Red escrita por A Menina que Roubava Palavras


Capítulo 16
A melhor parte de mim


Notas iniciais do capítulo

oioi gente linda!!
como prometido, aqui vai mais um capítulo e ainda têm mais SETES 7 VII SEVEN capítulos pela frente.
acho que vou posta-los todos hoje e vê o que dá



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O aeroporto de Nova York vivia entupido de gente. Numa constante agitação de pessoas aterrissando e embarcando, Justin e Luce esperavam na fila do check in para embarcarem no próximo voo para a Suíça.

– Cadê nossa mãe? – Luce perguntou para seu irmão, sentindo sua panturrilha doer pelo tempo que passara em pé.

– Não se refira àquela vadia como minha mãe – respondeu, irritado.

– Você não respondeu minha pergunta. – retrucou ela, cruzando os braços num gesto impaciente.

– Talvez seja porque eu não sei a resposta? – disse sarcástico.

– Um dia, você ainda vai se casar com o seu mau humor e vão viver felizes para sempre.

– Desde que seja num lugar bem longe de você. – completou.

Ela o fitou com raiva.

– Se você não vai fazer nada, eu vou procurá-la. – decidiu.

– Aproveita e vê se acha o pé grande também.

Estava muito barulho para Luce conseguir ouvi-lo. Ela começou a sua procura na praça de alimentação. A quantidade estúpida de pessoas presentes não facilitava seu trabalho. “Ninguém quer estar presente quando começarem uma guerra”, Luce pensou com seus botões.

Havia mais ou menos um mês que uma série de revoltas ocorriam por todos os Estados Unidos da América. Tudo por causa das mortes e pelo dinheiro jogado por água abaixo com a queda do hospital. Mais de mil e duzentas mortes com quatrocentos feridos no total. Em torno de cinquenta e oito bilhões de dólares foram gastos para construir o que hoje são escombros. Primeiro, vieram as passeatas com milhões de norte-americanos, carregando cartazes e faixas sobre o gasto do dinheiro público e falando das centenas de mortos. Depois, começaram a assaltar grandes bancos estaduais com armas de última geração. O pior fora os policiais aderindo aos motivos dos vândalos, porque eles também tinham perdido familiares e amigos no trágico “acidente”.

Luce entrou no banheiro para ver se achava Anita. Vasculhou as cabines abertas e descreveu sua mãe para algumas as mulheres presentes no intuito de alguma delas a terem visto. Mas, não conseguiu nenhuma informação. Estava quase desistindo quando passou por uma das escadas de emergências e ouviu uma voz conhecida chamando seu nome. Luce parou, assustada. Só podia estar neurótica. Foi então que ela ouviu de novo. Agora, tinha certeza, era a voz de sua mãe.

– O próximo! – a atendente que fazia o check in exclamou.

Justin era o próximo da fila, mas não podia fazer nada sem sua irmã e Anita. Ele trincou os dentes, enraivado. Suspirou fundo e deixou que um homem atrás dele tomasse seu lugar.

Puta que pariu! Vou ter que procurar aquelas duas filhas da puta! – cuspiu as palavras num tom de voz baixo.

Ele deixou as malas num lugar isolado e o mais seguro que encontrou. Foi para a praça de alimentação, que já estava um pouco mais vazia, e procurou com o olhar pelas duas. Perto da porta de saída de emergência, havia uma bolsa rosa clara pendurada na maçaneta. Justin ficou observando-a por alguns instantes até se tocar de que ela se parecia com a bolsa de Luce. Ele se aproximou mais até ter certeza disso. “Que estranho”, pensou. Sem pensar direito e com um toque de intuição, Justin abriu a porta e ouviu gemidos vindos de algum lugar mais abaixo dele. Com os sentidos à flor da pele, começou a descer os degraus. A última coisa que viu foi sua irmã amarrada por cordas, com um pano na boca, encostada na parede. Seu olhar assustado e desesperado. Anita, ao lado de Luce, deitada no chão, aparentemente desacordada e, por último, ouviu um barulho de gatilho de arma bem perto do seu ouvido, perto de mais.

Quando abriu os olhos novamente, sentiu uma horrível vontade de vomitar. Ele podia ouvir as batidas do seu coração desesperado. Seu sangue fervilhando nas veias. Reconheceu o lugar em que estava sendo uma caverna. Uma mesa jazia a alguns metros de distância dele e de Luce, que estava amarrada em uma cadeira, desmaiada... Ou morta. Justin não tinha como saber. Naquele momento, sentiu um murro no estômago. Anita não estava lá. Perto da mesa, um homem estava de costas para os dois, mexendo em alguma coisa com a ajuda de algumas velas e uma lanterna as quais davam ao lugar um aspecto mais ardil. Mesmo sem fôlego, ele engoliu em seco.

Percebeu com muita dificuldade, por causa do escuro, que muito além do seu alcance havia uma porta que dava acesso à saída. Seu coração, por um breve instante, presenciou a esperança. Logo depois, Luce mexeu a cabeça levemente e gemeu alguma palavra. Notando o movimento, Phill virou a cabeça e sorriu, satisfeito ao ver que as crianças haviam acordado.

– Bom dia, flores do dia. – disse.

Ambos ficaram inertes. Luce começou a tremer de medo. Um embrulho na boca do seu estômago quase a fez vomitar. Ela sentiu suas mãos formigarem e os punhos arderem devido a força que estavam amarrados à corda grossa e resistente. Nivelou o seu olhar com o de Justin, que se esforçava ao máximo para controlar seus lábios frementes.

– Então, sonharam com o quê? – ele perguntou, com um sorriso torto.

– Quem é vo-cê? – Luce gaguejou.

– É mesmo! Que falta de educação da minha parte. – Phill se virou para ela, ajoelhou-se e fez uma reverência desajeitada. – Meu nome é Phillip, milady. Sou o ex- comparsa do seu destemido pai.

Ela se esforçou em falar, mas a voz tinha sumido da sua garganta. Seu coração se apertou, e ela não conseguiu respirar para responder àquele comentário equivocado.

– Você pegou as pessoas erradas. – Justin disse, por fim.

Phill se aproximou dele com a cara mais amedrontadora que tinha condições de fazer. O garoto sentiu seu sangue gelar, imaginando que ele iria machucá-lo. Chegando bem perto, retirou do bolso a foto de Luce que tinha roubado de Edward.

– Você reconhece essa linda jovem? – perguntou, mostrando a ele o papel.

Justin teve que forçar a visão para conseguir enxergar já que as velas não faziam um bom trabalho. Ele observou a imagem por alguns segundos. Uma menina, aparentemente com dez ou onze anos, que lia um livro, sentada debaixo de uma árvore. Era Luce, com certeza, mas ele não queria acreditar naquilo. Não podia ser. Tinha que ter algum engano.

– Acho que seu silêncio respondeu as dúvidas suspensas no ar. – disse Phill. – Agora que todos já estão entendidos do assunto, acho que posso começar a fazer o propósito disso tudo.

– Espere! – exclamou ela, assustada com a sua mudança de comportamento – Quem é meu pai?

– Ah, seu pai é... – pausa – Seu pai não é digno de ser lembrado nem reconhecido.

– Por favor. – choramingou – Me fale um pouco sobre ele.

Justin sentiu o peso da gravidade puxar seus pulmões para baixo. Aquilo o deixou sem ar e esmagou seu coração. Quase cedeu ao choro também, por mais que seus olhos já estivessem marejados. Ele se deu conta de que em cima da mesa, escondido atrás da lanterna, uma arma iria assinalar o destino dos dois. Começou a entrar em pânico.

– Já que insiste, Ed era um homem cego. Cego pela ganância, cego pelo poder e cego pelos prazeres da vida. Mas, o que torna a situação engraçada é você imaginar um cego perdido no meio do nada – risos – Se debatendo contra o vento, pedindo socorro em palavras de silêncio... Ele não conseguia se achar.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Luce, que ouvia atentamente cada palavra que era proferida pelo seu sequestrador. Juntando as peças do quebra-cabeça, era óbvio que seu pai não passava de um homem arrogante, frio e um bandido provavelmente. Bastava olhar em volta. A situação que ela e Justin se encontravam justificava os atos dele. Tudo o que ele fez durante sua vida miserável e sem sentido seria cobrado de Luce, uma das consequências desses atos.

– E ele acabou por se perder em meio da sua própria escuridão.

– Você não pode descontar sua raiva dele em mim. – disse ela.

– Mas é claro que eu posso. É isso o que vou fazer.

– Você ainda vai continuar com raiva. Eu não sou meu pai e nunca vou ser. Então, se você me matar, ainda terá raiva dele.

– Meu objetivo, menininha-sabe-tudo, é atingi-lo através de você. – falou ele bem perto de rosto de Luce.

– Como você vai atingi-lo se ele está nem aí para mim?

– Se ele estivesse nem aí para você, não teria essa foto dentro da maleta dele.

As tentativas de dissuadi-lo haviam se esgotado. Justin estava tentando durante toda a conversa afrouxar a corda da sua mão. Estava quase conseguindo, mas duvidava se teria tempo para salvar os dois da morte.

Phill caminhou até a mesa e pegou a arma. Suspirou e depois voltou a ficar em frente a Luce. Preparou a arma e apontou para a dita cuja que tremia e chorava descontroladamente. Elevou- a até a altura da cabeça dela e disse:

– Não me leve a mal. Não tenho nada contra você. Vai ser rapidinho.

Justin fechou os olhos, mesmo chorando. Se mais tarde alguém lhe perguntasse se havia chorado, ele negaria imediatamente. Não queria ver os miolos dela sendo jogados contra a parede. Uma dor aguda atingiu seu peito um segundo antes da porta ser arrebentada.

– Solte-a Phillip! – gritou Edward.

Todos pararam o que estavam fazendo e direcionaram seu olhar para a figura que se encontrava com uma arma na mão apontada para o sequestrador. Luce ficou boquiaberta e por um instante se esqueceu de que estivera de cara a cara com a morte. Justin, o mais próximo da porta, reparou nos detalhes do homem que parecia ser seu herói. Barba mal feita castanho-clara, lábios e nariz afilado, olhos e cabelo cor de mel, liso e curto.

– Como você me descobriu? – perguntou Phill, ainda incrédulo.

– Vamos deixar as perguntas de lado. Faça o que eu mandei!

– Ah, não. – ele deu alguns passos para frente – Não sou mais seu escravo, Ed.

– Se você não fizer, faço eu.

– Não sei se vai ser possível. – ameaçou-o apontando a arma para ele.

– Você... Você é meu... – Luce balbuciou, não conseguindo completar a última parte.

– Prazer em conhecê-la, Lucinda. – disse, sem demonstrar nenhum sentimento.

– Vamos deixar o melodrama de lado. Dê o fora daqui Ed. – ordenou Phill, já sem paciência.

Um turbilhão de pensamentos passou pela cabeça da jovem. Justin, que conseguira desvencilhar-se das cordas, tirou seu tênis discretamente e jogou-o em direção à mão de Phill. A arma voou longe. Desesperado, o mesmo deu um soco para tirar a pistola de Edward. Então, começaram uma briga corpo a corpo.

Aproveitando o momento de distração, o irmão de Luce foi até ela e conseguiu desamarrá-la.

– Vamos! – exclamou baixinho.

Phill notou o movimento deles e, agilmente, deu um murro no rosto de Edward. Correu para pegar a arma. Apressado, ele mirou no que achou ser Luce e atirou. Alguém gemeu de dor, mas não era uma voz fina, era grossa, grossa demais para ser de Justin.

– Fujam! – gritou Ed, com a mão na barriga, tentando estancar o sangue.

Luce ainda estava estática, sem conseguir raciocinar direito o que tinha acontecido. Ele acabara de se jogar na sua frente para salvar sua vida? Isso tinha acontecido mesmo? Ouviu-se outro tiro. Phill tinha se matado. O sangue se espalhou pelas paredes das cavernas. Alguns respingos atingiram Justin e sua irmã, que quase desmaiou por um momento.

– Luce! – ele a tinha segurado nos braços, mas ela acordou e tentou recompor-se.

Quando se recuperou, ela se agachou ao lado de seu pai e perguntou:

– Por que você fez isso?

– Eu... – ele franziu a testa de dor – Eu não podia deixar nada de ruim acontecer com você, Lucinda.

– Mas você já deixou, a partir do momento em que me abandonou naquele orfanato – disse. Lágrimas escorriam em seu rosto.

– Talvez você não entenda, nem veja isso, mas – respirou fundo antes de continuar – Você é a melhor parte de mim. Um dos meus infinitos erros que nunca me arrependi de ter cometido.

– Eu nunca vou entender isso.

– Luce... – Justin chamou sua atenção. – Eu tenho a leve impressão de que aquilo lá é uma bomba relógio. – ele apontou para um aparelho redondo perto do corpo de Phill, e marcava trinta segundos.

– Vocês têm que ir. Agora. – disse Edward.

– Mas e você? – ela perguntou.

Ele sorriu.

– Me prometa uma coisa, Lucinda: nunca perca esse coração puro e generoso.

Ela não respondeu. Não queria fazer um trato com aquele cara que dizia ser seu pai, porém sentia como se fosse. Na verdade, ela não sabia o que pensar. Simplesmente ficou parada, olhando para o ferimento de Edward e querendo ajudá-lo sem ter conhecimento de fazê-lo.

– Vá! – ele gritou.

Justin segurou sua mão e a puxou para fora da caverna.


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Notas finais do capítulo

ashuahsuhushuahsushuashuasshsuahsuahsuahsuahsuahsuhaushaushuashuashuash
SÓ EMOÇÕES, NADA MAIS
Então, acho que este capítulo merece um reviewzinho né?



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