Caçadora De Vingança escrita por A Granger


Capítulo 18
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas =]
Tá, demorei, eu sei, mas dá só uma olhada no tamanho desse cap!! Acho q a demora valeu a pena ;)
Aproveitem, e comentem tbm, viu. Responder vcs me anima =D
Bjs



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/377543/chapter/18

POV Julia

Acho que era a primeira vez que eu sentia isso. Remorso. Realmente não era algo que aparecesse na minha vida constantemente. Pra falar a verdade nunca me arrependi de algo que fiz ou deixei de fazer. Agora estava arrependida por duas coisas ao mesmo tempo: ter beijado ele e ter fingido que não havia acontecido nada depois. E, ao mesmo tempo, fiquei irritada por ele achar que eu era o tipo de pessoa que brinca com os sentimentos dos outros. Sei que meu jeito pode até parecer assim, mas eu nunca fiz algo do tipo. Bem, não com quem não merecia. Na verdade, era mais como se eu brincasse com quem acha que esta brincando comigo, mas isso não vem ao caso agora.

Fiquei um tempo apenas parada no corredor, depois que ele saiu. Acabei por achar que, no fim, ele me odiar seria a melhor forma de mantê-lo longe. Foi quando ouvi o barulho de um motor, uma moto mais precisamente. Meu primeiro impulso ao reconhecer aquele som foi sair correndo como uma criança que tinha aprontado alguma e agora precisava se esconder para escapar da bronca por um tempo maior. Mas meu carro estava em frente à casa, bem na cara de qualquer um que chegasse, resumindo, ela saberia que eu estava ali e fugir seria ainda pior caso ela já esteja brava comigo. Por isso corri para fora do pavilhão, dando a volta na casa e parando ao lado da varanda. A primeira coisa que vi foi Tia Jes apontando uma espingarda para a pessoa que havia acabado de chegar.

–-Tia Jes abaixe a arma – pedi assim que ela me viu chegando – É alguém que eu conheço.

Depois disso ela abaixou a espingarda e apenas ficou olhando para ver o que aconteceria. Estacionada um pouco atrás do meu carro estava uma moto preta ( http://www.p69.com.br/wp-content/uploads/2013/05/motos-tunadas-12.jpg?0bce15 ). Sobre a moto estava uma pessoa; uma mulher claramente bonita, calça jeans desbotada e com alguns lugares gastos e com rasgos perto dos joelhos, um tênis marrom escuro e preto que as pessoas compram pra fazer trilhas, uma camisa azul também desbotada com gola em “V”, uma jaqueta de couro velha e um capacete todo preto na cabeça. Não que ele fizesse grande diferença porque eu sabia perfeitamente quem era sem precisar ver o rosto da pessoa. Afinal, fui eu quem a ajudou a montar aquela moto, e a jaqueta foi um presente meu de muito tempo atrás. Por causa disso eu sabia muito bem que dentro daquele capacete estavam cabelos louros escuros levemente encaracolados cortados até os ombros e olhos azuis muito claros que impediam-na de desmentir sua descendência russa.

Lilliam Nortveiz, ou, para mim, Lia. Alguém a quem eu devia tanto quanto minha própria vida. Alguém que eu não queria que me encontrasse agora.

A calma com que ela tirou aquele capacete me deu medo. Quando os olhos dela encararam os meus eu pensei que a ideia de ter saído correndo na direção contraria não tinha sido tão ruim assim. Engole em seco e andei até perto do meu carro enquanto ela pousava o capacete no tanque da moto. Quando parei de andar ela começou a falar enquanto se levantava.

–-Inconsequente, imprudente, irresponsável. São só alguns dos adjetivos que estão vindo a minha mente só em olhar pra você, Julia McClean – a voz dela estava grossa como sempre, herança do pai russo, isso e o sotaque que só aparecia quando ela estava muito nervosa ou irritada, e, para o meu desespero, ouvi o sotaque russo se acentuar quando ela falou meu nome – Se lembra do que eu disse no dia em que Amélia veio brigar comigo porque eu tinha aceitado te ensinar? – ela me perguntou e eu só concordei com a cabeça, já estava ferrada demais pra correr o risco e fazer uma piadinha por causa do nervosismo – Eu disse a sua mãe: é uma garota inteligente e responsável, ela sabe ponderar os riscos das coisas, nada de mal vai acontecer comigo ensinando-a. Sabe o que eu diria a sua mãe se pudesse vê-la agora? – Lia me perguntou e eu, de novo, eu neguei com a cabeça – Eu diria que ela tinha razão e pediria perdão por não tê-la escutado quando tive a chance. Juli, você me conhece bem o bastante para saber o quanto eu odeio pedir perdão, não conhece?

Isso foi outra pergunta pra mim. Ok, pelo menos ela usou o apelido que deu pra mim, talvez eu não esteja assim tão ferrada. A quem estou querendo enganar, é claro que estou ferrada e um apelido não vai me ajudar agora.

–-Lia, eu fiz o que tinha que fazer. Eu sinto que tinha que vir pra cá, eu...

–-TINHA PORRA NENHUMA!!!! – ela gritou. Nota mental: nunca mais irritar a Lia o suficiente para fazer ela gritar. É alto, e ela não tinha acabado – Você saiu de casa sem sequer olhar o material que ela te enviou, não foi?? – só para constar não tive tempo de responder essa pergunta – CLARO QUE NÃO. Se tivesse analisado tudo teria encontrado o que eu encontrei e estaria longe daqui.

–-Lia, com aquele mapa era...

–-O mapa – ela me interrompeu de novo – Que ódio da tua mãe por ela ter colocado a porcaria daquele mapa nos documentos. Porque não por aquilo num arquivo de pen-drive ou qualquer coisa do tipo? Mas não, a Amélia tinha que deixar aquilo em papel pra você bater o olho e fazer besteira.

–-Era o que eu devia fazer, Lia – eu ainda tentei expor meus motivos – Eu precisava de pistas.

–-Pistas pra quê?? Isso não é um dos teus casos! Eu não te ensinei tudo o que ensinei pra você sair por ai colocando sua vida em risco por uma vingança que não vai te levar a nada!!!

(N/A: é a partir daqui que o Ford começa a ouvir)

–-VOCE NÃO ENTENDE!!!!!! – foi minha vez de gritar e soube logo depois que não devia ter feito isso, mas já tinha feito e voltar atrás não dava – Uma vida, Lia. Uma vida inteira que eu podia ter tido e não tive por culpa deles. Uma família que podia ter sido completa e nunca foi por causa deles!!!

–-Acha que foi a única que eles prejudicaram? Acha que é a única com direito a justiça, ou vingança como você parecer querer? Acha que foi a única com a família quebrada por eles? Acha que só porque pode e tem o que é preciso pra ir atrás deles tem que fazer isso?? Não entende o risco que a sua simples presença trouxe a eles?? Você tem pra onde voltar e como se manter segura. Tudo o que eles tem é isso o que esta aqui; tudo o que eles podem fazer já foi feito.

–-Eu sei. Acredite, eu pensei nos riscos a eles também. Nem planejei ficar tanto tempo, só aconteceu ter sido assim. É claro que não quero envolvê-los porque eles não tem nada haver com isso, não diretamente.

–-Garota tola – disse Lia me encarando com uma expressão que não consegui decifrar – Estão tão envolvidos quanto você. Talvez mais já que, diferente de você, eles convivem com os Cloud’s - minha expressão confusa fez ela continuar – Aquele HD tinha provas, Julia – disse Lia séria – Provas que comprovavam as suspeitas da Amélia sobre o incêndio e também aquele acidente de carro não terem sido coincidências. Provas que dizem que não foram só acidentes.

Fiquei tão surpresa que não soube o que responder. Olhei pra Tia Jes e a vi com as mãos sobre a boca e os olhos arregalados. Meio difícil ela não saber que o incêndio mencionado por Lia foi o que matou meu pai. Mas aquela expressão só poderia significar que ela sabia que o “acidente” ao qual Lia se referiu tinha que ser o que matou Will, o marido dela e pai de Ford. Foi quando entendi a irritação de Lia. Mesmo com algumas duvidas e suspeitas, minha mãe e eu sempre pensamos que o caso do meu pai era o único, que ele tinha sido a única vitima direta dos Cloud’s. Mas aqueles arquivos (que fiz a besteira de não analisar) eram a prova de que isso não era verdade. E se eles tiveram a coragem de matar para conseguir o que queriam uma segunda vez, quem garantiria que não faria de novo? A resposta era obvia: ninguém. Quando, segundos depois de eu ouvir Lia terminar de falar, essa realidade me atingiu de verdade eu percebi. Eu não devia estar aqui. Não pude pensar em uma solução, bem, foi mais com: não tive tempo sequer de reagir aquilo.

POV Ford

Ouvir a conversa de outras pessoas não é algo legal. Mas com aquelas duas gritando era difícil não escutar. A tal Lia era bem bonita mesmo eu calculando que ela devia ser só um pouco mais nova que minha mãe pelo jeito que a Julia a tratava tinha que admitir que ela parecia bem jovem.

A discussão das duas pareceu chegar ao ápice quando Julia gritou também. E eu não estava entendendo nada. Mas daí ouvi a ultima frase da mulher. Eu não tinha certeza do que aquilo significava até olhar pra minha mãe na varanda; foi quando entendi: elas estavam falando do acidente do meu pai. Mas se aquilo era serio significava que meu pai não morreu num simples acidente de carro.

–-JULIA!!! Me diz que o que essa mulher falou não é o que eu acho que é – falei fazendo as três me encararem surpresas por eu estar ali.

–-O quanto você ouviu garoto? – me perguntou a loira chamada Lia.

–-Não sou garoto – respondi irritado – E ouvi o bastante pra entender que o acidente que matou meu pai não foi acidente coisa nenhuma. Julia, eu quero saber, e quero saber agora, como ela pode afirmar isso e quem infernos essa mulher e você são?

–-Quem você pensa que é pra me dizer o que fazer, Johnson? – ela retrucou tão irritada quanto eu.

–-Julia – chamou a loira tentando controlá-la.

–-Você vai saber o que acharem que deve saber e no momento não acho que devo te contar coisa alguma – continuou ela ignorando a mulher.

Me aproximei irritado.

–-Ouvi vocês dizendo que sua presença aqui trás riscos pra nós. Não sou burro. Você aparecer viva depois de pensarem que esta morta não é motivo o bastante pra que nós corramos riscos! Então isso só pode ter haver com quem é você e como pode ter acesso ao tipo de informação que precisaria para saber das coisas que diz que sabe. Mas que se dane isso. O que me interessa é o porquê de eu ser o único a, aparentemente, não ter ideia de que meu pai foi assassinado!!!

–-Deixe de ser fresco. Esta ai reclamando que nem uma garotinha mimada só porque não sabe de um segredinho das amiguinhas. Entenda que eu não lhe devo explicações – ela me respondeu raivosa.

–-É O MEU PAI, CARALHO!!!!! – não me orgulho de dizer que perdi o controle, mas foi o que aconteceu – Eu tenho o direito de saber!!

POV Narradora

–-Ele morreu! Foi isso o que aconteceu, não há nada mais que possa te interessar! – falou Julia irritada, toda aquela situação e seus próprios erros estavam rodando em sua cabeça deixando-a com raiva de tudo.

–-Não brinque comigo! – disse Ford sem gritar, mas ainda assim num tom firme fazendo Julia se lembrar da ultima conversa deles – Você não tem o direito de esconder coisas de mim se você mesma as está trazendo a tona.

Numa coisa ele tinha razão, ela não tinha o direito de esconder mais nada quando estar ali significava trazer velhas memórias de volta. Tinha haver com ele tanto quanto tinha com ela.

–-Ok – falou Julia se aproximando até estar encarando os olhos de Ford de perto – Só não se arrependa depois, já que foi você quem escolheu saber – a expressão de Ford continuou decidida enquanto ele sustentava o olhar dela – Sabe aquele tipo de criminoso que as policias como a CIA ou o FBI vivem caçando por anos e nunca conseguem capturar e então do nada eles aparecem presos? São pessoas como eu que os pega. Por baixo dos panos essas agencias do governo pagam recompensas para pessoas como eu; que vivem em contato com esse tipo de gente e o que eles chamam de submundo. Eles nos chamam de Caçadores de Recompensas assim como no passado quando o governo emitia aqueles cartazes de “Procurados”. Isso nunca deixou de acontecer, só se tornou mais tecnológico. Minha mãe e eu estamos onde estamos hoje por que numa noite uma Caçadora precisou de ajuda e fomos nós a salvá-la. Graças a isso aprendemos a ser o que somos hoje. Mas nunca esquecemos dos Cloud’s e procuramos provas contra eles desde então. Eu nunca tive a vidinha fácil que você leva, então não me venha falar de direitos. Ta irritado porque seu pai pode ter morrido por culpa dos Cloud’s? Meus pêsames, mas você pelo menos o conheceu. Você se lembra do rosto dele, da voz dele. Sabe como era tê-lo por perto. Eu nunca vou saber nada disso, nunca.

–-Porque não disse isso antes? Porque não contou a verdade? Porque escondeu tudo isso de nos? – perguntou Ford agora confuso com tantas informações.

–-Qual é, Johnson. O que queria? Que eu chegasse aqui e dissesse do nada: “A, liga não, vim procurar minha mãe porque ela veio sozinha atrás dos caras que mataram meu pai e que provavelmente mataram o seu também”. Não seja idiota, ninguém faria isso – disse Julia com uma expressão indiferente saindo de perto dele.

Ford não soube o que falar pra ela, não havia algo que alguém pudesse dizer na verdade. Lia ficou encarando os dois e depois as costas de Julia enquanto essa se afastava em direção as baias.

–-Não a culpe – disse Jessica – A parte sobre seu pai ela não falou porque notou que eu não queria que você soubesse.

–-Porque, mãe? Era meu pai.

–-Só não queria que você se envolvesse mais do que o necessário.

De repente Julia passa galopando em um dos cavalos que deveriam estar nas baias em direção aos piquetes da frente que não eram usados. Aquela também era a direção do que antes era a propriedade do pai dela.

–-Vai atrás dela – falou Lia encarando Ford de um jeito serio.

–-Ela não vai escutar nada que eu diga – disse Ford pensativo.

–-Ela não precisa escutar – respondeu Lia se aproximando dele – Ela tem é que saber que você admite que não sabia o que estava falando.

–-Mas eu sei o que falei, e não disse nada errado.

–-Claro que disse!!! – respondeu Lia brava – Reclama porque ela os colocou em risco, mas diz que ela devia ter contado coisas que escondia pra proteger a todos que conhece!!! Você acabou de ouvir algo que não contamos a ninguém, absolutamente ninguém, que não tenha envolvimento direto conosco. E mesmo a esse tipo de pessoas há coisas que escondemos para que ninguém se machuque. Você, garoto, não tem noção de tudo o que ela passou e das coisas que ela e Amélia tiveram que enfrentar para questionar os motivos dela. Você não entende como é viver a vida dela tendo de esconder tudo de todos para não prejudicar ninguém e tendo de se afastar ao máximo das pessoas para não envolvê-las em problemas. Agora obedeça e vá atrás da Julia. AGORA!!!

Depois disso Ford correu para as baias selou a égua que estava tratando há alguns minutos antes e saiu atrás de Julia. Em parte porque Lia era realmente ameaçadora dando ordens a alguém, mas mais pelo fato de ele ter entendido que ela tinha razão. Que ele era o errado daquela vez. Mas tinham algumas coisas que Lia tinha dito que estavam dando voltas na cabeça dele.

Ter de esconder tudo de todos para não prejudicar ninguém e se afastar ao máximo das pessoas para não envolvê-las em problemas. Isso não parava de se repetir na mente dele fazendo-o pensar no jeito apressado em que Julia saiu do celeiro depois de beijá-lo. Com pressa, se afastando o mais rápido que podia como se tivesse acabado de fazer algo que não deveria ter feito. E se essa fosse a explicação? E se ela tivesse apenas se afastando dele como sempre fez a vida toda para não envolver outras pessoas na vida confusa e perigosa dela? Ele não sabia ainda, mas estava disposto e determinado a descobrir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

COMEEEENTEEEEM KKKKKKKKK =D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Caçadora De Vingança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.