11. Dois é melhor que um

Edward Pov.:

- O que ELE está fazendo aqui? - Jacob perguntou furioso. Vi que Bella empalideceu um pouco com o tom que ele acabara de usar.

- Bella? Não vai me dizer? - Jacob pressionou.

- Acalme-se, Jacob. - Eu interferi - Eu, assim como você,fiquei preocupado com ela e vim ver se ela estava bem. Só isso.

- Não precisava ter feito isso. EU posso cuidar dela.

- Ah, realmente. Muito perceptível seu progresso, não? - Eu disse sarcástico.

Seus olhos se estreitaram, e pude ver claramente o tamanho da raiva que emanava deles. Olhava claramente o tamanho da raiva que emanava deles. Olhava diretamente dentro dos olhos dele, sem reparar muito nas coisas à minha volta. Apenas senti quando uma mão hesitante e delicada tocou meu braço.

- Ér... Jake, eu estou bem, obrigada por ter se preocupado. Acho que você já pode ir agora. - Ele a fitou, incrédulo.

- E te deixar aqui sozinha com ele? – falou como se eu fosse algum tipo de animal repugnante.

- Jacob, por favor, não comece.

- Não, Bella. Não vou deixar que você sofra mais ainda.

- Sofrer? - Eu interferi novamente. - O que quer dizer com isso? Eu tenho cuidado dela. E, honestamente, tenho feito melhor que você.

Jacob me lançou outro olhar furioso e senti Bella apertando meu braço com
mais força.

- O que está insinuando? Que eu não tenho me esforçado para vê-la melhor? É isso?

- Sim. É exatamente isso.

Foi tudo muito rápido, não tive tempo de reagir. Só senti o punho de Jacob vindo de encontro ao meu rosto com muita rapidez e força, não consegui reagir, estava estático e tonto.

- Jake! - Ouvi Bella protestar em estado de choque. Eu ainda tentava recuperar meu equilíbrio. - Por que você fez isso, Jake?

- Por que, Bella? Porque quanto mais tempo você passa ao lado dele mais triste você fica, e você sabe disso.

- Jake, isso não é verdade! – Senti como se a própria Bella não acreditasse em suas palavras.

- Ah, não? Então por que você não diz a ele o que sente?

Olhei para Jacob incrédulo.

- O que? - Perguntei de olhos arregalados.

- Bella tem medo. Ela tem medo de sentir algo por você, porque sabe que vai acabar machucada quando tudo acabar. E aqui está você, cada dia mais perto, incentivando-a a sofrer.

Aquilo me doeu mais do que o soco que ele havia me dado há pouco, eu preferiria mil vezes a dor física que senti a pouco do que o que eu estava sentindo agora. Era isso, então? Ela pensava que sairia machucada quando tudo acabasse? Ela não confiava em mim o suficiente para saber que eu não tinha intenções de machucá-la, de deixa-lá?

Toda a tristeza que eu senti naquele momento foi substituída por raiva. Raiva de Jacob, por estar ali naquele momento. Raiva de mim por não ser capaz de demonstrar o quanto eu amava a garota ao meu lado. Raiva que foi canalizada para um lugar só. Meus punhos.

No momento seguinte eu estava brigando com ele. Acertei seu estômago e m cheio, descontando tudo o que eu sentia naquele homem à minha frente, o fazendo gemer de dor. Ele me acertou várias vezes, assim como eu o acertei também. Não me importava mais que Bella estivesse vendo, eu só queria fazê-lo sentir uma parte da dor que eu havia sentido ao ouvir as palavras que ele pronunciara. Eu podia sentir o gosto de sangue, vindo de dentro e de fora da minha boca, podia sentir meus músculos cansados e doloridos, podia ouvir meus próprios gemidos de dor. Mas a dor física virava pó no instante em que eu pensava no verdadeiro porque daquilo tudo. Não era uma simples briga de adolescentes, por que não estávamos brigando por causa de uma simples garota.

- Vocês dois, parem já! - Ouvi a voz aguda e chorosa.

Não tinha realmente pensado no que aquilo significaria para Bella, mas ao ouvir o choro em sua voz, parei no mesmo instante. Virei-me e me deparei com seu rosto vermelho, os olhos cheios d’água, os lábios curvados para baixo e a testa franzida. Ela estava chorando. Por minha causa. E, aparentemente, não devia ser a primeira vez. Bella estava sofrendo. Eu a estava fazendo sofrer. De novo.

- Por favor, vão embora e me deixem sozinha. - ela falou com a voz embargada de choro e dor.

- Mas, Bella... - eu disse segurando seu braço. Ela se desvencilhou de mim e subiu as escadas correndo, logo em seguida ouvimos a porta de seu quarto bater ruidosamente.

Suspirei pesadamente, ciente de que eu era culpado, e me dirigi à porta. Quando estava preste a sair meu braço foi segurado.

- Me solte, Black, eu não quero machucá-la ainda mais. - eu disse. Lembrando dela, ele me soltou.

Entrei em meu carro e pisei no acelerador. Eu precisava rodar um pouco, pra pensar em tudo o que tinha acontecido nesses últimos meses.

Bella Pov.:

Será que eu merecia passar por tudo isso? Eu sempre me fazia essa mesma pergunta, mas nunca encontrava uma resposta que justificasse o porque de eu sofrer tanto.

Abracei minhas pernas e abaixei minha cabeça, colocando em cima dos joelhos. Nem minha cama macia e o aquecedor, evitando que eu sentisse frio, conseguiram me deixar confortável.

Foi desesperador vê-los brigando, e eu sabia que era por minha causa, tudo é sempre minha culpa.

Quando eles pararam de brigar eu tive que mandá-los embora, eu era muito covarde e não aguentaria vê-los machucados por minha causa.

Eu fiquei um tempo em meu quarto, mas estava com fome. Desci as escadas silenciosamente, rezando para que eles já tivessem ido embora. Quando cheguei lá, é claro, eles já haviam ido. Cheguei a cozinha e levei um susto ao sentir meu braço sendo puxado, era só o Jacob.

- Ér.. Jacob, eu pensava que você já tinha ido embora.

- É que eu queria falar com você. - ele disse.

- Não, Jake, tudo bem, eu te desculpo eu...

- Bella, por favor, deixa-me falar. – disse ele, me cortando. Eu assenti. - Eu queria me desculpar, mesmo. Apesar de eu odiar admitir isso, eu fui culpado pela briga, eu não aceitei ouvir a verdade e o agredi sem pensar se isso iria te machucar, por favor, me perdoe por tudo, pelo menos antes de eu ir embora. - ele disse suplicante. Eu apenas lhe dei um sorriso e o abracei. Mas depois assimilei a última parte do que ele disse.

- Ir embora? – perguntei.

- É... meu pai foi transferido no trabalho dele, pra Boston; eu vou ter que me mudar dentro de uma semana – me disse.

- Por que você não me contou antes, Jacob? - eu disse já começando a sentir sua falta.

- Porque eu não queria que você ficasse mal por eu ir embora.

- Aí iria esperar pra me contar no dia que você fosse embora? - eu disse brava.

- Não, Bella, eu iria te contar hoje, mas então eu encontrei o Cullen aqui e... - ele ficou com raiva de repente. - então você o perdoou, não é?

- Eu não tinha o que perdoar, Jacob, e eu não quero mais falar disso, por favor.

- Mas você vai continuar correndo o risco de se envolver? Se é que você já não está apaixonada por ele, porque eu acho que está.

- Jake, eu não quero mais falar nisso, por favor.

- Tudo bem, Bella, não falarei mais nisso. Eu só fiquei aqui pra me desculpar e te contar sobre a mudança. Estou indo já. - ele se virou. Segurei seu braço, temerosa. - Eu vou continuar sendo seu amigo, Bella, sempre. - ele disse entendendo meu medo.

Ele sorriu, beijou minha testa e saiu pelo porta. Era tão bom saber que apesar da confusão, eu consegui ficar com a amizade dos dois.

Eu parei pra pensar na conversa que tive com Jacob. Ele tinha razão. Eu já tinha me envolvido demais. Eu já estava... apaixonada por ele, mas agora não tinha mais volta. Eu também não queria que tivesse, então desisti de pensar nesse assunto.

Subi as escadas lentamente para o meu quarto, estava cansada tanto mental como fisicamente, então caí na cama e dormi imediatamente.

Acordei mais feliz essa manhã, afinal, agora eu poderia ter meus dois amigos comigo, apesar de eles não se gostarem.

Peguei minha picape e dirigi até a escola calmamente, estacionei meu carro e me dirigi até a primeira aula.

O dia passara normal. Eu passava as aulas com Edward e Jacob alternadamente, porque eles não se davam muito bem quando juntos.

Era minha última aula do dia. Estava sentada com Edward em minha cadeira e folheava o caderno enquanto o professor falava algo em que eu não prestava muita atenção.

Quando cheguei no meio do caderno eu encontrei um papelzinho amarelo, que me parecia um bilhete. O abri e me assustei ao lê-lo:

“ Nosso encontro está mais breve do que você imagina ”