PDV JACOB

        Depois do susto provocado pelo maldito do Josh, eu fiquei para passar a noite na mansão Cullen. Liguei para meu pai, para avisá-lo. Estava sentado no sofá com a Nessie, com ela em meu colo. Não vou mentir que não me senti meio estranho com ela assim, tão perto. Mas me controlei, não era a hora, nem o momento, para lembrar essas coisas. Fiquei abraçado a ela um bom tempo no sofá, até que adormeci com ela em meus braços.

  Acordei e todas as luzes estavam apagadas. Renesmee ainda estava em meus braços, aconchegada, em um sono profundo. Levantei-me com ela em meus braços e subi as escadas. A coloquei em sua cama e fiquei admirando sua beleza. Nessie! Como é linda enquanto dorme... Sinto falta de quando era pequena. Naquela época, eu não tinha que me controlar tanto quando estou perto dela.

  Dei um beijo de boa-noite em sua testa e senti o perfume de seus cabelos. Seu perfume me embriagou na hora, e senti a súbita necessidade de beijar sua boca. Ser o primeiro a beijá-la. Ser o único a beijá-la. Aproximei meus lábios dos dela, mesmo sabendo que só o que conseguiria era encostar um no outro, já que ela estava dormindo e não poderia corresponder. Bom, pelo menos foi isso que pensei, até sentir seus lábios se movendo contra os meus.

        Foi um beijo calmo no começo, e depois ficou mais intenso, ardiloso. Não sei quantos minutos fiquei ali, só a beijando. Eu estava começando a ficar sem ar, então, diminuí o ritmo do beijo e me separei dela. Meu coração batia a mil. Ela ainda mantinha os olhos fechados. Não pude ouvir o barulho do coração dela, porque o meu estava alto demais, por isso, não soube se ela estava dormindo ou não. Apenas saí do quarto, a deixando lá e esperando, com todas as forças, que ela estivesse sonhando. Não saberia como explicar o que fiz, nem o porquê fiz. Ela é só uma criança, e é obvio que não sabia o que estava fazendo.

PDV EDWARD

        Um tapa. Era disso que eu precisava. Um tapa, para acordar para a vida. Ela esteve sempre do meu lado, e eu sempre agindo como um idiota. Ela ia embora. Eu perdi a mulher da minha vida por ciúmes! Ciúme bobo! Mas que droga! BURRO! IDIOTA! É isso que eu sou.

        Senti meu chão sumir. Ela é minha vida. Perdi minha vida! Perdi tudo! Perdi minha Bella! Ela deixou tudo por mim. Família, casa, amigos, futuro... E eu, nem ao menos um voto de confiança dei a ela!

PDV BELLA

        Eu estava indo embora. Não sabia exatamente para onde, nem o que ia fazer. Agora eu só queria um tempo para mim. Para pensar em tudo. Pensar em como eu deixei isso acontecer. Eu sempre me achei insuficiente para ele, mas nunca, nem se quer por um momento, duvidei de sua fidelidade. É certo que já senti ciúmes, já fiquei apreensiva. Afinal, sou casada com um homem belo, inteligente, enfim, que tem muitas qualidades. Mas, sempre confiei em sua palavra, em seu amor. Porque duvidar de minha lealdade, é duvidar do meu amor! E era isso que ele estava fazendo. Duvidando do meu, do nosso amor. Que sempre foi o que eu mais tive certeza!

        Fui em direção da porta e toquei a maçaneta. Quando ia virá-la, ouvi um baque surdo. Virei-me e dei de cara com um Edward ajoelhado e desnorteado. Ele olhou para mim, e vi medo em seus olhos. Mas medo de quê? De eu ir correndo para os braços do Josh?! Eu não quero ouvir suas palavras absurdas. Meu coração, mesmo não batendo, ainda tem sentimentos. E ele não suportaria ouvir essas palavras novamente. Voltei a me virar e rodei a maçaneta. Abri a porta e ia sair...

        _ Me perdoa! – eu o ouvi sussurrar em meio aos soluços. – Me perdoa!

        Eu senti uma dor imensa ao fazer o que estava fazendo. Continuei caminhando para fora. Eu podia voltar e dizer a ele que o perdoaria. Porque, no fundo, eu já sabia que o faria, mas, no momento, a dor de suas palavras me impedia de dizer. Fui caminhando e ouvindo seus pedidos ao longo da floresta. Quando não pude mais ouvir suas palavras, deixei-me cair e chorei.

 PDV EDWARD

        Fiquei caído de joelhos por horas, dias, não sei ao certo. Levantei-me e meu corpo estava rígido. Fui até o closet e me troquei. Ainda senti muita necessidade de chorar. Terminei de me arrumar e fui caçar. Queria adiar ao máximo minha ida a mansão Cullen. A verdade, é que estava com muito medo de não a encontrar lá. Medo de tê-la perdido. Dessa vez, para sempre. E se ela quisesse se divorciar? O que eu faria? Como a impediria? Eu não poderia simplesmente a deixar sair da minha “vida” assim? Poderia?

        Terminei de caçar e fui ver até que ponto eu mesmo poderia ter destruído minha vida. Corri até a mansão e entrei. Alice e Jasper estavam na sala, ambos com cara de pena. Alice, com um pouco de raiva também. Ela havia visto as minhas palavras e, apesar de se sentir triste por mim, sua mente ficava repetindo a mesma frase que eu já sabia:

        “Você mereceu!”

Jasper sabia o quanto eu estava triste e inseguro, mas não disse nada, estava lembrando como Bella entrou aqui, com as roupas sujas e os olhos meio inchados, como se quisesse chorar. Ele me disse, por pensamento, que ela estava no meu antigo quarto e que não saía de lá há três dias, que foi quando ela chegou naquele estado. Ela não quer ver e nem falar com ninguém. Renesmee é a única que tem permissão para passar pela porta e que, apesar de Nessie não saber o que realmente está acontecendo, ela sabe que nosso casamento pode estar abalado. E ainda me mostrou uma imagem dela gritando e dizendo que a culpa era minha, que ela tinha certeza. E o pior era saber que ela tinha razão.

        Subi as escadas e fui em direção ao meu quarto, sem falar com ninguém. Precisava vê-la. Precisava dela. Minha Bella. Isso se ela ainda quisesse ser minha. Abri a porta e a vi, sentada na cama.

        _ Bella! – a chamei.