My Kind Of Love escrita por Jessie Austen


Capítulo 10
Capítulo X


Notas iniciais do capítulo

YAY! *_*
três capítulos fresquinhos! Espero que gostem...
beijinho!



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Assim que saiu do banheiro Sherlock sentiu o cheiro de torradas que tomava o apartamento e repentinamente se arrependeu por ter pensado que o John que estava com ele não era o mesmo de cinco anos antes.

Sabia que tinha que ser paciente e que principalmente deveria ajudar o loiro o máximo que conseguisse, sendo compreensivo e companheiro apesar de tudo. E isso era difícil, ainda mais para ele.

Reconhecia que John passava por um turbilhão de sentimentos e informações desconhecidas e concluiu que se estivesse na mesma situação provavelmente já teria surtado.

– Ei...- fiz torradas para nós. – este sorriu tirando o avental e servindo chá e torradas na mesa enquanto o moreno sentava-se à mesa observando-o.

– Obrigado. – agradeceu enquanto pegava três ainda muito quentes do prato.

Watson sentou-se suspirando fundo ao seu lado e ele percebeu que o loiro estava sem graça por tudo que havia acontecido na noite anterior.

– Eu falarei hoje com o Lestrade. Quero falar diretamente com os responsáveis pelo seu caso, pedirei urgência, temos que achar o inconsequente estúpido que fez isso com você. – Sherlock disse e esta frase saiu mais séria do que imaginou que sairia.

– Oh. Sim...seria ótimo. Quero dizer, devem ter milhares de casos na minha frente e...

– Não, John... faço questão. E eu trabalho para a polícia, isso deve me dar algumas vantagens, ainda mais nesse caso. A única coisa que eu preciso é saber é a linha de investigação que eles estão utilizando e conhecer os suspeitos. Estive pensando em me infiltrar no departamento de trânsito, talvez eu consiga pegar as fitas das câmeras daquela noite. Sim, farei isso. – Holmes decidiu tomando seu de chá.

– Obrigado, Sherlock. – o loiro agradeceu e então os dois trocaram um longo olhar.

– As torradas ficaram perfeitas. Obrigado. – Sherlock comentou e isso fez John sorrir.

– De nada. Eu não queria que ficasse um clima estranho entre nós dois, você sabe...depois de tudo.

– Naturalmente. Tenho uma visão muito clara do intercurso para a raça humana, animais em geral se preferir. Ele serve para reprodução, todo o resto é apenas contexto. Todo o resto. No nosso caso é porque nos sentimos muito atraídos de diversas formas e eu respeito essa sua necessidade. – Sherlock respondeu calmamente.

– Intercurso? Minha necessidade? – John o encarou espantado segurando o riso.

– Sim.

– Você é tão engraçado, sério. Quero dizer, eu concordo com você...mas não é uma visão muito superficial? Quero dizer, algumas pessoas...se relacionam porque se amam mesmo.

– Antes que ache que sou uma máquina, sim, eu acredito nisso. Mas só acredito porque eu encontrei isso com você, John. E ainda assim não tenho ilusões, necessidades românticas.

– Como assim?

– Um dos motivos de nossas brigas é porque você quer que eu demonstre mais, que eu diga mais. Que eu exponha mais, mas honestamente nunca vi necessidade, desde que eu soubesse o quanto eu queria isso, nós dois juntos. É complexo.

– Eu concordo...mas se você está com alguém, precisa falar, demonstrar. Por isso relacionamentos são tão difíceis e complexos, porque são formados por duas pessoas, dois universos completamente diferentes que querem dar certo juntos. Demonstrar pode ser difícil, eu sei...mas é essencial.

– É isso o que eu mais gosto em você. – o mais novo declarou e isso fez os dois se encararem mais uma vez – Essa vontade de querer dar certo, de se esforçar. De tentar me entender. Só você no poderia isso.

O médico abriu um sorriso que fez o coração de Sherlock disparar e então respondeu:

– É isso então o que mais gosta em mim? E o que mais você gosta?

– Tudo. Você é a melhor pessoa que eu conheço. Em todos os sentidos.

– A minha terapeuta disse que eu talvez não queira lembrar do passado. Não é absurdo? Quero dizer...o por que eu iria querer ficar desmemoriado?

Holmes tomou mais um gole enquanto olhava a feição de John se tornar mais confusa do que nunca.

– O estranho é que eu apaguei os últimos cinco anos. Que é exatamente o tempo que estamos juntos. Por que não poderia ser cinco meses? Ou dois anos? Você disse que estávamos bem, certo? Quando o acidente aconteceu? Quão bem estávamos? – perguntou.

Sherlock hesitou por um instante. Deveria falar a verdade ou não? E o momento que se seguiu foi uma tortura, pois sabia que não poderia voltar e que como consequência disso, poderia se arrepender mais tarde. Olhando nos olhos de Watson, respondeu:

– Muito bem. Nós estávamos melhores do que nunca.

Os dois então sorriram e após alguns instantes de silêncio, Holmes desconversou, dizendo:

– Então, qual a sua agenda hoje?

– A minha? Bem, vou ajudar a senhora Hudson em alguns pequenos reparos no apartamento aqui do lado. Ele está vazio e ela pretende alugá-lo no próximo mês....depois farei algo para almoçar e vou para a terapia. Na volta estou pensando em passar em algumas lojas de disco que vi no Centro. Vi uma matéria outro dia em um blog de música que descobri.

– Tenha cuidado, você pode não achar o caminho de volta. Leve seu celular.

– Sim, pode deixar...bom, acho que meu dia será esse. E o seu?

– Vou colher algumas amostras de solo em quatro terrenos abandonados diferentes. Ainda bem que são próximos um dos outros, assim não tomarei o dia todo.

– Oh, ainda é o caso da imigrante espanhola ilegal que desapareceu? –perguntou interessado.

– Sim. Na realidade é muito óbvio que ela foi morta pelo ex-marido por causa de dívidas financeiras. O problema é que eu preciso de provas para concluir o caso e ele foi bem esperto, então as provas que foram deixadas não revelam o por que ou onde e como foi feito. – este respondeu devorando mais uma torrada.

– Mas como não existe crime perfeito e você é o melhor no que fez, aposto que vai conseguir solucionar o caso. – John sorriu tomando um gole de sua xícara.

– Definitivamente. – Holmes sorriu de volta – Bom, tenho que ir. Então, a gente se vê mais tarde.

– Estarei aqui. – Watson disse se levantando também.

Sherlock olhando aqueles olhos castanhos gentis que tanto amava fez algo que não tinha feito antes. Não porque não desejava, mas porque não precisava já que John sempre tomava o primeiro passo. Se aproximando, colocou suas mãos em seu pescoço, beijando-o levemente ainda que de maneira desajeitada.

– Tchau, John. - se afastou enquanto ajeitava seu casaco, sorrindo ao ver o loiro completamente surpreso com tal reação.

– T-tchau...




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Watson se despreguiçou gostosamente na cadeira dizendo:

– É, a lasanha da senhora é a melhor do universo. É oficial.

– Oh, obrigada querido! – Sra. Husdon sorriu lavando a frigideira.

– Espere, vou ajuda-la! – se levantou se aproximando pegando a bucha, mas a mulher então protestou dizendo que ele já havia ajudado bastante com a reforma do quarto.

– Certo, agradeço mais uma vez. Estava tudo uma delícia...vou indo. Tenho sessão daqui dias horas, vou me arrumar.

Os dois se despediram e o loiro retornou para o apartamento, tomando um longo banho e saindo em seguida.

Após mais uma tarde de terapia caminhou, ainda que receoso, até as lojas de discos que havia visto na internet e que sabia que ficava perto dali. Lembrava-se do mapa que tinha visto, não podia ser tão difícil e de fato não foi e logo as encontrando, ficando por lá o resto da tarde.

Quando resolveu voltar, percebeu não sabia qual era o caminho de volta, já que as ruas a noite eram todas muito semelhantes.

Não deveria estar muito longe e se culpou por não levado consigo o tal pequeno mapa, ou até mesmo marcado um local como referência. Andou por uma direção até encontrar um guarda que lhe indicou a estação de metrô mais próxima.

Se culpando por ter gasto todo o dinheiro em vinis, chegou em casa, mas Sherlock ainda não havia voltado.

Tirando os sapatos e pegando um pacote de cookies, sentou-se na poltrona enquanto olhava seus vinis, verdadeiras preciosidades do Beatles: “Please Please Me” e “With The Beatles”.

Olhou cada detalhe das capas algumas vezes até resolver guarda-las com as outras. Neste momento acabou descobrindo que já tinha comprado os dois anteriormente e isso o deixou ainda mais bravo.

Tentando esquecer tal fato começou a mexer em seu celular. Nele havia alguns contatos e mensagens, nada importante. Havia mensagens enviadas para Sherlock, e em todas elas havia palavras de amor subentendidas em pedidos rotineiros de um casal comum.

O que chamou atenção mais foi uma mensagem de voz ainda não lida. Viu que coincidentemente esta havia sido feita no dia do seu acidente e então resolveu escutá-la.


“Oi, aqui é a Molly! Você está bem? Faz um tempo que nos falamos...estou preocupada. Conversei com o Greg, você pode ficar aqui o tempo que precisar, ok? John...me ligue assim que ouvir isso. Droga, você e o Sherlock se amam...tenho certeza que foi um briga sem importância, tenho a certeza absoluta de que vocês vão voltar, é só uma crise boba...você sabe como ele é, poxa vida! Não faça nada de idiota, ok? E venha logo. Beijo.”


John deixou o celular perto da mesa, completamente transtornado. Neste momento ouviu o barulho da maçaneta. Ajeitando-se na poltrona, observou Sherlock chegar parecendo exausto.

– Boa noite. – ele disse de maneira típica fazendo Sherlock sorrir enquanto pendurava seu cachecol.

– Como está? – este perguntou enquanto lavava suas mãos na cozinha, pegando um cookie em cima da mesa e, sentando-se na outra poltrona à sua frente.

– Bem. Muito bem. – respondeu e então seus olhares finalmente se encontraram – Sherlock, eu...existe algo que eu não sei sobre o dia do acidente.

– “Please Please Me” e “With The Beatles” ? Você já os tinha, John. – o moreno observou a estante recentemente mexida.

– É, eu percebi isso...muito tarde. Sherlock, apenas me diga: no dia do meu acidente...para onde eu estava indo? Era tarde da noite, até onde eu sei...

Sherlock soube pelas mãos inquietas no braço da poltrona e por suas pernas que se movimentavam de maneira involuntária que ele estava nervoso. Ele soube também o que viria a seguir.

– Por que quer saber disso agora? – perguntou enquanto tentava decifrar ainda mais o que havia acontecido.

– Uma hora eu teria que saber, certo? Ou você acredita que isto de coisa poderia simplesmente passar em branco? – Watson disse e pelo tom utilizado, Sherlock soube que o loiro sabia de tudo agora.

– Que tipo de coisa, John?

– Merda, Sherlock! Que eu e você já não estávamos mais juntos naquela noite do acidente! – se levantou com raiva encarando a janela, já que não conseguia olhar para o moreno sempre muito inabalável.

Holmes viu o aparelho de celular em cima da mesa e logo compreendeu tudo. Fechando os olhos então, respondeu:

– Sim, John. De fato, nós não estávamos mais juntos.


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