Bella Volturi escrita por Carol Swan


Capítulo 18
(3ª Fase) Presentes! E passado...


Notas iniciais do capítulo

Agradecendo por todos que falaram se queriam ou não lemon. Eu vou continuar analisando os votos até o cap que vai ter ou não lemon. Continuem mandando reviews! Bjokas!



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Presentes! E passado...


 

Abri os olhos lentamente, me adaptando com a forte claridade que vinha da clarabóia. O céu estava azul e sem nenhuma nuvem, o que parecia ser um milagre em Forks.

 

Joguei o edredom sobre a cabeça, ignorando o ronco em minha barriga e pedindo mais cinco minutinhos ao dia.

 

Lutei para voltar a dormir. Mas a única coisa que consegui foi deixar a cama ainda mais bagunçada enquanto eu me revirava sob os lençóis.

 

Desistindo, me desenrolei das cobertas e me levantei sonolenta.

 

Fui para o banheiro nada modesto de Alice e tomei uma ducha forte. Deixei que a água fria levasse consigo toda a culpa, desespero e lágrima dos dias anteriores.

 

Era um novo dia, e eu precisava vivê-lo.

 

Coloquei um jeans e uma regata, e fitei meu reflexo uma ultima vez antes de descer as escadas.

 

Agora sim eu voltava a parecer a Bella que eu costumava ser. Tudo em mim estava de volta ao normal, exceto por meus olhos.

 

Eu não me refiro á cor, agora o que menos importava era aquele vermelho. Mas sim aquele abismo que agora era visível, que mostrava o quão eu estava vazia de alegria, esperança e amor.

 

Treinei um sorriso, mas eles não chegaram lá.

 

Desviei meus olhos daqueles buracos negros e me encaminhei para fora do quarto.

 

Entrei na cozinha e vi Alice e Emmett sentados na mesa de jantar.

 

– Finalmente! Bella adormecida acordou – Emmett disse abrindo um sorriso.

 

Alice pulou da cadeira e veio até mim, me dando um abraço apertado.

 

– Se não fosse pelas batidas do seu coração eu teria ficado preocupada

 

Olhei para ela surpresa.

 

– Eu dormi por muito tempo? – para mim, pareciam ter sido poucas horas.

 

– Três dias – ela suspirou – Já estava começando a pensar que devia mandar alguém lá em

Cima para dar o beijo e despertá-la de seu sono eterno.

 

Revirei os olhos.

 

– Talvez o cheiro dessa lasanha tenha sido o suficiente – disse olhando para o forno. Meu estomago á essa altura brincava de amarelinha dentro da minha barriga.

 

Emmett se levantou e abriu o forno, tirando a lasanha fervente.

 

– Vai ser divertido cuidar de você Bella – disse colocando a travessa na mesa.

 

Senti minhas bochechas enrubescerem com o comentário.

 

Eu não era a melhor cozinheira do mundo, mas sabia o suficiente para não depender deles.

 

– Não precisam cozinhar, sei me virar – disse um pouco amarga.

 

Emmett soltou uma risada.

 

Alice se virou pra mim, com os olhos apreensivos.

 

– Por favor, não nos tire isso Bella. Nós queremos ajudá-la – disse com seus olhos brilhantes.

 

Bufei, deixando meu gênio e orgulho de lado.

 

– Espero que essa lasanha esteja boa grandão.

 

Não sei se era a fome, mas a lasanha estava divina. Comi metade da travessa em poucos minutos. Mesmo com o sangue humano circulando em meu sistema, meu corpo ainda sentia fome por estar habituado á comida humana.

 

Alice e Emmett ficaram sentados me fazendo companhia enquanto eu comia um pedaço de pudim que Esme tinha comprado na sua ida ao supermercado.

 

– Onde estão os outros? – perguntei entre uma garfada e outra.

 

– Bem... – Alice apoiou o rosto nas mãos – Esme deve estar fazendo alguma ação beneficente,

Carlisle no hospital, Rose caçando, e Jazz e Edward estão chegando com o seu meio de transporte.

 

Levantei a sobrancelha surpresa.

 

– Meu o que?

 

O barulho de motores soou do lado de fora.

 

Emmett e Alice trocaram olhares confabulosos.

 

Alice pegou o garfo da minha mão e o colocou sobre a mesa. Levantou-se agarrando meu pulso

E me arrastou para fora da casa.

 

 

 

 

Senti meu queixo cair enquanto eu olhava catatônica para o meu suposto meio de transporte.

 

Quem diabos dá uma coisa dessas para as pessoas?

 

Olhei para Jasper ainda de boca aberta.

 

Minha?

 

Ele sorriu e assentiu.

 

– Alice conseguiu ver alguma coisa que te agradasse. Ela só não estava certa sobre a cor, então improvisamos.

 

Voltei a olhar a Ducati 1098s preta parada em minha frente. E quase pude jurar que seu farol estava piscando, me chamando para sair.

 

Sacudi a cabeça recuperando o juízo.

 

– Eu não posso – disse me virando para os outros – Não mesmo.

 

Alice suspirou e se aproximou de mim.

 

– Não se preocupe Bella, você vai nos recompensar um dia de uma maneira muito melhor – disse abrindo um sorriso que iluminou seu rostinho miúdo.

 

Eu ia protestar, mas não me deixaram.

 

Emmett, Alice e Jasper me pressionaram até que eu desistisse. Mas enquanto eles tentavam me convencer, pude observar que Edward se mantinha mais afastado e me olhava de uma maneira estranha, de uma maneira que me parecia ódio.

 

 

 

 

 

 

O sol da tarde não durou muito.

 

As nuvens densas voltaram a cobrir Forks enquanto eu dava uma volta em alta velocidade pelas estradas.

 

Assim que parei dentro da garagem, a chuva desabou.

 

Rose tinha voltado enquanto eu estivera fora, e a flagrei sentada no colo de Emmett quando entrei na sala.

 

A loira antipática me fuzilou com os olhos, mas a ignorei e segui direto para o quarto de Alice.

 

Tirei a jaqueta de couro e a joguei no chão, antes me jogar sobre a cama.

 

Fechei os olhos, ainda podendo sentir o vento da estrada em meus cabelos soltos. Exatamente como eu fazia em Roma.

 

A adrenalina me fazia tão bem.

 

– Não vá dormir agora Bella.

 

Abri os olhos surpresa e me sentei.

 

Alice estava sentada na poltrona com uma pasta no colo. Ela se veio se sentar ao meu lado.

 

– Enquanto você dormia durante esses dias resolvi toda a sua parte de documentação – Ela colocou a pasta sobre a cama e a abriu.

 

– Mas eu não preciso disso – falei confusa olhando os papeis.

 

Ela soltou um risinho.

 

– Vai precisar, quando formos fazer sua matrícula.

Senti meu rosto murchar.

 

– Escola? Mas eu sou uma fugitiva, não preciso estudar.

 

Tudo o que eu menos queria era ter que voltar á estudar em um momento desses, onde eu estava descobrindo o que, e quem eu realmente era.

 

– Não interessa. Uma hora você vai ter que aparecer na cidade, e cidades pequenas notam novidades. Nós precisamos manter as aparências – disse carinhosamente

 

Eu realmente não queria voltar para o colégio. Naquele momento me parecia uma coisa tão desnecessária. Mas eles estavam sendo tão legais comigo que seria terrível se eu me recusasse.

 

Eles apenas pediam discrição...

 

Suspirei, me rendendo.

 

Peguei as folhas e dei uma olhada. Certidão de nascimento, identidade, carteira de motorista, passaporte e até um histórico escolar de excelência... Todas essas documentações com meu nome falso.

 

Ao ver o sobrenome Cullen ao lado do meu nome, me lembrei de um assunto que andava me incomodando desde cedo.

 

– Alice – comecei cautelosa

 

Ela tombou a cabeça, para ver meu rosto por detrás da cortina de cabelos.

 

– Porque Edward não gosta de mim?

 

Alice hesitou á pergunta.

 

– Isso não é verdade Bella. Ele só tem receio... Mas isso é uma longa história.

 

Levantei o rosto para encará-la, com a curiosidade em mode on.

 

– Uma história que você vai me contar? – perguntei ansiosa

 

Ela não me respondeu de imediato.

 

O silencio perdurou, quando seus olhos ficaram desfocados.

 

Uma época á muito tempo esquecida devia estar passando por seus olhos naquele momento.

 

– Eu não sei. Histórias de corações quebrados nunca são fáceis de serem contadas – ela disse em um suspiro.

 

Levantei as sobrancelhas surpresa.

 

Alguma coisa no passado, ou alguém, havia quebrado o coração de Edward.

 

Mas como eu entro nessa história?

 

Ela recuperou o foco e sacudiu a cabeça, antes de tornar a me olhar.

 

– Eu não posso contá-la Bella, essa história não me pertence.

 

Eu ia protestar, mas me calei.

 

Não queria atormentá-la.

 

Mas então, a única pessoa que poderia me contar a história seria o próprio Edward. E como ele mal olhava para mim, eu teria que me contentar em não sabê-la, por enquanto.

 

Ela se levantou da cama em um pulo e abriu um sorriso, deixando seu momento nostálgico.

 

– Espero que esteja animada para seu primeiro dia de aula, amanha faremos sua matrícula.

– disse empolgada – E Carlisle vai chamá-la em 3 minutos.

 

Arregalei os olhos, nervosa.

 

– Eu fiz alguma coisa?

 

Ela soltou seu riso de sinos.

 

– Ainda não.

 

Ela me deu as costas se aproximou da janela, subindo no parapeito.

 

– Jasper está me esperando para caçarmos. Esteja pronta amanha de manha. E por favor, use

Uma das roupas que eu te dei – ela soprou um beijo antes de pular a janela.

 

 

 

 

 

 

A história de Edward me atormentava á mente enquanto andava pelos corredores até parar diante da porta grossa de mogno, ao lado da cruz gigantesca.

 

Dei uma leve batida na porta e a entreabri.

 

Ele estava encostado na mesa do escritório, onde papeladas e livros estavam dispostos e ele olhava em minha direção.

 

– Entra Bella – sorriu e indicou uma das poltronas.

 

Obedeci e me sentei.

 

A última, e primeira vez que eu tinha visto Carlisle, ele não tinha me parecido tão imponente e bonito como o via agora. Na verdade, todos da casa me pareciam mais bonitos agora.

 

– Bem – começou – Não a chamei aqui para nenhum assunto em particular, não nos vimos muito desde que caiu no sono – riu – E então, como está indo?

 

Sorri, sem graça.

 

– Está indo tudo muito bem. Carlisle, queria agradecer muito por vocês terem me aceitado aqui. E se existe algum meio de retribuir, por favor, me conte.

 

Ele sacudiu a cabeça.

 

– Nada disso Bella, não precisa nos retribuir. Agora faz parte de nós, e vamos fazer o possível para que nos veja como uma família – disse convicto

 

Sorri.

 

– Eu já os vejo assim, por mais rápido que pareça.

 

Nunca pensei que fosse me ajustar tanto em um lugar como estava acontecendo em Forks com os Cullens. Eu já conseguia me sentir em casa.

 

Tudo parecia estar indo bem... A não ser por uma questão.

 

Hesitei.

– Mas como farei com Charlie?

 

Eu podia sentir a bola em minha garganta se formando. Ele devia estar desesperado em minha busca, colando cartazes por todas as cidades da Itália.

 

Carlisle franziu o cenho, pensativo.

 

– Isso é um assunto difícil Bella. Você tem a opção de voltar para Roma e para seu pai sempre que quiser, mas seria apenas questão de tempo para ser encontrada por Aro.

 

Senti o pânico voltar com suas palavras.

 

Afinal, eu era filha de um dos patronos das artes, havia algo poderoso em meu sangue ainda oculto. Algo que se não fosse utilizado para os fins dos Volturis, poderia ser a causa da minha morte.

Carlisle notou meu desespero.

 

– Não se preocupe. Alice esta os vigiando. Se ele mandar alguém em sua busca, vamos saber.

 

Assenti, mas sem muita certeza.

 

Eu precisaria partir quando Aro mandasse alguém ao meu encontro. Eu deveria ir embora e seguir meu caminho, sozinha. Algo me dizia que Aro iria me querer morta, e á aqueles que me dessem abrigo.

 

Carlisle deu á volta na mesa, e abriu uma de suas gavetas.

 

Tirou uma caixa de dentro e a estendeu para mim. Em seus quatro lados havia desenhado vários pares de olhos de cores diferentes.

 

Peguei-a.

 

– Como você não tem veneno em seu corpo, acredito que elas devam durar. E acho que vai precisar delas amanha – sorriu

 

Levantei-me da poltrona, me preparando para sair.

 

– Muito obrigada Carlisle – agradeci novamente

 

Ele se aproximou de mim e tirou algo de seus bolsos.

 

– Quero que fique com isso também – disse colocando um cartão e um celular em minhas mãos – E, por favor, não tente recusar. O dinheiro é só alguma coisa que vai se acumulando com o passar dos séculos.

 

Olhei esbabacada o cartão platina, antes de olhar para o celular.

 

Eu realmente não ia recusar. O celular parecia pesar quilos em minha mão, apenas esperando que eu o usasse.

 

 

 

 

 

 

Deixei a casa e entrei na floresta. Eu queria fazer aquela ligação em algum lugar que eu tivesse privacidade.

 

Podia ver o dia escurecendo sobre as montanhas, mas não me preocupei. Eu me garantia no escuro tanto quanto no dia.

 

Corri entre as árvores até chegar a uma pequena ladeira de pedregulhos, onde um rio sem muita profundidade corria lá em baixo.

 

Sentei em uma pedra, peguei o celular no bolso do jeans e disquei os números gravados em minha memória.

 

O som da água correndo sobre as pedras no meio da floresta preenchia o silêncio, junto com as cigarras que cantavam clamando pela noite.

 

O primeiro toque soou.

 

As batidas do meu coração acelerado em meu peito pareciam mais rufos de tambores na expectativa.

 

– Alô? – A voz de Charlie soou no outro lado da linha em italiano.

 

Senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto automaticamente.

 

A saudade agora me devorava por dentro.

 

– Alô? – ele chamou de novo um pouco mais alto.

 

Respirei fundo, contendo a enxurrada que ameaçava sair por meus olhos.

 

– Sou eu pai – sussurrei.

 

– BELLA! Você está bem? Onde você está? Você quer me matar!? – gritou desesperado.

 

Deixei que ele liberasse toda a tristeza e frustração que sentia durante todos aqueles 15 dias de desaparecimento.

 

– Não se preocupe, eu estou bem. Apenas um pouco distante.

 

Pude o ouvir suspirar, controlando os nervos.

 

– Está bem. Onde você está? Eu vou buscá-la.

 

Fechei os olhos, consumida pela dor.

 

– Eu não vou voltar.

 

Um silêncio se estabeleceu.

 

Ouvia apenas a natureza ao meu redor.

 

Por um momento fiquei preocupada, pensando que ele tentasse rastrear o numero confidencial.

 

– Não?

 

Segurei o choro, ao ouvir sua voz fragilizada.

 

– É para o seu próprio bem, confie em mim – disse tentando ser forte.

 

– Eu não entendo Bella. Estive procurando por você em Volterra por todos esses dias... O que está acontecendo?

 

Senti um calafrio ao ouvir o nome da cidade maldita.

 

– Pai, me prometa que nunca mais vai voltar lá.

 

– Por quê?

 

– Apenas prometa – pressionei

 

– Se você concordar em voltar e me explicar o que está acontecendo, está prometido.

 

Suspirei.

 

– Algum dia sim... – mas não sabia quando seria isso.

 

Algo de relance passou em minha visão periférica.

 

Levantei-me da rocha e procurei em minha volta.

 

Andei de costas para o riacho, com medo de que alguém estivesse atrás de mim.

 

Meus pés mergulharam na água, encharcando meu tênis.

 

– Bella? Ainda está ai? – meu pai me chamou na linha

 

Coloquei o celular no ouvido.

 

– Tenho que ir – falei apressada e desliguei o celular, guardando-o no bolso.

 

Alguma coisa estava me seguindo, eu podia sentir.

 

Os arbustos em minhas costas tremularam.

 

Tornei a me virar sobressaltada.

 

Meu coração batia duplamente mais rápido e minha respiração estava entrecortada.

 

Do outro lado do rio, as folhas tremeram mais uma vez. Mas dessa vez uma enorme criatura saiu do meio delas.

 

Um enorme lobo castanho-avermelhado surgiu, com os olhos intensos e grudados em mim.

 

Soltei o ar, aliviada.

 

Era apenas um animal.

 

O grande lobo caminhou lentamente em minha direção. Seus olhos castanhos escuros não desgrudavam dos meus.

 

Suas patas tocaram á água do outro lado, ficando á poucos metros de mim. Mas antes que ele pudesse se aproximar ainda mais, ele parou.

Ergueu a cabeça e as orelhas, como se procurasse pelo perigo.

 

Correu de volta para o seu lado do rio, sumindo dentro da floresta.

 

Fiquei olhando confusa.

 

– Bella? – uma voz aveludada soou em minhas costas.

 

Virei-me, e vi Edward parado olhando para mim.

 

– Ah... Ei – falei sem jeito.

 

Ele estreitou os olhos.

 

– O que esta fazendo aqui?

 

– Bem... Só estava olhando... Pegando um ar

 

Ele levantou as sobrancelhas, e depois abriu um sorriso torto.

 

A beleza que seu sorriso irradiou por todo seu corpo me deixou desconcertada.

 

– Aqui não é um bom lugar para isso. Precisa de ajuda? – perguntou olhando para meus pés, á

Essa altura atolada na lama que se acumulava.

 

– Não, obrigado – desenterrei meus pés e andei até terra firme.

 

Sentei na mesma rocha de antes e tirei meu tênis.

 

– E você? O que está fazendo aqui?

 

Ele deu de ombros.

 

– Estava passando por perto e a ouvi.

 

Assenti, me perguntando se ele havia notado o animal.

 

Tornei a olhar para o outro lado, onde o lobo surgira.

 

– O que tem lá? – perguntei apreensiva

 

Ele se sentou ao meu lado.

 

– Inimigos. E aquilo que você viu, era um deles.

 

Levantei as sobrancelhas, incrédula.

 

Lobos? Vocês são inimigos de lobos?

 

Ele riu com sua voz rouca.

 

– Não são apenas lobos, são lobisomens. E o outro lado é o território deles.

 

Senti um arrepio percorrer minha espinha, ao pensar em como eu chegara perto da morte.

 

– Mas então... Porque ele não me atacou?

 

Ele levantou os olhos para mim, e me fitou com seus olhos dourados.

 

– Eu não sei. Você estava em território neutro, e a julgar pela cor de seus olhos, seria normal que o fizesse.

 

Não respondi nada.

E nem ele falou mais alguma coisa.

 

Um silêncio constrangedor tomou conta da situação.

 

E apesar a falta de palavras, seus olhos continuaram intensos no meu rosto, como se medisse e analisasse cada traço meu.

 

Desviei o rosto, sentindo as bochechas arderem.

 

– Tá na minha hora – disse me levantando. Ficar sozinha de noite ao lado de Edward não era saudável.

 

Ele abriu o sorriso e se levantou também.

 

Ao meu lado, seu corpo esguio, forte e toda aquela magnitude que emanava do seu corpo, me fizeram me sentir um ratinho indefeso.

 

Ele se aproximou de mim se curvando, e encostou seus lábios gélidos em minha testa.

 

– Boa noite – sussurrou.

 

E então, ele desapareceu na noite.

 

Fiquei olhando o nada com cara de paisagem, sem entender.

 

Pisquei os olhos me recuperando do choque, e passei a mão pelo braço para aquecê-los. Mas

No fundo eu duvidava que aquele arrepio tivesse sido por causa do frio.

 

 

 

 

 

 

Dormi pouco naquela noite.

 

O dia mal amanheceu e eu infelizmente já estava de pé me arrumando, antes mesmo de tocar o despertador.

 

Vesti uma calça jeans escura, com uma cacharrel bem grossa por baixo do sobretudo bege maravilhoso que Alice me dera. Calcei as botas rasteiras e deixei meus cabelos soltos.

 

Quando desci as escadas, Esme já tinha feito e preparado o café-da-manhã por mim. E havia feito tudo á moda italiana.

 

Sobre a toalha de mesa quadriculada, havia café com leite, bolinhos de chuva e bolachas.

Ela se sentou e conversou comigo enquanto eu tomava meu café.

 

Era impossível não ver uma mãe nela.

 

Dei um beijo em Esme e voltei ao quarto. Fiz minha higiene pessoal e peguei a mochila vermelha já preparada por você-sabe-quem.

 

Alice era um staff em uma única pessoa.

 

Cheguei à garagem e já estavam todos lá. Mas pelo visto estavam discutindo.

 

– Isso era dia Rose? – era a voz de Emmett estressado.

 

Rosalie jogou os cabelos loiros para o lado.

 

– Ai querido, nossos carros estavam tão sujinho. Não podia deixá-los naquele estado.

 

Olhei para a garagem. Carlisle já tinha saído com o carro, e o jipe e o conversível vermelho de Rosalie não estavam. Apenas minha moto estava parada no mesmo canto que eu deixara.

 

Suspirei aliviada, não teria que ir no aperto que seria o Volvo com Emmett. Afinal de contas, eles não poderiam aparecer a pé.

 

Passei por eles e fui até a minha moto. Empurrei-a até ficar próxima deles.

 

Aproveitei que eles estavam discutindo, e olhei para Edward.

Na luz do dia nublado, ele estava ainda mais bonito do que na noite passada. Seus cabelos estavam desgrenhados como sempre, mas algo nele me dizia que estava diferente.

 

– Nós nos vemos lá? – perguntei para os outros.

 

Alice se virou para mim.

 

– Vai indo Bella, você ainda tem que fazer sua matrícula. Nos encontramos em alguma aula ou na hora do intervalo.

 

Assenti.

Subi na moto, dei a partida e acelerei. Deixando a garagem para trás.

Passei pelo corredor de árvores até sair na estrada, onde eu aumentei a velocidade.

 

O episodio da noite passada me ainda me atormentavam.

 

Alguma coisa estava errada.

 

Eu vi os olhares de ódio que ele me lançara. Aquele beijo repentino na testa não tinha sentido.

 

Diminui á velocidade ao entrar na cidade. Não sei se as pessoas torciam os pescoços para verem a moto ou quem era sobre ela.

Curiosos, exatamente como Alice dissera.

 

Virei à próxima esquina e dei de cara na Forks High School.

 

O estacionamento ainda estava vazio, então estacionei em uma vaga perto da secretaria, onde eu teria que ir primeiro.

 

Ainda era muito cedo, o fluxo de chegada de alunos ainda era fraco. Mas os poucos que passavam por mim me analisavam da cabeça aos pés.

 

Fui para a secretaria e falei com uma senhora.

Ela me deu as papeladas para preencher e assinar. E assim que eu lhe entreguei tudo pronto ela me passou meus horários de 3º ano.

 

Entrei na propriedade da escola e fui até uma das mesas vazia do pátio. Joguei minha mochila sobre ela e me sentei, onde fiquei até o sinal bater.

 

Assim que o alarme soou, olhei para o meu horário.

Sorri.

Era uma das matérias que normalmente me dava bem.

Peguei minhas coisas e me dirigi para o ginásio.

 

 

 

 

Assim que entrei na quadra, começou o burburinho.  A essa altura todos já sabiam que havia uma nova Cullen na área.

Podia ouvir os comentários desagradáveis das garotas e os elogiosos em excesso dos garotos.

 

A turma formava uma fila de duplas, então fui para o ultimo lugar da coluna das meninas. Sem me preocupar quem seria meu parceiro de atividades.

Eu venceria de qualquer jeito, a não ser que fosse um Cullen.

Ri comigo mesma.

 

– Hey – uma voz masculina soou ao meu lado.

 

Olhei para ver quem era.

 

Um garoto moreno, alto e forte de cabelos arrepiados falou comigo. Ele sorria, e seus dentes eram brancos como leite.

 

Cumprimentei com um aceno de cabeça e retribui o sorriso.

 

– Você é nova aqui, não é?

 

– Aham

 

– Maneiro, eu também.

 

Ele esticou a mão, para que eu me apresenta-se.

 

Apertei a sua mão. E pela primeira vez, a temperatura de sua mão não me pareceu fria, e sim equivalente.

 

– Isabella Sw..Cullen. – disse me corrigindo rapidamente

 

Ele estreitou os olhos e me olhou com um olhar travesso, como se tivesse me pego em minha mentira.

 

Mas no final, ele apenas gargalhou.

 

– Prazer Bells. Meu nome é Jacob Black.

 

 


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