Era um cenário branco, não dava pra distinguir que lugar era aquele. Harry estava deitado sobre uma cama, não era a sua cama, muito menos o seu quarto. Era um lugar vazio que aparentava paz para quem estava lá. O quarto não havia mobília, também não havia janela, apenas uma porta. Ao lado da cama, um velho com cabelos e barbas brancas e compridas, ele estava vestindo uma túnica toda branca, o velho parecia preocupado com o estado do garoto. Ele murmurava palavras quase inaudíveis e às vezes parecia estar conversando consigo mesmo, sinalizava algumas coisas que possivelmente apenas ele saberia o significado. Dumbledore estava em pé em frente a um Harry deitado num local que nada poderia descrever, ele lutava a todo custo acordá-lo até que finalmente ele parece reagir.

– Harry Potter, o que está fazendo aqui? Perguntava Dumbledore que estava de frente para Harry. Harry, por favor, acorde-se!

Harry abre os olhos lentamente e se assusta ao deparar com quem ele viu que o observava, embora não esboce reação, ele permanece olhando para aquele acião de barbas e cabelos brancos e compridos demonstrando reconhecê-lo, porém não entendia como ele pode estar com ele, só então ele notara que está num local diferente, onde nunca estivera antes.

– Professor Dumbledore? Diz Harry.

– Olá Harry, diz Dumbledore.

– Onde estou? Pergunta Harry.

– O local não é o mais importante, Harry, diz ele.

– Mas como... O que o senhor faz aqui? Como eu vim parar aqui, diz Harry se levantando.

– Talvez a pergunta correta seja porque eu estou aqui, diz Dumbledore.

Harry se levanta da cama e passa a observar o quarto vazio, tudo era branco, as paredes, a cama, inclusive as roupas que ele e Dumbledore vestiam. Ele fica de pé de frente a Dumbledore e em silêncio espera que ele continue sua explicação.

– Você parece melhor, e isso é bom, diz Dumbledore. As suas respostas, certo? Harry confirma com a cabeça. – Tudo bem, continua ele. Eu não tenho certeza, mas a minha intuição me diz que estamos na sua mente.

– Na minha mente? Pergunta Harry. - O senhor está vivo na minha mente?

– Acredito que sim e penso que não, diz o professor como se estivesse cantarolando.

Harry observa confuso, enquanto que Dumbledore gira os polegares e o observava com um sorriso.

– Talvez não seja a melhor opção explicar como eu vim parar aqui, diz Dumbledore, talvez se você souber a razão o efeito não seja o mesmo. Acho... E acredito estar certo no que penso, que a melhor resposta a lhe dar é o porquê de você está aqui.

– E porque estou aqui? Pergunta Harry.

– Sim, isso. – Você veio para cá para poder se recuperar do feitiço que sofreu, teve muita sorte em não ser dominado por ele.

– Feitiço? Eu estava dormindo, me senti mal e fui para o quarto me deitar, diz Harry.

– Sim, só que você foi vítima de um poderoso feitiço de magia negra que o dominara lentamente. Você estava morrendo Harry, por sorte consegui te trazer a consciência. Você não iria mais acordar, fala Dumbledore.

– Mas o que houve comigo? Pergunta Harry.

– Como eu posso saber? Pergunta Dumbledore. – Estou morto, e não passo de uma mera lembrança em sua mente.

– Uma mera lembrança? Pergunta Harry.

– Você é um bruxo Harry, diz Dumbledore, - e um bruxo dos maiores que já existiu até agora. Precisa acreditar mais em si mesmo, e principalmente acreditar nas pessoas que você ama e naqueles que amam você. Foi por acreditar em mim que conseguiu deixar essa lembrança em sua mente que por duas vezes te ajudou a escapar da morte. Eu não teria esse poder de mesmo depois de morrer continuar vivo em sua mente. Fala Dumbledore dando as costas para Harry e indo para a saída do quarto.

– Você vive em mim? Pergunta Harry

– Não se importe com isso, apenas confie em seus amigos, seja forte e assuma as responsabilidades que te confiaram. Ajude-os sempre, começando por quem está mais perto de você, e nunca se esqueça, você é o eleito, diz Dumbledore.

– Eleito? Pergunta Harry. Mas isso já passou, Voldemort está morto.

– E eu também não estou? Fala Dumbledore com um sorriso. O fato de Voldemort ter morrido não anula o que você é. Ao dizer isso Dumbledore observa por cima dos oclinhos com um olhar penetrante que Harry já conhecia bem. Após ele se vira e começa a caminha na direção da porta.

– Professor! Chama Harry.

– Sim, Harry, fala Dumbledore.

– Quem eu irei enfrentar? Pergunta Harry.

Dumbledore sorri.

– Como eu poderia saber, diz ele. – Estou morto! Dumbledore fica parado observando Harry por alguns segundos, novamente o observando como se estivesse mapeando a sua mente. – Nunca pense que alguém não pode ser superado, Harry. Isso tanto para o bem quanto para o mal, dizendo isso ele vira as costas e desaparece ao passar pela porta.

Harry fica sozinho, ele tenta se levantar e andar na direção da porta quando de repente o branco da sala começa a escurecer, e ele observa o quarto da Mansão Black com os móveis, percebe a sua cama e ao seu lado Gina deitada com a cabeça encostada à cama, sentada no chão dormindo um sono leve.

– Gina! Diz Harry virando o rosto para olhar sua namorada.

Gina demora a reagir ao som da voz, mas de repente levanta a cabeça e olha para Harry que embora deitado estava com os olhos abertos e sorrindo para ela.

– Harry! Diz ela com um enorme sorriso no rosto.

Gina imediatamente se joga nos braços de Harry e o abraça o mais forte que pode, Harry se espanta com a intensidade do abraço, mas retribui a altura. Os dois ficam lá abraçados fazendo um fazendo carinho no outro até que Harry percebe que Gina estava chorando.

– Porque está chorando Gina? Pergunta Harry enxugando as lágrimas dela.

– Pensei que você não iria voltar mais, fala ela soluçando.

– Como assim? Pergunta Harry confuso. – Eu estava deitado apenas, falei que ia subir para dormir, devo ter dormido umas três horas no máximo.

– Harry, você ficou desacordado por três meses, diz Gina olhando para Harry.

– Como? Pergunta Harry não acreditando no que ouvia. – Não pode ser Gina, isso...

Nesse momento Luna aparece na porta do quarto e vê o casal abraçado à beira da cama, ela abre um sorriso ao ver Harry.

– Harry! Você acordou! Diz Luna eufórica. – Hermione! Rony! Neville! Subam todos aqui! Harry voltou! Ele está acordado.

Se houve o barulho das pisadas subindo as escadas a toda velocidade, quando Rony, Hermione, Neville e até o Monstro entram no quarto ofegando.

– Você voltou Harry, diz Hermione eufórica.

– Harry, você acordou, pensei que não te veria mais, fala Rony.

– Harry, amigo. Que bom te ver, diz Neville

– Estávamos todos preocupados, diz Luna.

– O mestre está vivo, diz Monstro com um sorriso no rosto enquanto fazia uma profunda reverência quase topando o nariz no piso.

– O que aconteceu com você, Harry? Pergunta Hermione.

– Mas o que está acontecendo afinal, diz Harry olhando pra todos sem entender nada.

– Ora, você ficou desacordado por três meses, diz Neville.

– Chegamos a pensar que você não voltaria mais, diz Hermione com a cabeça baixa.

– Aconteceu muita coisa amigo, diz Rony com um sorriso fraco.

Harry olha confuso para todos que estavam na sua frente, para ele foi como se tivesse ido dormir um pouco pela manhã e acordasse depois de algumas horas, mas na verdade ficara sob efeito do feitiço durante três meses e só conseguira despertar após a ajuda de Dumbledore no quarto branco. Só agora percebe que está mais magro, começa a lembrar da conversa que teve com Dumbledore e tentar juntar as memórias e informações que até então lhe eram vagas e ao olhar novamente para entende que pela alegria que todos expressavam em seus rostos, não poderia ter tomado um simples cochilo.