– Eu ainda não sei como vou fazer isso - suspirei

– Eu sei que você consegue. - disse ele

Parei de andar e ele pegou a mochila das minhas costas.

– Vem Lizzie, a gente já está chegando. - disse ele sorrindo

E era verdade, eu já conseguia ver a nossa escola. Mas mesmo assim, não consegui me mover.

– Eu falei com a Fada, ela vai nos avisar assim que a Bea descobrir. Você não precisa se preocupar.

– Anh, você falou com ela. - eu disse com ciúmes

Ele sorriu.

– O que? - perguntei aborrecida

– Nunca ninguém teve ciúmes de mim antes. - sorriu ele - Pelo menos, não assim.

Mordi a parte interna da minha boca mas foi inútil, eu abri o maior sorriso. Ele olhou para os dois lados e, ao ver que não tinha ninguém na rua, me deu um beijo.

– Quando a gente vai contar pra todo mundo? - perguntou ele quando seus lábios deixaram os meus

– Depois que a gente contar para os meus pais. - eu disse suspirando - Vamos ter que ser bem cuidadosos com tudo isso. Quero dizer, a gente dorme junto as vezes. Não sei como eles vão encarar o fato de morarmos na mesma casa.

– Tudo bem - disse ele passando a alça da minha mochila pelo seu braço. - Vamos.

Quando você esconde algum segredo, parece que todos te olham e conseguem ler esse segredos nos seus olhos. E foi isso que aconteceu assim que eu pisei dentro da escola. Olhos famintos passavam de mim para Jack, de Jack para mim.

– Eles todos sabem - sussurrei para Jack

– Claro que não, Lizzie - riu ele, caminhando com a maior confiança do mundo

– Olha para os olhos deles, eles conseguem sentir a energia que está fluindo dos nossos corpos.

Parei no meu armário e Jack ficou me esperando com o corpo apoiado no armário do lado. Peguei meus livros em silêncio mas sabia que ele ainda estava olhando para mim, junto com mais uma boa parte da escola que estava passando.

– Você acha mesmo que eles sabem de alguma coisa? - Jack sorriu o sorriso travesso dele, o sorriso que ele usava para começar guerras de bolas de neve com as crianças.

– Eu acho que eles - comecei

Mas Jack me puxou e me deu um beijo. Ali. Na frente de todo mundo. Todo mundo que estava no corredor, pelo menos.

Empurrei seu peito e ri.

– Eu sabia que você ia fazer alguma coisa assim. - eu disse

Jack se virou para três garotas que estavam nos olhando boquiabertas e acenou.

– Vocês podem contar pra todo mundo, é o que vocês vão fazer de qualquer jeito. - disse ele

Elas pegaram seus celulares e desataram a escrever. Jack se virou novamente para mim e, antes que eu pudesse me defender, ele me beijou outra vez. Ouvi barulhos de câmeras de celulares, droga.

Mais uma vez, empurrei seu peito, obrigando-o a parar de me beijar.

– O que deu em você? - sorri

– Você. - sorriu ele

Sorri e desviei o olhar. Os olhos de Jack conseguiam prender a atenção de desacostumados por horas a fio, mas eu já tinha um sistema de defesa. Peguei sua mão e puxei ele pelo corredor. Estávamos quase chegando na sala de aula quando me choquei com um corpo. Carol.

– Bonita foto - disse ela me mostrando a foto que fora tirada alguns minutos antes, que já tinha chegado em seu celular.

– Obrigada - eu sorri - Eu também achei bem bonita, o meu cabelo está com um movimento legal.

– A mamãe sabe? - perguntou ela inocentemente

– Eu vou contar hoje - suspirei

– Onde vocês estavam com a cabeça? - disse ela - Na teoria, o Jack era para ser como nosso irmão!

– Mas na prática a gente se pega - zombou Jack - Vai pra sua aula Carolina.

Ela deu de ombros e se virou.

– A conversa não acabou - ouvi ela dizer

Andamos até a porta da sala e eu fui entrando quando uma mão segurou meu braço. Me virei e vi Bea segurando o celular na minha frente, com a mesma foto. Não consegui deixar de olhar para sua barriga e imaginar o ser que estava lá dentro.

– Discretos - riu ela

– Culpe-o - eu disse apontando para Jack com a cabeça

Ele assobiou e olhou para outro lado. Senti sua mão pegar o meu celular no meu bolso.

– Olha! - disse ele ao desbloquear a tela - Te mandaram também Lizzie!

Sorri para ele.

– Vem pra aula, garotão. - eu disse

Assim que o sinal do intervalo bateu, eu olhei para Jack. Ele sorriu e tirou a peça da mochila. Levantei e ele passou o braço pelos meus ombros.

– Onde vocês vão? - perguntou Bea

– A gente precisa fazer um negócio, tudo bem se te encontrarmos depois?

– Tudo bem - sorriu ela

Saímos da sala e fomos para o quarto andar, que era inteiramente o teatro. Paramos na frente da porta e Jack olhou para mim.

– Você acha que vai dar certo? - sussurrou ele

– É claro que vai. - eu sorri

Ele me deu um abraço e me beijou. Sorri e ele me tirou do chão.

– Lizzie? - escutei

Me separei logo de Jack.

– Oi Peter - eu disse envergonhada - Hã, o que você está fazendo aqui em cima?

– Aula de teatro - disse ele

– Eu não sabia que você faz teatro. - eu disse

– Eu não sabia que você e o Jack estão se beijando em lugares vazios, então estamos quites. - sorriu ele

Sorri e olhei para Jack. Se o Jack pudesse corar, ele estaria bem vermelho.

– Na verdade, a gente estava pensando em fazer teatro - disse Jack

– Vocês dois? - perguntou Peter

– Sim - eu disse

– Boa sorte com isso mas a gente não está ensaiando nada, somos meio fracassados. - disse ele

Entramos na sala e eu vi um grupo de desajustados mas Jack sorria vendo como os personagens encaixariam. Vi que haviam 4 garotos do Ensino Médio e um grupinho do Ensino Fundamental, da sala de Peter.

– Posso ajudar? - disse a Sra. Campbell

– A gente gostaria de falar com você, Sra Campbell - eu disse

– Claro - disse ela - Venham aqui pro camarim.

Jack e eu subimos no palco e a seguimos por trás das coxias até o camarim.

– O que foi? - disse ela

– A gente escreveu uma peça - disse Jack - A gente gostaria de saber se você aceita dirigi-la.

Ele entregou o papel para ela e ela colocou em cima da bancada.

– Conte-me mais. - disse ela

– Quando eu era pequena - comecei - Meu pai me contava a história de Jack Frost. De como ele virou um guardião. A gente escreveu a história e adaptou ela para o teatro. Eu acho que é uma linda história e a senhora conseguiria fazê-la muito bem.

– Se me permite, Sra Campbell - disse Jack - Eu observei os alunos que você tem aqui e já vi qual personagem ficaria perfeito para cada um deles, mas você tem que confiar em nós.

– Vou fazer um teste com vocês dois. - disse ela - Eu vou ficar aqui lendo a peça e vocês vão dar a aula para mim. Podem fazer exercícios ou brincadeiras. Se der certo e eu gostar da peça, a gente faz.

– Fechado - disse Jack

Ele segurou minha mão e me puxou de volta para o palco.

– Sentem em uma roda. - disse Jack para todo mundo.

Enquanto eles se ajeitavam, eu observava os atores. Alguns eu reconhecia por serem amigos de Peter.

– Eu quero que, em ordem, cada um fale o seu nome e a coisa que você mais gosta nesse mundo. - disse Jack - Quem quer começar?

Um garoto gordinho com um sorriso simpático um ano mais novo que eu e Jack , quer dizer, uma ano mais novo que eu levantou a mão. Jack olhou para mim e vi seus lábios formarem uma única palavra: Norte.

– Meu nome é Ethan - disse ele - Eu gosto muito de brincar com meu cachorro e de jogar videogame.

– Meu nome é Andrew - disse um garoto com roupas pretas que eu nem precisei ver a cara de Jack para indentificar o personagem: Breu. Andrew era do nosso ano mas não da nossa série. Eu conhecia ele desde o jardim. Apesar da cara de morto, ele era bem bonito. - Eu gosto de tocar guitarra e comer pizza.

– Eu sou o James - disse uma garoto com um ar de importante que era do ano de Ethan - Eu gosto de fazer esportes, principalmente jogar futebol americano. Parabéns pelo último jogo, Smith.

– Valeu - disse Jack

Apesar de James parecer gostar de Jack, eu vi nele um perfeito Coelhão. Ele tinha o mesmo cabelo acinzentado que o Coelho.

– E-e-eu sou Marvin - disse um garoto baixinho e tímido que era do mesmo ano de Ethan e James - E-eu gosto de a-assistir filmes.

Olhei para Jack. Tínhamos o nosso elenco principal completo. Os cinco guardiões e Breu. Olhei para a coxia e vi a Sra. Campbell nos chamando. Jack levantou e me puxou.

– Andy, você pode coordenar aí? - perguntei

– Ninguém mais me chama de Andy. - riu ele

– Eu acabei de fazer. - ri

– Ok, eu coordeno. - disse ele, dando de ombros

Ri e puxei Jack até a Sra. Campbell. Vi que ela tinha lágrimas nos olhos.

– Mas que coisa mais bela! Vocês escreveram? - perguntou

– A Lizzie escreveu - disse Jack rapidamente - Eu só contei a história melhor.

– Eu aprovo a sugestão de vocês. Nós vamos fazer a peça "A Origem dos Guardiões."