—Essa salada de fruta está uma delicia, tia Chelsea. –Renesmee exclamou de boca cheia.

—Delícia mesmo. – Annie concordou enquanto pegava uma colherada de seu pote e recebia um afago nos cabelos de Chelsea que agora apresentava uma pequena barriga de gravidez: estava de 15 semanas, mas só descobrira há poucos dias.

—O que acham de comprarmos uns balões?- Feliz indagou, deitado na toalha.

—Somos grandes demais para balões, tio Felix. Acho que podíamos tentar brincar com aquelas pipas coloridas que vimos um moço vendendo. – Nessie sugeriu.- O que acha, Annie?

— Prefiro comer as trufas. – a resposta da jovem fez com que todos gargalhassem, mas a risada parou quando uma figura esquia aproximou-se da família.

—Olá.

A voz de Jane surpreendeu todos que se calaram imediatamente. Annie foi a primeira a reagir, ficando de pé e correndo pra abraçar a irmã que retribuiu o abraço de forma sincera.

—Que saudades.-Annie disse sem largar a irmã.

—Eu também estava com saudades.-ela disse quando as duas se afastaram, segurando a mão da irmã. –Como você está?

—Bem. Ele é o papai agora. E ela está grávida. – Annie apontou para a família que ainda estava estarrecida com a presença da jovem.

—Parabéns, Chelsea. –Jane sorriu de forma tímida. –Olá tio Felix.- a última frase saiu um pouco sem jeito. Agora que sabia que ele era seu pai, chama-lo de tio soava idiota.

—Olá querida. Por que não se junta a nós?- ele perguntou cuidadoso, contendo Renesmee que parecia estar pronta para correr na direção da irmã mais velha.

—Ah, er... Na verdade eu vim apenas para ver a Annie. Eu estava do outro lado com uns amigos quando os vi chegando. Posso dar uma volta com ela?- ela perguntou e antes que Felix insistisse novamente para que ela ficasse, Chelsea liberou o passeio.

—Por que você sumiu? Não gosto de viver sem você. – Annie falou enquanto caminhava de mãos dadas com a irmã.

—Não é tão fácil. – Jane suspirou e parou de andar, sentando-se em um banco. – Annie, você sabe que o Felix é nosso pai, certo? Ele e a Heidi são nossos pais. Edward, Bella, Felix, vovô Aro... Todos mentiram para nós.

—Mas... Mas era pra nos proteger. O papai Edward, ele cuidou de nós e a Bella também. Tudo tem um porque. - de sua maneira, Annie tentou deixar claro que entendia aquela situação. Jane porém, balançou a cabeça.

—Annie, não vamos perder nosso tempo conversando disso. A vovó quer ver você. Eu gostaria que você nos visitasse. Você gostaria?

—A mãe de Heidi? – Annie indagou e Jane afirmou com a cabeça;- Preciso pedir ao papai e a Chelsea. Depois eu vou, mas não quero ficar lá.

—Tudo bem, só queremos passar um tempo juntas. –Jane sorriu, segurando as mãos da irmã de novo. Estava realmente com saudades da irmã.

—---

—Rose? Rosalie?

A voz de Emmett invadiu a casa silenciosa, quase que por um milagre. As meninas estavam com a mãe de Rosalie, que as levara pro cinema.

—Aqui em cima. –ela gritou, secando as lágrimas, sentada na cama. Ainda estava aturdida com a notícia. Logo Emmett chegou ao quarto e ficou surpreso ao ver a esposa daquele jeito.

—Você ainda não se arrumou?

—Para que, Emmett?

—Hoje tínhamos aquele evento na empresa no Jockey Club, esqueceu? – assim que ele falou, Rosalie se xingou mentalmente. Esquecera totalmente do evento, o que automaticamente, a fizera esquecer de pegar o terno do esposo na tinturaria e seu vestido na lavanderia.

—Ah querido, eu me esqueci completamente de ir buscar as roupas ontem... Mas olha, precisamos conversar...-ela começou, mas ele a interrompeu.

—Rosalie, como você se esqueceu? Você só tinha que pegar nossas roupas e se arrumar.

Então, de repente, a gravidez sumiu de sua cabeça. Ao ouvir o “só”, Rosalie chegou a arrepiar-se de raiva.

—O que você quer dizer com “só”?

—Eu te avisei do evento há mais de dois meses. Eu contava com você para irmos ao evento. É algo importante, talvez uma parceria com Shangai, mas você se esqueceu completamente. Agora não sei com que roupa vamos, é um evento muito sério e já está em cima da hora. Você me ferrou! Eu fechei o evento, agendei a reunião, organizei a papelada.... E você falha em buscar uma roupa... É inacreditável. –ele estava realmente irado e ela estava incrédula. Não sabia nem o que falar com aquela atitude imbecil dele. Passou alguns segundos pensando, mas logo encarou o esposo e sem pensar duas vezes, lhe deu um bofete.

—Ros...

—Cala a boca! Cala a sua boca agora! Eu faço tudo nessa casa! Eu cozinho, limpo, crio quatro crianças sozinha, levo elas para o médico, ginastica, balé, natação, escola, casa dos avós.... Eu dou banho nos cachorros, eu limpo até a privada que você usa para cagar, Emmett! Eu faço tudo nessa casa sozinha e você só sabe reclamar, deitar e dormir. Eu cansei de você sendo um encostado, um atoa, um imbecil! – ele permaneceu imóvel, ouvindo tudo o que ela dissera. –Ah, e eu estou grávida de novo, seu filho da puta. – e dito isso, ela saiu do quarto e bateu a porta. Emmett permaneceu parado no quarto, tentando não apenas assimilar a notícia da gravidez, mas todo o discurso da esposa. Porém, ele não teve tempo. Logo Rosalie entrou no quarto com duas malas de carrinho.

—O que é isso?- ele perguntou, mas ela o ignorou. –Rose... Está fazendo malas para que?

—Para ir pra casa da minha mãe. Eu já estou enjoada só de olhar pra sua cara. –ela respondeu de forma ríspida, jogando as roupas dentro da mala. Emmett olhava tudo imóvel e quando Rosalie percebeu isso, ela parou o que estava fazendo para encará-lo.

—Você não vai nem tentar me impedir. –ela afirmou, encarando o esposo com uma expressão incrédula. –Você realmente não faz questão nenhuma da sua família.

—Rose, amor... –ele tentou articular alguma frase, mas era tarde demais. Ele estava muito atrasado para tentar fazer algo.

—Adeus, Emmett.- ela disse ao sair do quarto com as malas cheias, batendo a porta atrás de sí.

—---

—Mãe, onde você está?- Melissa indagou enquanto descia as escadas.

—Bom dia pra você também, cara de fuinha. –Alice respondeu ao telefone.

—É sério, cadê você?

—Melissa, você tem 12 anos, mas parece que tem 72 e está me tratando como sua filha. – Alice tentou descontrair a conversa.

—Mãe, eu sei que tem alguma coisa errada. Você não me engana. É melhor me falar antes que eu descubra sozinha.

Por alguns instantes, Alice pensou em argumentar, mas logo desistiu. Não conseguiria esconder aquilo de Melissa.

—Vou mandar um taxí te buscar, mas você precisa vir sozinha e tem que guardar segredo.

[...]

—Então é leucemia.- Melissa afirmou, sentada de frente pra mãe, que recebia o tratamento sentada numa confortável poltrona.

—Sim. Tem vários timos de leucemia e eu nem sei te explicar exatamente o tipo, mas sei que a anemia que eu tinha, aquelas manchas roxas na pele e a febre já eram sintomas.- ela tentava explicar de forma serena e clara para a menina, mas Melissa parecia estar tão serena quanto ela.

—Não é a mesma coisa que a minha mãe... A Rachel teve?

—Não, sua mãe teve um tumor no cérebro e era super agressivo. Pelo que entendi, no caso atual, a situação é mediana.- Alice segurou a mão da filha entre as dela. –Quer perguntar mais alguma coisa?

—Por que não me contou? Ou pro papai? Nós teríamos te dado apoio.

—Eu sei, querida. Sei disso... Mas não queria gerar mais dores ou problemas. Todos já pensariam automaticamente na Rachel e nossa vida já está um drama mexicano com todo o rolo das suas primas.- ela respirou fundo. –Me promete que não vai contar pra ninguém?

—Sim, mas você tem que me prometer que vou te acompanhar em todas as sessões e consultas, a partir de agora.- a jovem disse de forma incisiva e Alice suspirou.

—Você é uma monstrinha mesmo.

—Igualzinha a você. – Melissa sorriu e beijou as mãos da mãe.