Cherry Heart escrita por xxxmcxxx


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Capítulo longo pra comemorar o fim da semana de provas e o fato de eu não estar de recuperação. o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/37749/chapter/11


Sentada na calçada, ás 7:39 da noite, Yume observava o carro conversível dobrando a esquina e vindo em sua direção. Era um Dodge Viper SRT10, sua cor vermelha viva parecendo ainda mais lustrosa com as luzes dos postes na noite.


Yume podia ver seus vizinhos debruçarem-se sobre as janelas, completamente curiosos. Quando o outomóvel estacinou a sua frente, sentiu um calafrio, preferia dar-lhe as costas agora. A porta do motorista se abriu e este então foi até a porta do passageiro e a abriu.


- Não precisava de todo esse exagero, meus vizinhos estão olhando. –Sussurrou nervosa, entrando no carro seguida por Yamaruu.


Ele, por sua vez, sorriu com as feições exprimindo um pedido de desculpas, meio constrangido. –Eu entendo...não foi minha intenção.


Por um minuto, Yume quis que Crow estivesse ali, então ele não diria algo educado assim. Provávelmente iria dizer: “E daí, foi divertido, não foi?”, ou então só “E daí?”.


- Então, aonde vamos? –Perguntou subitamente.


- Pro melhor clube da cidade á noite...Apenas se você gostar desse horário,claro.


 


X_x_X_x_X_x_X_x_X_x_X_x_X


 


O carro parou em uma rua culminada de pessoas, em frente as luzes de lojas, bares, boates, e ambos desceram.


- Daqui vamos andando.


Passando por muita gente carregando sacolas, entrando em estabelecimentos, observando vitrínes e indo para longas noitadas, deram com um beco largo e pouco iluminado.


Cravada na parede deste beco estava a porta de um clube aparentemente de elite, mesmo em consideração do lugar onde se situava. Na placa acima dela, estava escrito “The Disguise Animal”.


Por que todo lugar estranho tem um nome estranho?”, a voz de Yume soou em sua própria cabeça como que se o pensamento fosse inevitável.


Por dentro, o clube ainda possuía uma salinha mal iluminada, onde um segurança postava-se diante de uma fila de pessoas enfileiradas sobre um comprido tapete de pele de urso polar, contrastando com as paredes encobertas de veludo vermelho.


Yamaruu andou calmamente até o segurança e mostrou dois ingressos prateados com as letras “ V.I.P “ perfeitamente visíveis; após isso, a passagem deles já estava livre. Mas, antes que adentrassem o clube completamente, foram-lhe entregues duas máscaras, uma preta que cobria apenas o rosto e o nariz com um bico curvado de pássaro e duas penas saltando da borda esquerda superior e a outra já era mais simples, cobria apenas os olhos e era de um tom lavanda, com uma rosa pintada de violeta acima do olho direito; ao seu redor havia um entrelaçado de cordões roxos e lilázes com uma sequência de contas de tamanhos váriados despencando face abaixo, como se os buracos feitos para os olhos na máscara estivesse chorando.


Yume se perdia examinando as contas e as penas dos acessórios que quando ficou sob os flashes vibrantes das luzes refletidas no globo de discotéca tomou um susto com a aparência da festa onde jamais sonhou estar antes.


A cor da pista de dança oscilava com a coloração que se abatia sobre ela, parecendo um espelho sobre os sapatos de salto e tênis de marca que deslizavam no piso.


As mesas e cadeiras eram forradas de veludo esverdeado como jasmins, em um estilo antiquado e colônial, típica decoração de algum casarão renascentista. O aposento inteiro estava decorado com espelhos das mais variadas formas, assim como as imagens que apareciam refletidas neles, algumas esticadas, repuxadas e outras irreconhecíveis, mas todos apresentavam gente máscarada.


Uma garota bem morena sentada na ponta de uma escada em aspiral, escorada em um espelho alto tinha o rosto de penas verdes, azuis e pretas com uma armação e um bico dourado, um pavão. Os olhos escondidos entre as aberturas eram pintados de azul-safira e acompanhados de lantejoulas da mesma cor em uma tonalidade diferente.


Um menino baixo e pálido no canto da pista de dança deixava as mechas desfiadas da franja enquadrarem a faixa de tecido fino e transparente salpicado com bolinhas pretas na altura dos olhos. 


Mais algumas moças usavam máscaras roxas, mas nenhuma era igual a outra.


A maioria dos que se encontravam sacolejando em baixo dos holofotes no ritmo das músicas, trajavam faces escamadas e brilhantes em diversos tons, como peixes, sapos ou Kois. Também estavam em roupas formais, como vestidos tomara-que-caía dourados ou camisas de linho brancas. Yume sentiu-se abaixo das expectativas dos olhares que recebia, já que usava um vestido preto na altura dos joelhos sem estampas e mangas longas.


 


Ao notar o que se passava, seu acompanhante sorriu paciente e propôs:


- Eu sabia que ia precisar de alguma coisa melhor pra vestir. Já sei exatamente o que você vai vestir.


 


X_x_X_x_X_x_X_x_X_x_X_x_X


 


Do outro lado da cidade, em uma área cinzenta repleta de prédios executivos e escritórios, havia uma doceria estreita e alta onde os últimos clientes estavam indo embora.


- Não acredito que eu trabalho pelo salário mínimo e ainda tenho que trabalhar até tão tarde. –Resmungava uma pessoa de cabelo cor de piche, apoiado sobre uma cadeira e com o avental de trabalho em uma das mãos.


- Reclame menos e pense que agora você já pode sair e aproveitar o resto da noite, criança ingrata. –Retrucou a gerente sentada em outra cadeira com os pés cruzados em cima da mesa, comendo um saco de jujubas coloridinhas.


- É, e você já pode ir sair com o seu irmão e com a sua amiga pra ir naquela festa. –Disse a voz estridente e baixa de uma criança que estava fechando a porta da frente e virando a plaquinha para o lado “ FECHADO “.


- Festa, que festa?Como assim?


- Eles tavam falando hoje de tarde, antes de você chegar, que iam sair pra algum lugar. Um clube, sei lá. –Explicou a irmã gêmea do menino que trancava o lugar.


Crow largou o olhar em algum canto qualquer da sala e ficou a pensar completamente quieto por alguns segundos. Então ergueu a cabeça e deu um salto para frente, pôndo-se a correr.


- Eu preciso ir pra lá agora!Aonde eles foram?! –Gritou enquanto estendia os braços para reabrir a porta.


- Não sei, mas ele disse que tinha dois ingressos pra esse tal clube. –Responderam as duas crianças.


- Ah, droga. –Murmurou ele antes de atravessar para a rua, pensando no único lugar onde poderiam ter ido.


 


X_x_X_x_X_x_X_x_X_x_X_x_X


 


Guiada até uma salinha pequena, uma espécie de camarim, com dois sofás esverdeados, armários largos de portas abertas exibindo carríssimas roupas sociais, incontáveis espelhos.


Passou seus olhos violetas por cada traje e acessório, atenta ás marcas gravadas nelas, cada uma mais famosa que a outra.


- Pode pegar a que quiser, estão aqui pra isso mesmo. –Murmurou o garoto atrás dela, dando de ombros.


- Estão mesmo?


- São figurinos, na realidade, pro teatro que funciona aqui durante o dia para este mesmo público. Mas sempre alguns clientes da boate precisam de alguma coisa em caso de alguns “ probleminhas “, como você. –Disse sorrindo de leve e gesticulando com a mão no ar para que Yume escolhesse algo do armário.


Dentre todos os empoleirados ali, o que mais lhe chamou a atenção foi, para variar, um vestido roxo bem escuro, quase de tonalidade preta. Feita de seda, ondulava ao reflexo das lâmpadas, ressaltando o brilho arroxeado. Uma faixa rosa bem destacada estava enrolada acima da cintura, logo abaixo do decote torto em V.


Rendas e mais rendas prendiam o vestido em seu corpo quando o colocou, as pontas da faixa cor de rosa quase tocando o chão. Um par de luvas bem curtas, seguiam com rendas pequenas, em forma de losângulos, até se desfiarem totalmente e fecharem pouco depois no pulso. Saltos do mesmo tom que o vestido, suas rendas se enroscavam-se em suas pernas até o joelho.


 


- Ficou ótimo! –Falou de forma simpática seu acompanhante, estendendo a máscara para que ela a recolocasse no rosto.


Sorrindo, Yume virou para um espelho e fitou sua imagem. Irreconhecível, como todos ali deveriam estar, como todos em qualquer lugar de Tóquio estavam agora.


- Vamos sair daqui. –Yamaruu puxou seu braço, tentando guiá-la até a pista onde as pessoas da festa dançavam com a música alta de estourar os tímpanos, o que fez com que Yume refletisse como o som era impossível de ser escutado do lado de fora dalí.


 A pista ficava cada vez mais cheia e abafada, impossível de se resistir com um ritmo eletrônico cada vez mais hipnótico e equalizado numa frequência maior e melhor.


Os mascarados, assim como ela, iam movendo-se conforme as batidas do som numa espécie de frenesi, seus olhos cravados no piso brilhante observavam com fervor os passos que outros dançarinos faziam.


Sem se lembrar do que acontecia direito naqueles momentos, deixou aquela hipnose dominar seu corpo e mente por inteiro. Depois estava segurando uma taça com um lícor rosa e bebendo sistemáticamente, mesmo sem perceber.


O tempo rolava, a música aumentava e Yume se deu conta de que talvez tivesse bebido de mais. Não fazia diferença, todos ali estavam na mesma onda, ela não tinha destaque algum ali, ninguém tinha. Já estava fora do normal mesmo, chapada, e sabia que não havia ninguém ali que realmente iría traze-la de volta pra casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cherry Heart" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.