About Sirius Black escrita por Ster


Capítulo 63
Depois - 1980




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WHEN YOU ARE ALONE

1980

As ruas estavam lotadas, mas tudo que eu conseguia pensar era que James não me avisou que Lily estava prestes a ter Harry.

Tudo bem que eles estavam sendo discretos, quase vivendo escondido, mas eu não era o padrinho? Ou será que eu já não era mais? Após aquela missão onde Frank veio comigo em vez de James, as coisas congelaram. Não conversávamos mais descontraidamente, era tudo mecânico e muito educado, algo que definitivamente não era nosso. De qualquer forma, eu estava ocupado demais para me preocupar com James, já que Andrômeda fez o favor de me obrigar a ficar com Ninfadora naquela noite. Fiquei sentado na calçada assistindo ela brigar com os meninos, respirando tédio e morrendo de sono.

– Oi. – levantei a cabeça e vi quem estava me cumprimentando. Virei o rosto para Emmeline e continuei observando Dora puxar o cabelo de Gui Weasley. Ela sentou-se lentamente eu ao meu lado, parecendo tímida. – Você sumiu.

– Se eu tivesse sumido você não teria me achado. – retruquei, seco.

– Sirius, será que você não poderia pelo menos me ouvir? – Estava escuro o suficiente para que ela não visse meu rosto, apesar da iluminação sombria na frente das casas e as lanternas que as crianças estavam brincando. Continuei em silêncio para que ela percebesse que podia falar, mas tudo que ela fez foi abrir sua bolsa e tirar um papel. – Tome.

Ela me passou o papel e eu percebi que era uma foto. Aquela mesma foto que eu admirei anos atrás, onde Emmeline e eu estávamos no terceiro ano, sentados no sofá da Sala Comunal. Ela com aquele olhar entediado e desafiador para a câmera, descontraidamente jogada no sofá, enquanto eu me inclinava na poltrona e ria para ela.

– Eu detestava você nessa época. E eu daria tudo para voltar a te detestar, mas eu não posso por que... Você foi meu amigo, namorado, marido, e também o pai do meu filho. E por favor, tudo que eu menos quero é que você seja um desconhecido. Porque isso é a única coisa que você nunca foi meu... Meu... Aliás. – Emmeline suspirou. – Convenhamos, nunca ia dar certo. Você não é de ninguém, e eu queria que você fosse só meu.

– Eu era só seu, Emmeline. Me comprometi com você, e você aparentemente tinha feito o mesmo. – desabafei, frustrado. Emms apenas deu um sorrisinho falhado.

– Não, Sirius... Não importa quantas alianças ou quantos altares você subisse... Você não consegue ser de uma pessoa. Não nasceu pra isso.

– Está dizendo que eu não sei me relacionar?

– Ah, não! – riu ela. – Isso é uma coisa que você sabe fazer muito bem. O que eu quis dizer é que você não nasceu para ter raízes.

– Bem, quando eu estou bêbado e quero sair com meus amigos e eles dizem não, eu sempre penso que devia ter tido filhos. – revelei, finalmente sentindo-me um pouco mais leve.

– Não, você sempre diz: “Ninguém me ama” e vai embora. – riu Emmeline. – E bem, se tivessimos tido esse bebê... Acho que uísque não estaria no cardápio dele.

– Verdade. – sorri. Tomei coragem para olhá-la e respirei aliviado quando descobri que era apenas Emmeline. Adulto, criança ou adolescente, era apenas e unicamente a Emmeline de sempre. E talvez ela e o mundo estivesse certo. Eu nasci para estar sozinho.

Irônico quando meu maior medo é o mesmo.

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– Ele é tão feinho. – comentei baixinho para Marlene. Estávamos na maternidade do St.Mungus e Harry Potter estava completando exatamente um dia de vida. A loura ao meu lado olhou-me chocada e deu-me um soco no ombro. – AI!

– Ele é perfeito, Sirius Black! – estrilou ela. – Olhe só... Ele é tão pequenininho! E o cabelo, é da cor do de James!

– Vamos rezar para ele não ficar feio como o pai. – sorri para o bebezinho que se contorcia sozinho no berço, acompanhado de outros. Ver tantos bebês juntos me dava náuseas e eu não conseguia parar de pensar como seria se um deles fosse meu. Tipo o mais gordinho de cabelo negro no canto, ou a de grandes olhos azuis ao lado de Harry. Marlene parecia estar sentindo o mesmo com a testa encostada no vidro. Peguei em sua mão. – Andrew estaria do lado de Harry agora e eu tenho certeza que ele seria o bebê mais bonito. E gordo.

– Sim. – riu Marlene, sem humor. Nos abraçamos e continuamos observando os bebês. Os recém-nascidos não eram nem um poucos bonitos aos meus olhos, mas Todos que observavam achavam os bebês a coisa mais maravilhosa do universo.

– Ele não abriu os olhos ainda? – a voz de James pareceu me deixar tenso. Ele bateu seus olhos em mim rapidamente e continuou olhando Marlene.

– Não... Acho que vamos morrer de curiosidade. – exclamou ela. – Ele é sua cara, provavelmente vai ter seus olhos.

– Uma pena, os olhos de Lílian são... – James não terminou a frase quando parou para ver seu filho. Eu pensei que seria diferente. Aquele homem era o mesmo que me acordava aos pulos quando tínhamos doze anos de idade? Ainda é aquele mesmo garoto que estava sempre pensando em alguma pegadinha para aplicar nos Sonserinos? Nós crescemos? Nos tornamos adultos? Como e quando isso aconteceu?

Eu odiava ter aqueles pensamentos.

– Vou dar um olhadinha nele. – disse Marlene, entrando na maternidade. James cruzou os braços e sorriu para seu filho, fingindo que eu fazia parte da mobília. Respirei fundo e tomei coragem, quebrando aquela muralha se construindo entre nós.

– Quer comemorar? Podemos beber alguma coisa.

– Não posso, preciso ficar com Lily. – retrucou, educadamente.

– Ninguém me ama. – sussurrei para mim mesmo, me relembrando das merdas que eu falava quando estava bêbado.

– O quê?

– Nada. – respondi. – Eu estava aqui pensando... Onde está Pedro? Eu sai com ele ontem e sinceramente eu...

– Sirius. – os olhos de James eram extremamente frios. – Estou muito bem e confortável aqui observando meu filho, então você se incomoda?

Tentei não transparecer o quão assustado e sentido eu estava com aquelas palavras de James.

– Desculpe, eu perdi algo aqui? Está pedindo para o padrinho de Harry ir embora?

– Você deve ter trabalho para fazer no Ministério, aliás, o relatório do Acampamento na Escócia está na sua mesa. – ele ajeitou os óculos rapidamente e voltou a cruzar os braços, apenas observando Marlene embalar seu filho no colo.

– Você não está de férias? Você sabe, licença de paternidade...

– Tenho uma carreira e uma família e estou decidido a conciliar os dois. E sinceramente? Não tenho tempo para você falar que não consigo.

– Uau. – como a conversa levou esse rumo? – Eu nunca disse isso!

– Quer saber, Sirius? Eu sempre te ajudei. Eu sempre estive lá para você, sempre te apoiei, eu sempre estive lá quando você precisava. E agora, eu preciso de você, deveria me ajudar! Mas em vez disso me deixou de lado. Só porque eu tive um filho você não tem mais tempo para mim? Sirius, você não tem tempo para nada que não gire ao seu redor. Não tem tempo para ninguém que não queira a mesma coisa que você. Agora, se você me dá licença, eu preciso comprar fraldas para meu filho.

[][][]

– PARE DE ME SEGUIR! – o homem jogou mais impulso em sua vassoura, fazendo com que eu fizesse o mesmo.

– NAAAAAAAAAH, SOMOS IRMÃOS DE VASSOURAS! ONDE NÓS VAMOS HOJE, AMIGO? – parei de perseguir o cara quando vi um grande incêndio, melhor que isso, perto de minha casa, isso é maravilhoso! Desci o mais rápido que eu pude e desci da vassoura na rua de trás. Mas durante o trajeto eu não pude deixar de notar qual casa estava em chamas. Não me importei em deixar a vassoura para trás enquanto eu corria em direção da casa em chamas, que no caso, era minha.

– NÃO! – berrei, desesperado. – MINHA COISAS.... MINHAS COISAS!

Os bombeiros tentavam a todo custo apagar a chama, mas não apagava nunca.

Fogo Maldito.

Corri pelo jardim ao redor da casa em chamas, ignorando o chamado dos bombeiros. No chão havia um papel, que curiosamente não havia pegado fogo.

“Você queima.

Ela congela.

Eu faço os dois?

Ou faço o inverso?

– D”

– SIRIUS! – correu Pedro em minha direção. – Oh meu Deus... Sua casa...

Segurei as lágrimas enquanto via minha casa torrar lentamente no fogo maldito. Aquilo era tudo que eu tinha no mundo e agora estava ali, sendo destruído. Lembranças de uma vida estavam ali, roupas, fotos, cartas... O que eu iria fazer? Pedro apertou meu ombro fortemente enquanto eu observava o bilhete em minhas mãos. Quem é D? E quem é “ela” a quem ele se referiu? Olhei ao redor, todos observavam minha casa pegar fogo como se fosse uma grande fogueira. Amassei a carta e joguei-a no chão, colocando as mãos no bolso.

– Sirius? – deixei Pedro sozinho enquanto eu caminhava pela longa rua. Minha casa em chamas era apenas um detalhe na escuridão da noite. Assim que me dei conta que estava fora do meu bairro, eu vi algumas crianças brincando e me senti mais velho que Dumbledore. Todos queremos crescer. Somos desesperados para chegar lá. Agarrar todas as oportunidades que pudermos para viver. Nos ocupamos tanto tentando sair do ninho que não pensamos no fato de que será frio lá fora… frio pra caramba. Porque crescer significa deixar as pessoas para trás. E no momento em que estamos firmes...

Estamos sozinhos.


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Notas finais do capítulo

OlaaaaAaAaAaAaAaAaA
Como presente de natal, teremos DOOOOOOOOOOOIS capítulos maravilhosos (ou não) para vocês, quentinhos e bem embrulhados.
Muitas desgraça está chegando e eu tenho a triste noticia de: Só temos mais 5 capítulos até Sirius ser presoooooooo!!!!!!!!!!!!
Não adianta o quanto eu adie ou enrole, o momento chegou.
Vamos nos reunir e chorar juntas....
Até o próximo.
MUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH



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