Senti um floco de neve cair no meu nariz. Ri e sacudi a cabeça. Minha cama estava coberta com neve, que era onde nós dois estávamos deitados.

— Eu acho que a gente tem que parar por agora. - eu disse

Jack fez biquinho mas eu não cedi.

— Imagina se alguém entra aqui no meu quarto e vê ele cheio de neve!

— Qual é, Lizzie? - disse ele - Eles saíram para jantar, eu vou escutar quando eles estiverem chegando.

— Do mesmo jeito que você escutou Dave e Bea aqui no meu quarto? - zombei

— Eu estava distraído. - disse ele sorrindo

— Eu não estou te distraindo dessa vez? - perguntei

Ele sorriu e apertou os olhos. Sentou se na cama, me obrigando a sentar também.

— Tá - disse ele cruzando os braços - Então a gente para.

Sorri e dei um beijo nele.

— Sobre Bea e Dave - ele disse - quando será que eles vão parar com esse teatrinho?

— Teatrinho? - ri

— Você não percebe quando sua melhor amiga está apaixonada? - riu ele

— Eu não percebo nem quando eu estou apaixonada! - sorri - Mas ela está estranha. Ela parece que vai chorar a qualquer segundo.

Pensei no que Jack havia falado e tive a melhor ideia de todas.

— Jack! - exclamei

— O que foi? - perguntou ele

— É isso! - sorri - Um teatro! A gente pode contar sua história e se a gente fizer bem, eles vão contar para os filhos. Um teatro com Jack Smith? Que garota não iria ver?

— Um teatro sobre mim? - riu ele - Ninguém vai assistir isso Lizzie.

— Eu assistiria. - sorri - Mas não é sobre você. Vamos contar a história de como você virou guardião.

— Eu e você vamos fazer um teatro? - riu ele - Só a gente?

— A gente pode escrever a peça e segunda ir no grupo de teatro do colégio. Não tem muita gente do ensino médio mas não tem problema.

— Acha que a gente consegue? - sorriu ele

— Tenho certeza que a gente consegue. - eu disse fazendo um carinho em seu cabelo.

— Eu topo fazer isso se você também for do elenco. - disse ele

— Quem eu seria? - ri - Não tem nenhuma menina no...

Olhei para ele e ele deu um sorriso irritante.

— Tem sim. - disse ele

— Não! - eu exclamei - Você perdeu a cabeça? Eu não posso ser ela!

Ele me puxou pra perto.

— Vai ficar uma fada mais linda que a original. - disse ele

— Não fala isso! - ri - Ela vai quebrar meus dentes.

— Na verdade não. - disse uma voz feminina vinda da janela. - Eu poderia quebrar tudo menos os dentes.

Jack riu com a minha expressão e me virou para ela.

Ela. Mais linda do que eu havia imaginado. A Fada do Dente usava uma roupa de penas verdes e azuis. Ela tinha o sorriso mais branco que eu ja tinha visto na minha vida. Suas asas eram leves e rápidas. Ela estava acompanhada de cinco mini fadinhas, que voavam ao seu lado como beija-flores.

— Fadinhas! - sorriu Jack e as cinco voaram em volta dele. Ele sorriu e deu um beijinho em casa uma delas. - Oi Fada. Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

— Está tudo bem sim. - sorriu ela

Ela observou a neve na minha cama e franziu a cara.

— Desculpa se eu interrompi alguma coisa. - disse ela

— Não tem problema, a gente não estava fazendo nada demais. - disse Jack

— Uau - disse ela - Eu não te vejo assim desde sempre.

— É, eu sei. - disse ele meio envergonhado.

— O que você fez com ele? - sorriu ela para mim.

— Chamei ele de irritante, na maioria das vezes. - brinquei

— Funcionou. - sorriu ela - mas eu não vim para bater papo. Eu preciso contar uma coisa para vocês.

Jack e eu nos entreolhamos e esperamos ela falar.

— Alice, não sei se você sabe mas eu tenho conhecimento de todas as crianças que existem. Para que tudo funcione, eu preciso saber as crianças que também vão nascer. Eu tenho um painel com as informações de bebês que estão chegando. E tem um bebê chegando.

Olhei para Jack.

— Como você fez isso? - perguntei colocando a mão na minha barriga - Até onde eu sei não é só com beijos que funciona.

A Fada deu uma risada.

— Não é você, Alice. - disse ela se divertindo porém preocupada.

Olhei para Jack e ele me olhava com uma cara de quem já tinha entendido.

— Bea? - sussurrei

A Fada fez que sim com a cabeça.

— Isso não pode estar certo. - eu disse - Ela não fez ainda certo? Ela me disse que nunca faria com John.

A Fada ficou em silêncio.

— Não foi com o John, não é? - perguntou Jack para a Fada.

— Não. - negou ela

— Dave. - eu disse

Ela assentiu.

— Não fica brava com ela, ela queria muito te contar mas não sabia como porque você terminou com ele naquela mesma noite. - disse a Fada

— Você é a terapeuta dela agora?- eu perguntei irritada

— Ei, ela só quer ajudar. - disse Jack colocando meu cabelo atrás de minha orelha.

— Desculpa. - eu disse para ela - Eu só estou um pouco assustada. Ela sabe?

— Ainda não. - disse a Fada - Ela está se estranhando mas não tem ideia ainda.

— Os pais dela vão ficar furiosos. - eu disse - Os de Dave também.

— E vocês dois têm que apoiá-los. - disse ela - E seria bom se vocês se cuidassem também, para evitar um negócio desses.

Jack olhou feio para ela.

— Como eu vou esconder esse segredo dela? - perguntei - Ela está grávida! Não é como se eu tivesse que guardar segredo sobre uma festa supresa ou sobre que filme que eu comprei. Tem um bebê dentro dela, um bebezinho.

— Eu acho que ela vai descobrir logo. - disse a Fada. - Eu tenho que ir.

— Tudo bem - disse Jack

— Vejo vocês outro dia - disse ela saindo pela janela.

As fadinhas deram um abraço em Jack e saíram voando.

Ele olhou para mim e viu minha cara. Ele me deu um abraço e afagou meu cabelo.

— Não fica assim Lizzie. - disse ele me beijando levemente - Ela vai ficar bem, a gente vai ajudar ela. A gente vai contar a história do Jack Frost pro bebê…

Sorri e ele beijou minha bochecha.

— Vai ficar tudo bem. - repetiu ele - Nós quatro vamos conseguir passar por isso.

— Será que nós vamos ser os padrinhos? - eu disse sorrindo

— Pode ser que sim. - sorriu ele

— Jack. - eu me derreti - Tem um bebezinho chegando. Ele vai ser tão pequenininho, tão meigo. Será que ele vai ter os olhos claros de Dave? Ou o cabelo loiro de Bea?

Ele sorriu e me abraçou por trás. Me virei para ele e segurei a gola da sua camiseta.

— Vem Frost. - eu disse - Temos uma peça de teatro para escrever.