My Kind Of Love escrita por Jessie Austen


Capítulo 3
Capítulo III




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4 meses mais tarde...


John tomava um suco em seu intervalo no hospital enquanto assistia o noticiário.

Seu celular começou a tocar e ele sorriu ao ver o nome de Sherlock.

– Alô? Uau...o que devo a honra? – atendeu tomando mais um gole.

– John, pode falar?

– Claro, estou no meu intervalo. Você está bem? Nunca me liga...

– Está tudo bem, porém não conseguirei voltar para Londres hoje. Sinto muito.

– Por quê? Você disse que era só uma semana...já se passaram quinze dias.

– Era o que eu achava, imprevistos. Greg teve que voltar e eu tive que trabalhar por nós dois. Nos vemos amanhã então.

– Amanhã é meu plantão, Sherlock...você sabe disso. – John respondeu desapontado.

– Depois de amanhã então.

– Eu sinto tanto sua falta. Muita, sabia? – declarou.

– Sinto sua falta também. Tenho que ir agora, está bem? Até mais.

– Certo. Até e ei, eu te amo...alô? Alô? – John disse, mas a ligação havia sido terminada antes dele terminar.

John jogou fora o restante do suco, saindo do refeitório, porém quando ia passando pela porta acabou trombando com um jovem médico.

– Oh, desculpe...- este disse.

– Ei, Peter! – exclamou reconhecendo-o.

– É...uau, você se lembra de mim, Dr. John Watson...apenas John, quero dizer. – Peter sorriu.

– Sim! Como você está?

– Melhor agora! Sou o novo contratado deste hospital!

– Oh, meus parabéns! Desde quando?

– Desde o começo dessa semana!

– Puxa, Peter...fico muito feliz por você.

– Obrigado. Kitty passou na seleção comigo também.

– Kitty? Kitty Sullivan? Ela é excelente! – Watson sorriu.

– Sim...vamos sair hoje para beber, quer ir conosco? Seria um prazer...

– Oh, ahm...não sei, quero dizer, sairei mais cedo porque meu plantão na verdade é amanhã...

– Então, ótimo. Vamos, por favor. – Peter sorriu segurando John pela manga do casaco.

– É, acho que posso tomar uma cerveja. Estou precisando, na verdade. Certo, eu vou...te espero na recepção, às 19h, tudo bem?

– Perfeito. A gente se vê...poderia me passar seu celular? – o moreno pediu.

– Claro. – John respondeu enquanto trocavam os números – Te vejo mais tarde.

– Até mais...- Peter sorriu vendo John se afastar, apressadamente como era de costume.


 

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John foi com o grupo de mais sete médicos para um pub novo. O local era bem agradável e todos conversavam animadamente, porém quando a música “Because You Loved Me” da Celine Dion foi tocada em um cover, acabou se lembrando de Sherlock, do dia quando eles seguram a mão um do outro enquanto voltavam para casa, no carro da Sra. Hudson.

Tal lembrança o deixou triste e ele resolveu então retornar para casa ao ver que já era quase meia noite.

– Eu te levo...- Peter se candidatou, alcançando-o quando já estava na calçada.

– Oh, não se preocupe...eu vou pegar um táxi.- John respondeu.

– Imagine, eu faço questão. Por favor. Onde você mora?

– Na Rua Baker...

– Certo. Eu te levo...é super perto! - este respondeu enquanto John entrava no lado do passageiro.

– Muito obrigado. Em outra época eu recusaria, mas estou precisando economizar no táxi...- o loiro sorriu.

– Claro...então, já conhecia esse pub?

– Na realidade não. Não saia faz tempo, foi bom hoje. Obrigado por ter me convidado.

– Eu que agradeço...John. Foi bom relaxar um pouco, não foi? – Peter sorriu.

– É, não fazia isso há muito tempo. É bom esquecer das responsabilidades e problemas às vezes, nem que seja só durante um tempo.

– Com certeza.

– Meu namorado sempre me diz que álcool é para os fracos, mas ele já foi fumante então...- John sorriu enquanto pensava alto.

– Oh, seu namorado? Vocês estão juntos a quanto tempo? Vivem juntos?

– Sim, cinco anos...quase.

– Cinco anos. Uau...

– O quê?

– Não, é que você é sempre muito discreto, nunca teria sabido se não me contasse. Acho admirável.

– Obrigado. É mais que eu gostaria, mas mesmo assim...

– Como assim? – Peter perguntou.

– Sherlock...e eu somos muito diferentes, sabe. Não concordamos em quase nada, no final das contas e em todos os sentidos. Mas isso funciona muito bem no nosso caso, eu acho. Mas descrição é a melhor forma mesmo.

– Que bom, geralmente são essas diferenças que afastam no fim, não é? – Peter questionou.

– Não sei. Ultimamente não sei de mais nada sobre nós dois...- Watson sorriu tristemente – É na próxima rua...número 221B, por favor.

Assim que chegaram, Peter estacionou e então tomando coragem, disse:

– Olhe, John...eu te acho incrível. E que se eu tivesse a oportunidade, eu jamais desperdiçaria.

– Obrigado, isso foi muito legal da sua parte. – John respondeu sem reação.

– De nada...- Peter sorriu – quero dizer, você é sempre assim: atencioso e educado e...

– Certo. Eu agradeço, Peter. Sério. – agradeceu novamente.

Os dois se olharam e Peter sorriu antes de avançar e beijar John de maneira apressada enquanto segurava seu pescoço.

O loiro o afastou imediatamente e os dois se encararam mais uma vez antes dele responder:

– Eu amo meu namorado e eu nunca poderia fazer isso. Sinto muito se deu a entender ao contrário.

– Está certo...eu só queria ter feito isso a muito tempo mesmo. Mas sem problemas...- Peter sorriu.

– Eu tenho que ir. Obrigado pela carona. – John respondeu saindo do carro sem olhar para trás.

Atravessou a rua e ao abrir a porta, ouviu o carro de Peter acelerar e partir. Subindo as escadas apressadamente, se deparou com Sherlock esperando-o sentado na porta.

Com um sorriso, o moreno se levantou e disse:

– Volta antecipada...e esqueci de levar as chaves.

John o encarou ainda muito nervoso por tudo e pela bebida que corria em suas veias.

– Ei...- se aproximou beijando-o rapidamente e destrancando a porta.

Tirou o casaco e encostou sua maleta no chão. Ao olhar para Sherlock viu que este o encarava muito sério.

– Adorei a surpresa...que bom que voltou. Então, como foi...a viagem?- perguntou, seu olhar fugindo agora.

– Excelente. Preciso de um banho, estou cansado. - Holmes respondeu após um tempo e sem dizer mais nada foi se despedindo e entrando no banheiro.

John suspirou fundo e se olhou no espelho, não tinha feito nada de errado, sabia.

Tomando coragem entrou no banheiro e viu através do box transparente, Sherlock lavar seu rosto. Como havia sentido sua falta!

Começou a se despir também e abrindo o box, entrou o abraçou, beijando seu pescoço, e ombros. Sherlock se virou e então disse:

– O que está fazendo?

– O que você pensa que eu estou fazendo? – John sorriu sem graça ao ver que o moreno o afastava.

– Eu disse que estou cansado, não fui claro antes? – respondeu com seus olhos azuis muito frios.

– Certo...é que, você...eu estou...

– Saia, John. – pediu se virando novamente, lavando seus cabelos.

Watson saiu do box e vestiu seu roupão se sentindo completamente patético. Sentia vontade de chorar, de gritar.

Trocou-se rapidamente e quando Sherlock saiu do banheiro, foi completamente ignorado. O moreno guardou algumas coisas e depois se deitou, de costas desligando o abajur.

John, que achou que aquilo era o máximo que poderia suportar, disse em um tom mais alto do que o habitual:

– O que é isso, Sherlock?

– Isso o quê? – o moreno respondeu enquanto se sentava e ligava seu abajur.

– Isso. Nós...você...- respondeu enquanto se encaravam.

– Seja mais específico.

– Nós dois, Sherlock? Nossa relação?

– Oh? Você quer ficar sentimental justamente agora? Não podemos deixar para amanhã? – Sherlock respondeu com pouco caso.

– Não! Não podemos...e sabe por que não? Porque isso dura há meses...e isso hoje foi o máximo. Eu cansei, esse foi meu limite.

– Oh. Entendi. Quando diz “isso”, você se refere ao seu colega de trabalho que o deixou de carro após terem saído para beber? E ah, sem mencionar o detalhe que se beijaram. E por favor, vamos pular a parte que você surta e diz que eu sou o máximo e que quer entender como eu sei de tudo isso.

John o encarou surpreso, mas sem hesitar respondeu:

– Não, não me referi a isso. Peter não significa nada.

– Seja objetivo então. – Holmes respondeu sem paciência.

– Eu...eu quero entender a gente, Sherlock. Onde estamos e para onde estamos indo, porque honestamente eu não sei mais...e isso esta me desesperando. - John revelou.

– Oh, sentimentalismo de novo.

– É, sim! Sentimentalismo de novo! Todas as vezes nós mudamos de assunto ou eu aceito suas vontades, mas não dessa vez...eu cansei. Eu juro que eu tenho tentado, mas...eu quero saber. Eu preciso sentir que você quer isso tanto quanto eu. Nós quase não mais ficamos juntos! A impressão que eu tenho é que tudo é mais impressionante, melhor do que a gente...do que eu. Você...você me trata de um jeito que parece que é como se fosse um favor ter que ficar comigo e eu não quero me sentir assim. – declarou.

– Esteja certo que se fosse o caso eu já teria dito com minhas palavras. – Sherlock respondeu friamente.

– Ótimo, então temos que conversar mais, para que eu possa saber disso, porque eu tenho a sensação que já não te conheço como te conhecia...tudo o que eu falo parece te aborrecer por ser óbvio demais. Quer saber? Talvez eu seja, eu sou assim, eu quero tudo que alguém deseja. Tudo!

Holmes suspirou fundo e respondeu:

– Talvez esse seja o nosso problema. Eu não quero nada disso e você sempre soube. Eu desprezo isso e você sabe por quê? Porque nomes, títulos, palavras não importam. Ações importam.

– É, eu também acho! Eu sinto muito se te magoei ao deixar outra pessoa me beijar. E sinto muito por não te contar assim que cheguei. Mas eu não sou de ferro...

– O que quer dizer? Diga com todas as letras!

– Que você pode agir da forma que quiser, se quiser se afastar...se afaste. Me excluir. Só me avise...

– Te avisar? Claro, assim eu te livro da culpa, certo? Eu sou o culpado tudo, inclusive do seu excesso de carência e necessidade de explicação toda vez que algo externo te chama atenção. Pois se é isso que precisa, você tem a minha permissão! Você está livre! – Sherlock esbravejou.

– O quê?!

– É. Está tudo acabado. É melhor mesmo. – o moreno gritou fazendo John se surpreender – Se você começa se questionar sobre algo, se não tem certeza é porque não é para ser.

– Melhor? Melhor para quem? Você...você está terminando comigo. Eu..eu não consigo acreditar...- John respondeu sentindo as lágrimas arderem em seus olhos agora.

– Estou te livrando de mim. Não era isso que você queria? Você queria um motivo, uma cena para isso tudo.

– Não, Sherlock...eu jamais...eu jamais...

– Saia agora daqui. – Sherlock ordenou.

Os dois se olhavam, ambos muito alterados.

– Quer saber, talvez seja o melhor mesmo.- Watson respondeu – Nós vivemos há muito tempo juntos, mas não nos conhecemos...não mais e isso não faz sentido.

– Oh, por favor, apenas vá embora. Não aguento mais esses seus surtos dramáticos. – Sherlock disse em tom de desprezo.

– Eu? Surto? E para quem é apático, você é bem ciumento, Sherlock. Você sequer assume o que sente!

– E para quem se diz completamente fiel, você é bem suscetível, John. Me pergunto o que poderia ter acontecido se ficasse mais alguns dias fora. – este respondeu ironicamente.

O loiro pegou uma mala de dentro do armário com muita raiva. Jogando algumas roupas, saiu batendo a porta com muita força. Ao sair na rua lembrou –se de ser tarde da noite e que não teria ônibus. Pegou seu celular e ligou para Molly que atendeu só após alguns toques.

– Alô?

– Ei...Molly, é o John. Me desculpe por ligar essa hora. Lembrei de vocês primeiro, posso ir para aí...agora, por favor? É só hoje...preciso de algum lugar para passar a noite.

– Oh, claro...John...aconteceu alguma coisa?

– Eu...eu e Sherlock...nós terminamos. – confessou.

– Meu Deus...você está bem? Está chorando?

– Foi a briga mais ridícula que eu já vi...eu não quero isso. Eu não quero terminar. – o loiro revelou.

– Vai ficar tudo bem...

Estou indo para aí. Vou pegar um táxi. Obrigado. – agradeceu desligando e andando rapidamente para a avenida onde tentaria tomar um táxi.


 

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02h36 da manhã e Sherlock ainda estava deitado em sua cama completamente alterado e sem sono. Seu celular começou a tocar e ele pensou que fosse John, mas era Molly.

Pensou muito bem antes de atender, mas foi convencido pela insistência da jovem.

– Alô.

– Alô? Sherlock? É a Molly...o John...

– Molly, eu não discutirei esse assunto com você...

– Apenas me escute! O John estava vindo para cá, mas foi atropelado! Nós estamos a caminho do hospital...me ligaram da ambulância, Sherlock, disseram que foi grave...o motorista estava bêbado e não o viu.

Neste momento foi como se Holmes tivesse levado um balde de água fria por cima de seu corpo, de sua mente, de sua alma.

– Alô?Alô? Sherlock...você ainda está aí?

– ...sim, sim. Estou. Me passe o endereço, eu já estou indo. – respondeu após um tempo.















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Notas finais do capítulo

Ouwnn, Jawn!
Não se preocupem...nada de grave além disso acontecerá com o Watson, prometo!
Gostaram?! Espero que sim ! *-*
Beijinho!