confiava naquelas crianças. Mas todo aquele esforço lhe provava que, pelo menos, empenhadas elas eram.

Aos poucos um vento fresco foi cortando a cidade, e algumas folhas caindo se tornando marrons ao tocar o chão. Nuvens pintando o céu e o sol enfraquecendo seu brilho. Era hora do outono voltar. Chega de interferir na temperatura dos planetas alheios, mesmo que lugares frios lhe desagradassem tanto.

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

A garota morena estava olhando através das grandes vidraças com os braços cruzados abaixo dos fartos seios, os olhos verdes se perdiam no vendaval do lado de fora que carregavam folhas vermelhas, amarelas e marrons, a escuridão da noite não lhe impedia de estar acordada e dar o ar de sua graça, assim como não impediu que a porta do recinto fosse aberta e um idoso adentrasse.

– Algo lhe preocupando Lambly-san? – perguntou o chefe da família Vongola, com um sorriso gentil nos lábios carregando duas canecas com um liquido branco, oferecendo uma delas a jovem mulher, que não teve como recusar algo daquele senhor, agradecendo baixo.

– Sim...

– Quer me contar o que é? – não era uma exigência, e a morena bem sabia disso.

Os braços dela apontaram para o sofá e assim que o dono da mansão se acomodou tomando seu leite e sujando seu bigode, arrancando um risinho da mais nova, ela sentou-se na mesinha de frente encarando o homem a sua frente.

– Acho muito suspeito... aquele garoto que parece uma menina... primeiro ele desmaiar bem em frente à casa do futuro chefe da família, ser acolhido por ele... depois estar sozinho em uma das salas... por mais que ele tenha se machucado ele não estava congelado como as outras crianças, depois o dia que ele apareceu aqui... pareceu que Halaka-sama só aceitou as coisas depois que o viu... e por último... por que ele estava na rua da escola, de noite e bem no dia que Sato-san iria abrir a box branca?

A preocupação da mulher era evidente, e Tsuna teve que abaixar os olhos. Não queria desconfiar de ninguém, mas colocando as cartas daquela maneira até ele começou a levantar suspeitas. Sabia que dentre todos ali, ela era uma das que estava levando a missão mais a sério, não por ser a primeira de grande risco da mulher ou por ela ser uma novata que quer fazer tudo certo, mas pelo fato de que ela perdeu os pais muito jovem. Se preocupava constantemente dela desejar vingança e que seu coração estivesse escuro à procura disto.

Seus olhos castanhos se encontraram com os verdes dela, e não viram ali raiva ou qualquer sentimento corrosivo, tudo que enxergou foi uma garota preocupada e desesperada, procurando algo que nem mesmo o chefe da família mais poderosa da máfia podia dizer o que era, mas sabia que aquilo era a determinação dela, sabia que era aquilo que fazia a luz verde de seu anel brilhar constantemente e que ela desse tudo de si nos combates, nas aulas do futuro guardião do trovão.

Não havia inveja ali, ela bem que podia exigir o cargo, mas não o fez. Ao contrario, auxiliou aquele loiro recém-chegado ao Japão, talvez de forma um pouco dura e autoritária, não mostrava seu lado gentil facilmente, às vezes Tsuna se esquecia que ela era apenas uma jovem de tão séria que ela aparentava e de forma justa e correta que seguia as coisas, até mesmo em uma batalha ela seguia as regras e aquilo orgulhava o idoso.

– Se é isso que lhe aflige Lambly-san... eu darei um jeito de descobrir quem ele é e se é apenas coincidência ou se ele tem haver com o que esta acontecendo.

O mais velho sorriu gentilmente e se surpreendeu quando a morena prostrou seus joelhos diante de si, lhe beijando as mãos enquanto as lagrimas banhavam seu rosto delicado. Limpou aquele rastro salgado com um polegar sorrindo carinhosamente enquanto lhe acariciava o topo da cabeça, como quando fazia com seus filhos quando eram pequenos. Talvez ela só sentisse falta daquilo.

– Vai ficar tudo Lambly... vai ficar tudo bem...

Repetia aquilo e o cafuné até ela estar adormecida, com a cabeça em seu joelho. A porta se abriu novamente e era seu guardião da chuva que lá estava parado carregando um cobertor e depositando nos ombros magros da garota.

– Ela vai pegar um resfriado se dormir aqui Tsuna – disse divertido o antigo jogador de basebol.

– Eu queria ter forças para conseguir sequer acordá-la – riu sem graça o chefe, mostrando seu lado inútil de ser.

– Podemos tentar a carregar juntos... também estou velhinho Tsuna – riu com gosto o espadachim, e tapou a boca quando viu a garota se remexer

– Acho melhor chamar alguém que não tenha artrose meu amigo... não queremos causar nenhum acidente.

O maior sorriu e concordou, se retirando do local para voltar com dois guarda costas que levaram a morena até seus aposentos, e assim ficaram os dois idosos naquele local.

– ... Está tudo bem Takashi?

– ... Vai ficar – sorriu de maneira triste o guardião da chuva, repetindo as palavras do amigo.

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

Talbot se surpreendeu ao entrar em sua sala e lá, deitado no parapeito da sua janela ninguém mais ninguém menos que o príncipe dourado. Este olhava o sol nascer com tranquilidade, como se nem ligasse que o dono da casa chegou e ele entrou sem ser convidado, ainda mirando o céu alaranjado pronunciou:

– Eu aceito...

O velho ficou sem entender do que se tratava, até a flor amarelada, símbolo de seu reino, aparecer e chamas de suas mãos envolveram a pobre flora que além de se queimar e virar cinzas se tornava mais brilhante e uma gosma dourada e brilhante escorria dentre seus dedos atingindo a superfície fria do chão, que devia a diferença de temperaturas se esfriou rapidamente e petrificou-se, tornando-se uma bela pedra amarela, que contra a luz se podia ver uma pequena pétala dentro desta.

– Que as minhas vontades e a do meu povo, e que todo o calor de meu reino abençoe seu novo usuário.

E dita as palavras do futuro rei, este sumiu dentre as chamas que ele próprio provocou, deixando o joalheiro com a mais nova fonte de trabalho.

– E que suas vontades sejam cumpridas... príncipe...

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Olá =D esse capitulo demorou (?) porque tava difícil colocar as coisas no papel u3u

Mas enfim, eu tinha mais ideias para esse cap, mas dai fugiria do caso do sol e eu terminaria mais cedo, mas achei que seria importante mostrar o novo anel do sol, afinal, é pra isso que estou fazendo cada cap focado em um personagem não é mesmo?

Espero que tenham gostado e~ não sei se já falei, mas meu prédio da facul entrou em reforma então minhas aulas vão começar oficialmente dia 10, então não sei como será as atualizações a partir de agora. Vou me esforçar para não ficar tanto tempo afastada como eu fiquei e torçam para que as ideias consigam ir logo para o papel para que eu possa escrever o mais rápido possível e não ficar anos afastada novamente =OOO

É isso, espero que tenham gostado, comentem e até a próxima o

Bjs

sz


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