Na manhã seguinte, John seguiu sonolento até o banheiro e se surpreendeu ao encontrar Sherlock tomando banho.

– Oh meu Deus! – disse virando-se e tentando não olhar nada, sem sucesso.

– John, bom dia! Desculpe-me, esqueci de trancar a porta!- o moreno deu um meio sorriso saindo do boxe apenas de toalha roxa na cintura.

– Está tudo bem. – John sorriu sabendo que quando se tratava de Sherlock, não havia esquecimentos – É o costume, eu acho. Intimidade...

– É, e como o banheiro do nosso quarto ficou com você...eu pensei que não tivesse problemas em deixar essa porta aberta. – completou.

– Oh, é mesmo. Você tem razão. Eu não sei porque eu vim aqui na verdade...- Watson comentou muito curioso.

Neste momento Sherlock lançou um olhar significativo e respondeu:

– Na realidade eu sei.

– Oh, é mesmo? E o que seria?

– Sua memória está desaparecida, mas os costumes são mais fortes. O cérebro humano não é fascinante?

– Fale logo! – John riu.

– Costumávamos tomar banhos juntos na quarta-feira de manhã. Era quando você entrava mais tarde então tínhamos tempo para nós dois. – Holmes respondeu muito sério.

– Sério?

– Sim. Sexo no chuveiro. Um dos seus favoritos, graças a mim que um dia entrou no vestiário masculino enquanto você tomava banho após a aula de natação. Você nunca se satisfez dessa fantasia mesmo depois de tanto tempo. - explicou de maneira provocante, fazendo o loiro sorrir.

– O cérebro é algo fascinante mesmo. – respondeu tentando não olhar para Holmes, seus olhos ou seu corpo molhado à sua frente.

– É sim. De fato. Se me der licença, vou trancar a porta desta vez. – Sherlock disse de maneira inocente.

– Oh. Claro! Claro. Sem problemas...a gente se vê. Daqui a pouco. Na cozinha. – John respondeu nervosamente fazendo Sherlock sorrir.

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Sherlock viu mais um dia terminar e com ele a esperança de chegar em casa e encontrar John completamente recuperado de sua memória. Mas tal sentimento foi mais uma vez despedaçado ao chegar e ser recebido pelo loiro com um “boa noite” cordial.

– Como seu dia? – este perguntou, enquanto Sherlock se sentava na poltrona em frente dele.

– Tolerável. E o seu?

– Bem, eu fui fazer uma aula de natação hoje. Mas daí me lembrei que estamos em época de vacas magras então eu só fiquei olhando o pessoal nadar e isso foi bem depressivo. – contou.

– Sinto muito. Mas espere, quem disse que você não pode nadar? – Sherlock perguntou de maneira desafiadora.

– Minha falta de dinheiro. Ela é sempre muito sincera comigo. – John riu.

– Bom, você não pode fazer aulas durante o dia. Porque teria que pagá-las, isso é óbvio. Mas nadar? Isso você pode, John. O que eu quero saber é se você quer...então, você quer?

– Eu? Eu quero! Adoraria! Como faremos isso? – o loiro respondeu animado.

– Invadindo discretamente o clube. A piscina é aquecida, você poderá aproveitar a madrugada toda, se quiser. – Holmes propôs.

– Sério? Eu quero! Vamos agora! Mas...você tem que trabalhar amanhã, eu não quero atrapalhar e...

– John, você quer eu não quer? – interrompeu.

– Oh, Deus. Eu quero. – John sorriu acompanhando Sherlock que já o esperava na porta.

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Os dois saíram pelas ruas, seguindo até o clube que ficava a cinco quarteirões da Rua Baker. Durante o percurso, Sherlock contou sobre uma competição que John tinha participado e ficado em primeiro lugar.

Assim que avistaram o local, planejaram a forma de entrarem. John distrairia o único segurança da entrada enquanto Holmes pularia o muro e daria a volta destrancando a ginásio onde cinco enormes piscinas estariam esperando pelos dois. Depois de tudo ter dado muito certo, Watson disse:

– Aqui está cheio de câmeras.

– Fique tranquilo. Está vendo essa placa com logo? Essa companhia de segurança é escocesa...quase mesmo horário daqui. Demorará por volta de duas horas até o funcionário do turno da noite perceber que algo está errado e pedir para policia vir ver o que está acontecendo. – explicou enquanto encostava com cuidado a porta.

– Uau. Você é brilhante. Sério, como ser comportar tendo alguém tão inteligente do lado? Nós nunca assaltamos um banco, certo? – brincou.

– Se tivéssemos, não precisaríamos isso, John. – Sherlock respondeu fazendo-o gargalhar.

Os dois encararam a enorme piscina à frente e se olharam, Watson abrindo um sorriso, disse:

– Eu vou pular com tudo! Digo, de roupa e tudo...eu sempre quis fazer isso. Eu nunca fiz isso, certo?

– Não, nunca. – Sherlock respondeu pacientemente.

– Certo, e qual noite seria melhor que esta? Lá vou eu! – o loiro gritou tomando impulsão e se jogando com tudo fazendo-o sorrir.

John afundou e quando voltou à superfície, olhou para Holmes espantado e muito pálido.

– Sherlock! Essa água está gelada! Meu Deus...você quis me matar?! – esbravejou e isso fez o moreno rir muito.

– Sinto muito! Eu podia jurar que está agua era aquecida!

– Oh, sério? E por que não me avisou que não era certeza?! Argh! – resmungou enquanto saia, suas roupas completamente encharcadas.

– Desculpe-me, John.

– Não. O único modo agora é me vingar de você! Não existe outra maneira! – John respondeu correndo repentinamente, puxando-o com força junto dele para a piscina de volta.

Sherlock, que só conseguia rir não teve forças suficientes e acabou afundando com tudo também. A água congelou seu corpo, seus pulmões, seus pensamentos em poucos segundos. Voltando à superfície, viu John rindo dele agora.

– Viu como foi gostoso? Espero que tenha engolido cloro gelado como eu! – riu enquanto o moreno ajeitava seus cabelos de maneira desajeitada.

– Que horror. - foi o que conseguiu pensar, seu queixo batendo muito forte de frio. Olhou para John e este tinha os lábios roxos de frio também.

– Essa foi uma péssima ideia, Sherlock. – riu.

– Me lembrou de quando você caiu na faculdade. O gelo se partiu e você foi direto para o fundo. Como um pinguim, com seu material caro e todo o mais. – riu e isso fez John rir junto.

– Oh. Imagino que eu tenho feito isso mesmo. É bem a minha cara.

Os dois então, flutuando sobre a superfície, se encararam. Sherlock ficou muito sério, mas John continuou olhando-o com seu típico sorriso bobo.

Sem querer pensar, questionar ou analisar, Sherlock se aproximou, beijando-o enquanto suas mãos o abraçavam por completo, muito forte.

John tentou por um segundo hesitar, mas a insistência, vontade, determinação e a paixão do moreno o ganharam e ele então permitiu, tomando seus lábios também.

Holmes sentiu as mãos do loiro envolverem seus cabelos, segurando-o com força. Sua língua quente dando um contraste delicioso com seus lábios completamente gelados.

John precisou respirar e então os dois se afastaram ainda hesitantes. Sherlock sorriu, mas viu que o outro olhava para todos os lados, muito sério.

– John...

– Eu acho, é melhor irmos. Você precisa ir trabalhar amanhã e eu...tenho que ir. Alguém pode nos ver aqui.

– Certo. Claro, como quiser. - respondeu decepcionado.

Watson então saiu da piscina e do ginásio, deixando-o. Quando conseguiu sair na rua, o avistou à frente e percebeu que ele queria ficar só.

Holmes, que era agonia e desejo apenas aceitou a vontade do loiro, que agora estava mais confuso do que nunca.

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Chegando em casa, ouviu o barulho do chuveiro do quarto deles ligado. Suspirando fundo, Sherlock tomou um banho quente também e por um instante quis chorar, quis gritar, quis fazer algo que não ajuda em nada quando alguém está nervoso, só para ver se sentia algum tipo de alívio. Só para se sentir normal e ver se conseguia encontrar alguma solução.

Voltando para o quarto, viu a porta do quarto de John aberta. Este agora ajeitava sua cama com cobertas de maneira aflita. Neste momento ele se virou e viu Sherlock o encarando.

– Boa noite, John. – disse completamente sem graça.

– Oh. Bom descanso. Boa noite, Sherlock. – tentou sorrir.

Entrando no quarto, Sherlock desligou a luz e se deitou na cama adaptada que havia ajeitado. Apoiando a cabeça sobre seus braços, fechou seus olhos e apenas sentiu novamente, viveu novamente o beijo que haviam dado.

Ouviu o barulho da porta se abrir. Não era alucinação. Sim, era John e agora ele entrava e se sentava perto dele.

– John...- disse tentando se levantar, mas este o beijou com pressa, seus dedos pressionando seu pescoço.

– Eu não tenho ideia do que eu estou fazendo. - o loiro riu enquanto Sherlock beijava seu rosto, sua orelha, seu pescoço.

– Não me importo. – Sherlock respondeu, encarando-o e puxando-o com força para mais perto, enquanto se beijavam de novo.