Prostituta Do Governo escrita por Peregrino das Palavras


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

A história está chegando ao fim, mas vamos curtir enquanto ainda há. A verdade é, se eu alongar muito, ele fica cansativa já que não é uma aventura ou ação. Mas vamos continuar seguindo a vida de Val, Carlos e agora Caroline Luz.



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Os próximo dia foi normal, acordei, me arrumei, e fui para o salão, não tomei café, não podia fazer isso todos os dias, motivo? Grana, ou falta de tempo, acordo atrasada a maioria das vezes. Trabalhei até o limite do meu expediente, falei com Pru sobre as novidades, ele contou que adorou o Carlos, e me ofereceu uma carona, recusei, tinha outros planos. 
-Pru, posso pegar uma dessas folhas - apontei para pilha de sulfites na recepção. 
-Pode, mas por quê?
-Sabe a Carol que te falei? Bem, eu prometi voltar lá hoje, e vou fazer uma surpresa para ela.
-Está bem, mas veja lá.
Eu sorri como agradecimento, peguei uma caneta e escrevi na folha. Depois disso tomei meu rumo e fui para o hospital, meio estranho, não ir pra casa me trocar e ouvir meus CD's até ir para meu segundo emprego. Ou não sair com Carlos para algum parque, e jogar vôlei.
O hospital ficava longe, fiz uma boa caminhada até lá, não forcei o ritmo para não chegar lá suando. Ao chegar lá, fui até a recepção, e disse que queria ver Caroline Litch.
-Você possui algum parentesco com essa menina? - a recepcionista de cabelos castanhos e aparentemente alta perguntou sem nem mesmo olhar para mim.

Não, eu sou uma moça que trabalha em um salão, e a noite viro uma prostituta, minha casa está desabando, mas eu tenho uma plantação de rosas e morangos

Pensei em dizer, talvez ela deixasse eu passar por eu ter uma plantação de morangos e rosas.
-Bem senhora, sinto lhe informar que não posso solicitar a visita sem a permissão dos pais dessa menina. Ou sem dados seus, que comprovem a solicitação.
-Bem, os pais delas estão ai? Poderia chamá-los? Tenho que falar com a Carol, mesmo - Ela só tinha dez anos.
-Vou ver o que posso fazer.
A moça, pegou o telefone e deslizou para traz graças as rodas da cadeira. O fio do telefone se estendeu tanto que parecia que ia estourar. 
Depois de alguns minutos ela voltou.
-Moça, depois de insistir muito, consegui fazer os pais descerem aqui e falar com você.
-Muito obrigado mesmo. - agradeci
Depois, do que foi quatro minutos, duas formas apareceram no corredor, a primeira que deduzir ser o pai, era alguns centímetros maior que a forma que deduzi ser a mãe, tinha o cabelo curto e escuro com algumas mesclas grisalhas. Usava um suéter que ia até os pulsos, nos quais, um - o direito se não me engano - portava um relógio prata que brilhava muito. A calça era preta e parecia novinha, aquelas que você tem só para ir para o hospital, ou cemitério. E calçava um sapa-tênis preto.
Já a mãe, que era menor, usava um vestido bege que ia até os joelhos, e sua cintura era definida por uma fita branca com um nó nas costas. Também usava uma meia calça bege e sapatilhas brancas. Seu cabelo era ruivo, como o da Carol, tinha sardas por todo o rosto, como a Carol, tinhas olhos claros, Carol não tinha olhos claros, mas não tinha maçãs do rosto rosadas como a Carol. Enfim, a mãe parecia uma boneca.
-Quem é você? - o Pai perguntou
Expliquei tudo para eles, sobre o que aconteceu comigo no dia anterior, como conheci a filha deles, do que falamos, e respondi algumas perguntas que eles fizeram, fui totalmente verdadeira, só escondi o fato de ser uma prostituta, se quisesse falar com Carol mais uma vez deveria esconder alguns fatos da minha vida.
-Bem, a Carol nunca mais falou direito com a gente, nem com os médicos ela fala o que sente, e com você foi fácil assim? - A mãe perguntou?
Pressionei os lábios um no outro, e fiz um gesto com a cabeça para confirmar.
-Bem, acho que devíamos deixar ela entrar...
-Rose, não, nem conhecemos ela...-ele me encarou por alguns instantes - posso conversar a sós com minha esposa...é...
-Valentina - o ajudei.
-Valentina
-Pode sim.
Levantei da cadeira de esperas que eu estava sentada, normalmente as pessoas que querem ter um particular são as que saem do lugar para terem um particular. Depois me pus no lugar dos pais, eu deixaria uma total desconhecida conversar com minha filha que está com câncer no pâncreas? A pessoa podia ser uma assassina, uma louca ou uma vendedora de amendoim, e eu não gosto de amendoim. Não deixaria ela entrar, mas ela poderia ter uma plantação de rosas, ou de morangos, e há algo mais simpático que isso? 
Meus pensamentos distantes se desfizeram quando a mão gritou.
-...ela só tem mais...seis...Arnold...temos de....
Não consegui ouvir mais nada. seis o quê? Dias? Semanas? Anos? O quê? Bem não podia perguntar, era algo pessoal... Depois de alguns minutos eles foram até mim, que estava lendo anúncios sobre saúde em um pequeno mural.
-Bem, vamos deixar você entrar, - o pai disse - mas vamos fazer o seguinte, vamos entrar antes, e se a Carol permitir sua entrada, e se ela disser que é verdade o que você contou, então deixamos você entrar. - acrescentou.
Aceitei a proposta e seguimos para o segundo andar, onde o quarto de Carol estava. Chegamos lá, os pais entraram e eu fiquei do lado de fora. Carol estava dormindo, um sono tão suave e tranquilo. que quase dava para eu ver seus sonhos. Os pais a acordaram, e conversaram com ela, o que a levou a olhar para a porta, sorrir e estender os braços me chamando para um abraço, quase entrei, mas esperei os pais aprovarem a decisão. Aprovaram, e então eu entrei e abracei Carol Luz, e lhe dei um beijo na testa.
-Oi Valentina Cama, tudo bem?
-Tudo Carol Luz e com você? - Disse agachado com o rosto paralelo com o dela.
-Vou bem...
-Olha que eu trouce - fui retirar os papeis da bolsa, mas o pai pressionou a mão contra meu ombro, com ar de reprovação, olhei pra ele e sussurrei - eu prometi. 
Por fim retirei uma folha da bolsa, e o pai soltou meu ombro, nela estava escrito:

Eu (minha assinatura) concordo trocar de nome com __________________.

-Aqui é um contrato que você tem que assinar para trocarmos de nome, lembra que eu prometi? - disse-lhe entregando o papel
-Lembro...mas...mas. Eu não sei se quero trocar de nome. Você vai cuidar bem dele?
-Claro que vou. Vou cuidar dele como se fosse um cachorro.
-Um cachorro? Que tipo de cachorro?
-Daqueles que são pequenos quando compramos, mas que quando crescem ficam lindos e gigantes.
-Ah eu gosto desses cachorros - ela disse sorrindo para os pais, a mãe quase chorava. - então eu vou assinar.
Ela assinou
-Então agora eu posso dizer. Muito prazer Valentina Cama. - Eu disse
-O prazer é meu, Caroline Luz - ela respondeu com um forte aperto de  mão. 
Fiquei lá por mais duas horas, falamos sobre cantores, bandas, passatempos, leitura, jogos (mesmo que eu não entendesse sobre) e sobre a vida, até incluímos os pais muitas vezes. Ela era muito esperta, como eu tinha deduzido, como por exemplo uma hora ela me perguntou
-Sua vida é feliz Carol?
-Bem, eu tento o máximo ser feliz, mas parece que tudo está contra mim. Mas eu acho que é sim, Valentina.
-Você não pode perder as esperanças, Ca, mesmo que pareça impossível chegar do outro lado da ponte, devemos fazer o máximo, e nunca sair triste com o resultado, porque ele só será ele graças a você. É o que mamãe me diz. - ela falou apontando para Rose, que estava quase chorando, de orgulho, ou tristeza, só ela sabia.
Depois de tudo, resolvi ir embora, me despedi com um abraço e beijo na testa da Carol, e falei que voltaria. Conversei com os pais no final, novamente, na recepção. Eles agradeceram, e falaram que permitiriam a minha entrada se eles estivessem lá. Sai de lá, e fui para casa, a pé. E fui pensando. Como é engraçado que pessoas, por meios estranhos ou por outras pessoas, entram em nossas vidas e nos comovem tanto. Criamos um vinculo, sem nem mesmo sabermos  nossas histórias. Com certeza somos todos loucos.

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Notas finais do capítulo

Adorei o cap, e vcs?



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