Cherry Heart escrita por xxxmcxxx


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. =D



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Cap. 9


Adentrando um gigantesco prédio,o garoto passou a mão pelo cabelo cor de piche enquanto observava o céu ameaçando uma tempestade bem a cima de sua cabeça.


Enquanto subia no elevador,continuava com o olhar perdido sob a grande metrópole atravéz do vidro que permitia que todos aqueles que passassem na calçada vissem quem morava no condomínio caríssimo.Os números dos andares pareciam-lhe passar como uma eternidade: 14º......15º............16º....................17º,18º,19º......20º.....21º.


As portas do elevador abriram-se com um barulho pequeno,quase imperceptíve,e eletrônico.


Puxando as chaves da corrente presa ao bolso do casaco,enfiou-as num gesto desajeitado e abriu a porta o mais devagar o possível.


-Cheguei. -Anunciou em tom baixo,sem achar real necessidade de que alguém ali soubesse de sua presença.


Cruzou o enorme e luxuoso apartamento após tirar os tênis á porta e adentrou seu quarto.As persianas estavam fechadas,deixando que apenas alguns raios prateados de luz adentrassem o local,refletindo nos cobertores azuís sobre sua larga cama de casal,o laptop ligado como se alguém tivesse bisbilhotado alí a pouco tempo atrás,o Mp4 atirado sobre um emaranhado de CD’s e livros no tapete azul marinho.


Crow atirou a pesada mochila ao lado destas tralhas e caíu de costas sobre a cama.Não parava de pensar nos acontecimentos dos dias anteriores,não parava de pensar em nada.


 


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“Ah,que tédio...Queria que hoje fosse sábado a noite de novo,foi tão bom.Eu devia ter beijado ela...ou não?


Espera,ela queria que eu beijasse alguma hora ou não?Não importa,que importância isso tem pra mim além de...toda.Mas não era pra ser assim a minha forma de vê-la, ela não veria ter se tornado demasiadamente pessoal.Não sei mais se haveria sido bem mais fácil se não a houvesse segurado naquela montanha russa e me evitar simplesmente de passar por isso.Não,claro que não!Só teria sido pior, em todos os sentidos, até pra mim...  


Ei,quem mexeu no meu computador?! Droga. Se foi você,Yamaruu,eu juro que te arrebento! Por que você tinha simplesmente de voltar logo agora?.


Yamaruu pode ser considerado o que for para quais queres outras pessoas,mas por mim ele é tido como o pior irmão mais velho do universo.Eu acreditei por um tempo que ele fosse diferente do resto da nossa família, mas não é,também mentiu e me passou pra trás e depois veio querendo me pedir desculpas.Eu nunca irei querer aceita-las,mesmo que declarando trégua.Seria ótimo se ele passasse mais uma temporada nos EUA,a milhas de distância de mim.”


 


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-Yamaruu,você já voltou da escola?! –Uma voz gritou do outro lado do apartamento.


-Não,pai,sou eu. –Crow respondeu ainda debruçado sobre a cama.


-Crow?Por que não me avisou quando chegou? –A voz parecia pouco se alterar,mas agora mostrava um tom um tanto mais irritado.


O garoto suspirou e sentou-se encarando a porta do comodo ainda fechada.


-Eu avisei,acho que você não ouviu ou coisa de tipo.


-Certo, isso não me importa.Agora trate de arrumar as suas coisas e depois vá fazer algo de útil...Se o seu irmão chegar apenas me avise.


-OK.


Já ia ouvindo o som dos passos dele distânciando-se a passadas largas quando repentinuamente estes pararam e Crow ouviu a pergunta:


-Crow,já tomou seus remédios hoje?


-Aham.


Então os passos continuaram normalmente,e ele voltou a colocar a cabeça sobre o travesseiro.Passados alguns minutos reclamando e conversando com sigo mesmo,caminhou até o banheiro e abriu a gaveta atrás do espelho, onde se encontravam vários remédios (alguns que ele acreditava nem terem utilidade alguma),pastas de dente e outras coisas mais comuns.


Abriu um frasco do tamanho de um apontador preenchido por pequenas pastilhas parte azuladas e parte vermelhas,despejando algumas sobre a palma da mão e em seguida engolindo-as bruscamente.


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“Certo,minha vida tem sido isso nos últimos anos.O motivo de tantos remédios é leucemia mielóide aguda (LMA)*,câncer sangüineo.Até parece que a quimioterapia ainda tem tempo de me ajudar,os remédios e soros vem sendo os mais eficazes.A dois anos atrás eu descobri que tinha leucemia,mas já estava em estado avançado,havia se desenvolvido aos poucos,mesmo sendo bem incomum ter este tipo de câncer ainda adolescente.Se bem que eu era meio fraco quando era criança,mas em boa parte do tempo era porque eu ficava com a minha mãe no hospital e então não saía muito pra brincar.Não,ela não estava doente,era médica.Deixou minha família quando eu ainda tinha apenas quatro anos,não parava de brigar com meu pai.Eles se separaram,ela vem morando nos EUA e então eu a visito constantemente.Em todo caso,preferiria que Yamaruu voltasse a morar com ela.


Ah,a propósito, não posso deixa-lo triscar o olho na Yume!Ah,que saco,interrompi aquele clima idiota de drama...


E falando em drama,no meu relógio já é hora do trabalho.Tenho que pegar o metro logo pra chegar na Cherry Heart a tempo.


Sabe,acho que eu poderia tentar chegar lá voando,só para irritar alguém do clã Corvo...


...Ou simplesmente pegar o carro do meu pai.”


 


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Crow levantou subitamente, derrubando o travesseiro e a trouxa sobre a cama direto para o chão. Foi apressadamente para a sala de estar com uma vista incrível de Tokio emoldurada na larga janela, apanhou as chaves de um carro em cima da mesinha de centro e direcionou-se para o elevador, onde apertou o botão do estacionamento.


Chegou até a vaga nº 38 e destravou o veículo. A sua frente,uma Ferrari vermelha reluzente piscou os faróis e destravou as portas.


Ele sentou-se no banco de couro,passando as mãos lentamente pelo contorno do volante.Quando em fim deu a partida,pisando no acelerador com força,o motor rugiu bem alto como que se obedecendo a vontade de Crow de fazer seu pai saber que ele estava pegando seu carro sem permissão.


Saiu cantando os pneus run-flat’s da garagem,sem importar-se com o tamanho da bronca que levaria de noite.


“Afinal,eu não tenho carteira de motorista e meu pai tem mais carros”,pensou dando o eventual sorriso de lado.


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Notas finais do capítulo

LMA* é uma doença real,mais ocorrente em pessoas adultas e embora seja uma doença relativamente rara, representa cerca de 1,2% dos óbitos causados por doenças oncológicas nos Estados Unidos.



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