PDV JOSH

        É, eu sou um monstro, eu sei! Mas eu não pedi isso! Eu não quis isso... Eu apenas... sobrevivi. Eu apenas me tornei o que sou. Um monstro duro, arrogante e repulsivo. Quem me amaria? Aliás, quem já me amou? Ela com certeza não! Na verdade, tudo é culpa dela!

        Amy, minha amada Amy.

        Nasci em um pequeno povoado de famílias pobres. Meus pais, que Deus os tenha... morreram quando eu tinha 4 anos de vida. Atacados por vampiros. Vampiros, a sina da minha vida. Cresci sozinho em meio às migalhas que meu povo podia oferecer, já que tinham tanto quanto eu. Nada. Povo pobre de alma sofrida lutando para viver, nada tinham para si, quanto mais para oferecer.

        Já adolescente, me tornei um menino magro, mas forte. Afinal, tive que muitas vezes me virar sozinho. Os vampiros voltaram a ameaçar nosso povoado e o dos vizinhos, nos dividíamos em patrulhas com a intenção de nos proteger. Mas, nós éramos muito fracos. Fracos demais, e apenas humanos. Todos os povoados estavam se juntando, tentando aumentar a chance de sobrevivência. E foi aí que eu a conheci. Amy. Uma menina bonita e inteligente. Veio de outro povoado, ao norte, com seu sorriso angelical. Apaixonei-me à primeira vista. Tornamos-nos amigos e, quando eu alcancei meus 19 anos, amantes.

        Eu me sentia o homem mais feliz do mundo. Casaríamos em dezembro daquele mesmo ano. Menina virgem, de família humilde, assim como eu. Nunca tentei mais do que deveria. Eu a respeitei e a amei incondicionalmente. Mas tudo que é bom tem que ter um fim. Aconteceu... Virei um monstro. Não tão repulsivo quanto hoje, mas, ainda assim, repulsivo. Culpa daqueles miseráveis vampiros. Se eles não tivessem aparecido, nada disso teria acontecido. Nunca teria me transformado em um lobisomem, ou transformo, chamem como queiram.

        Então, eu me afastei. Juntei-me a uma alcateia que não sabia que existia e lá fiz grandes amizades. Heytan e Josef. Josef era o líder da alcateia. Me ajudou muito quando me transformei. Se eu não tivesse abdicado de Amy, seria completo e feliz. Mas, a dor de perder Amy era grande demais. Para mim, Amy era tudo, era mais forte do que eu, tão forte quanto um imprinting. Mas, agora que eu sei o que é um imprinting, eu rio, porque sei como era ingênuo. Nada se compara a um imprinting.

        Dois meses depois ela descobriu. A luta para salvar o povoado dos vampiros ficou tão grande que passamos a nos transformar na frente dos aldeãos. Mas, ou contrario do que pensei, ela não me achou um monstro, nem repulsivo. Ela me aceitou do jeito que eu era. Disse que ficaria comigo e que me amava. Disse coisas que só uma mulher apaixonada diria. E isso é o que mais dói. Disse que ficaria comigo, não importava o que acontecesse, para depois fazer o que fez.

          FLASH BACK

          Eu estava correndo na forma de lobo, eram muitos sanguessugas ao meu redor, não daria conta sozinho. Não esperava um ataque daqueles. Haviam crianças envolvidas. Monstros pequenos, mas fortes. Uivei tentando chamar atenção da minha matilha. Muitos vieram se juntar a mim, menos Josef, o alfa. Não tive tempo para me preocupar com isso, tudo o que queria era me livrar daqueles vermes e poder voltar para a casa, para a minha Amy.

          Destrocei um, dois, três, perdi a conta... Vi muitos dos meus caírem, assim como vi todos dos deles também. Ao menos, foi isso que eu pensei, até sentir uma mordida em meu pescoço.

          _ Eu vou morrer, mas você também vai! – ele falou.

          Era apenas um menino. Tão pequeno, de aparência frágil. Deveria ter no máximo 6 anos. Virei-me e, sem pena, o derrubei de cima de mim, pulei em cima dele e tentei não me lembrar que era apenas uma criança. Crianças são seres inocentes, que não matam sem piedade. Aquilo era um sanguessuga, igual a todos os outro. Fiz o que deveria fazer e o destrocei.

          Meus ossos começaram a doer, e eu voltei à forma humana. Não sabia o que aconteceria comigo. Não queria pensar que minha morte estava chegando. Minha Amy, eu não poderia deixá-la. Corri até a sua casa, se era a morte que me esperava, então eu queria pelo menos dizer adeus. E foi a passos largos e cambaleando que cheguei lá. Não bati na porta, não tinha tempo para isso, estava morrendo.

          Entrei... Preferia a morte ao que vi... Amy!

        _ Amyyyyyyyyyyyyyyyyyyy! – foi o que disse antes de tudo ficar preto e a dor me dominar.

          Estava entorpecido. Não se passou mais que um dia, tenho certeza. As dores ficavam indo e vindo. Como se o veneno em meu corpo lutasse com o lobo dentro de mim. Quando o lobo ganhava, a dor cedia, quando o lobo perdia, a dor voltava. E eu não sabia quando aquilo iria acabar. Sentia a luta dentro de mim, me retalhando, e no final foi como se nada tivesse ganhado ou vencido. Tudo apenas se misturou. Fiquei um tempo sentindo nada, como se eu tivesse um corpo, mas não pudesse movê-lo. Ao menos poderia ouvir.

          _ Temos que matá-lo! – ouvi Josef falando.

          _ Não, talvez ele... – ouvi Heytan começar a falar, mas foi interrompido por Josef.

          _ Ele o que? Se tornar um sanguessuga, e se tornar mais uma ameaça para nosso povo?

          Claro que ele queria me matar... Afinal, ele queria Amy para ele! Traidor... Lobisomem maldito! Com tantas mulheres, ele foi justamente para cima da minha. Só de me lembrar da cena deles nus em cima da cama. Ele a beijando, um masturbando ao outro. Vadia! É isso o que ela é... Me enganou... Me traiu. A virgem de família estava nos braços de Josef, um conquistador barato... Enquanto eu, seu noivo, não provei mais que seus lábios!

          _ Eu não sei... Amy? – Heytan perguntou.

          _ Mate-o! – eu a ouvi dizer.

          Meu mundo caiu... Era isso, afinal! Ela mandou me matar... Ela! E foi nesse momento que recuperei meu corpo. Ela despertou o mostro dentro de mim! Eu simplesmente agia. Eu simplesmente não reconheci meu corpo, meus movimentos, meu eu, eu era simplesmente novo. Pensei em me levantar e já tinha feito, de olhos aberto e em posição de ataque ou defesa, não sei ao certo. Por incrível que pareça, não senti desejo ou vontade de tomar sangue, mas o que eu esperava? Afinal ainda sou meio lobo!

          _ Me matar? Há! Quem diria que minha "noiva" mandaria me matar! - eu disse, debochando da palavra noiva.

          Ela ficou visivelmente nervosa com a minha agilidade. Ou foi com o tom de ódio na minha voz? A pulsação dela aumentou. É, talvez eu deva provar o meu mais novo método alimentício. Tentei me aproximar dela, mas fui "impedido" (quer dizer, tentaram me impedir) de chegar até ela. Olhei para o lado e vi Heytan...

          _ Você ia concordar com isso? Ele eu sei que ele é um traidor, mas você? – falei, apontando para Josef como o traidor.

          _ Ele está fora de si! Vamos matá-lo! - gritou Josef. Claro ele não queria que ninguém soubesse como ele era.

          _ Me matar? Eu é que vou matar você! - pulei em cima de Josef. Queria quebrar todos os seus ossos, matá-lo lenta e friamente. Ele pagaria, ela pagaria. Heytan se transformou em lobo e tentou me impedir. Não tive escolha, se para matar Josef teria que matar também outro traidor, então seria feito. Mais rápido do que qualquer um deles, corri em volta de Heytan, me certificando de quebrar suas patas enquanto corria. Depois, pulei em cima de seu corpo grande e com muita, muita facilidade, quebrei seu pescoço. Nunca tinha reparado como minha antiga raça era fraca. Não deu tempo nem de ele sentir dor.

          Saí de cima de Heytan e fui procurar meu primeiro alvo. Além de traidor, é covarde, correu e deixou o amigo para trás. Eu já devia esperar. Saí dos destroços da casa de Amy, que tinha se quebrado com a transformação de Heytan, e corri. Seu cheiro de lobo era forte demais, ele nunca iria conseguir se esconder de mim. Segui sua trilha até a floresta, seu cheiro estava impregnado com o de Amy. Eles estavam fugindo juntos.

          Rápido e fácil como matar Heytan, foi encontrá-los. Ele, em forma de lobo, com ela agarrada aos seus pelos. Pulei em cima de Josef, fazendo com que o corpo de Amy voasse para longe. Acho que eu fui até bonzinho com ele. Comecei arrancando alguns pedaços dos pelos. Quebrei pata por pata, em câmera lenta. Ele não conseguia nem reagir, só uivava de dor. Sabia que ele estava chamando a atenção do resto da matilha. Mas eu queria isso. Mataria a todos, ninguém se lembraria de mim, do que fui, ou do que sou.

          Fui o matando aos poucos, às vezes até deixava suas feridas cicatrizarem, e depois o feria de novo. Quando vi que a matilha vinha para perto de mim, simplesmente arranquei a cabeça dele. Todos os lobos uivaram, e pude ver o ódio nos olhos deles quando perceberam quem era o assassino. Ri por dentro e fui matando lobo por lobo. Mas eram muitos e a tarefa começou a ficar complicada.

          Aos poucos, comecei achar que poderia perder, mas não ia desistir. Eles sabiam, deviam saber do caso daqueles dois. A minha Amy. Uma força diferente se apoderou de mim, e todos os lobos a minha volta foram lançados uns contra os outros. Enquanto os matava, ia me dando conta de meu poder, me admirando. Eu era um monstro, mas um monstro muito poderoso.

          Depois que descobri meus poderes, tudo se tornou mais fácil! Rapidamente, acabei com todos. Agora, só me faltava ela. Olhei para os lados e... Merda! A vadia fugiu! Respirei fundo, sentindo seu cheiro, e logo encontrei a direção em que ela estava. Mal corri e a encontrei.

          _ Amy... – sussurrei no seu ouvido assim fiquei ao seu lado.

          Ela deu um grito de susto. Eu ri e segurei seus braços, impedindo que ela se afastasse.

          _ Aonde pensa que vai, sua vadia? – eu perguntei.

          _ Por favor, não me machuque! – ela implorou, já chorando. – Por favor!

          _ Não se preocupe, Amy! – eu sussurrei em seu ouvido  enquanto prensava seu corpo junto ao meu – Só vou me divertir um pouco com seu corpo, assim como o Josef fazia, e depois vou te mandar para o lado dele.

          A joguei no chão e, antes mesmo que ela pensasse em se mexer, eu já estava em cima dela. Jogando meu peso em cima de seu corpo, o imobilizando. Rasguei suas roupas e prensei minha ereção em seu corpo.

          _ Sente isso! – eu gritei – Sente o que faz comigo? Eu ia ser bonzinho, Amy! Eu seria um bom marido, e te teria por bem, mas você quis assim! Então, é assim que vai ser.

          Aproveitei que ainda estava nu e a penetrei com força. Eu não preparei o seu corpo para aquilo. Ela não tinha lubrificação alguma, o que fez com que gritasse de dor. Meus movimentos eram rápidos, brutos e fortes, muito fortes. Não fui nem um pouco sensível, nem me importei se ela era humana. Usei minha força vampiresca. Sabia que a estava machucando e muito, mas por que iria me importar? Aquela vadia não se importou comigo!

          Ela gritava e implorava para eu parar, mas nada do que ela dizia despertava algum sentimento em mim. Ela merecia. Maldita! Passamos horas assim, às vezes ela desmaiava por conta da dor e, quando voltava a despertar, eu ainda estava ali, a penetrando forte, com a mesma volúpia. Eu via as marcas rochas em seu corpo, de quando eu a apertava, e achava graça nisso.

          Quando percebi que ela já estava quase morta, resolvi que era hora de parar! A mordi e suguei seu sangue. Era bom, mas nada do que aqueles anciões falavam. Eu não tinha a mesma necessidade dos vampiros comuns. Deixei o corpo de Amy caído e me levantei.

          Naquele mesmo dia, ainda matei todos da minha aldeia. E fiz questão de ir procurar cada pessoa que eu conhecia e fazer o mesmo! Ninguém se lembraria de mim, ninguém saberia que eu existo.

          FIM DO FLASH BACK!

        E, assim, os meses se passaram. Seguindo sem direção. Matando por matar, por prazer. Sugando sangue, apenas por fazer. Essa era minha história, esse sou EU!