Eu estava parada na entrada do colégio esperando pelo Carlos, quando sinto uma mão em meu ombro.

- Vamos? - Perguntou ele sorrindo.

- Claro 

Nos dirigimos para o seu carro, que era uma Land Rover. Ok, não acho que com um salário de professor daria para comprar um carrão desses, com certeza ele fazia outra coisa antes de resolver se tornar meu professor de Filosofia.

Entramos no carro e eu vi como o carro realmente erra bonito, confortável e passava status. Lembro pouca coisa da época em que convivi com ele, lembro-me bem de termos condições mas não a ponto de ter um carro como esse. Ele dirigia calado, como se estivesse tenso, com medo de alguma coisa dá errado. Eu escutava The Lumineers no fone de ouvido e batucava com meus dedos em cima da minha bolsa que essa por sua vez estava em minhas pernas.

- Você pôs alguma coisa para vestir lá no clube?

- Sim, coloquei. Não sabia ao certo o que, mas acabei colocando um short e uma camiseta, apenas.

- Tudo bem. Lá tem o tipo de roupa que você precisará usar.

Não demorou muito, fomos para um clube chamado Tênis Clube Paulista. Ele era associado então tivemos livre acesso. Chegando lá fomos almoçar, a comida era realmente boa, tudo de ótima qualidade. Depois fomos nos trocar, ele mandou que eu vestisse uma roupa de tênis toda branca, uma camiseta polo e ou short pois dava pra perceber que eu não era muito chegada a usar saia, eu ri nessa parte e ele pareceu contente. Arrumei-me rapidamente e chegando lá recebi uma raquete. Começamos a praticar, eu era péssima e ele muito atencioso, rimos juntos nas vezes em que eu jogava a bola pra cima e não acertava com a raquete, ou nas vezes em que eu finalmente conseguia acertar mas batia na rede. No final até conseguimos jogar um pouco e eu me sentia muito bem.

- Cara, você viu aquele lance? - disse rindo - Como eu pude errar aquela bola?

- Nossa, nem eu acreditei - disse ele rindo mais ainda. Olhei para o relógio e vi que já eram 17h30 - Vamos comer alguma coisa e depois eu te levo pra casa.

Fomos para a área do refeitório. Ele pegou um café com leite e eu o mesmo mas acrescentando um bolo de queijo.

- Esse bolo lembra a sua mãe - falou ele 

- Eu sei. Sempre gostei mas depois que ela se foi parece que eu passei a gostar ainda mais. É como ter uma parte dela comigo... Aliás, por que você nos deixou?

- Não seria melhor deixar essa conversa pra depois?

- Por que? Se vamos queremos recomeçar do zero um relacionamento de pai e filha, não pode haver segredos. Você deixar pra falar depois só vai adiar a dor.

- Filha...

Continua...