10. Coming back to you.

Bella Pov.:

 - Alô?

- Bellinha, Bellinha, quanto tempo... - disse uma voz sarcástica.

 - Quem fala ? - eu perguntei curiosa pela intimidade.

 - Ah, me desculpe. Acho que você ainda não me conhece, mas eu te conheço, muito bem. Da última vez que te vi você ainda era uma criança. - ele pareceu distraído, como se lembrasse de algo antigo. - Você cresceu bastante sabia? Eu venho te observando há algum tempo. Você se tornou uma bela garota, tão bela quando seu nome.

 - Quem é você?! - eu perguntei assustada.

 - Você saberá na hora certa, Bellinha. Afinal, você não quer estragar a surpresa não é? - ele riu. – Pena que vocês terem fugido não deu muito certo, eu acabei achando vocês. - eu podia ouvir o modo irônico com que era dito cada palavra. - Tchau Bellinha, até mais. Nos veremos em breve, muito em breve - e ele desligou.

 Eu fiquei parada em estado de choque. Primeiro: A pessoa que estava ao telefone, quem quer que seja, falava de um modo tão cortês e sarcástico que me dava arrepios. Segundo: O que ela queria comigo, e como ela sabia quem eu era? E por último: Como assim ele nos “achou”? Porque estaríamos fugindo?

 Eu sentia que alguma coisa estava escapando, e que essa coisa ajudaria a compor o “quebra-cabeças”, mas eu não sabia o que.

 Eu não sabia o por quê, mas um pressentimento ruim me tomou e subitamente me senti em perigo. Senti medo, muito medo.

 Comecei a ficar tonta e me sentir mal, só aí que eu percebi que eu tinha prendido a respiração devido ao nervosismo.

 Respirei fundo tentando me acalmar. Inútil. Repetia mentalmente o tempo todo que aquilo poderia ser um trote, mas algo me dizia que eu estava enganada.

 Eu continuei lá, parada segurando o telefone sem nem perceber, em meio às minhas especulações.

Nem percebi quando o carro de Edward chegou, apenas percebi sua presença quando a porta foi aberta.

 Ele me olhava curioso. Pra quem olhava a cena deveria ser estranha, uma pessoa parada com o telefone na mão olhando fixamente para o nada. Mas não parei pra pensar muito nisto, apenas estava preocupada em descobrir quem era ao telefone.

 Edward caminhou até mim, com os olhos curiosos e preocupados. Tirou o telefone da minha mão, recolocou-o no gancho e inesperadamente: me abraçou.

De início, fiquei imóvel com sua atitude, mas logo o envolvi em meus braços.

 Como eu sentia falta dele, do seu abraço, do sorriso torto que me fazia perder o ar e dos seus olhos verdes tão incríveis e expressivos.

 Depois de alguns minutos ele me soltou e acariciou meu rosto delicada e carinhosamente, como se eu fosse de porcelana e pudesse quebrar a qualquer a momento.

 Eu sempre ficava surpresa com o jeito que Edward me tratava. Quando eu o vi, pela primeira vez, ele parecia aquele típico adolescente infantil, riquinho e mimado que age como se fosse melhor do que os outros.

 Mas ele era totalmente diferente do que eu pensava, ele era tão carinhoso e atencioso, e mesmo eu tendo evitado todo esse tempo ele ainda me tratava e me olhava do mesmo jeito. Olhava-me como se eu precisasse de proteção o tempo todo.

 E de certa forma, eu precisava. Minha mente nunca foi um bom lugar para se viver, sempre sombria e dolorosa, mas que, de alguma forma, ficava menos triste com ele lá.

 - Bella, me desculpe por favor. Perdoe-me por qualquer coisa que eu tenha feito, eu faço qualquer coisa, só não me peça pra ficar longe de você de novo, eu...

 - Edward! Se acalme, sente aqui. - eu o puxei para nos sentarmos no sofá.

 - Bella, eu realmente não sei o porque de você ter me evitado, se você me dissesse... Por isso eu vim aqui correndo, eu queria me desculpar, mesmo sem saber o porque, eu...- ele me olhou sem saber como continuar.

 - Edward, você não tem culpa de nada. Você... - eu segurei sua mão sentindo automaticamente um arrepio percorrer por meu corpo apenas por um toque. Ignorei e continuei. - Você sempre foi bom pra mim, você foi o melhor... - eu hesitei um pouco - amigo que eu poderia ter, mas eu estava confusa demais.

 - Bella eu não entendo... - ele falou confuso.

 - Edward, desde o assassinato da minha mãe eu não me aproximei de ninguém, você foi o primeiro. Mas depois de um tempo a minha... amizade por você foi crescendo, e eu não queria sofrer de novo uma perda. Eu fiquei esse tempo todo pensando... e eu sofri, sofri mesmo. Aí eu percebi que nossa amizade já era grande demais, e que todo aquele sofrimento era fruto da saudade que eu sentia. E eu resolvi dar uma segunda chance e não voltar mais atrás, porque você me fez muito bem.

 Ele ficou abrindo e fechando a boca como se procurasse algo para dizer. Por fim fechou a boca e me olhou com carinho e compreensão e simplesmente me abraçou, um abraço de consolo e compreensão.

 Imediatamente me senti bem, como se um peso saísse de minhas costas. Suspirei aliviada. Agora estava tudo bem. O telefone tocou e imediatamente eu fiquei tensa. Acho que eu desenvolverei algum trauma de telefone, depois do último telefonema.

 Edward arqueou uma das sobrancelhas e olhou para o telefone interrogativamente. Eu suspirei derrotada e levantei para atender.

- Alô? - eu perguntei temerosa.

 - Alô!? Bella, tudo bem? - eu rapidamente relaxei ao ouvir aquele costumeiro tom animado.

 - Oi Jake! - eu disse.

 - Então, Bella, tem um parque em Port Angeles bem legal, você gostaria de ir comigo?

 - Claro Jake, quando?

 - Agora, eu passo aí e...

 - Não! - eu gritei pensando em Jake encontrar Edward. Depois de eu ter parado de falar com Edward, Jake passou a odiá-lo, e pela cara de Edward na sala quando ouviu que era Jacob ao telefone, o ódio era recíproco - Quer dizer... não, eu não estou muito disposta hoje sabe...

 - Sei... - ele disse desconfiado pela minha desculpa esfarrapada.

 - Então Jake... até mais ! - eu disse rapidamente.

 - Tchau Bella. - e ele desligou.

 Eu voltei pra sala e me sentei cautelosamente ao lado de Edward.

 - Tudo bem, Edward? - eu perguntei.

- Tudo, tudo sim, eu... já vou indo Bella. - ele disse claramente incomodado por Jacob ter ligado.

 Ele me deu um beijo na bochecha e levantou. Eu levei-o até a porta e vi o volvo dele se distanciar.

 Fechei a porta pensativa. Eu teria que arranjar um jeito de conciliar minha amizade com Jacob com a de Edward, devido ao fato dos dois se odiarem.

 Subi as escadas ainda pensando. Joguei-me na cama. Porque tudo tinha que ser tão difícil?

 Depois de um tempo pensando eu acabei pegando no sono. Acordei no dia seguinte com o irritante barulho do despertador. Desliguei-o, me arrumei apressadamente e tomei o café da manhã. Charlie ainda estava em casa quando eu estava tomando meu café.

 - Aconteceu algo, Bella? - ele perguntou dando logo em seguida uma mordida em sua torrada.

- Não, pai. Porque? - eu perguntei.

 - Não sei, você está mais... feliz. - ele disse sorrindo. Eu corei. Será que estava tão evidente assim meu estado de espírito? Charlie saiu da mesa sem dizer nada, e eu peguei minha mochila indo para a porta esperar Jacob.

 Assim que o carro de Jacob estacionou, eu entrei correndo e fechei a porta rapidamente.

- Bom dia, Bella. - disse Jacob me dando um beijo na bochecha. Eu dei um sorriso para ele. - Bella, porque você se desesperou tanto por eu passar na sua casa ontem à tarde?

- Ér... nada Jake. - eu dei meu melhor sorriso, sabendo que não funcionaria. Nunca fui uma boa mentirosa. Ele me olhou desconfiado.

- Você está... alegre. - ele disse observador.

- Impressão sua, Jacob. - eu disse ajeitando o cabelo, tentando inutilmente disfarçar.

Ele me olhou desconfiado, mas não me perguntou nada pelo resto da viajem. E eu agradeci mentalmente por isso, eu não saberia mentir pra ele novamente.

 Ao sair do carro de Jacob eu procurei Edward pelo estacionamento, encontrei-o encostado em seu volvo. Sorri para ele de longe e ele retribuiu me dando um leve aceno de cabeça e um sorriso.

- Porque você está sorrindo, Bella ? - perguntou Jacob curioso.

- Por nada. - eu disse dando uma última olhada para Edward e corando.

 O resto das aulas se passou assim. Eu sorria para ele de longe, porque Jacob sempre estava comigo, e eu não queria causar um conflito entre eles.

 Eu estava arrumando minhas coisas para a próxima aula quando eu vejo um bilhete sobre a mesa. Eu peguei-o e o abri:

“ Bella, você está muito bonita hoje, sempre esteve.

Um beijo do seu “amigo” ”

 Eu sorri pensando em Edward. Eu fui para a próxima aula rapidamente. Pois era a aula que eu tinha com Edward e Jacob não estava nela.

 - Oi Edward. - eu disse sorrindo pra ele.

 - Oi Bella. - ele me respondeu me sorrindo belamente.

 - Então Edward... foi você quem me mandou esse bilhete ? - eu perguntei mostrando-o. Ele leu-o e olhou pra mim confuso.

 - Não, não fui eu não.

 - Se não foi você, então quem... - eu mesma me interrompi ao lembrar do telefonema de ontem. Eu devo ter ficado pálida, pois Edward logo perguntou se eu estava bem. Apenas disse que sim e me virei para frente.

 Depois da aula Jacob me deixou em casa. Eu estava com um pouco de medo de ficar em casa sozinha, então fechei todas as janelas e tranquei a porta.

 Fiquei em meu quarto estudando um pouco, porque teríamos teste no final da semana, até que a campainha toca.

 Temerosa, desci as escadas. Quando olho no olho mágico sinto grande alívio por ser apenas Edward.

- O que faz aqui Edward? - eu perguntei indo para a cozinha junto com ele para fazer algo para comermos.

 - É que você ficou tão estranha na aula hoje, eu só vim ver se você estava bem. - ele respondeu. Eu sorri.

 - Está tudo bem, Edward, foi apenas um mal estar repentino.

 - Está tudo bem mesmo? É que eu fiquei preocupado e.. - Edward foi interrompido pelo barulho da porta se abrindo.

- Bella ? - eu ouvi a voz de Jacob vindo da porta. Edward rapidamente fechou a cara. - Desculpa ter vindo sem avisar, é que fiquei preocupado com você, você estava estranha nas últimas aulas e no carro hoje. - ele disse entrando na cozinha. - Bella? Você está aí? Eu...

Ele parou de falar assim que viu Edward e sua expressão mudou rapidamente para uma furiosa.

- O que ELE está fazendo aqui?! - ele disse quase que rosnando para Edward.