O Pesadelo Ruivo escrita por bubblegumbitch, Jigglepuff, Jigglepuff


Capítulo 5
Caça à bandeira


Notas iniciais do capítulo

Hello Peoples -se é que tem alguém lendo essa bagaça- !
Quem vos fala é a Jiglly, assim como no capítulo anterior, porque a Thamy é muito preguiçosa para isso...
Enfim, vocês viram MDM? Oh god... Foi, tipo, foda! Nos dois sentidos... Se lerem isso aqui comentem lá embaixo oque acharam!

Enjoy :3



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Após longas horas de exaustiva caminhada, as caçadoras se postaram diante do enorme e imponente pinheiro que delimitava os limites do acampamento. O céu estava nublado pelas mais tempestuosas nuvens, porém sabiam que ao atravessar a barreira dariam de cara com um radiante sol de verão, ainda que fosse outono.

Apesar de sua carranca constante, Thalia não podia negar a empolgação que a consumia. Lady Ártemis as enviara para passar uns dias no local, por um motivo que ainda permanecia confidencial. Poderia enfim rever seus amigos e o confortável lugar que crescera, mesmo que transformada em árvore ela se apegara ao acampamento; ao menos gostava mais de visitá-lo do que as outras caçadoras, que a esse ponto bufavam indignadas e soltavam suspiros involuntários.

Apressou-se a descer a colina, com as outras garotas em seu encalço. Deviam ser 20, ao todo, mas Thalia não se importava com números, tudo o que importava agora era o seu confortável beliche no aconchegante chalé 8. Além de rever, acima de todos, Annabeth e Percy, é claro.

Enquanto esticava as pernas andando lentamente, admirando o doce cheiro de campina, não pode deixar de pensar em Luke. O quanto desejou poder viver em paz ali, ao seu lado, se dando ao luxo de preocupar-se apenas com idiotices de adolescentes; o quão feliz poderiam ter sido ali, cercados somente por amigos. Felizmente fora logo tirada de seus devaneios por uma eufórica loira que corria animadamente em sua direção.

- Ai meus deuses, Thalia! O que faz aqui? - riu nervosamente. Ela era uma das poucas pessoas as quais Annabeth não conseguia enganar. Talvez a única. E isso irritava profundamente a loira.

- Não gostou da surpresa? - ainda que interiormente estivesse com um sorriso de orelha a orelha, se contentou em dar-lhe um sorriso de canto. - E... Mas que porra é essa no seu olho?!

Annabeth ficou estática. Não esperava que Thalia percebesse assim, ao primeiro olhar. Odiava o fato de ter de admiti-lo em voz alta, no entanto sabia que não seria capaz de esconde-lo por muito mais tempo.

- Eu-eu pensei que maquiagem seria suficiente para, você sabe, ocultar...

- Qualquer pessoa que passe, no mínimo, dois dias com você percebe que é péssima com maquiagem - disse Thalia e soltou uma risada sarcástica e apontou para o seu próprio rosto - Isso é maquiagem decente, querida!

Olhou atentamente em volta de onde se encontravam, confirmando que estavam sozinhas e acrescentou:

- Nem tente acobertar quem fez essa merda com você. Hoje estou realmente a fim de dar umas boas porradas em alguém.

Estavam caminhando pela área dos chalés. As caçadoras já estavam confortavelmente acomodadas no chalé 8, de forma que as deixara sozinhas. Obviamente não enrolaria a morena, e nem queria faze-lo; estava cercada e sentia-se intimidada pelos olhos azuis-elétrico da garota. Desabafaria com ela, sobre tudo, se alguém não estivesse berrando-as não muito longe dali. Fora a primeira vez em dias que sentiu-se feliz, ou ao menos aliviada, por ver Percy correndo em sua direção.

- Tha-Thalia...O que faz aqui? - o garoto ofegava e grossas gotas de suor eram perceptíveis em sua face. - Vim correndo quando soube que estava aqui, corri quase todo o perímetro. É... O que faz aqui mesmo?

Percy fisicamente continuava o mesmo. O corpo esguio, anida que fosse um pouco mais baixo que ela própria; a franja longa demais - na opinião da garota -, quase cobrindo-lhe os olhos; e os olhos, que eram o ponto forte no rosto suado e vermelho, estavam agora mais verdes que nunca. Apesar de querer saber deseperadamente o que acontecera à Annabeth, não pode conter um sorriso.

- Animação, meus amigos! - exclamou ela, passando amigavelmente os braços pelos ombros dos dois - Cheguei para alegrar a festa!

Não muito mais tarde o céu se cobria com os tons alaranjados do sol de meio-dia e os campistas estavam inquietos, acomodados no pavilhão do refeitório. Conversavam animadamente, murmúrios e boatos sobre a inusitada visita corriam pelo ambiente.

Aos poucos os bate-papos diminuíram até se extinguirem por completo, criando um clima levemente desconfortável e estável. A figura alta e imponente de Quíron se erguia ao centro da mesa posicionada ao fundo do refeitório. Seu lustroso pelo refulgia à luz do sol com o mesmo brilho característico que Thalia lembrava-se. Seus cabelos cacheados estavam formalmente penteados para trás da orelha, deixando a mostra seus olhos acastanhados e brilhantes, ainda que sua expressão fosse séria e rígida; porém logo suavizou-se:

- É inegável que os boatos se espalham rapidamente por aqui. E, como podem ver, as caçadoras vieram nos fazer uma visita - ele indicou a mesa em que se postavam inflexíveis aos olhares curiosos - Peço que tratem-nas, como qualquer outra vez, com respeito e igualdade, fazendo-as se sentirem em casa - falou, com um sorriso bondoso expresso no rosto envelhecido.

Acrescentou logo em seguida ao ver as expressões ansiosas nas faces direcionadas em sua direção:

- Como tradição do acampamento, hoje, sexta-feira, ocorrerá o caça bandeira dos campistas contra caçadoras. Agora, aproveitem o delicioso jantar à nossa disposição!

Os semideuses ali presentes se renderam à fome, devorando sem piedade o que lhes era entrega pelas ninfas. Ainda que saciados, mais confortáveis, ficara um quê de dúvida no ar. Afinal, não era nada comum terem as caçadoras como hóspedes, ainda menos sem qualquer tipo de aviso. Apesar de toda desconfiança da maioria dos campistas, Annabeth estava feliz. Essa "surpresa" fora algo revigorante.

Logo após o almoço, os campistas se encontravam na arena, treinando. Annabeth e Thalia lutavam juntas, enquanto conversavam.

- Então, não vai me dizer quem foi o filho da puta que fez isso com você? – disse Thalia, desferindo um golpe.

- Ela. – disse Annabeth, apontando para uma figura ruiva, do outro lado da arena.

- Quem é ela?

- Rachel. Cachorrinho do Percy. – respondeu a loira.

- Hm, agora ta explicado. – Thalia disse, e continuou pela expressão confusa de Annabeth – Você está com ciúmes.

- Não estou! – exclamou ela.

- Lógico que está! E não discute comigo, porque eu te conheço.

Annabeth bufou, e desferiu golpes em Thalia.

- Mas relaxa, a gente pega a Rachelcada no caça à bandeira.

A loira não pode conter uma risada.

- Rachelcada? – perguntou.

- Rachelcada. – assentiu Thalia.

As duas continuaram lutando, até que um Percy ofegante chegou.

- Annie, posso falar com você?

Annabeth estava a ponto de responder com um de seus costumeiros “Não me chame de Annie!”, mas com seu olhar periférico, percebeu que Rachel os olhava com curiosidade, e Thalia a chutou na perna, e mexeu  com os lábios um “Vai com ele, porra!” E Annabeth foi em direção ao garoto.

- Percy. – ela disse. – O que você quer?

- Voltar a ser seu amigo. – ele respondeu.

- Então você deveria começar a rever seus atos! – Annabeth não sabia de onde tinha vindo essa frase, mas quando percebeu, já havia dito-a.

- Annabeth, o que, em nome de todos os deuses, eu estou fazendo?! – exclamou Percy.

A garota não disse nada.

- Desde que Rachel chegou, – continuou ele – você está agindo assim. O que está acontecendo?

A garota colocou a mão em seu ombro. Ela queria beijá-lo, e acabar com tudo de ruim que estava acontecendo, mas por algum motivo, se conteve.

- Nos vemos no caça à bandeira.

Ela saiu da arena, deixando um Percy confuso, e uma Thalia curiosa, assistindo tudo de camarote, para trás.

Estava frio. Realmente frio se levasse em conta que ali a amplitude térmica era quase nula. O que contribuía para o mal humor de Rachel. Não pode deixar de se sentir insegura; que talvez alguém a apunhalasse pelas costas durante o jogo; ou que tivesse um ataque epilético na floresta, no meio do nada, mas se obrigou a deixar de lado tais suposições. A garota vestia um fino casaco de lã e seus fieis jeans surrados. Analisava vagamente as armaduras postas a mesa à sua frente, á procura de algo que lhe servisse, enquanto assentia levemente com a cabeça quando os Stoll, que discutiam animadamente, lhe dirigiam a palavra.

- Só estou dizendo que talvez devêssemos trazer algumas garrafas - começou Travis - Ouvi dizer que elas gostam de encher a cara aqui no acampamento.

- Será que, é apenas uma hipótese, vocês não poderiam parar de sonhar com as caçadoras e me ajudar aqui?! - Exclamou a garota, nervosa.

- Calminha ai ruiva - disse Connor na defensiva - Acho que esse servirá.

- Me dê isso aqui, Travis. Vocês são muito insensíveis quando se trata de garotas - murmurou Percy, embrenhando-se pelo mar de campistas que era o lufar e aparacendo à sua frente, causando-lhe calafrios. Por um momento, Rachel não pode conter um suspiro; ele ficava, se é que era possível, ainda mais bonito de armadura. Os cabelos despenteados caiam-lhe pela testa dando-lhe um ar despojado que ela tanto adorava. Trazia nos braços fortes, recobertos pela armadura, um elmo de cobre com um pinacho azul, o qual ele largara sobre a mesa ao seu lado. 

- Ainda bem, já não aguentava essa ruiva escandalosa reclamando nos meus ouvidos! - responderam em uníssono, e saíram em direção ao outro lado do pavilhão, aonde se encontrava o resto do chalé de Hermes, adentrando o mar de campistas. Mas não sem antes mandarem uma piscadela na direção dos dois.

- É, acho que eles tem razão, essa aqui servirá - começou o garoto, ajudando-a a por delicadamente a armadura. - Espero que depois de duas semanas já saiba manejar um espada. - e acrescentou ao ver o fracasso dela - Vem cá, deixa eu te ensinar.

Então puxou-a em sua direção, apoiando levemente a cabeça em seu ombro direito, de forma que suas mãos de encontravam ao punho da espada. Rachel sentia sua respiração em sua nuca e, de certa forma, sentiu-se incomodada com tamanha aproximação, mas nada disse. Estava gostando. Percy mostrava-lhe alguns golpes simples que, talvez, pudessem vir a calhar em um momento de dificuldade, porém ela, obviamente, não prestara muita atenção; estava incrivelmente interessada em sua mão em sua cintura. Depois de alguns minutos assim o garoto se afastou, entregando-lhe a espada que nesse momento parecia estranhamente pesada, para sua decepção.

- Não, não faça isso ou vai decepar a cabeça de alguém - ele disse risonho.

- Estou torcendo para que ninguém decepe a minha cabeça! - retribuiu o sorriso.

- Ah, Rachel, espadas não são celulares para você segurar assim...

- Falando em celulares, você bem que está precisando de um. - ela retrucou.

- Eu ainda não acredito como não tinha percebido a sua "semideusice" -falou, fazendo aspas no ar - Seu TDAH é tão óbvio.

- Mas, cá entre nós, você sempre foi meio lerdinho, Percy.

- Claro que não! - ele exclamou.

- Aham, e eu sou o Barack Obama.

Sem dúvida, poderiam continuar horas e horas a fio, conversando como velhos amigos, mas um tumulto ao centro do recinto chamou-lhes a atenção.

- Empolgação, pessoal! - dizia Annabeth, sobre um pedestal, de forma que ficasse visível à todos ali - Empolgação e enfim ganharemos das caçadoras hoje! - de repente seu olhar fixou-se em Percy, que ainda estava com a mão na cintura de Rachel, deixando-os mais próximos do que "bons amigos" ficariam. Era indistinto o que se passava por sua cabeça, mas era visível a raiva em seus olhos cinzentos, e, nesse momento, o garoto jurou ter visto uma tempestade se formando ali, violenta e agressiva. Se encaravam como se dependessem disso, mas a loira logo tratou de desviar o olhar. - Vamos entrar naquela floresta e por nosso plano em prática e, se os deuses quiserem, ganharemos!

Com as costas apoiadas em um tronco de árvore qualquer, Rachel observava o céu. Coberto de estrelas e com uma lua pálida brilhando incessantemente, estava ainda mais admirável do que de costume. Talvez fosse o tédio pelo qual ela passava; estava sozinha e se sentia mais solitária do que nunca no meio da escuridão que era a floresta do acampamento. Suas pálpebras pesavam sobre seus olhos, mas obrigou-se a manter-se firme e, sussurrou para si mesma, que o jogo já estava chegando ao fim e logo veria sua cama no chalé 11, que agora parecia como um pote de ouro no fim do arco-íris.

Com dificuldade e apoiando-se na relva lisa, pôs-se de pé. Como fora designada a ficar de guarda, ao menos poderia dar uma volta pela redondeza, e começou a caminhar. 

O vento açoitava as copas das árvores altas, dando-lhe arrepios. Uma brisa leve ia de encontro a sua face e o barulho de seus passos ecoava na vastidão que era o lugar. Pensou em voltar, porém não queria cair no sono e ser pega de surpresa ao acordar. Sem contar que suas costas estavam doloridas devido ao cochilo que tirara antes.

Com relutância adentrou ainda mais a floresta. Sentia falta das ninfas agora.

Parou de súbito. Ouviu um farfalhar de galhos não muito distante dali, contudo continuou a caminhar. O som voltou e estava ainda mais próximo, e pensou ter ouvido sussurros abafados e exasperados. Acelerou o passo; a mistura de sons fazia ser coração palpitar em seu peito descontroladamente, de modo que tropeçou e estatelou-se no chão, protegendo apenas o rosto, arranhado suas pernas e braços. O barulho inquietante estava cada vez mais próximo e, por um breve momento pode distinguir uma cabeleira no meio da escuridão.

Pensou estar sonolenta, pois ao longe ouvia-se o alvoroço que denunciava o final do jogo, e certamente não haveria ninguém na floresta naquele momento. Mas não estava sonolenta. Seu coração batia vorazmente em seu peito, e a adrenalina típica de semideuses a deixava em alerta.

Mais uns poucos passos e fora atirada ao chão. A relva macia amorteceu seu tombo, contudo não impediu que ralasse os joelhos e cotovelos nas pedras. Uma flecha passou zunido por sua orelha esquerda. Os passos agora se tornavam concretos e era possível analisar os vultos a sua frente. Eram dois, cada qual empunhando uma arma em sua direção: Um arco e uma faca lindamente afiada.

- Ande, levante dai - sibilou a morena - Venha lutar. Vamos ver se anda prestando atenção aos treinos.

- E-eu... - Rachel estava de pé, as mãos coladas ao corpo; sentia agora a falta do peso da espada em sua cintura. - O que querem?

Thalia jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada sarcástica. Estava realmente se divertindo com tudo aquilo.

- Conversar. - guardou o arco às costas e lentamente tirou o punhal da bainha. A cada passo que dava em sua direção, a ruiva respondia com dois na direção oposta. 

- Thalia, acha que isso é realmente necessário? - perguntou a outra, parando a caçadora. - Quero dizer, foi só uma briga, nada de mais...

- Não comece, Annabeth. Agora já estamos aqui - respondeu, revirando os olhos. Olhou em volta e deu falta da cabeleira cor de fogo que a pouco estava a sua frente. - Que merda, Annabeth. Ela fugiu!

E correram. Mas não com a mesma determinação da ruiva. Ela agora corria como se sua vida dependesse disso; e talvez fosse verdade, porém isso não era o mais importante naquele momento. O que prendia sua atenção era o barulho de folhas secas às suas costas e o leve som da corda do arco sendo utilizada.

Depois de alguns poucos minutos, que mais pareceram uma eternidade, parou. Arfava incessantemente e respirava com dificuldade; decidiu que dali em diante passaria a treinar mais. De súbito virou-se. As duas estavam a sua frente novamente, contudo dessa vez não havia possibilidade alguma de correr. Não pareciam tão cansadas quanto ela.

- Calma, ruiva. Eu disse que queremos conversar. - disse Thalia e Rachel murmurou algumas palavras inteligíveis - O que disse?

- E-eu não quero conversar.

Em seguida várias coisas ocorreram ao mesmo tempo. Uma forte rajada de vento atingiu-lhes o rosto, causando-lhe náuseas, porém não pareceu afetar a garota, apesar de seu nervosismo. Nesse momento seus olhos brilharam, irreconhecíveis e, seus cabelos esvoaçavam ao vento, dando-lhe um ar macabro. As garotas mantiveram a conexão com o olhar.

- Eu não quero conversar! - exclamou a ruiva, e dito isso fez um movimento brusco com os braços, que agora estavam mais pálidos que nunca e, na pequena distância que as separavam explodiu algo, fazendo voar terra e mato para todos os lados.

Apesar do susto, Rachel reuniu todo e qualquer resquício de coragem e energia para levantar-se e correu. Deixando para trás um loira assustada e uma morena boquiaberta. 


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Notas finais do capítulo

Is ThÁlia, not ThalÍa, Rachelcados.