Já fazia dois meses, dois meses que Christopher se tornara meu vizinho, dois meses que Christopher se tornara meu melhor e único amigo... Porém fazia apenas um mês que eu sentia coisas estranhas ao me aproximar dele.

*Flashback*  

         -- THONY CUIDAD... – tarde demais, Christopher já havia me derrubado no chão. Eu e minha caixa de beyblades que foram espalhadas pelo quintal. O olhei como quem pede uma explicação, logo ele sai de cima de mim e me ajuda a levantar.

         -- Er... Me desculpa Thony, só achei que seria legal escorregar pelo piso molhado.

         -- É, acho que não foi uma boa ideia – disse, lhe mostrando o corte no meu antebraço que sangrava devido à batida brusca em cima de uma pedra.

         -- AIMEUDEUS O QUE EU FIZ? – Chris dá um grito que me assusta – me desculpa, me desculpa de verdade, a culpa foi minha e eu...

         -- Hey, calminha moço – disse rindo – foi só um arranhão, não vou morrer, na verdade espero que não morra – ri mais ainda de sua expressão.

         -- Ain se você morrer a culpa vai ser minha e... – coloquei minha mãe em sua boca, era melhor ele ficar calado antes que levasse um soco na cara.

         -- Fica quieto antes que eu e espanque. Só peça um band-aid para a minha mãe e agente já resolve o...

         -- NÃO! Sua mãe vai ficar muito brava se souber você caiu por minha culpa, deixa que eu já sei o que fazer.

         Christopher rasgou a barra de sua camiseta, dividiu em dois pedaços, com uma tira de pano molhado ele limpou o sangue. Enfaixou meu braço com a outra tira de pano e fez um singelo nó para prendê-la.

         -- Pronto, assim está melhor – me direcionou um enorme sorriso

         -- O-obrigado... Nem sei o que dizer – agradeci, estava surpreso com o carinho que meu amigo tinha por mim.

         -- Não precisa agradecer, a culpa foi minha lembra? – sorriu novamente – espero que a dor passe – depois dessa frase, Christopher fez uma coisa que me surpreendeu: seus lábios quentes tocaram minha pele bem acima do curativo que ele havia feito, logo nossos olhos se encontraram seu rosto estava corado – um beijo faz qualquer dor passar.

*/Flashback*

         “Um beijo faz qualquer dor passar” essa frase ecoava em minha cabeça à um mês. Meus pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta, eu sabia que era Chris, brincávamos todos os dias, revezando entre minha casa e a dele, as vezes íamos brincar na rua ou no parque... hoje iríamos no parque.

         -- Oi Chris – disse ao abrir a porta

         -- Oi, vamos ao parque hoje?

         -- Sim, que tal pegarmos meus brinquedos antes?

         Corremos até o meu quarto, quando chegamos ouvi um gemido de dor.

         -- AI

         -- O que foi Chris? – corro em direção ao meu amigo que estava jogado ao chão.

         -- Estou com dor, muita dor, não estou agüentando.

         Peguei-o no colo, me surpreendi, pois eu não era forte, mas a necessidade me fez ser, coloquei ele em minha cama.

         -- Chris fique aqui que eu vou chamar nossas mães.

         -- Thony, eu estou com medo.

         Essas palavras me deram medo, talvez um medo maior do que o que ele estava sentindo. Lentamente me debrucei sobre ele. Nossos lábios se tocaram de forma rápida. O olhei, ele estava sorrindo.

         -- Um beijo faz qualquer dor passar – ao dizer isso e contemplar seu sorriso, saí correndo em busca da minha mãe.