Cherry Heart escrita por xxxmcxxx
Cap. 10
Em uma rua movimentada, um carro vermelho blindado refletia em suas janelas escuras as imagens dos prédios e pessoas a sua volta. Toda vez que o motorista pisava no acelerador com um pouco mais de força, o motor rugia e o automóvel dava uma arrancada violenta para frente. As pessoas nas calçadas não paravam de encará-lo.
Sutilmente,a Ferrari fez uma curva fechada e estacionou propositalmente (e de maneira bruta) ao lado de um hidrante.
A pessoa que dirigia o carro saíu deste com a expressão calma, completamente impassível em relação á tudo, como se dirigir daquela maneira fosse simplesmente normal.
Uma sineta bem pequena soou agradávelmente quando ele abriu a porta larga da doceria. Lá haviam inúmeras pessoas, então quase não notaram-no ao adentrar o lugar.
- Vai trabalhar.
A gerente repentinuamente apareceu em seu campo de visão, estendendo-lhe um bloco de notas para anotar os pedidos, um avental e uma bandeja de prata reluzindo.
- Que bom que lembrou que hoje é meu dia de folga.-Segurou os objetos fazendo uma expressão de criança descontente que parecia real; talvez até fosse.
- Já que veio aqui é melhor trabalhar, eu não te pago pra nada,Crow.
Retrucou com seu jeito ignorante e autoritário de soar.
- Mas você mal me paga...!
Olhou para os braços,deu de ombros e foi amarrar o avental em volta da cintura. Em seguida,olhou ao redor procurando alguém. Franziu as sombrancelhas ao notar que, estranhamente, a pessoa que esperava não comparecera.
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Aproximadamente 45 minutos antes desta cena, havia uma adolescente de íris lilás sentada no balcão da mesma doceria, amassando entre os dedos uma embalagem de bombom amarela.
- Vai querer alguma coisa? –Indagou uma mulher de olhos cor-de-sangue e fios de cabelo bem escuros, era gerente do estabelecimento.
- Não,desculpa,eu só estou esperando uma pessoa.
- Tanto faz. Quando o Crow chegar, então você pede alguma coisa gordurosa e cara e peça pra ele ir trabalhar.
Yume passou alguns segundos ainda desconcertada, observando-a atender outros clientes. Sem que percebesse,alguém aproximou-se por suas costas e lhe deu uma cutucada no ombro.
-...............? –Encarou a pessoa com a boca entreaberta de surpresa, já havia visto-o anteriormente. –Eu te conheço? –Conseguiu formular lentamente cada palavra.
O desconhecido gesticulou um “não” com a cabeça, sorrindo simpático e estendendo uma das mãos que estava enfiada nos bolsos da calça para comprimentá-la. Parecia exatamente com Crow, tirando o cumprimento do cabelo, a idade e as expressões que seu rosto apresentava hora ou outra. –Yamaruu, provávelmente uma pessoa que Crow nunca mencionou,certo?
Puxou uma cadeira e sentou-se ao lado de Yume, sorrindo de uma maneira que lhe parecia confiável.
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Depois de gastar algum tempo jogando conversa fora, Yume sacudia o garfo do bolo que havia acabado de comer entre dois dedos. –Ah, eu já ia me esquecendo de perguntar...por que é mesmo que o Crow nunca fala em você.
Yamaruu hesito por uma fração de segundo, então voltou a encara-la e respondeu.
- É só ressentimento... Existem pessoas que não superam as coisas com facilidade. Mas tudo bem, é apenas um pouco de infantilidade.
- Não sei por que eu nunca ouvi falar de você,parece ser tão legal.
- Imagina,você também é! A propósito, eu tenho entradas pra um clube hoje. Eu e alguns conhecidos vamos, não faria mal chamar mais alguém. –Sorriu acolhedoramente, entôando cada frase com entusiasmo.
Yume abriu os lábios no intuito de formar a frase “acho melhor não.”, no entanto as palavras saíram quase que inconscientemente: -Claro, que mal haveria em ir?
Sua compânia repuxou os cantos dos lábios abrindo um sorriso parecido com o gato de “Alice no País das maravilhas”.Levantou-se sem aviso, agarrando uma caneta no bolso da mochila e estendendo-a á garota.
-Me passa o seu número, aí eu posso te pegar hoje a noite.
Yume simplesmente queria desfazer o que tinha dito, queria muito por que achava tudo isso muito errado; porém, as letras escapavam de sua memória. Desistindo por fim de continuar tentando, murmurou algo em concordância e escreveu com a tinta vermelha da caneta sobre um guardanapo o número do seu celular e o de casa também.
Antes que Yamaruu partisse, conseguiu perguntar. –Esse lugar a onde vamos, como ele é?
- Não se preocupe,você vai achar legal. –Foi tudo que obteve como resposta.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
T-é-é-é-é-d-i-o.